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Capítulo

Prisioneiros dos próprios conflitos, Eduardo e Mellanie fogem do amor Atraindo Mellanie para os braços, Eduardo lhe pediu para ficar. Apenas uma noite, uma noite em que esqueceria suas amarguras para viver uma ilusão... Mellanie deixou-se envolver pelos braços fortes e beijou-lhe o peito, o ventre... Provocando... Fazendo com que ele lhe cobrisse o corpo com o seu... Amando-a... Possuindo-a... Ardentemente, Os dois mergulhados no prazer. Cúmplices num ato de amor teriam que despertar e voltar para seus mundos. Eduardo, à margem de uma sociedade que o desprezava por seu passado na prisão. Mellanie encontrando nos aplausos a própria razão de viver.

Capítulo 1 Prólogo

Assim que Eduardo Brockman apareceu na escadaria do Palácio da Justiça, a pequena multidão de repórteres e fotógrafos se agitou, todos correndo a seu encontro, à caça de uma entrevista. Aquele caso havia abalado a opinião pública e ninguém queria perder a chance de ouvir em primeira mão as palavras do médico, após sua libertação.

- Quais são os seus planos agora, Brockman? Comemorar? No que pretende investir o dinheiro? - o repórter perguntou, quase encostando o microfone na boca de Eduardo.

Pálido, ele apenas olhou para o rapaz e suspirou. Estava cansado, cansado de tudo. Seu advogado veio em seu socorro.

- Deixe-o em paz. Todos vocês. Mostrem que têm algum sentimento, pelo amor de Deus! Ele não teve tempo para fazer planos; o processo se estendeu por meses e, agora que está tudo resolvido, ele precisa de um tempo para si mesmo. - Inclinou-se sobre o ombro de Edu e cochichou: - Vou ver se o carro está pronto. Já devia ter chegado há esta hora.

Em seguida, desceu a passos rápidos as escadas, deixando Eduardo desorientado em meio ao tumulto que se formava.

- É verdade que você vai visitar a sua ex-esposa? - perguntou outro repórter.

- Não - Edu replicou. Sua expressão era tensa, os músculos da face contraídos. Tentou dar um passo à frente, mas foi barrado por uma mulher de outro canal de TV.

- O governador ainda não fez uma declaração - ela disse. - Você espera vê-lo pessoalmente?

- Não sei. - Vagou o olhar em volta, meio perdido, e tornou a encará-la quando ela falou:

- Fale-nos sobre esses anos na prisão, senhor Brockman. Os outros prisioneiros alguma vez... Você sabe... Como foi que se protegeu?

A repórter fez um sinal para que a câmera pegasse um close.

- Quando se tem o meu tamanho, as pessoas aprendem a não nos incomodar.

A moça sorriu, parecendo satisfeita com a resposta.

- Em algum momento o senhor perdeu as esperanças de recuperar a sua liberdade?

- E a respeito da criança? - outra voz disparou.

- É verdade que recebeu uma proposta para um filme? - perguntou uma voz do outro lado.

- A Continental News Service soltou um artigo sobre uma proposta para um livro. Pode nos falar a respeito? A moça diante dele puxou-o pela manga do paletó.

- Mas, voltando ao assunto da criança, senhor Brockman, sempre disse que era inocente... E alguns de nós acreditamos. Se a criança estivesse viva hoje, o senhor tentaria obter sua custódia?

- É claro, mas ela não está - Eduardo respondeu, sem demonstrar irritação.

Um homem empurrou a mulher de lado.

- O senhor vai dar algum dinheiro para o Lar das Crianças?

- Essa casa está fechada há anos. Será que você não faz a sua lição de casa? - perguntou, com cinismo.

Indiferente, o homem prosseguiu:

- Sofreu alguma discriminação pelos anos que passou naquela casa de delinqüentes?

