Adolescência, momento de decisões, romances, preocupação... Para Lara não era diferente. Vivendo um romance à florescer, logo em sua partida rumo a faculdade, estava apaixonada, alimentando todos seus planos em seu namorado Paulo. Ela nao conseguia enxergar o quão louco isso era, tendo uma infinita porção de possibilidades, ela escolherá se fincar naquela relação, bloqueando tudo que era novo e estava a sua volta, por enquanto! Foi no verão de 2016, prestes a virar o ano em que ela conhecerá Noah, filho dos sócios dos pais de Lara. Com sua cara de poucos amigos e pessamentos além, fez Lara perceber que a vida poderia ser mais do que seguir os passos dos pais, se prender à um romance e ter filhos. Tudo isso em uma noite, tudo isso tendo um namorado ao seu lado.
" 31 de dezembro de 2016, me lembro como se fosse ontem, após um triste desfecho de um relacionamento nada romântico, muito menos reconfortante, conheci o homem que mudaria minha vida, mas até hoje não sei se foi de forma boa ou ruim."
Eram 22 horas, estava na casa de praia da minha família, em uma guerra com minha prima sarah, sobre qual batom usar, ou nao usar. Estava eufórica com a ideia de passar minha primeira virada de ano, com meu primeiro namorado. Começamos a namorar na metade do ano, estavamos para completar 6 meses. Nos conhecemos, após eu entrar para a nova escola, e para minha infelicidade, no último ano do ensino médio. Era tudo novo, não havia nenhum conhecido, mas tcharam, ele apareceu e me ajudou a se encaixar no novo mundinho. Paulo era seu nome. Tinha olhos brilhantes e castanhos claros. Alto, com um sorriso lindo e cabelos loiros. Era engraçado, não do tipo que vivia de grude, mas tinha seus momentos. Enfim, eu, Lara, me sentia realizada, com muitos planos e apenas ele em minha mente. Até então.
-Lara, para de complicar tanto e escolhe logo um batom!!- Disse Sarah, impaciente, já sentada na cama estática, para nao amarrotar sua roupa e piscando incessantemente, por conta das várias camadas de rímel passadas.
-Ahh! Para Sarah, quero causar, ainda mais sabendo que o Paulo está lá embaixo me esperando. Você ja está com o lucar a 2 aninhos e tantos meses, que nem liga mais. Agora me deixa decidir, preciso ter certeza. - falei, muito focada olhando para o batom vermelho e o nude, muito séria.
- Chega a ser engraçado! - disse sarah em meio aos risos. - Como pode um batom gerar tanta tensão, pega logo o nude que faz mais sua cara e vamos logo. -Disse ela ja se colocando de pé.
- Verdade, por esse motivo vou por o vermelho. Vou descer de sorriso marcante. - disse muito decidida e orgulhosa, segurando o batom como um troféu, levantado para cima.
-Que seja, só vamos logo. O Lucas nao para de ligar, meu pai tá fazendo aqueles perguntas pra ele, tipo qual vai ser a profissao dele, se ele ja está com uma conta bancaria aberta para investir no nosso futuro, se ele pensa em ter filhos, mas que seja mais para o futuro se pretender, pois tem que haver uma estabilidade para isso. Quais sao os planos dele comigo, ja que vamos começar a faculdade... E blablabá.- Disse enquanto fazia uma careta e revirava seus olhos impacientemente.
- Okay, estou pronta, e nenhum pouco afim de ouvir a mesmice sua e do Lucas. -Disse, me levantando e fazendo pose, após me virar para ela, me sentindo a rainha do Nilo.
-Nossa, Lara, tá um arraso hein!
-Obrigada, você também, não está das piores.- Falo aos risos
Sarah me dá um tapinha brincando e mostrando a língua, e então seguimos pelo corredor dos quartos em direção as escadas. Vemos os meninos logo embaixo, nos esperando. Seus olhares brilham. Me sinto ferver, Paulo está tão lindo, de camiseta branca, bermuda azul clarinho e tenis também branco. Chego perto dele, que deposita um beijo em minha boca.
-Tá demais Lá! Linda mesmo! -Fala me abraçando. Seu cheiro, como eu amo seu cheiro.
