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Nada Menos Do Que Mereço

Nada Menos Do Que Mereço

Ana Victória

5.0
Comentário(s)
319
Leituras
10
Capítulo

Esposa dedicada , vivendo em prol do seu casamento e unicamente para o seu marido . Pamela vive em um lar tóxico , sendo sempre regulada por sua sogra que a trata como uma inútil como se ela não soubesse seus afazeres como mulher. Olavo seu marido vive debaixo da barra da saia da mãe e sempre que pode menospreza sua mulher fazendo com que a mesma se sinta culpada . Até que um certo dia Pamela já não suporta mais passar por tanta humilhação e decide pedir o divórcio . Damon Espinosa viveu em uma família conturbada , cresceu com o coração duro, inclinado a sempre usar as mulheres ao seu bel prazer . Diversão, era tudo o que ele queria e procurava noite após noite . No entanto quando o destino cruza o seu caminho com o de Pamela , já tão sofrida e severamente machucada pelo seu relacionamento anterior , ela precisa fazer uma escolha quando Damon lhe faz uma proposta , a única que ele está disposto a ofertá-la . Ela tem duas opções, entre aceitar novamente as migalhas que um homem tem para lhe oferecer ou entender de uma vez por todas , que ela nunca mais aceitará nada menos do que ela merece!.

Capítulo 1 -PAMELA

- Pamela você precisa entender que o meu filho tem horários , as coisas não são assim!. Eu tive que sair da minha casa pra vir te dizer isso,ele chega cansado do trabalho e ainda tem que esperar você fazer a janta ?.O jantar deve estar pronto quando ele chegar.-Minha sogra dona Beth diz para mim movendo coisas por minha cozinha , ela trata como se eu não cuidasse bem do meu marido e que ela precisa ficar me ''ajudando '' com o que fazer , sendo que eu passo o dia inteiro em casa arrumando tudo sem ao menos ter qualquer direito de me sentar um pouco para esticar as pernas .

Olavo sujava roupas o tempo inteiro , e eu tinha que pegar uma por uma para sair lavando dia após dia , no final da tarde eu já estava completamente exausta.Mas é claro que ele foi pra casa da minha sogra se queixar de mim,como sempre.

- Dona Beth , eu sempre faço o jantar à partir das 19:00,porque é a única hora que tenho tempo, quando termino de arrumar a casa e lavar as inúmeras roupas do Olavo.A senhora pode ver, a garrafa de café está cheinha aqui e ele tomou ainda .Tem biscoitos que eu fiz uma fornada no final de semana, ali em cima do armário–Aponto a frasqueira pra ela , porém a mesma sequer me dá ouvidos , está fritando o arroz ao mesmo tempo que já encheu uma panela de água para cozinhar o macarrão.

Ranjo meus dentes cruzando meus braços .

- Pamela ,eu conheço meu filho.Ele conviveu comigo a vida inteira ,sei os seus horários.Vocês dois já estão casados há um pouco mais de 3 anos e até hoje não aprendeu conciliar a vida de dona de casa com atender os desejos do seu marido ?. – Ela se vira para mim erguendo as sobrancelhas .

Dona Beth é uma mulher alta , um pouco robusta,- seus cabelos são ondulados e claros;algo como um castanho avermelhado, ele vive preso em um coque mal feito a maior parte do tempo . Seus olhos são esticados e autoritários . Todos os dias ela vem para minha casa me criticar ,mas ama implicar comigo também , às vezes eu realmente desconfio de que ela não me suporta e só finge aturar , já que não tem jeito.

Engulo as palavras para não lhe dar uma resposta afiada .

Olavo chegou com ela e foi pro banheiro tomar banho e por lá está até agora.

Quando nos casamos eu tinha apenas 20 anos de idade.Olavo é 4 anos mais velho do que eu , nos conhecemos desde criança , nossos pais eram vizinhos até que minha mãe sumiu no mundo com um cara e nos deixou para trás , jurei para mim mesma que me comportaria e que jamais seria como ela.Por isso quando Olavo me propôs casamento mesmo depois de formalizamos namoro oficial na porta em poucos meses antes , eu aceitei.Nos casamos virgens,um nunca passou do limite com o outro porque nos respeitávamos , prometemos que só nos tocaríamos quando nos casássemos e assim aconteceu . Porém sou extremamente agradecida pela vida que o meu marido me proporciona , não tenho do que reclamar ele me dá de tudo . Eu realmente considerava ele o verdadeiro presente de Deus!.

