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PAI ADOTIVO DERICK GRIFF

PAI ADOTIVO DERICK GRIFF

Valentina Duart

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Capítulo

Na ilustre família Griff o que não faltavam eram segredos escondidos embaixo do tapete. E com o lindo, sexy e arrogante CEO Derick Griff, rei do mercado petroleiro, não seria diferente. Aos dezessete anos ele engravidou a filha de um amigo do seu pai; o escândalo estava batendo na porta, mas o que ele não sabia era que aquilo seria só a ponta do iceberg. Os jovens futuros pais não queriam se casar, o que foi aceito pelas respectivas famílias, e todos juntos decidiram o nome do bebê. Se fosse menina, a criança carregaria o nome das avós, e se fosse menino o dos avôs. Assim nasceu Jordana Adalberta Griff. Linda e adorada por todos, a menina foi criada pela mãe sem nunca deixar de passar as férias com seu pai amoroso, mas não tão presente quanto ela gostaria. Derick fazia valer seu sobrenome, agindo nos negócios com punhos de ferro e se mantendo um dos Griff's mais cobiçados de todos os tempos. Bridget Reviello, mãe de Jordana, assim como Derick nunca se casou, pois ambos possuíam uma enorme ambição pelo PODER. Cada um em uma parte do país, os dois cuidavam dos negócios das suas famílias. Jordana ia e vinha entre as duas casas desde seu nascimento. Apesar de Bridget ser uma mulher focada nos negócios, ela mantinha amizade com todos os seus subordinados, diferente do sensual Griff. E foi por conta dessa amizade que Bridget se encantou ao ver uma linda menina recém-nascida abandonada em um cesto na porta do jardineiro da sua família. O senhor, já de idade avançada, recorreu a ela, que se sensibilizou com as gordas bochechas rosadas. Bridget passou a se portar como mãe da criança; a tratava da mesma forma que cuidava da sua própria filha, o que se tornou uma adoção oficial quando o Benjamim faleceu. Jordana, agora com vinte e um anos, ainda ia e vinha da casa do pai, agora com menos frequência, já que tinha a universidade e sua carreira de modelo. A moça nunca desgrudava da sua melhor amiga e irmã de coração April Blanck, uma menina gentil, que fascinava a todos por sua beleza rara, de formas delicadas e dona de um corpo que levaria Derick a querer cometer o pecado do "fruto proibido" já que, mesmo que fosse apenas para satisfazer a mãe da sua filha, ele assinou a documentação junto de Bridget na adoção da criança que muitos anos depois se tornaria uma linda mulher de dezoito anos e que arrebataria seu coração duro. Então, quando Derick precisa ir até Los Angeles passar um tempo tomando conta da filha de sangue e da filha adotiva, que não via desde que tinha apenas onze anos de idade, o imponente CEO descobre que sua garotinha não é tão inocente quanto ele acreditava. "E que April seria seu passaporte para algo sem volta". Uma jovem estudiosa, no auge da carreira de cantora; uma popstar que não tinha vergonha de sensualizar em cima dos palcos, pois ali a menina tímida dava lugar a uma mulher empoderada, e Derick se perdia contemplando cada curva da sua filha adotiva. Ciúmes e possessividade o dominavam de forma brutal, já no coração da bela jovem só cabia amar aquele homem, mesmo que tivesse de enfrentar o mundo. Ciúmes. Amor. Traição. Obsessão. Suspense. Ira. Paixão. E muito sexo picante envolve essa maravilhosa história de amor. DERICK GRIFF, PAI ADOTIVO, É O PRIMEIRO LIVRO DA QUENTE E VICIANTE SÉRIE "FAMÍLIA GRIFF".

Capítulo 1 Derick Griff

Depois de uma noite exaustiva deixando todos meus negócios em ordem, preparando tudo para que eu possa trabalhar em Los Angeles da melhor forma possível, lá estava eu chegando nos portões da mansão de Bridget, mãe da minha filha.