-Esses farrapos? Imagina, foi a primeira coisa que achei no guarda roupas. -Digo rindo, em tom de brincadeira. Só brincando mesmo, pois fiquei umas 3 horas na loja, me descabelando e enlouquecendo, até encontrar esse vestido branco, de frente unica, tecido leve, tipo seda, e um lindo decote nas costas. Seu comprimento era um pouco acima dos joelhos, coladinho ao corpo. Estava de cabelos soltos, bem volumosos e ondulados, fazendo o castanho escuro de meus cabelos dar destaque aos meus olhos verdes.
Após aquele leve devaneio, dou uma risadinha, aliviada, foi uma batalha vencida! Paulo me olha sorrindo, rindo de minha brincadeira.
Chegamos no jardim, que por sinal estava lindo e decorado com luzinhas e mesinhas espalhadas pelo jardim. Uma piscina enorme com algumas pessoas espalhadas à sua volta, uma árvore com um balanço grande e aconchegante. Estava tudo incrível.
Nos reunimos a um grupo com diversos jovens, amigos, parentes, funcionários e sócios dos meus pais. Riamos e conversavamos, animados pelo momento da virada. Meus pais chegaram, pedindo que eu fosse com eles para me apresentar a alguns sócios, olhei para meu namorado que enquanto sorria acenou com a cabeça, como se disse-se "Eu me viro ;) ".
-Vou estar aqui com o pessoal. - Disse ele me mandando uma piscadela. Dei um sorriso e uma piscada
Os segui e cumprimentei alegremente os convidados. Tinha gente de quem eu nem havia ouvido falar, coisa de outro mundo. uvia várias línguas sendo faladas, vários estilos.
-Então, filha, tem uma família em especial que queremos que você conheça. -Disse minha mãe, enquanto gesticulava com os braços em direção à sua frente.
Havia um homem de estatura alta, cabelos e barba (muito bem feita) grisalhos. Seus olhos eram de um azul escuro. Ao seu lado estava uma mulher de altura mediana, cabelos loiros e lisos, olhos também azuis, e ela assim como ele aparentava ter uns 46 anos. Junto a eles havia uma menina de cabelos loiros ondulados, de altura baixa, usando um lindo vestido rosa, deixando seu corpo modelado e marcado. Ela era sorridente e aparentava ser muito simpática também. Ao lado dela estava o que imaginei ser seu irmão. Tinha cabelos pretos, era alto, olhos azuis, tinha cara de poucos amigos, mas assim como o restante de sua família, era muito bonito. Eles eram a típica família desses filmes, aparentavam ser ricos e felizes, também né, com grana quem não é?
Minha mãe muito sorridente chegou lhes cumprimentando.
-Anelise, vocês estão impecáveis, obrigada por virem. -Disse apertando com ternura as mãos da mulher que estava a sua frente.
-Imagina. -Disse ela com um sotaque engraçadinho. -Nós ficamos muito felizes com seu convite, Ester estava empolgada de conhecer o Brasil. Tivemos uma aula básica sobre as histórias passadas e presentes daqui, graças a ela, que fez questão de pesquisar muito. -Diz Anelise, dando leves tapinhas nas costas da mulher que ria e ruborizava.
-Imagina, eu não sou dessas. - Disse naturalmente, mas com sotaque. -Nem gosto de conhecer novos lugares. -Deu um sorrisinho com os olhos brilhando.
-Então Julian, a sua nova tática me chamou muito a atenção, investir... -Meu pai não perdia tempo quando o assunto eram negócios, independente do momento. Mas logo foi cortado pela minha mãe.
-Aham, com certeza. Adorariamos falar sobre negócios, mas infelizmente estamos em uma festa, então vamos apresentar a família white a Lara.
Consenti rindo da feição de meu pai e o Senhor Julian, que aparentou estar muito interessado no assunto de meu pai. Os dois estavam com um sorriso sem graça fazendo gestos e concordando incessantemente. Era engraçado.
-Bem, filha... Este aqui é o Senhor Julian White, sua esposa Anelise e seus filhos Ester e Noah White. -Disse meu pai gesticulando em suas direções.