Meu pai me moldou para ser uma excelente dona de casa!,sei cozinhar variados pratos de todos os tipos . Se quiséssemos teríamos empregados , mas Olavo não achou necessário já que eu sei cozinhar e toda vida lidei com tarefas domésticas .

Eu não faço nada mais da vida , só passo o dia limpando à casa , arrumando,sendo a senhora do lar e vivendo unicamente para o meu marido. Sim! , eu adoro ser dona de casa – era meu sonho desde que me entendo por gente, minha rotinha é metodicamente definida à casa mínimo detalhe.Olavo é um pouco exigente então ele sempre cobra muito de mim e isso me deixa uma pilha de nervos a maior parte do tempo.

Tudo bem que nunca cheguei a ficar pensando muito à respeito de como seria minha vida matrimonial , casar era um objetivo para mim mas também amo a parte de quando chega a noite e Olavo me dá carinho – como se eu fosse uma gatinha de estimação sedenta por sua atenção enquanto ele vivia grudado no celular, isso me desanimava um pouco e eu vivia pedindo para que ele focasse apenas em mim e não no que via na tela , que por muitas vezes ficava sorrindo pra ela , ou com uma expressão desejosa- Eu não era boba , podia sentir que estava vendo foto de alguma outra mulher e isso me enchia de insegurança e ciúmes . Poxa ! me sentia desrespeitada.

Olavo não é exatamente um príncipe de conto de fadas ,ele é um cara normal .Embora sejamos jovens , nos comportávamos como se tivéssemos uns 80 anos de idade-não viajávamos como casais faziam , ele não sentava no sofá comigo pra assistir TV ,tão pouco tomávamos banho juntos . -Era cada um na sua zona. Porém a nossa vida sexual é excelente! , não vou negar que essa parte me enchia de curiosidade à respeito , quando minhas colegas da escola falavam sobre suas relações com seus namorados ,eu saia de perto – queria ter minhas próprias experiências quando a tivesse, entretanto ele atendeu as minhas expectativas.Olavo foi o primeiro homem da minha vida e com toda certeza viveremos para sempre juntos , porque nenhum outro jamais ocupará o seu lugar . Ele me faz sentir uma mulher muito amada e imensamente feliz ! vivendo no lar dos sonhos , se não fosse por minha sogra que faz questão de que eu me sinta uma incompetente como esposa e dona de casa.

A casa na qual vivemos possuem 2 andares ,é a casa em que sempre sonhei.Não é luxuosa mas é nossa e eu tenho tudo o que preciso aqui.

Passo para o lado quando minha sogra faz um sinal impaciente com as mãos para que eu saia da frente do armário . De lá ela retira um pacote de macarrão o abrindo, quebrando e o despejando dentro da água fervente.

Me sinto constrangida , humilhada e incomodada mas também não digo mais nada . Entrar em um bate-boca com ela não irá me levar a lugar algum.

Uns minutos depois Olavo aparece ,trajando bermuda , chinelos , camiseta e uma toalha ao redor de seu pescoço .

- Hum...o cheiro está maravilhoso mãe . – Ela abre um sorriso radiante. Meu peito se comprime no meu interior , porém eu fico calada observando o entrosamento dos dois . Meu marido lhe dá um beijo do lado da cabeça e depois me olha – Viu Pam, é assim que deve fazer a comida . O tempero igualzinho o que a minha mãe faz , veja bem como o cheiro é fantástico !- Olavo fecha os olhos por uns segundos como se estivesse a ponto de flutuar embriagado pelo cheiro do tempero da minha sogra.

Aperto meus lábios me sentindo frustrada .

- Cada pessoa tem sua própria maneira de fazer os temperos . Isso não quer dizer que o da sua mãe seja melhor do que o meu .

Ele levanta as sobrancelhas para mim – Amor... na verdade é sim .