Observo como os jardins mudaram depois da morte do responsável por aquilo, a última vez que estive aqui foi para assinar os papéis de adoção de uma criatura que não vejo há mais de nove anos. Na verdade, a vi poucas vezes; uma quando Brid, como chamo aquela desmiolada que colocou Jordana no mundo, em certa ocasião teve a infeliz ideia de adotar aquela coisinha mirrada. Bridget não tinha o consentimento dos pais, por isso recorreu a mim, pois sempre tive maior influência do que eles, assim ela poder realizar tal ato. A outra vez foi em uma ocasião em que precisei ir buscar Jordana em um evento em que aquela adotada estava junto da minha filha fazendo algum tipo de teste para algo...

"Saio dos meus pensamentos do passado para voltar a reparar no presente".

Entro na bela mansão e não encontro nada além da imensa sala de entrada. Fico ali observando, como os empregados fazem o que querem; se fosse na minha casa, no mesmo instante uma das empregadas teria ido ao encontro do recém-chegado. Fico ali plantado por alguns momentos até a minha linda filha vir ao meu encontro, rindo; ela me abraça e eu retribuo com amor.

– Não vi que já tinha chegado. – Jordana diz com ternura.

– Faz alguns minutos – respondo chateado. – É sempre assim? Os subordinados daqui não trabalham hoje? – pergunto com um tom irritado.

– Papai, que ideia, é claro que estão todos trabalhando.

– Então por que eu tive de ficar aqui esperando? – indago sem calma.

– Se o senhor tivesse tocado a campainha teríamos ouvido e alguém sairia correndo abrir a porta para meu lindo pai – responde com calma.

– Você não é uma subordinada, não se iguale aos outros. Brid lhe ensinou muito mal certas coisas. Se fosse aquela coisinha que ela adotou tudo bem, mas uma verdadeira Griff não se refere a ela mesma como se fosse uma empregadinha. – Meu tom sai indignado pelo que ouvi.

– Pai, a April é sua filha também – lembra inconformada com as palavras que teve de escutar.

– Por favor, não lembre seu pai dessa baita burrada! – respondo inconformado. – Não sei onde estava com a cabeça para acompanhar sua mãe naquela loucura. – Faço cara de nojo. – Adotar uma fedelha, neta do jardineiro. – Volto a falar com absoluta indignação comigo mesmo. – Não diga que aquele projeto de empregadinha vai ficar aqui dentro!

– Pai, a April é da família – diz com tristeza pelo meu modo de falar. – Ela é minha irmã e melhor amiga. E se ainda não sabe, ela é a sensação da música pop. O senhor não vê televisão, não lê jornais, revistas, ou ouve música? – pergunta pasma.

– Leio jornal a parte que me interessa – respondo incomodado com o modo como Jordana defende a talzinha. – Quanto a assistir não tenho tempo para nada além do canal de finanças. E sim, filha. – Eu a olho sem paciência. – Ouço música, porém apenas boa música, algo que valha a pena e não que danifique meu bom gosto.

– Nossa, pai! – diz com total reprovação.

– Nossa, o quê? – indago irritado.

– Estou seguindo carreira de modelo – diz de modo séria. – Como pode falar assim de pessoas que fazem o que gostam?

– Você é diferente. – Limito aquilo a fim de não engajar em uma discussão.

– Por quê? – questiona na defensiva.

– É minha filha, tenho de aturar e apoiar seus sonhos, está caminhando para uma vida adulta; quando se formar, só então saberá de fato que carreira quer seguir.

– April tem o dom nato, certamente essa é a carreira dela. Precisa ir vê-la um dia, ia se encher de orgulho, assim como a mamãe e eu – argumenta.

– Basta Jordana! – encerro aquilo. – Não vou ficar aqui discutindo por causa da neta do jardineiro! – digo às brutas. – Sou seu pai e não dela. Apenas assinei aqueles papéis por pura falta de sanidade mental. Sua mãe atordoou tanto a minha cabeça que acabei aceitando, contanto que ela influenciasse aquela coisinha feia a nunca usar o meu sobrenome.

– Não se preocupe, senhor – fala em um tom firme.

Viro para a voz mais meiga que já ouvi. Involuntariamente afrouxo o colarinho ao ver tamanha beleza parar atrás de mim. Aquela não podia ser quem eu receava. Não aceitava aquilo! Aquela mulher bela e sexy mulher despertou meu nervo dentro das calças. Limpo a garganta e a odeio por aquilo! Ninguém faz Derick Griff ter de limpar a garganta antes de dizer algo! – Posso saber quem você é? – pergunto com uma falsa frieza.

