Pérola nada mais é que uma garota azarada, daquelas que não consegue se desprender de um amor de vai e volta. Luka um mulherengo, encantador de muitas vezes apaixonado. A vida assim como a roda gigante é feita de muitas voltas, o que será que a última volta desse casal proporcionará para os dois?
VISÃO DA PEROLA
Manhãs de frio são o meu ponto fraco e essa era com certeza mais uma delas. Eu já havia rolado por minutos pela cama vazia até conseguir me levantar e procurar pelo meu celular em algum lugar dela. O achei debaixo do travesseiro do lado aposto ao que eu estava dormindo e como de costume desbloqueei-o lendo as mensagens que haviam nele. Um dos nomes na tela me fez sorrir calma, por saber que ele havia se lembrado de mim ao acordar. Então a abri lendo seu "bom dia, marrentinha" e um convite para ir até a casa dele numa social aquela noite. Respirei fundo por alguns minutos para que meu coração se acalmasse e logo respondi "Bom dia, bobão! Vou tentar aparecer, espero que suas namoradinhas não se incomodem pela sua proximidade com uma ex.". Sim, ex. Luka era meu ex. Um daqueles que terminam em amizade, mas que talvez ainda balancem o coração.
Após alguns minutos de preguiça mexendo em meu celular, finalmente me obriguei a levantar e pegar a toalha para ir direto para um banho quentinho, demorado e relaxante. Ao sair do banheiro, olhei as horas e percebi que se não corresse um pouco talvez eu me atrasaria para o serviço. Abri o guarda-roupa procurando uma camisa branca e uma calça preta reta. Vesti-me, calcei uma scarpin preto de salto e corri para passar nem que fosse um corretivo e um blush para disfarçar minha cara de sono. Me estiquei para pegar um casaco preto mais quentinho no fundo do guarda-roupa e o pendurei no braço indo até a cozinha ligar. A máquina de café sempre me salva pelas manhãs, liguei-a para preparar um cappuccino, coloquei meu copo térmico preferido para que o liquido despejasse nele e enquanto isso arrumei minha bolsa, enfiando todos meus papeis, chaves e agenda de compromissos dentro da mesma.
Talvez o trânsito daqui fosse ainda pior que acorda cedo em manhãs de frio ou talvez fosse o meu pequeno enrolo nesta manhã que provocou aquilo. A todo momento eu olhava o relógio no painel do carro e batucava com os dedos de nervoso no volante enquanto aquele engarrafamento não evoluía nem 0,01KM por minuto. Definitivamente, hoje estava com cara daqueles dias que não são para você, sabe?
Após horas de trânsito sem fim, eu finalmente consegui chegar ao imóvel ao qual eu apresentaria a um cliente hoje. Estacionei no primeiro espaço vago que achei e desci quase que correndo para chegar a recepção do prédio. Ao colocar minha mão na maçaneta da porta, arrumei os cabelos que estavam desgrenhados pela correria e controlando minha respiração andei até o cliente que estava de costas para a entrada observando os quadros. Encostei em seu ombro com cuidado e me posicionando a sua frente disse:
-Bom dia! Desculpe o atraso, o trânsito estava horrível. – Sorri amistosamente e o observei vendo se tratar de um homem de idade igual ou próxima a minha e que com toda certeza se encaixaria na minha classificação de "bonito". - Jason né?
-Isso mesmo. – Ele sorriu estendendo a mão para que eu o cumprimentasse e continuou. – Tudo bem, eu também acabei de chegar.
Fiquei feliz em saber que meu dia de trabalho seria resumido a mostrar apartamentos para um homem bonito, educado e, com todo respeito e profissionalismo, cheiroso.
As horas passaram de forma rápida, quando olhei no relógio já marcavam dezoito horas, então me despedi dele dizendo que esperaria a resposta, agradeci e entrei no carro dirigindo até minha casa. Entrei no meu apartamento pequeno, mas muito bem decorado por sinal, me jogando no sofá e apenas alguns minutos se passaram até que eu ouvisse meu celular tocar fazendo com que eu acordasse assustada. O procurei desesperada achando-o no fundo da bolsa e ao ver o nome da Bárbara, uma das minhas amigas de colégio, reluzir atendi meio sonolenta.
"-Oi, amiga!
-Oi, bonita. Você não vai vir na social não.
-Amiga, estava cochilando feito pedra. – rio.
-Vem logo. Estamos te esperando. Beijos!"
Ela desligou antes mesmo que eu pudesse a contrariar, eram anos de amizade, ela já sabia que o meu forte era sempre desistir ou me atrasar. Levantei-me indo tomar um banho para que eu pudesse acordar. Procurei um uma saia de couro caramelo qualquer e coloquei um body de gola alta em tricô branco, me maquiei de forma simples, mas com uma pele bem feita, peguei uma bolsa tiracolo do mesmo tom da saia no guarda-roupa, coloquei documentos chave, celular e batom dentro e calcei uma bota que fosse acima dos joelhos para me proteger um pouco do frio, se é que isso é uma roupa de frio, mas ok seria dentro da casa do Luka, com certeza me sentiria quente.
Durante o caminho até a casa do meu platônico amor e ex, o nervosismo começou a me consumir e os pensamentos de mulheres perto dele começaram a me corroer. Liguei o rádio espantando os pensamentos e logo me vi estacionada em frente a sua casa. Toquei a campainha balançando a cabeça para tentar não ter pensamentos ruins, me escorei ao batente da porta e ao ver a porta abrir meus olhos se concentraram no sorriso fácil e bonito, dentes brancos que brilhavam na boca e que me fez sorrir de volta sem nem pensar quem mais estava ali perto. Talvez fosse por isso, mas toda vez que eu o via sabia que ali era o meu lugar.
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