Minha sogra vira-se para mim alargando ainda mais o seu sorriso .

- Um dia você chega lá Pamela . Mas se o meu filho está dizendo , obrigada meu amor .

- Que é isso mãe , a senhora é a melhor . – Humilhada engolindo toda a raiva e vontade de chorar permaneço perto deles encostada contra a parede , ouvindo Olavo contando para dona Beth sobre o seu dia e o seu trabalho ; coisas as quais nunca ouvi ele falando para mim ele fala para ela .

Durante o jantar eu engoli a comida a duras penas . Parecia que existia um bolo parado bem no meio da minha garganta impedindo que o alimento descesse. Dona Beth e Olavo conversavam e riam sem parar , quando ele inseria meu nome no meio de sua fala era somente pra tirar sarro da minha cara . Relembrou até mesmo que em um dia desses eu deixei que o bolo queimasse – a única coisa que ele ''esqueceu '' de mencionar foi que eu pedi que ele olhasse no forno , enquanto eu lavava suas meias para o trabalho , sendo que ele continuava de pernas para cima, deitado no sofá rindo de memes em seu celular .

Na hora em que fomos dormir e ele tentou me procurar para me reivindicar como mulher , me afastei para longe , chegando bem pra beirada da cama-quase caindo mesmo . As lágrimas de humilhação não paravam de rolar por meu rosto , suprimi os soluços e deixei a dor me maltratar .

- O que foi amor ? – Me beijou no ombro , me encolhi fugando .

- Nada . – Engoli com dificuldade . Minha garganta estava arranhando e doendo pelo esforço em que eu continuava fazendo pra não abrir o berreiro de uma vez .

Olavo tenta me virar para ele mas eu não cedo , endurecendo meu corpo .

- Hey . O que aconteceu ? , porque está me evitando e chorando ?

Agora já não deu mais pra suportar . Uma onde de raiva me queimou violentamente .

- O que aconteceu e porque estou te evitando e chorando ? . Sério isso Olavo? , poxa ! eu passo o dia inteiro completamente entregue aos afazeres de casa , lavando roupas suas sem parar , para você ir pro trabalho . Faço o almoço , jantar , lanches e você se junta com a sua mãe pra me humilhar daquela maneira?. Insinuando que sou uma imprestável ?.

Ele vem pra me tocar no rosto mas magoada afasto sua mão para longe , evitando contato.

- Eu jamais te humilharia minha linda, não viaja .

- Não viaja ?- Repito boquiaberta , sentindo a dor em meu peito intensificando – E o que foi aquilo lá do tempero ? hãn ? – Jogo meu queixo em sua direção irritada , mas o meu marido só faz me olhar de volta com cara de coitado , sendo que ele está errado mas está fazendo parecer que sou eu a única culpada por aqui. – Disse claramente que sua mãe é melhor cozinheira do que eu .

- Eu não quis dizer isso .- Solto um riso amargo – Sério – Me toca no rosto, me fazendo olhar para ele - Esquece isso vai , vem dormir . Eu tô com sono e cansado , você sabe que eu preciso acordar de manhã cedo .

Fiquei olhando pra seu rosto achando que havia feito uma tempestade em um copo de água . Talvez meu marido estivesse mesmo correto e eu estava procurando briga atoa , sem nenhuma necessidade .

Acabo cedendo , ele sorri me dando um beijo na boca e logo me abraça a cintura quando eu deito minha cabeça em seu peito começando a me sentir mais leve e mais calma .

Possivelmente estava brigando sem um motivo plausível .

As vezes gostaria de ter o gênio leve como o meu esposo tem .

***

No dia seguinte me sentia melhor mas ainda assim relembrar do dia de ontem me deixava revoltada .

Bufando pego meu celular me sentando no sofá enquanto coloquei a água no fogo para fazer o café. Tinha cafeteira mas eu gostava de fazer como a minha mãe fazia do modo tradicional.

Entro no Instagram , havia 4 mensagens não lidas do meu amigo sem nome .

