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O diário de uma princesa apaixonada

O diário de uma princesa apaixonada

CDS figueiredo

5.0
Comentário(s)
30
Leituras
10
Capítulo

"que quer que aconteça", disse ela, "não pode mudar uma coisa. Se sou uma princesa em trapos e andrajos, posso ser uma princesa por dentro. Seria mais fácil se princesa se eu estivesse vestida com tecido de fios de ouro, mas é um triunfo muito maior ser princesa o tempo todo"

Capítulo 1 quinto período

Isso é a cara da Lilly: "O Sr. Gianini é legal."

É isso aí. Ele é legal se você é Lilly Moscovitz. Ele é legal se você é boa em álgebra, como Lilly Moscovitz. E não é tão legal se você está levando bomba em álgebra, como eu.

Ele não é tão legal assim, se obriga a gente a ficar na escola TODOS OS DIAS, das 14h30 até as 15h30, para estudar o método DEMONSTRAÇÃO POR ABSURDO quando você

podia estar dando uma volta com a turma. Ele não é tão legal assim se chama sua mãe para uma conversa particular mãe/professor, diz que a filha dela vai levar pau em álgebra e, depois,

CONVIDA SUA MÃE PARA SAIR.

E não é tão legal assim se está metendo a língua na boca da sua mãe.

Não que eu realmente os tenha visto fazer isso. Eles nem saíram juntos ainda pela primeira vez.

E não acho que minha mãe vá deixar que um cara meta a língua em sua boca no primeiro encontro.

Pelo menos, espero que não.

Na semana passada, vi Josh Richter enfiar a língua na boca de Lana Weinberger. Vi bem de perto, porque os dois estavam encostados no armário de Josh, que fica junto do meu. Achei

nojento.

Embora eu não possa dizer que me importaria se Josh Richter me beijasse desse jeito. Outro dia, Lilly e eu fomos ao Bigelows comprar um pouco de creme de limpeza facial para

a mãe dela e vi Josh esperando perto do caixa. Ele me viu e até pareceu dar um sorriso, e disse: "Oi."

Ele estava comprando Drakkar Noir, uma colônia para homem. A vendedora me deu uma amostra grátis da colônia. Agora posso sentir o cheiro de Josh sempre que quero, na privacidade da minha casa.

Lilly diz que as sinapses de Josh provavelmente estavam batendo pino naquele dia, por causa de um ataque de insolação ou coisa assim. Disse que ele provavelmente achou que eu parecia uma pessoa conhecida, mas que não podia me reconhecer sem as paredes de blocos de cimento da Escola Albert Einstein atrás de mim. Por que outro motivo, perguntou ela, o cara mais

popular do último ano do ensino médio diria oi para mim, Mia Thermopolis, uma caloura que não é ninguém?

Mas sei que não foi ataque de insolação nenhum. A verdade é que, quando está longe de Lana e de todos aqueles seus amigos machões, Josh é uma pessoa inteiramente diferente. O

tipo de pessoa que não se importa se uma garota não tem peito e usa sapato 40. O tipo de cara que pode ver além de tudo isso,

no fundo da alma de uma garota. Eu sei porque, naquele dia, no Bigelows, quando olhei dentro dos seus olhos, vi a pessoa profundamente sensível que há dentro dele lutando para sair.

Lilly diz que eu tenho imaginação hiperativa e necessidade patológica de inventar situações de intenso conflito em minha vida. E diz ainda que o fato de eu estar tão perturbada com

minha mãe e o Sr. G é um exemplo clássico dessa situação.

"Se você está tão perturbada assim, simplesmente diga isso à sua mãe", aconselha Lilly. "Diga que não quer que ela saia com

ele. Eu não entendo você, Mia. Você anda sempre por aí mentindo sobre como se sente. Por que, para início de conversa, não

diz o que sente de verdade? Seus sentimentos têm valor, sabia?"

Oh, tudo bem. Como se eu fosse encher o saco de minha mãe com isso. Mamãe está tão completamente feliz com esse encontro que até me dá vontade de vomitar. Ela passa o dia

todo cozinhando. Não estou brincando. Pela primeira vez em meses, ela fez um prato de massa. Eu já havia aberto o cardápio de comida chinesa do Suzie's para pedir que mandassem

alguma coisa lá para casa quando ela disse: "Oh, não, hoje à noite nada de macarrão frio com gergelim. Eu fiz um prato de massa de verdade."

