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Enquanto eu respirar: como eu odeia amar seu cheiro.

Enquanto eu respirar: como eu odeia amar seu cheiro.

Lívia- liv

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Capítulo

Annebeth é uma jovem inglesa do século 18, ela está se mudando de seu velho casarão com seu pai, após a trágica morte de sua mãe. Eles se mudam para uma cidade pequena e isolada da lousiana. Onde passam a morar em um casarão enorme e vazio. A partir dali, eventos estranhos passam a acontecer nas redondezas. Como pessoas sendo encontradas mortas, por mordidas no pescoço e sem sangue algum. E logo após Annebeth conhece Mary Louise, alguém que irá mudar sua vida para sempre... Se ela viver.

Capítulo 1 Casarão azul.

Eu estava na velha sala de

estar. Memorizando pela última vez, aquele lugar tão vasto e belo que um dia eu fora tão feliz.

Agora estava vazio. A sala tinha um eco gigante. A escada agora não levava mais para meu quarto, ou para o quarto de meu pai. Apenas para duas salas vazias.

__ temos que ir Betty. __ meu pai disse a porta. __ também sentirei saudades! Você sabe. Mas nossa carruagem nos espera.

Ele era sincero nas palavras. Por mais que não demonstrasse como eu. Eu sabia que partir daquela velha casa senhorial seria tão ruim para ele, quanto para mim.

__ desculpe papai, só estava memorizando. __ não era bem verdade. Talvez em meu sub-consciente eu achasse que algo poderia mudar nossa viagem inevitável.

Meu pai, aquele homem alto barbudo e narigudo. Se aproximou de mim, e me envolveu em seus braços enquanto beijava minha cabeça.

__ prometo que seremos felizes de novo. __ não sabia se era verdade. Mas sabia que tentariamos. Por isso, lhe mostrei um sorriso cheio de dentes e assenti. Olhando para minha bela sala de estar vazia, pela última vez.

Quando saímos, e batemos a porta. Eu sabia. Aquela já não era mais minha casa. Não havia mais o som de risadas, conversas ou até mesmo brigas. Era apenas uma casca. O resto que deixaríamos para tás, após tantos anos.

Já estava na porta da carruagem, quando me arrisquei a olhar uma última vez para aquela casa enorme e vazia.

Por um segundo, vi minha mãe na janela. Dançando com meu pai, enquanto eu assistia. Por um segundo, vi minha vida passar naquelas janelas.

Mas o som das malas sendo jogadas para dentro da carruagem, me acordou.

Fechei os olhos e adentrei. Aquela agora era só uma casca. Um cemitério. Onde talvez outra família viveria. Onde outra filha brincaria com sua mãe. Não era mais meu lar, e nunca mais seria.

Me acomodei na carruagem e me recusei a olhar novamente para aquele casarão.

A viagem seria longa pelo que meu pai havia me dito. Três dias até louisiana. Morávamos em uma cidade muito grande para nossos padrões.

Meu pai já não era mais o único médico. O que nos deixava em uma posição ruim.

Então assim que ele recebeu aquela carta do condado de "Holts Green" ele não pensou duas vezes.

Era uma cidade muito pequena. Então consequentemente ele seria o único médico, o que nos ajudaria a princípio.

Uma casa já havia sido providenciada para nós. Aparentemente ela ficava no meio de uma enorme floresta, cercada por montanhas e riachos. Algo que me encantava.

Pelo menos eu não ficaria entediada.

Meu pai havia sido muito bom comigo. Eu já estava com meus 16 anos, e ele me deu a opção de escolher se queria ou não me casar.

Até tive alguns pretendentes, mas ao pensar em meu pai sozinho em uma cidade nova, logo após a morte de minha mãe. Me deixou preocupada e confusa. Então decide que um futuro casamento por falta de opção, poderia esperar. E meu pai foi condizente comigo.

Eu também não tinha pressa, casamento ainda não havia me chamado a atenção.