Eu tenho uma conta fake nas redes sociais , não gosto de ficar tirando fotos minhas para ficar postando . Porém da minha casa eu tiro o tempo inteiro , quando lavo o banheiro e deixo o boxe brilhando , a cozinha impecável , a sala de estar que sempre está arrumada , os lençóis da cama a toda vez que troco . Postar coisas assim me fazia feliz , porque eu era uma dona do lar.

Desde que começamos a conversar nós preferimos manter nossas identidades ocultadas um do outro – assim poderíamos conversar sobre tudo sem constrangimentos e claro que eu amei a ideia . Não sabia se ele era homem ou mulher e tão pouco ele à mim – mas eu acredito que ele(a) deve suspeitar de que faço parte do sexo feminino , já que todo o meu feed é sobre minha vida como dona de casa.

Com um sorriso abro a mensagem no direct .

Sem nome – Acordou empolgada hoje hein amiga virtual ? , já postando à essas horas da matina?

Seu marido deve viver a vida que pediu a Deus , tendo um mulher tão prendada do lado .

Mas falando sério agora ...você não sente vontade de fazer coisas diferentes, sendo que todos os dias posta novos conjuntos de panela antiaderentes? . Não é uma critica. ;)

Depois me responda sobre isso . Você deve realmente estar ocupada com a sua cozinha e as panelas .

Dou risada sacudindo a minha cabeça em negativa . Na verdade a sua mensagem foi de ontem , mas eu sequer tive tempo pra entrar outra vez no Instagram , minha vida corrida aqui em casa não me permitia tal mordomia .

Respondo-o de volta .

Dona do lar.com – Primeiramente bom dia! , já te falei que por toda a minha vida sempre acordei cedo .

E segundo . Como você sabe que sou mulher ? , existem homens cozinheiros também. Sabia disso ? – Coloco um emoticon lhe dando língua .

E terceiro eu amo cozinhar , nasci com talento para isso . Não me culpe se você é um desastre na cozinha e tem inveja do meu bom desempenho .

E por último! , eu sempre estarei ocupada com a minha cozinha e com as minhas panelas! .

Coloco a mão na minha boca sentindo meu coração falhar umas batidas quando aparece o nome Visto .

Ele(a) havia acabado de ficar online.

Quase saí do direct mas resolvi ficar para ver o que ele me responderia quando o nome Digitando mensagem – aparece .

Sem nome: Os vivos sempre aparecem , fico feliz que esteja bem. Bom dia pra você também! , senhora(o) das panelas .

Sim, eu sabia que existem homens cozinheiros mas nenhum deles formariam um feed tão organizado com tanto afinco dessa maneira e sem falar que o nome do seu user é DONA DO LAR.COM. – Arregalo meus olhos prestando maior atenção ao que ele disse .

Bato com a mão na minha testa me maldizendo. Como fui tão descuidada ? e eu aqui jurando que ele não fazia a menor ideia de que eu era ou homem ou mulher , que tola!.

Sem nome : E quem te disse que eu sou um desastre na cozinha ? , posso fazer pratos que te fariam cair para trás. hahaha.

Um risinho escapole da minha boca quando digito de volta .

Dona do lar.com : Você nem é um pouquinho metido(a) não é?. Ou será que é uma mulher também? – Decido jogar um verde e aguardo roendo minha unha do dedo mindinho.

Digitando mensagem ....

Sem nome: Essa eu vou deixar para sua imaginação , senhora das panelas...

Dona do lar.com: Quando vai parar de me chamar senhora das panelas ?

Sem nome: Nunca...?

Ridículo(a)! – Porém estou sorrindo

Quando vou digitando uma resposta atrevida , me recordo de que deixei a água do café no fogo e a essas alturas do campeonato já deve estar a beira de secar .

Jogo o celular para o lado e disparo para a cozinha .

Pra minha sorte á agua só estava borbulhando .

Abrindo um sorriso satisfatório faço o café e então volto para a sala pegando meu celular com a esperança de voltar a ter conversas engraçadas e que me distraíram do meu dia de horror na noite de ontem , com o meu amigo virtual .

Dona do lar.com: Um dia você vai parar de me chamar assim , talvez quando me conhecer de verdade ?

Aguardo ele responder mas não tenho resposta de volta. Provavelmente ele deve ter saído do bate-papo .