Massa! Minha mãe fez um prato de massa!

Ela chegou mesmo a respeitar meus direitos como vegetariana e não botou almôndegas no molho.

Não estou entendendo nada.

COISAS PARA FAZER

1. Comprar areia para o gato;

2. Terminar o exercício DEMONSTRAÇÃO POR

ABSURDO para o Sr. G;

3. Parar de contar tudo para Lilly;

4. Ir até a Pearl Paint: comprar lápis macios, spray fixador e moldura de tela (para a mamãe);

5. Dever de casa de Civilizações Mundiais sobre a Islândia (5 páginas, espaço dois);

6. Parar de pensar tanto em

7. Levar a roupa para a lavanderia;

8. Aluguel de outubro (confirmar se mamãe depositou o cheque de papai!!!);

9. Ser mais positiva;

10. Medir o busto.

Quinta-feira, 25 de setembro

Hoje, na aula de álgebra, a única coisa em que consegui pensar foi que o Sr. Gianini poderá meter a língua na boca de minha mãe quando saírem juntos amanhã à noite. Fiquei simplesmente sentada no meu lugar, olhando para ele. Ele me fez uma pergunta muito fácil - juro que ele reserva para mim todas as perguntas fáceis, como se não quisesse que eu me sentisse excluída ou algo assim - e nem mesmo a ouvi. Eu era só uma pergunta: "O quê?"

Depois, Lana Weinberger fez aquele som que sempre faz e inclinou-se para mim, com todos aqueles cabelos louros varrendo minha carteira. Fui atingida por aquela gigantesca onda

de perfume e, em seguida, Lana silvou em uma voz realmente maldosa:

"ABERRAÇÃO."

Só que ela disse isso como se a palavra tivesse mais de quatro sílabas. Como se fosse pronunciada como A-A-BE-BE-

RRA-RRA-ÇÃO.

Como é que pessoas tão bacanas como a Princesa Diana morrem em um desastre de automóvel e pessoas mesquinhas

como Lana nunca morrem? Eu não entendo o que Josh Richter vê nela. Quer dizer, sim, ela é bonitinha. Mas é tão malvada.

Será que ele não nota isso?

Mas talvez Lana seja legal com o Josh. Tenho certeza de que eu seria. Ele é o cara mais bonito da Escola Albert Einstein. Um monte de meninos parecem uns verdadeiros espantalhos no uniforme calça cinza, camisa branca, suéter preto, casaco ou colete. Mas não Josh. De uniforme, ele parece um modelo. E

não estou brincando.

De qualquer modo... Hoje notei que as narinas do Sr. Gianini se destacam muito. Por que alguém ia querer sair com um cara que tem narinas que se destacam tanto? Na hora do almoço, perguntei isso a Lilly e ela respondeu: "Eu nunca notei as narinas dele antes. Você vai comer esse bolinho?"

Lilly diz que preciso deixar de viver obcecada. Diz que estou nervosa assim porque este é nosso primeiro mês na escola, que levei bomba em alguma coisa e que estou transferindo para

ela esse nervosismo com minha mãe e o Sr. Gianini. Diz isso é chamado de transferência.

Uma palavra dessas aparece quando os pais de nossa melhor amiga são psicanalistas.

Hoje, depois das aulas, os Drs. Moscovitz estavam querendo me analisar de qualquer jeito. Quero dizer, Lilly e eu estávamos

simplesmente sentadas, jogando boggle. A cada cinco minutos, a gente ouvia: "Meninas, vocês querem um pouco de suco?

Meninas, há um documentário muito interessante sobre lulas no canal Discovery. E, por falar nisso, Mia, o que você acha de

sua mãe ter começado a namorar o professor de álgebra?"

"Acho bacana."

Por que eu não posso ser mais positiva?

Mas o que vai acontecer se os pais de Lilly encontrarem por acaso minha mãe no supermercado Jefferson ou em algum

outro lugar? Se eu lhes contasse a verdade, eles definitivamente contariam a ela. Não quero que minha mãe saiba como me sinto esquisita sobre esse namoro; não quando ela está tão feliz com isso.

Pior ainda foi que o irmão mais velho de Lilly ouviu tudo.