Enquanto eu olhava pela janela, observava pela última vez aquela cidade. Aquelas pessoas. não sentiria falta deles. Ou da cidade. Nunca fora apegada a eles.

Apenas a Melissa. Minha única amiga em todos os anos em que morei ali.

Melissa fora especial desde o primeiro momento em que a vi.

Seus longos e belos cabelos cacheados, sua pele negra e seus olhos grandes e lábios carnudos. Eram extremamente lindos. Ela era linda de todas as formas.

Mas há duas primaveras atrás, Melissa foi chamada pela morte.

Havíamos marcado de nos encontrar na cachoeira verde. Mas ela não apareceu.

Quando fui até a cidade, descobri que haviam achado seu corpo nu e sem vida em um rio.

Suas tripas haviam sido arrancadas, e seu pescoço trazia duas enormes e pontiagudas marcas. Ela não tinha cor alguma. Era como se todo seu sangue houvesse sido drenado.

Desde então, aquela cidade e tantas outras eram aterrizadas por boatos semelhantes.

Moças encontradas mortas, sem sangue.

Ou rapazes estripados.

Animais degolados, homens que ficavam doentes sem razão e depois morriam.

Muitos preferiam ver como uma coincidência, ou destino. Mas eu sabia, de alguma forma eu sentia. Que não era apenas isso.

Eu sabia que meu pai havia aceito o trabalho na Lousiana, não apenas por nossa sorte de ser uma cidade pequena.

Mas porquê ele sabia que lá era mais seguro. Era distante de tudo e todos. Ele poderia não falar ou expressar suas preocupações. Mas eu sabia que ele sentia algo.

Já era noite, meu pai dormia com a cabeça apoiada na janela. Enquanto roncava.

O observei por um instante, aquele homem tão silencioso de cabelos negros e nariz grande. Mamãe sempre dizia que a única coisa que eu havia puxado dele, era a inteligência.

Sorri por um momento, me aproximei dele, e o puxei para o lado. O deitando lentamente na poltrona.

O cocheiro agora conduzia mais devagar. Não era seguro andar a noite de carruagem por conta dos saqueadores. Mas meu pai tinha pressa de chegar.

Olhei pela janela por um momento. Não haviam casas, ou pessoas. Apenas uma vastidão solitária. Em uma colina, cheia de árvores. Que era iluminada apenas pela lua.

Sussurrei um pedido encarando a lua por um momento.

__ por favor, quero poder dormir durante a noite. Que nossa nova vida seja boa. __ fechei os olhos e soprei meu pedido em direção ao horizonte. Talvez ele fosse ouvido, talvez não. Mas eu precisava tentar.

Ouvia pássaros cantando ao redor, enquanto sentia a poltrona se mexer a baixo de mim.

Senti uma carícia em meu rosto, e lentamente reabri os olhos. Encontrei o rosto de meu pai a minha frente. Ele abriu um pequeno sorriso e se afastou.

__ dormiu bem? __ ele sabia que não. Mas adorava perguntar.

Me ajustei na poltrona e me espreguicei.

__ acho que sim, até sonhei. __ era mentira, mas eu gostava de dizer que sim as vezes.

Um sorriso surgiu em seu rosto sério.

__ que bom, já é um começo. __ sempre o mesmo comentário. __ disse zombando. Ele me encarou e riu novamente.

__ quanto falta? __ me abaixei para arrumar as botas.

__ já chegamos. __ levantei a cabeça rapidamente, e bati com ela na poltrona. Meu pai, riu de uma forma alta e sonora. Como eu não ouvia a muito tempo. Se quer me importei com a dor após ouvir aquilo. Apenas toquei a crosta da cabeça.

__ como assim já chegamos? __ logo olhei pela janela e lá fora, vi apenas uma neblina densa. __ não estou vendo nada.

Não havia nada para ver.