Sinto um pouco de desânimo porque de verdade gostava de conversar com ele(a). Todas as vezes quando coisas assim aconteciam comigo entre Olavo e minha sogra me humilhando .Meu amigo(a) virtual me distraia com as suas piadas idiotas , carregadas de deboche .

Isso me faz pensar que ele deve ser uma pessoa incrível de se conviver! – quem o(a) tiver do lado , com certeza deve levantar as mãos para os céus e agradecer a Deus todos os dias, por fazer as pessoas sorrirem.

Após tomar o meu café da manhã , coloco o celular no avental que uso para realizar as tarefas domesticas e tão logo corro para arrumar a casa , ainda teria que costurar umas camisas de Olavo , as costuras haviam ido para o espaço. Se não andasse logo , o dia passaria correndo e eu ainda não teria feito metade das coisas que eram para fazer.

Isso me faz pensar que a tarde antes que o meu marido chegue , devo dar um pulo na casa da Heidi. Ele não suporta ela , diz que minha melhor amiga de toda a vida desde a época do colégio vai me colocar em maus caminhos. Isso porque Heidi nunca namora a sério com ninguém e muito menos formaliza qualquer tipo de relacionamento . No dia do nosso casamento ela veio acompanhada de um cara com o qual estava saindo , uns dias depois quando fui em seu apartamento ela já estava se agarrando com outro – me deixando horrorizada por tanta ''liberdade '' desnecessária e eu era realmente a favor de que a pessoa pode viver a sua vida da maneira que quiser mas passar dos limites para ficar falada pela boca do povo já era demais .

Heidi sempre me criticava porque eu vivia bem vestida – com roupas me cobrindo a pele demais – isso era ela quem achava , porque Olavo me ajudava com as escolhas do que eu deveria vestir . Como viemos de famílias tradicionais , não era comum para nós mulheres direitas usarem pedaços de panos e acharem que estavam vestidas . Isso era uma vergonha para a família e além de que um desrespeito para o marido; cresci sabendo que a mulher deve apenas mostrar o seu corpo para o seu cônjuge e nada mais ninguém além dele.

Meu gatinho Alfredo mia para mim se aproximando da porta , circulando por uma de minhas pernas se emaranhando ao redor do meu tornozelo .

- Agora você aparece não é garanhão? . Tá achando que não te escutei esses dias para trás fazendo o sucesso com as gatas em cima do telhado ? . – Ele mia para mim , com certeza correspondendo a minha fala .

Sorrio acariciando seus pelos , pegando sua ração e enchendo a sua vasilha .

Paro com as mãos na cintura o observando se aproximar do seu pote

- Agora coma tudo e suma outra vez .– Mas o safado já está com a boca na ração iniciando o seu momento de gula.

Alfredo é um gato siamês – ele tem olhos azuis vivos , as patas até a sua metade são marrom da cor de café. Seus pelos são cor de café com leite ,o ganhei do meu pai antes de me casar e é claro que o trouxe para morar junto comigo, por mais que ele viva mais tempo fora de casa do que dentro. Olavo detestava Alfredo e eu nunca entendi o motivo , mas também eu não discutia com ele à respeito disso , não maltratando meu bichano já estava de bom tamanho.

As 16:00 da tarde , já estava pronta e de saída . Finalmente iria dar as caras na rua , após uma longa semana . Eu não era exatamente de ficar andando por aí atoa sem nenhuma necessidade. Só tirava os pés para fora da minha aconchegante casa , quando tinha que ir ao mercado fazer compras e essas coisas .

Moramos em Nova Orleans – é uma cidade na Louisiana às margens do rio Mississippi, próxima ao Golfo do México. É bastante movimentada , principalmente a noite e por isso eu odiava tanto sair nesses horários . Em épocas vibrantes o espírito festivo da cidade em um carnaval no fim do inverno, que é famoso pelos desfiles animados e pelas festas nas ruas , se tornavam uma loucura .

Heidi morava na Royal Street por isso levaria cerca de aproximadamente meia hora até que eu chegasse lá.