- Só uma ou outra criança do Lar poderia ser considerada como delinqüente. A maioria era de pequenos abandonados - ele retrucou. - O mundo está cheio de crianças que ninguém parece querer.

- Foi por isso que se envolveu com a sua ex-mulher e o filho dela? Ficou com pena deles?

- Isso não merece resposta.

- Pretende recuperar a sua licença médica?

A confusão de jornalistas e repórteres parecia aumentar a cada momento.

- O representante do Conselho Regional de Medicina me disse ontem à noite que um requerimento seu seria bem aceito.

- Pretendo pensar no assunto, mas agora... - Edu hesitou e olhou em volta. Seu advogado vinha abrindo passagem no meio da multidão, em sua direção.

Os dois, lado a lado, muito altos e fortes, chegavam a impressionar. Jake Garner logo pôs o braço em torno dos ombros de Eduardo, num gesto de proteção.

- Desculpe-me - murmurou. - Eu não pretendia abandoná-lo nessa confusão. Vou me livrar desse pessoal.

Ergueu a cabeça e olhou com simpatia para a multidão de jornalistas ansiosos por uma história "quente". Com a mão livre fez um sinal e todos se acalmaram, aguardando.

- Eu sou Jake Garner, advogado de Eduardo - disse. - Conheço alguns de vocês e sei que vão tratar bem o meu cliente. Nós estamos tão ansiosos para esclarecer os rumores que andaram circulando nos últimos tempos quanto vocês. Eduardo dará uma coletiva daqui a poucas semanas. Por hora ele precisa de descanso. Tentem compreender. Vocês são todos bons profissionais, e tenho certeza que...

- É verdade que você foi atacado no seu primeiro dia na prisão? - gritou um repórter, ignorando o apelo que acabava de ser feito.

Eduardo correu a vista pela multidão, sua face ficando pálida.

- Não, Edu, não diga nada - o advogado o preveniu. - É isso que eles querem, um pretexto para transformar o seu caso em sensacionalismo.

- Então me tire daqui, pelo amor de Deus.

Policiais dispersaram o pessoal da imprensa e os dois homens seguiram rápido para um sedan cinza que os aguardava. Lá fora um vento frio de inverno atingiu o rosto de Eduardo Brockman, livre após um longo tempo.

Sentado no banco de trás, ele se recostou, fechando os olhos e massageando as têmporas para aliviar a tensão.

- Se o resultado foi tão formidável, por que é que eu me sinto tão mal? - perguntou, com uma voz cansada.

- É o choque. Vai levar tempo para que se adapte Edu - Jake Garner respondeu. - Eu lhe disse isso quando o visitei pela primeira vez, há dois anos.

O advogado deu um tapinha afetuoso no cliente.

- Está tudo acabado. Agora você tem toda uma vida pela frente. Acabou de receber mais de meio milhão de dólares do Estado, por prisão injusta. É uma das maiores indenizações da história do país. E com certeza a maior de Montana.

- É, e imagino que o coletor de impostos vai estar nos esperando na soleira da sua porta.

- Você não precisa se preocupar com impostos - Jake replicou. - Temos uma entrevista com um especialista em driblar os impostos logo na segunda de manhã. E eu dei instruções à minha secretária para que não dissesse a ninguém aonde você vai se alojar. Podemos confiar nela.

Eduardo passou os dedos pelos cabelos, olhando para a estrada que era vencida rapidamente, quilômetro a quilômetro. Que estranha sensação...

- Por que a Corte Suprema concordou com o júri anterior, depois dos apelos?

- Por que esse resultado? - Jake deu de ombros. - Bem, acredito que tudo colaborou para isso: o estado do bebê, as ações da mãe após a sua condenação, e o seu próprio testemunho. Eu também gosto de acreditar que a minha brilhante apresentação no caso ajudou a Justiça a encontrar o seu caminho.

- Alguém por acaso já exaltou sua modéstia?

- Não nos últimos tempos.