__ estamos passando por uma ponte, mas já estamos nas extremidades da cidade. __ me aproximei um pouco mais da janela, tentando ver melhor. E logo notei que realmente estávamos em uma ponte.

Mas agora eu podia ver algo aparecendo mais a frente.

Era uma pequena vila, que crescia cada vez mais que nos aproximávamos.

Conforme nos aproximávamos tudo ficava mais nítido.

Haviam diversas casinhas, todas enfileiradas. Umas na frente das outras.

Várias hortas e celeiros.

Gansos e galinhas para todo lado, cavalos pastando. Vacas.

No meio da cidade, pareciam haver as feiras. O mercado da cidade. E ali do lado, a igreja. Grande e espaçosa.

Conforme eu olhava, via algumas pessoas já saindo de suas casas. O dia começava cedo ali.

Elas olhavam para a carruagem conforme passávamos. Ficavam nos encarando durante muito tempo.

Tive que me esconder um momento, por conta da vergonha.

A carruagem então deu a volta, e parou lentamente ao lado da igreja. Meu pai se esticou e olhou para fora.

__ aonde vai?

__ vou falar com o reverendo. É ele quem cuida dos assuntos da cidade. Ele ficou de nos levar até nossa casa. __ logo assenti e meu pai desceu da carruagem.

Enquanto a porta estava aberta, eu ousei sair um momento. Apenas um pouco.

Pulei para fora e olhei ao redor. A neblina ainda estava densa, estava frio.

Ao longe vi algumas pessoas olhando das janelas de suas casas.

Me senti desconfortável pelo modo como eles me olhavam, então arrumei meu vestido azul. E passei as mãos por meu cabelo rebelde. Ele sempre ficava bagunçado. Não importava como eu tentava arrumar.

Enormes e rebeldes cabelos em tom laranja.

__ ... é! Eles realmente falam bastante disso. __ ouvi meu pai falando risonho com alguém. Enquanto se aproximava.

Até que ali estavam.

Enrijeci meu corpo, e pus as mãos para trás. Meu pai logo apareceu na minha frente. Ao lado de um homem baixinho e careca. Que andava curvado.

Ao me ver o homem pareceu assustado.

__ reverendo! Está é minha filha! Annebeth. Betty! Este é o reverendo Horun. __ logo me aproximei sorridente e lhe estendi a mão para um aperto.

O velho homem retribuíu meu sorriso e segurou minha mão.

Passaram alguns segundos até ele me soltar finalmente.

__ é um prazer conhecê-la senhorita! Quero que saiba que você e seu pai são muito bem vindos. __ por mais que aquelas palavras parecessem extremamente ensaiadas. Eu escolhi acreditar que era verdade. Então sorri novamente e assenti.

__ ficarei muito feliz em fazer parte desta vila maravilhosa. __ não era mentira. Mas também não era uma verdade absoluta.

O homem pareceu feliz em ouvir aquilo, assim como meu pai.

Logo nós três adentramos na carruagem e seguimos viagem. O reverendo não parava de falar em como estava feliz por ter um médico. E meu pai, não parava de assentir.

Como uma boa jovem recatada, eu havia adquirido o hábito de fingir perfeitamente. Então eu sempre parecia extremamente interessada e atenta a cada palavra. Mas a verdade era que eu se quer o ouvia.

Nós saímos da vila. Aparentemente não seria ali onde moraríamos. Enquanto saíamos passamos por mais algumas casas, e novamente olhares curiosos e estranhos. O que fez eu me encolher na poltrona e apenas olhar para frente.

Adentramos em uma bela floresta e logo após em uma clareira. Vi alguns rios enquanto íamos. Morariamos realmente longe. Iriamos precisar de uma carruagem para chegar na vila.

Após uma hora de viagem, avistamos uma bela e enorme cada senhorial. Era linda. Havia um enorme jardim, e um belo murinho branco.

Me acomodei imaginando que era nosso lar.

Mas passamos direto.