Meu celular apita quando estou no meio do caminho , iria de ônibus . Pegar um táxi me sairia caro, e eu estava guardando dinheiro pra comprar um presente de aniversário pro Olavo daqui a 2 meses .

Retiro o aparelho da bolsa vendo o nome de Heidi tomando a tela .

Era uma mensagem .

Passo o dedo deslizando a tela

Heidi: Cadê você Pam? . Não vem mais ????

Digito outra mensagem para ela , informando que em alguns minutos estarei chegando . Na verdade vai levar muito mais do que minutos'' , porém eu resolvo não informar isso a ela , senão será capaz de Heidi me deixar louca me enviando mensagens exasperadas à todo instante , com a intenção de saber se já estou por perto.

Entre dois ônibus lotados e uma tarde bastante agitada solto um suspiro de alivio quando paro diante do apartamento de Heidi, após ter andando pelo menos quase duas quadras .

Em cima desses saltos começo a me lamentar por tê-los usado logo hoje , poderia ter optado por minha sapatilha companheira de sempre , mas como nunca uso esses sapatos pensei que usá-los hoje cairia bem , para uma breve visita a uma amiga querida . Heidi era como uma irmã que eu nunca tive .

Na portaria peço para avisar que já havia chegado , mas ela deixou sobre aviso ao porteiro para que eu subisse , o agradeci e entrei no elevador ,- fazendo uma careta por não suportar mais a dor insuportável que os saltos estavam me causando no calcanhar. Tem tanto tempo que não os uso que seria um milagre se não estivesse pagando penitência agora.

O apartamento de Heidi fica localizado no 4º andar . Ao chegar no mesmo ,apresso meus passos até lá ,chamando na campainha , me remexendo sem parar desesperada para tirar os sapatos dos meus pés para me ver completamente livre , ainda que fosse por hora.

Uma Heidi usando apenas um minúsculo short e blusinha de babydool bebendo um copo de suco , abre a porta exibindo um sorrisão para mim enquanto boquiaberta a olho de cima em baixo, escandalizada com as vestimentas por mais que fosse para dormir. Já estou sendo puxada para seus braços , quando saio de meu devaneio embevecido a abraçando de volta , sorrindo por finalmente ter tido tempo para visitá-la.

- É tão bom poder te ver sua vaca! – Heidi é tão carinhosa , tinha me esquecido desse ''pequeno '' detalhe .

- É assim que recebe uma amiga? – Brinco com ela me separando de seu corpo fazendo um bico , arrancando meus sapatos dos meus pés . A escuto fechando a porta me acompanhando .

- Para de fazer c*ú doce meu pãozinho de queijo . Você sabe que a Heidianha aqui te ama !- Não resisto ao seu sorriso idiota, por mais que ainda me deixe espantada por seu linguajar chulo . Acabo lhe abraçando de volta começando a pular como umas bocós .- Sua doida! , o suco derramou todo em mim! – Nós duas caímos na risada ao nos separarmos .

- Desculpa! , isso tudo é felicidade em te ver . – Me jogo de pernas para cima em cima do seu confortável sofá .

Heidi morava sozinha , ganhou sua independência financeira assim que terminou a faculdade e começou a trabalhar numa grande empresa de Vídeo Games.

Ela caminha para o lado da cozinha e depois volta se sentando do meu lado .

Meus olhos vão imediatamente para uma revista em cima de sua mesa , onde um belíssimo homem ostenta a capa . Sua beleza gritante me chamou a atenção .

Leio o nome .

Damon Espinosa .

Fico vidrada no seu olhar dominador , seu rosto sério por detrás da barba me dá a impressão de que ele ostenta um ar de escarnio para quem o está olhando de volta . Seus olhos castanhos claros de cor acesa me causam um reboliço fervoroso por dentro , seus cabelos são de um castanho escuro , jogado para um dos lados . O homem era imponente .

Desvio o olhar passando uma mão pela minha nuca ,incomodada pela reação que o meu corpo teve ao olhar para a imagem de um completo desconhecido ,este aliás que nunca coloquei os olhos antes.

- Ele é um gostoso não é ? . É o novo dono da empresa em que eu trabalho . – Sou despertada pela voz de Heidi .