-Prazer, me chamo Lara Dias, e não pude deixar de notar o sotaque, mas vocês falam incrivelmente bem nosso idioma. -Eles sorriram e agradeceram o elogio.
-Somos de Nova York. -Disse Ester, em seu idioma.
-Prazer em conhecer nova-iorquinos, sua cidade é incrível. -Disse também em seu idioma. -Os desfiles de moda, as lojas maravilhosas. Fui algumas vezes, mas nunca é demais. -Rimos e Ester concordou.
-Moro lá, mas nunca me canso. -Ela disse encantada.
-Seu inglês e ótimo Lara, esta de parabéns. -Disse Anelise contente.
-Obrigada, meu pai sempre fez questão de me ensinar, assim como o espanhol e francês. Era ótimo passar as tardes de domingo estudando. -Falei dando um sorrisinho sínico e rindo fracamente.
-E até hoje ela me agradece. -Disse meu pai rindo e me mostrando a língua.
-Filha, poderia mostrar a casa para as crianças, enquanto sua mãe e eu conversamos com o senhor e a senhora white? -Meu pai sugeriu, com um olhar descontraído e tranquilo.
-Claro, com prazer. -Mas pra que dizer crianças pai?! Pensei envergonhada -Vamos dar uma volta no parquinho pessoal. -Sorri fraco, e segui caminho.
Lhes mostrei o primeiro andar, o segundo e o terceiro, e nele ficamos um pouco. Ester estava muito empolgada conhecendo o ambiente, já Noah estava a com a mesma cara de poucos amigos do começo, e ainda sem falar uma palavra sequer, até que:
-Poderia, por favor, informar onde encontro alguma bebida? -Sua voz era firme, com pouquíssimo sotaque, e ao mesmo tempo tranquila.
-Claro, faço um drink pra vocês, -Disse meio atonita ao ouvir sua voz -Caipirinha, uma bebida deliciosa e de difícil preparo. -Falei, tentando demonstrar vasto conhecimento sobre bebidas, mesmo sendo um drink simples. Coitada de mim
Ester me olhou encantada e curiosa pela bebida, me senti importante. Então os levei ao barzinho que se encontrava no centro da sala de jogos. Peguei uns limões, espremi, e junto a vodka, açúcar e umas pedrinhas de gelo, coloquei em uma coqueteleira e mexi bem. Fiz um coquetel para cada um. Eu exagerei um pouco, mas caipirinha era uma bebida que eu preparava maravilhosamente bem, afinal era a única que eu sabia preparar, mas isso não vem ao caso.
-Que delicia, Lara! Tá docinho, mas forte. brigada por essa deliciosa bebida. -Disse Ester, levantando o copo em minha direção, abaixando a cabeça em sinal de gratidão, como um samurai ao seu mestre.
-Para mais aulas, visite meu site... -Comecei a rir após dizer, junto a ela e para minha surpresa, Noah tambem estava rindo.
-Está muito bom mesmo, valeu! -Ele tomou em dois goles, fazendo meu drink milimetricamente preparado parecer suquinho.
-Imagina. -Respondi após ele agradecer e fiz cara de impressionada ao ver ele virar tão rapidamente a bebida.
-Nao se surpreenda, -Diz Ester me observando. -Noah tem uma certa facilidade pra beber, devido a isso ele tem tido uma certa resistência ao álcool, então NÃO tente lhe acompanhar. -Ester disse muito explicativa e dando ênfase ao não. -É sério, eu já tentei, não deu certo.
-E é por isso que crianças não podem beber. -Disse Noah rindo e ameaçando pegar o copo de sua irmã.
-Por favor, senhor Noah, tenho praticamente 23 anos, não preciso de alguém me supervisionando. -Diz Ester seria olhando para cima em desdém, mas logo quebrando sua pose, se deixando rir.
-Não mais, não é maninha?! -Noah sugestionou algo que fez Ester corar e rir.
-Passado Noah, passado. -Disse ela tranquilamente, elevando o queixo e rindo fracamente .
-Beleza! Agora é a minha vez de preparar algo -Noah disse, enquanto puxava a manga de sua camisa de linho branca, para cima, deixando a mostra o que seria parte de uma tatuagem.
Ele fez um drink azul, tão docinho que bebi em alguns instantes, junto a Ester.