Jake Garner exibiu um sorriso confiante.

- Eu logo percebi que tinha um caso ganho nas mãos, Edu. Os fatos eram muito claros, mas a imprensa e o público queriam uma condenação. E você era o melhor alvo.

O advogado limpou a garganta antes de continuar explicando, um velho hábito adquirido nas argumentações nos tribunais.

- O promotor público usou de forma consciente testemunhas que cometeram perjúrio. Ele e o assistente dele ocultaram evidências favoráveis a você, e o seu antigo advogado não foi esperto o bastante para perceber. - Jake bateu as grandes mãos espalmadas sobre as próprias coxas com um suspiro: - Uma pena que seu primeiro defensor tenha falecido alguns anos depois. Eu mesmo gostaria de levá-lo a um tribunal por incompetência.

O carro continuava a avançar macio e rápido pela estrada. Os dois homens no banco de trás se mantiveram quietos um longo tempo; Eduardo, pensativo, olhava distraidamente a paisagem lá fora.

Por fim Jake bateu-lhe no ombro e quebrou o silêncio:

- De qualquer modo, você é um homem livre agora. E eu estou tão curioso quanto aqueles repórteres. O que você vai fazer Edu? Aceitar a oferta de um livro? Recuperar a sua licença médica e voltar a clinicar?

Edu olhou para o homem grisalho que o defendera tão bem.

- Estou muito desatualizado. Eu andei lendo umas revistas médicas enquanto esperava por um segundo julgamento. Então você entrou em cena e eu comecei a acreditar mesmo que poderia ser absolvido. Isso me animou a lê-las com maior seriedade e... Bem, não sei, eu precisaria de tempo e muito esforço para estar em forma outra vez, Jake.

Edu tornou a perder o olhar na paisagem.

- Tudo o que eu desejo agora é um lugar isolado, longe dos curiosos, e não precisar fazer nada. Não quero nem mesmo ter que pensar, ao menos pelas próximas semanas. E obrigado mais uma vez por me ceder à casa do seu pessoal, Jake.

- Pode ficar lá por quanto tempo quiser - o advogado reafirmou. - Só não esqueça a sua promessa de dar uma olhada no gado quando chegar á primavera. O pequeno lucro que meu pai consegue com isso serve para pagar os impostos da propriedade.

- Não precisa se preocupar.

- E quando você pensa em se mudar para lá?

- Assim que acertarmos a questão do imposto e da sua comissão. Então vou comprar um carro novo, uma máquina de escrever e um estoque de mantimentos. E talvez umas roupas novas, também.

- Leve um toca-fitas. A TV precisa de uma antena parabólica, e a recepção do rádio não é das melhores - Jake explicou. - E mantenha-se em contato. O meu pessoal tem uma caixa postal em Polaris.

- Estou pensando em comprar uma caixa postal para mim - Eduardo retrucou. - Mas não agora. Andei recebendo algumas cartas desagradáveis, e quero me manter fora de alcance por algum tempo ainda. Não sei o que vou fazer, mas prometo sempre avisá-lo sobre meu paradeiro. - Sorriu. - Espero que deixe um pouco essa sua atividade lucrativa e venha me visitar.

Jake deu uma boa risada.

- Ingrato! E o que fariam pessoas como você na hora de necessidade se eu não estivesse sempre por perto?

Mal terminara de falar, e Jake já se arrependia de suas palavras.

- Me desculpe Edu, isso foi grosseiro. O rancho é seu até você querer voltar. Só o aconselho a não ficar isolado por muito tempo.

- Obrigado - Eduardo murmurou. - Não posso explicar o quanto isso significa para mim. Quero poder abrir a minha porta u cada dia e respirar o ar das montanhas. E sair para dar uma volta, quando eu quiser, para o lugar que eu quiser. Depois eu pensarei no futuro. - Deu um longo e profundo suspiro. - Por hora, quero apenas descansar.

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