Desvio meu olhar momentaneamente dela confusa com suas palavras .

- Nunca o vi antes ...- Torno olhar outra vez para sua imagem , sendo impactada por sua imponência intimidadora.

- Ele morava fora ,esqueci o nome do país agora . – Ela explica levantando suas pernas para cima do sofá apoiando os cotovelos por cima da coxa . - Aqui , leia logo abaixo.

Evitando encarar novamente sua foto eu leio o que Heidi apontou com o seu dedo indicador.

''Famoso desenvolvedor de vídeo games , Damon Espinosa compra antiga empresa Jogger game de Steve Laurence. Expandindo a Box Corporation , império que construiu quando tinha apenas 22 anos de idade e hoje aos 30 é um dos desenvolvedores de games mais bem sucedidos em todo o mundo.

- Minha nossa ...- Eu digo realmente impressionada .

Heidi ao meu lado ri – Sim , também tive a mesma reação que você . Ele é bastante famoso e conhecido pelos gamers . Damon Espinosa é um grande Game Developer .

Olho para ela confusa – O que é isso ?

- Ele é um desenvolvedor de games . Área onde também atuo , por isso ele concordou em me deixar trabalhando lá , já que metade da antiga equipe foi colocada na rua, e de verdade eu nem sequer entendi porque não fui despedida também . O desenvolvedor de jogos faz toda programação de um game. O que o faz responsável pela programação e quem dá vida ao jogo a partir do roteiro do Designer.

Não fazia a menor ideia sobre o que Heidi falava mas me pareceu realmente interessante, conforme seus olhos brilhavam em contar sobre como seu trabalho era desenvolvido.

-Você poderia se desvencilhar um pouco dessa vida de mulher do lar perfeita , que só vive em devoção do marido e se candidatar a uma das vagas para aprendiz. Esse aliás é um dos projetos do senhor Espinosa , ele abre as portas para uma nova geração.

- Não sou como você Heidi , gostamos de coisas diferentes .- Tento me defender .

Ela cruza os braços e arqueia as sobrancelhas para mim

- Gostamos? Ou você apenas satisfaz as vontades dos outros e esquece de si mesma ?.- Olhei para ela sem saber o que mais falaria . Não tinha argumentos e ficou por isso mesmo .

Passamos mais tempo conversando sobre coisas aleatórias e em dado momento chegou a hora de voltar para casa .

As palavras que Heidi me disse não parava de girar por minha cabeça , como um mega fone . Mas resolvi deixar para lá , ela era toda pra frente e eu toda a vida fui mais acomodada e gostava de ser assim.

A noite estava muito fria, dei graças aos céus por ter trazido meu encharpe -acomodei ao meu redor e segui pela rua frenética. Preocupada por ter passado tanto tempo na casa de Heidi , Olavo vai chegar cansado do trabalho e com fome , e mais uma vez minha sogra vai acabar comigo . Por mais que eu tenha deixado tudo pronto ; talvez ter vindo fazer uma visita a minha amiga hoje , não tenha sido uma boa ideia.

Apresso meus passos agoniada para logo alcançar o ponto de ônibus.

As pessoas se batem em mim ao passarem enquanto vacilo nos meus saltos, me segurando para não cair de cima deles e acontecer um acidente.

Meus olhos são atraídos para o sinal fechado, corro até ele antes que se abra e eu perca o meu momento, porém as buzinas insistentes não param de fazer barulho apressando os pedestres pelo mesmo já ter sido aberto .

Corro junto ao pessoal para alcançar a calçada , no entanto paro bem diante de um farol alto que cobre a minha visão quando solto um grito levando minhas mãos a me proteger na frente do meu rosto .

- Você por acaso é maluca?! . – Escuto a voz alterada de um homem . Todo meu corpo treme como vara verde. – Como invade a frente de um carro com o sinal do trânsito aberto!?

- Me...me desculpe senhor eu...- Quando tiro as mãos do meu rosto olhando a figura imponente , fico perplexa ao reconhecer a bela imagem diante dos meus olhos .

Era o mesmo homem que vi na capa da revista na casa de Heidi .

Damon Espinosa .

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