Ela ergue o nariz para responder. – Sou a neta do jardineiro. A coisinha.

–– Entendeu mal. – Não completo a frase, vendo a perplexidade nos olhos da minha filha, afinal eu jamais tentei me desculpar com alguém e aquela era a primeira forma que encontrei de fazer aquilo.

– Não! – diz molhando os lábios. – Sabemos que entendi perfeitamente bem, e como eu dizia. – Seu tom sai com desdém. – Nunca pretendi usar outro sobrenome que não fosse Blanck, o que aliás uso tomada de orgulho. Saiba o senhor que vir de origem humilde não é vergonha para ninguém! Já ser esnobe.

Ela fala passando por mim e inalo seu maldito perfume, coisa que acendeu todo o resto do meu corpo. Aquilo é uma mulher? Ou uma bruxa? Encaro seus lindos olhos escuros e ela vai até Jordana, abraça minha filha ficando mais próxima de mim. Por Deus, podia agarrar ela e fodê-la ali mesmo.

Chacoalho a cabeça diante da loucura que pensei. Presto mais atenção nela, reparo em cada detalhe sem que as duas percebam. April é mais baixa do que Jordana, tem uma cintura fina, o quadril perfeito com pernas certamente torneadas, seios fartos, abdômen bem definido; discretamente salivo para provar aquela boca carnuda e suspiro irritado por querer o que é impossível para mim!

Como assim?! Eu não posso ter tudo que quero?!

Incomodado com aquilo dentro de mim, olho fixo em seus olhos e noto o quanto ela não abaixa a guarda quando encara meu olhar, mostrando altivez.

–– Jordana, eu vou mofar aqui ou vai fazer a gentileza de mostrar em qual suíte irei ficar hospedado? – pergunto sem paciência.

– Vamos lá, papai. – Ela diz sorrindo. – Já vi que vai ser uma babá bem rabugenta. – Minha filha ri.

– Acaso tenho vocação para tal profissão? – questiono impaciente.

– Nem pensar! – Ela responde rápido. – O senhor acabaria sendo demitido por mim mesma. – Volta a rir.

Vejo April levar as mãos na boca a fim de conter uma gargalhada; mesmo lutando contra, sorrio de canto para o que a faz ficar sisuda. Sem entender sigo minha filha, essa acaba me colocando na suíte da mãe dela e olho aquilo tudo.

– Você está brincando comigo – afirmo com raiva. – Isso aqui parece um safári, não vou dormir no meio de tapetes com pele de onça. – Olho aquilo. – Que merda é essa? Definitivamente Bridget enlouqueceu! – exclamo.

– Pai, esses tapetes de péssimo gosto que mamãe comprou são falsos, não é pele de verdade – explica. – Ela, April e eu somos contra qualquer atitude contra os animais. E este elefante gigante de pelúcia foi coisa do novo namorado dela. Ele adora essas coisas. Motivo de a mamãe a essa hora estar sendo devorada pelos mosquitos em um safári real.

– Ela precisa arrumar outro namorado – digo ainda olhando aquilo com espanto.

– Deus nos livre. – Ela volta a sorrir, desta vez olhando para a porta.

Viro e lá está o motivo da minha ida ao inferno parada, olhando aquilo; quando acaba dá uma gargalhada e até rindo alto a maldita é um encanto para mim. Tudo nela me atrai de uma forma terrível.

– April, lembra quando a mamãe namorou aquele astro do basquete? – Elas riem juntas.

– Como esquecer? – Volta a dar risada. – O coitado achou que ela adorava tudo que era referente ao basquete, encheu a casa e o quintal com bolas e cestas. E nós. – Gargalha segurando a barriga.

– Vocês o quê? – Tento ser amistoso com ela, o que volta a deixá-la de cara fechada.

– Nós demos uma escadinha para a mamãe poder beijar o homem sem precisar acabar com torcicolo. Ah! Teve aquela vez que ela inventou de namorar com o dono de uma boate, ele encheu o quarto dela de purpurina dourada e luzes.

– Acaso ele era ela? – pergunto sem entender.

– Não. – Jordana se cala e olha a irmã que sai.

– O deu nela? – indago intrigado.