Imediatamente, começou a rir como um doido, mesmo que eu não veja nada de engraçado nisso.

"Sua mãe está namorando Frank Gianini? Ha, ha, ha!", ele disse.

Que maravilha. Agora Michael, o irmão de Lilly, sabe.

De modo que tive que começar a implorar a ele para que não contasse a ninguém. Ele está no quinto período da classe Superdotados e Talentosos, comigo e com Lily, o que é a maior das piadas de uma classe, já que Sra. Hill, a encarregada do programa S e T na Albert Einstein, não dá a minima para o

que a gente faz, desde que não faça muito barulho. Ela odeia ter que sair da sala dos professores, que fica bem em frente à

sala dos S & T no corredor, para gritar com a gente.

De qualquer modo, todo mundo espera que Michael use o quinto período para trabalhar no seu e-zine, o Crackhead. O pessoal espera que eu use o programa para botar em dia meu

dever de casa de álgebra.

Mas, de qualquer modo, a Sra. Hill nunca aparece para ver o que a gente está fazendo em S & T, o que eu acho bom, porque a maior parte do que a gente está fazendo é trancar aquele novo garoto russo, que todo mundo diz que é um gênio musical, no almoxarifado, para não ter que ouvir mais Stravinsky naquele violino chato dele.

Mas que ninguém pense que só porque estamos juntos contra Boris Pelkowski e seu violino Michael vai ficar calado sobre mamãe e o Sr. G.

O que Michael continuava a dizer era:

"O que você vai fazer por mim, Thermopolis? O que você vai fazer por mim?"

Mas não há nada que eu possa fazer por Michael Moscovitz.

Não posso me oferecer para fazer o dever de casa dele ou qualquer coisa. Michael está no último ano (exatamente como Josh Richter). Michael tirou nota 10 a vida toda (exatamente

igual a Josh Richter). Ele provavelmente vai estudar em Yale ou Harvard no ano que vem (exatamente igual a Josh Richter).

O que eu poderia fazer por uma pessoa assim?

Não que Michael seja perfeito, nada disso. Ao contrário de Josh Richter, Michael não está na equipe de esportes da escola.

Não está nem mesmo na turma de debate. Michael não acredita em esporte organizado. Aliás, não acredita em qualquer coisa organizada. Ele passa a maior parte do tempo em seu quarto. Uma vez perguntei a Lilly o que ele fazia lá, e ela disse que os pais dela adotam uma política tipo "não pergunte, não conte nada" a respeito de Michael.

Aposto que ele está fabricando uma bomba. Talvez faça a Albert Einstein explodir como brincadeira de mau gosto de veterano.

As vezes Michael sai do quarto e faz comentários sarcásticos. As vezes, quando faz isso, está nu da cintura para cima.

Mesmo ele não acreditando em esporte organizado, notei que Michael tem um peitoral bem bonito. Os músculos da barriga dele são bem definidos.

Eu nunca disse isso a Lilly.

De qualquer modo, acho que Michael se encheu de eu me oferecer para fazer coisas, como levar Pavlov, o cachorrinho dele, para passear, e levar as latas vazias de Tab da mãe dele para o Gristedes e apanhar o dinheiro do depósito, que é uma de suas obrigações semanais. Isso porque Michael, no fim, simplesmente disse, naquele tom enjoado de voz: "Esqueça isso, está bem, Thermopolis?", e voltou para o quarto.

Perguntei a Lilly por que ele estava tão zangado e ela respondeu que ele vinha me provocando sexualmente, mas eu não notava.

Que coisa mais embaraçosa! Vamos supor que Josh Richter começasse algum dia a me provocar sexualmente (como eu ia gostar!) e eu não notasse? Deus do céu, às vezes sou tão burra.

De qualquer modo, Lilly disse que eu não me preocupasse se Michael ia contar aos amigos na escola sobre minha mãe e o Sr. G, uma vez que ele não tem amigos. E em seguida Lilly quis saber por que eu me importava que as narinas do Sr. Gianini fossem tão destacadas, já que não sou a pessoa que tem que olhar para elas, mamãe é que tem.

E eu disse: "pera aí, eu tenho que olhar pra elas das 9h55 às 10h55 e das 14h30 às 15h30 TODOS OS DIAS, menos sábados, domingos, feriados e nas férias. Isso se eu não levar pau e ficar em recuperação." Va

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