-Meninas, peguem leve por favor. niciantes nao podem beber mais de um copo, por esse motivo bebo por vocês. -Diz ele rindo e pegando nossos drinks.
Rimos e fizemos uma negativa, não era justo, estava tão bom, fiquei tão relaxada depois daquele drink. E no mesmo instante lembrei que havia uma festa rolando lá embaixo e que eu havia deixado meu namorado esperando. Me recompus no mesmo instante.
-Bom, gente, não quero ser estraga prazeres mas temos que descer, quero apresentar meus amigos a vocês. -Disse me pondo de pé e esperando que fizessem o mesmo.
Ester estava eléctrica, tanto que logo após eu dizer, se pôs ao meu lado. Já Noah, parecia ainda mais desanimado. Interessante ver um cara ir de alguém todo alegre bebendo e conversando com uma estranha e sua irmã, chegar ao estado desanimado, sem emoção em dois toques. Contra sua vontade ele foi conosco.
Chegando novamente ao jardim, encontro meu namorado rindo e bebendo junto a Sarah, Lucas, Melissa nossa amiga e Angela, irmã de Lucas.
-Pessoal, quero que conheçam, Ester e Noah. Eles são filhos de um sócio do meu pai, e vieram passar uns dias aqui. -Falei sorrindo e olhando para eles, e meu grupo de amigos, que estavam quietos nos olhando.
-Se é amigo seu, é amigo nosso, Lá! -Disse sarah chegando para um abraço desajeitado entre Ester e Noah.
-Meu Deus, Sarah, não me faz passar vergonha. -Falei pondo os dedos sobre a testa olhando para o lado contrário a eles.
Ester começou a rir assim como meus demais amigos. Noah tentou não aparentar seu incomodo, mas eu percebi. sorria fraco e tentava acompanhar o ritmo do pessoal que bebia, ria e cantava.
-Está demais essa noite, amor -Disse Paulo, pondo seu braço sobre meus ombros, me tirando daquele vago pensamento e observação.
-E não é que tá mesmo! -Falei lhe dando um beijo rápido e sem graça.
Bebemos mais um pouco, então Paulo me pediu para entrarmos, dizendo ter um assunto importante pra tratar comigo. Seguimos para meu quarto, onde ele desesperadamente fecha a porta e me cobre de beijos, estava tão delicioso, mas impertinentemente. Lembro- me dos irmãos que estavam lá embaixo, meio deslocados. Dou mais um beijo em Paulo, e digo cessando-os.
-É melhor descermos, o pessoal lá embaixo espera por nós. -Digo sincera.
-Aham! Só mais um pouquinho! -Diz Paulo, deixando de lado o que eu havia dito.
-Sério Paulo, é desconfortável essa situação, minha família, conhecidos e amigos estão lá embaixo. Vamos fazer companhia a eles. -Digo chateada, mas meio perdida aos seus beijos.
-Só mais um pouquinho... -Disse Paulo, pondo suas mãos sobre meus seios. Aquilo estava desconfortável, eu realmente adorava esaa pegação, mas não era o momento pra isso.
-Para Paulo, é sério! -Falei meio impaciente, tirando suas mãos de mim.
Ele me olhou meio sem entender, se colocou sentado sobre a beira da cama rapidamente, e ajeitou sua camiseta amassada. Fiquei me sentindo meio mal por ter agido daquele jeito, sendo tão explosiva.
-Desculpe, amor. Mas eu realmente não estou afim. Não queria soar tão impaciente, vamos ficar bem? -Falei, enquanto me aproximava dele, realmente desanimada com aquela situação. Coloquei meus braços sobre seus ombros.
-Está tudo bem, Lara. Só pensei que não havia problema, afinal sou seu namorado. - Disse, enquanto acariciava com a palma da mão meu braço.
-Não há problema, só que eu havia dito não, sua insistência estava me deixando desconfortável. -Falei calma, mas meio incrédula após ouvir o que ele disse.
-Ultimamente você esta se sentindo desconfortável seguidamente, mal posso chegar perto de você, e sempre que chego e o clima esquenta, você foge. Parece que não me quer. -Disse meio desanimado.