– Pai, o tal sujeito tentou fotografar a April como veio ao mundo a fim de tentar vender na internet. Primeiro ele fez tudo para convencer mamãe a convencer minha irmã a cantar para ele, como dona Brid negou e o mandou embora, ele a encheu de flores, o que não funcionou. Então, com a desculpa de que tinha vindo buscar as coisas dele, o infeliz entrou aqui e foi para a suíte da popstar da família e ficou escondido. Por sorte Zaira, a governanta, deu por falta dele e, desconfiada, pediu a Ramon, um dos seguranças, que junto dos demais revistassem a casa e o acharam escondido no banheiro da April.

– Como não fiquei sabendo disso? – pergunto tomado por uma fúria interna que disfarcei com êxito a fim de evitar suspeitas sobre a porcaria que surgiu sem aviso dentro do meu peito, tomando conta dos meus músculos.

– O senhor não soube por que mamãe sabe que, assim como os pais dela, você não suporta o fato dela ter adotado alguém. Especialmente por essa pessoa ser neta de um homem simples. Então vovô pagou uma fortuna para abafar o escândalo e mamãe teve de acatar as ordens dele sobre não o denunciar ou ele iria alegar que foi ela quem o colocou aqui dentro, sendo assim provocaria o sistema de adoção e na certa a April acabaria no sistema. Já que o senhor e a minha mãe não são casados e tão pouco algum dia o senhor se preocupou com ela – revela com certa tristeza.

– Entendo – falo sentindo a derrota. Um gosto amargo surgiu na minha boca ao pensar o que o canalha poderia ter feito. Sigo com ela até outra suíte.

–– Não conte a mamãe que levei o senhor até a suíte dela. – Sorri amarelo.

–– Ela não deixou ordens para que eu ficasse naquele circo, não é? – questiono sem acreditar na travessura da minha filha.

–– É! – confessa sem jeito. – Na verdade, ela mandou preparar o melhor quarto de hóspedes, e longe do dela e da April.

Ficar longe da coisinha deliciosa por um instante me pareceu uma boa ideia, o que se apagou rápido e outra maior surgiu.

– Acontece que ficarei perto do quarto dela e do seu. – Jordana arregala os olhos. – Assim não poderão dar um passo sem que eu saiba.

Desanimada, Jordana acaba me conduzindo para uma suíte ao lado do quarto da irmã.

Entro e me jogo na cama, tomado de exaustão. Física e psicológica.

Fecho os olhos por um instante, quando acordo com alguém me chamando.

–– Pai, o jantar foi servido. Não gosto de comer sozinha e como é seu primeiro dia aqui fiquei até que se familiarize com a casa.

Abro os olhos sonolentos. – Sozinha? Como assim ficou porque é meu primeiro dia aqui, onde acha que ia?

–– Não costumo ficar em casa – revela.

–– Não vai sair sem que eu saiba onde e com quem foi – ordeno e ela faz cara feia. – Também terá horário para retornar – aviso indo para o banheiro, mesmo de porta fechada pude ouvir quando ela saiu reclamando sozinha. De calça jeans, camiseta e calçando apenas tênis fui rumo a sala de jantar, quando entro dou de cara com April em pé, conversando no celular com alguém e a olho. – Desliga o celular no horário do jantar – ordeno por puro ciúmes e ira ao não saber com quem falava e sobre o quê. Ela franze a testa, depois arregala os olhos como quem tenta entender, pega a bolsa que só então reparei e vai em rumo à saída. Seguro seu cotovelo e sinto uma merda de corrente elétrica percorrendo até mesmo minhas veias. Como bom empresário que sou, pude notar o quanto o mesmo aconteceu com ela e me aproximo, deixando nossos corpos bem juntos; a vejo ficar rubra, arfar. Abaixo a cabeça até um dos seus ouvidos.

– Senta-se para jantar, agora – ordeno irritado. April estremece e percebo sua pele arrepiada. Outra vez salivo para ter sua boca na minha no meu pau. Saio dos meus devaneios quando ela puxa o braço com força, se desvencilhando de mim.

–– Senhor Derick Griff – fala de modo séria. – Como o senhor mesmo disse, não é meu pai. Não manda em mim.

–– Não tente me desafiar – aviso sentindo a porra do que seria capaz para tê-la.

–– Não é um desafio – retruca mordendo os lábios.