__ quem mora ali? __ meu pai questionou o reverendo. Que ergueu o rosto tentando enxergar melhor.

__ ah... é a senhora Milson! Ela é uma mulher solitária. __ disse com pesar.

__ ela... não tem ninguém?

__ ela tinha! Há alguns meses atrás. O marido! Pobre homem. Se matou. __ olhei assustada para o reverendo. Casos de suicídio. Pareciam estar crescendo assustadoramente.

__ pobre mulher! Ela não tem filhos?

__ sim. Mas já são homens feitos. Todos casados e morando longe. Ela é solitária. Mas é uma excelente mulher. Preferiu a solidão da floresta após tudo o que aconteceu. __ pobre mulher. Eu me imaginava assim as vezes. Uma velha morando sozinha em uma casa grande e cheia de fantasmas. Como eu não tinha interesse em nenhum rapaz até o momento, achava que isso não mudaria. Então meu destino seria como o de senhora Nilson.

Após quinze minutos de viagem, cruzamos uma pequena ponte com um belo córrego. E mais a frente eu avistei uma enorme casa azul. Cercada por árvores.

O reverendo logo mandou o cocheiro parar.

Ele logo desceu e meu pai o acompanhou.

Me demorei um instante encarando aquela grande casa. Quando eu descesse e me atrevesse a andar. Seria ali onde eu moraria por um tempo indeterminado.

Respirei fundo e aceitei. Não havia mais como voltar atrás.

Pus os pés para fora e bati a porta da carruagem. Meu pai e o reverendo já estavam na porta.

Havia um pequeno canteiro. Onde jaziam apenas flores mortas. O azul da casa era claro desbotado. Talvez pelo sol ou pela chuva.

Eram três andares enormes.

Olhei ao redor e pude notar a planície que existia ao redor. Uma enorme planície verde.

__ só temos uma vizinha? __ questionei o reverendo que falava com meu pai.

__ como senhorita?

__ nós... só temos uma vizinha? A senhora Nilson. __ o velho pareceu pensar um pouco, buscando em suas memórias. Então negou prontamente.

__ não. Há os Lorroy. Mas... eles moram dentro da floresta. Quase próximos a montanha. Não gostam de visitas. __ ele parecia pensativo ao falar dessa família.

__ por quê moram tão longe assim? __ meu pai questionou.

__ bem... não sei! Eles chegaram aqui há um tempo. Talvez cinco anos. Não gostam muito de conversar e mal sei quem vive naquela casa.

__ sabe do que trabalham? __ a curiosidade de meu pai. As vezes ultrapassava a minha. Tive que conter uma risadinha.

Novamente o velho pareceu pensar bastante e até um tanto desconfortável.

__ não sei bem. Acho que o pai da família! O senhor Larroy trabalha no porto bem longe daqui. Ele viaja muito pelo o que sei. Mas é um homem muito generoso! Ele dá ótimas quantias a igreja. __ ele ficou quieto por um instante. E então abriu um sorriso nervoso. __ mas bem! Vamos entrar não é? Vocês estão aqui a muito tempo.

Logo ele tomou a frente e abriu a porta. Nenhum de nós ousou questionar.

Meu pai logo o seguiu.

Eu olhei por um instante a mais para a floresta ao lado, para a cadeia de montanhas a nossa frente.

"Os Larroy" eu pensaria bastante nessa família isolada.

Logo saí de meus pensamentos e fui rumando até a porta da casa.

Mas antes de adentrar, senti um frio estranho na nuca. Senti meus pêlos arrepiarem. Era como se alguém me observasse.

Olhei para trás. Para o cocheiro. Ele estava praticamente dormindo. Não era ele. Então olhei para a floresta mais a frente. Fixei meu olhar lá dentro daquela floresta escura. E por um segundo era como se eu tivesse visto enormes olhos negros me encarando de lá.

Mas eu apenas sacudi a cabeça e adentrei no que seria minha nova casa.

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