-Não é isso, Paulo. Não tem haver com você, eu só estou meio preocupada com o meu futuro. Você está garantido na empresa do seu pai, mas eu não me vejo trabalhando com meus pais, em suas empresas. -E era realmente isso.
-Mas você não precisa descontar isso em nossa relação, poxa. Eu não tenho culpa de você ainda não ter decidido qual faculdade vai cursar. -Ouvir aquilo, naquele momento, foi como uma facada em meu peito. Não sei o que se passou em sua cabeça, que não o fez enxergar o quão errado foi me dizer isso.
-É sério isso? Pensei que você fosse me ajudar a decidir, ou sei lá, me apoiar ao menos. -Aquilo havia me magoado, muito.
-Mas eu estou te apoiando, só queria que você fosse mais namorada, e me desse uma pouco mais de atenção... -Ele disse olhando para o lado e mexendo nos cabelos,
Ouvir aquilo me deu nojo, nao sabia que ele podia ser tão egoista sobre seus desejos. Está certo que eu tenho andado distante e que estou preocupada e meio estressada. Mas estou decidindo meu futuro, poxa. Gostaria que tivesse um pingo de consideração.
-Acho que você precisa ficar um pouco sozinho, para aliviar a cabeça. Lamento não conseguir ser a Lara que você busca agora. -Falei impaciente, me pondo de pé.
-Claro, vamos deixar o Paulo de castigo, enquanto a Lara desce e se diverte. Por favor Lara. Não sou mais criança! -Ele diz se pondo de pé e olhando em meus olhos. -E se tem alguém que precisa de um tempo, esse alguém é você!
-QUE SEJA! -Disse irritada demais para me importar.
-É, QUE SEJA! -disse, enquanto saia pela porta do quarto, enfurecido.
Comecei a chorar, tão silenciosamente enquanto olhava para a janela. Não podia acreditar, estava depositando todos os meus sonhos futuros, na crença de que tudo que eu planejasse daria certo e que teria Paulo sempre por perto. Em questão de uns beijos e ele nao recebendo o que queria, explodiu. Eu me sentia ainda mais sozinha e perdida, sem saber o que fazer. Fiquei ali uns minutos, pensando em ir atrás de Paulo, mas reconsiderando, afinal ele nao tinha razão. então ouço
-Lara...? -Disse uma voz, que não me era estranha, disfarcei limpar os olhos, enquanto secava as lágrimas.
-Ah, oi... -Virei sorrindo, era Ester. -Tudo bem?
-Eu que pergunto, quer que eu volte depois? -Disse ela meio sem jeito.
-Não, imagina. Só estou meio confusa. Mas já estou melhorando. -Menti, desconfortável.
-Entendi... Seus pais pediram pra avisar que daqui 20 minutos terá a virada de ano, eles estão indo para a beira do mar, pediram para que Noah e eu te chamassemos.
-Nossa! Claro! A virada, não podemos perder, grande momento né... -Falei tentando demonstrar entusiasmo, mesmo sentindo que falharia.
-Se você se sentir melhor, podemos ficar por aqui. Não me importo. -Disse ela, me reconfortando e se aproximando mais da cama.
-Claro que não! Viemos dos estados unidos para ficar num quarto, em uma casa... na praia?? -Disse Noah, aparecendo pela porta. Ele parecia indiferente. Fiquei brava, mas sabia que ele tinha razão.
-NOAH! -Repreendeu Ester.
-Não, ele está certo. Vamos pra beira da praia com os outros. -Falei me recompondo, puxando os cabelos para trás. -Vamos aproveitar.
Enquanto deciamos as escadas, Ester não conseguia esconder seu desconforto e preocupação.
-É serio, Lara, não dá bola pra o que o Noah disse, podemos ficar se quiser.
-Diga por você. -Disse ele dando de ombros. Ester fez uma carranca.
-Não, ele está certo. Vamos aproveitar. -Falei dando de ombros para a diferença de Noah, ja meio chateada.
Chegando na praia, Ester ficou me comentando maravilhada, todos os detalhes de que ela havia gostado.
-A areia é tão quentinha, mesmo sendo noite. E tão fofinha. O céu esta com tantas estrelas... A se perder de vista. Que clima ótimo! -Falou de mãos para cima, e olhos fechados, sentindo a leve brisa.