Em um ato impensado passo o polegar sobre sua boca e April reage, voltando a arfar. – É uma bruxinha – digo com a voz carregada pelo desejo.

–– Preciso ir. – Volta a se afastar.

–– Não vai sair. – Em uma fração de segundos estou tomado por ira ao saber que ela vai sair e eu não estarei junto. Qual o meu problema?

–– Sinto pena da Jordana que tem de obedecê-lo – fala com desprezo.

–– Goste ou não, Brid pediu que eu viesse e tomasse conta das duas – aviso com ar de superioridade, o que ela derruba no mesmo instante.

–– Brid sabe bem aonde vou e com quem estarei. Portanto, pode dormir tranquilo.

Não acredito quando ela saiu deixando-me sozinho. Caminho impaciente, pensando e repensando no porquê essa menina consegue arrancar dos meus nervos até a última gota da minha paciência.

–– Pai.

Olho Jordana parada chamando pelo meu nome. – Fala logo o que quer – ordeno ríspido.

–– Nossa, que humor – reclama. –– Estava perguntando se não vai jantar.

–– Perdi a fome – respondo a deixando para trás sem medir as consequências e vou até a garagem atrás da debochada. Olho tudo e não a encontro. – Claro que ela já foi – murmuro em voz alta.

Sem alternativa volto para o interior da casa e olho minha filha, que parecia chateada. – Eu também tenho maus dias. – Tento explicar minha atitude.

–– O senhor não queria ter vindo, essa é a verdade. Todos esses anos a minha mãe nunca pediu algo assim e se fez agora é porque ela achou que meu pai iria gostar de ver a filha desfilando, arrancando aplausos, e a outra cantando e encantando multidões. Minha mãe sabe que o senhor nunca se preocupou em ir me ver ou ver a April.

Engulo em seco a afirmação que April é minha filha. Volto a caminhar de um lado para o outro.

– Se não vou aos seus desfiles é porque a bela filhota nunca mandou um convite sequer, então concluí que não se sentiria à vontade na minha presença. Algumas meninas sentem vergonha dos pais quando desfilam pra lá e pra cá. – Ela ri.

–– Pai, a última coisa que eu sou é tímida – confessa sem receio.

–– Pois eu espero que se mantenha longe de meninos – falo às pressas. – Você é só uma garotinha.

–– Tenho vinte e um anos – diz com certo sorriso. – April é a caçulinha da casa, não eu. Apesar do senhor rejeitar o fato de que é o pai adotivo dela, deveria ir vê-la um dia desse.

–– Não quero que repita que ela é minha filha – peço tomado pela dolorosa vergonha de estar coberto pela luxúria por alguém com idade para ser minha filha. Por uma mulher que adotei mesmo sem conviver comigo.

–– Tudo bem, pai – diz com tom de derrota. – Amo a April, não continue a magoando – pede como se implorasse.

Olho em seus olhos, mal sabe ela o que a tal garota fez com meu espírito de "homem que tudo pode" e que jamais pensou em atos sujos como tenho pensado desde o instante em que vi aquela criaturinha. – Não quero magoar ninguém – confesso sabendo que aquilo era para ela também, afinal a confusão interna pela menina que ela chama de irmã poderia trazer decepção a minha filha e a abraço. – O que acha de me levar para vê-la desfilando.

–– Claro pai! – fala animada. – Se quiser posso levar o senhor um dia desses junto em um show de uma certa cantora jovem e muitíssimo talentosa.

–– E onde essa talentosa cantora se enfiou essa noite? – questiono sem pensar. Ali franzo o cenho ao tomar como um soco no estômago o fato que "sim" estava com ciúmes e de uma moleca que mal conheço. – Não precisa responder – digo vencido pelo turbilhão dentro de mim.

Finalmente acabei indo jantar com Jordana, que ficou contando sobre seus desfiles, mas eu mal ouvia. Minha mente aprisionava-me em um montante de perguntas e todas sobre a April. Uma delas é "onde ela estaria e com quem".

Dei graças quando minha filha finalmente foi para o quarto, sabia que não teria a menor chance de pregar o olho sem descobrir o paradeiro da coisinha linda.