Dei uma risadinha de sua pose, e por estar tão maravilhada com uma praia, algo tão comum.
-Aproveite a praia esse ano, que começará o ano que vem assim também! -Falei a encorajando, e sendo sincera.
-Verdade! Vou caminhando pela beira do mar, tudo bem pra vocês? -Disse ela super empolgada pronta pra sair correndo à beira mar.
-Sem probl...-Em unissono dizemos e somos interrompidos por sua largada prematura. Rimos.
Caminhamos parte do caminho em silêncio, observando Ester chulando a água e a jogando pra cima, parecendo uma criança de 7 anos, caminhando e dando curtas pausas para refazer essa sequência.
-Ela ama o mar, a praia e tudo que tem nela. Ainda não sei como continua em Nova York. -Disse ele, sincero e descontraído.
-Agora que você disse, condordo. -Falei, meio sem saber o que dizer.
-Na verdade é de se imaginar o porquê. Ela faz faculdade lá, vive no campus, seus amigos são como uma segunda família. Ela é tão apaixonada por aquela faculdade, até agora eu não consigo enxergar o que ela enxerga, mesmo depois de 3 anos lá. Pra mim é só um momente de tijolos, com livros e gente amontoada.
Fiquei tentando imaginar sua idade, depois de saber que ele estava lá a três anos. "Será que é mais novo que Ester? Mas não parece!" divaguei por esse pensamentos rapidamente.
-Queria conhecer esse monte de tijolos, cheio de gente amontoada. Parece ser incrível. Deve ser por isso que ela ama tanto lá. -Falei ironica e rindo. Ele deu uma risada leve. -Sabe, é tão louco como os pensamentos das pessoas são tão diferentes e tão iguais...
-Concordo. -Respondeu meio pensativo e distante. Ele era tão estranho. Em alguns momentos ria e brincava, em outros se tornava distante e fechado.
Encontramos em meio a tantas pessoas, as nossas pessoas. Ficamos lá, rindo, bebendo e a espera da virada. Conversei com Noah, Ester, Sarah, Melissa... Por um momento me esqueci de Paulo, mas então o dito/ cujo tem o nome citado por Sarah.
-Lara...? Responde, cadê o Paulo? -Ela perguntou, novamente, ja que de só ouvir o nome dele sendo citado, fiquei meio perdida. Mas após ouvir novamente, respondo.
-Por aí... -Respondi vagamente, e ela entendeu.
-Que seja prima! Vamos beberrrr! -Disse histérica, tentando afastar o clima. E deu certo.
Bebemos tanto, que logo quando chegou a virada mal nos aguentavamos em pé. A cada ser que se colocava ao meu lado, eu imaginava ser Paulo, alimentando a esperança de ele aparecer no último soar do gongo. Mas não. Nos reunimos e começamos a contagem.
1....2.....3 FELIZ ANO NOVOOO
Começamos a distribuir abraços, felicitações, agradecimentos. Conseguia ver o sorriso dos meus pais e a paixão em seus olhos. Aquilo aquecia meu coração. Então continuei com a distribuição de abraços. Foi quando cheguei perto de Noah que acabará de abraçar Sarah, ele parecia tão feliz e descontraído, eu quase acreditei. Dei um abração em minha prima, desejei tudo de melhor...
-ESSE ANO, LARA, ONDE ESTIVER EU ESTOU!! TE AMOO!! -Disse ela, nitidamente alterada. Concordei aos risos, enquanto a via se agarrar desesperadamente no pescoço de Lucas, podia jurar por um momento que ela quase fez ele engolir o gogó.
Me virei rindo e vi Noah, olhando para o lado, novamente indiferente para o que o cercava. Meio sem jeito fui em sua direção, lhe dei um abraço. Senti seu corpo enrijecer. Senti seu corpo forte, se contrair um pouco ao meu toque. Ele então meio sem jeito me deu leves tapinhas nas costas.
-Você não tem costume de abraçar as pessoas né?! -Falei rindo enquanto me afastava.
-Eu... Eu abraço... A Ester, toda hora! -Disse como se estivesse me mostrando sua prova viva de afeição. Única prova viva.