Sentei-me em uma poltrona e comecei a beber meu uísque preferido, Brid sabe do que gosto e o que costumo ter sempre na minha casa ou no trabalho; não dou a mínima pelo fato de a garrafa custar 41 mil reais, a mim apenas importa que é fabricado com malte trufado, o saboroso e forte The Macallan 1946. Quanto mais as horas passam menos fico satisfeito com a demora dela, menos ainda com o fato que o zelo que estava tendo não era um cuidado que todos esperavam de mim como pai adotivo, mesmo que tendo feito isso para dar a Brid o que ela queria, era assim que malditamente todos me viam. Aquela porcaria corroendo meus nervos era pura e simplesmente querer de um homem por uma mulher!

Cansado, estressado com tudo, especialmente por ter certeza de que April jamais iria olhar para mim da maneira que eu desejo! Com tantas mulheres nesse mundo! Com tantas que levo para a cama essa droga de coisa que sempre ouvi falar sobre o quanto um homem descobre quem realmente quer quando ao avistar um amor pela primeira vez sente seus sentidos todos mudarem. No meu caso para pior, fui ter isso logo por uma menina com idade para ser minha filha e aos olhos do mundo ela é realmente minha filha, mesmo que só no papel.

Era madrugada e eu sentado no escuro, ainda ingerindo bebida alcoólica, quando ouço a porta abrir, fico tenso pelo sentimento que aquilo causou em mim. Naquele instante eu poderia fazer duas coisas. Uma era dar uns tapas nela até descobrir onde e com que estava. A provar seu sabor ali mesmo. Ela acende a luz e quando me vê pula assustada.

–– Ai Jesus! – Leva as mãos no peito.

–– Com quem estava e o que estava fazendo até agora, April? – Fico em pé e agarro com força seu cotovelo. – Responde, para o seu bem.

–– Não te interessa! – responde irritada. – Não sou sua filha. – Tenta livrar o braço.

Aperto mais minha mão e ela encara meus olhos. – Caralho. – Tomo sua boca em um beijo, movo meus lábios e ela fica paralisada, tento enfiar minha língua no interior da sua boca, mas novamente April não se move, nem dá passagem. Separo nossas bocas, encosto nossas testas vendo-a morder o lábio inferior fitando meus olhos, depois desce até os meus lábios. – Não faz isso se não me quer.

– Eu não disse que não queria – confessa ficando rubra.

–– Então. – Roço nossas bocas e outra vez não tenho resposta. A solto com brutalidade. – Está brincando comigo, porra!

–– Não – responde tímida.

–– Estava com quem? – Seguro seu queixo, pressionando, ela desfere um tapa na minha mão e eu a solto. – Quem era o filho da puta que estava no meio das suas pernas? – pergunto dando de leve um tapinha em cima da sua caixinha saborosa.

–– Como pode pensar isso? – pergunta indignada.

Dou um sorriso com desgosto. – Para o seu bem, vá para o seu quarto! – ordeno.

–– Não pode falar comigo como fala com a Jordana – diz sisuda.

–– Claro que não! Ela é minha filha! Quanto a você, é a garota em quem meu pau quer se enfiar! – Meu tom sai com ira.

Ela suspira. – Acredite, não sou fácil como o senhor imagina.

–– Senhor? – pergunto com ironia. – Acabamos de ter um momento íntimo para que continue me chamando assim. – April volta a morder o lábio inferior. – Quero, exijo saber com quem estava. Diz logo se estava dando para outro.

–– Não fale como se fôssemos namorados. – Ela pede corada.

Volto a apertar seus braços. – Menina, nem imagino o porquê com tantas putas nesse mundo meu corpo acendeu logo para a filha adotiva da mãe da minha filha. Mas o fato é que essa merda aconteceu comigo quando a vi, e junto meus piores instintos; então, se não quer descobrir que instintos são esses, responda logo. Inclusive porque rejeitou meus beijos e ainda assim olha pra mim dessa forma devassa.

–– Vai bater em mim? – pergunta entre lágrimas. – Também fará isso?

Me afasto. Ali percebo que ela sentiu medo de mim. – Some da minha frente. – Ela vai. – April. Seus olhos se encontram com os meus. – Tenta não chegar perto de mim. Nunca mais quero que isso se repita.

–– Hum... – murmura chorando. – É claro. – Sua expressão é de nojo.

Vendo-a subir as escadas jogo a garrafa na minha frente contra a parede.

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