Ri pela sua reação. E continuei a distribuição de abraços. Então ao sentir minha noção voltar ao poucos, fui pegar mais bebidas num quiosque próximo. Encontrei com meu pai, seu sorriso era visível de longe.
-Que noite, filha, que noite! -Indagou ele aos suspiros. Abracei sua cintura.
-Verdade pai, que noite! -Falei sorrindo, porém desanimada.
-Vai ficar tudo bem filha, agora você começará uma faculdade, conhecerá gente. Aos poucos as coisas melhoram. -Disse isso sem nem saber o que ouve, me deu um abraço e pegou bebidas pra ele e minha mãe. -E manera na bebida, não quero ninguem caindo pelos cantos, o certo era eu nem deixar você beber- disse ele, estragando a imagem de pai maneiro. -Só a partir dos 18 anos, mesmo você estando perto de completar... Mas quem para esses jovens...? -Nem esperou uma resposta e me deixou ali.
Voltando pro meio do povo, encontrei Lucas e Sarah podres de bebados, dançando no meio de um círculo formado a sua volta. Estavam rindo horrores, era lindo de se ver. Eu amava eles. Isso me fez lembrar de Paulo, eu amo ele, só estou com medo e chateada, espero que voltemos ao normal...
Ester chega em mim, virada no álcool também e de cabelos amarrados num coque, consigo ver areia em seu cabelo e um pouco em seu rosto, mas não digo nada...
-Menina, tomei mais uns 3 daquele seu drink, claro não foi você quem fez esses, por que o seu é de longe o melhor, mas tomei... Acho que tô meio bêbada... -Ela disse rindo e parando de repente, ficando séria e rindo novamente. -Vamos dançar, Noah não quer me fazer companhia, aquele chato... -Nesse momento eu nao sabia qual palavra era pronunciada num português existente, ou num inglês inventado, mas conseguia descifrar.
Segui seu olhar e me deparei com Noah sentado em uma das cadeiras postas pela praia, (Uma das dezenas) distribuídas pelo quiosque. om uma bebida na mão e 2 meninas a sua volta, ele ria e conversava. Foi entao que sua irmã me arrastou até perto dele.
-Viu, Noah, já que você não quis... La... La... Lara vai dançar comigo. -Ela colocou o indicador na ponta do meu nariz e começou a rir.
Fiquei meio sem jeito e ri junto, olhei para Noah, como quem diz "SOCORRO". Mas ele apenas riu e disse:
-Divirtão -se, mas não muito. -Falou, olhando pra mim rindo e mandou uma piscadela. Revirei os olhos, não serei salva.
Foi entãontao que começamos a maratona de tequilas. Aompanhei Ester na acirrada sequência de goles de shot e chupadas de limão com sal. Sarah e Lucas se divertiam assintindo, uma mesa ao nosso lado, eu me engasgar com todo aquele álcool. Eu nunca fui tão chegada na bebida, mas cachaça pura era demais pra mim. Comecei a me sentir leve, leve até demais. E também muito engraçada, e com muito calor. Fui de vestido e tudo ao encontro do mar, junto a Ester. Ouvi sarah gritando, mas não entendia o que era... Olhei para o lado, Ester parecia tão distante, ou era eu? Foi então que senti um enorme peso sob meus pés.
-Eu est... -Afogando, eu estou afogando, meu deus, era isso que eu ia falar, quando senti a água entrando pela minha boca e indo direto de encontro aos pulmões...-
Meus pensamentos continuaram, mas meu corpo não obedecia. Senti alguém me puxar,
era minha hora chegando...
-Mas eu sou tão jovem... -Pensei e então senti tudo se apagar.
Senti um certo calor sob minha boca, e então abri os olhos. Era Noah ele estava ali, fazendo respiração boca a boca em mim, completa e absolutamente bêbada. Me deu leves tapinhas na bochecha e estava perto de pôr sua boca sob a minha novamente, quando senti algo quente subir desesperadamente por minha garganta. Levantei o rosto e ele automaticamente se afastou, pegou meus cabelos com cuidado e me pus ao lado contrário a ele e foi então que eu... VOMITEI. MEU DEUS!!!
Limpei a boca com as costas da minha mão, olhei ao meu redor e todo mundo estava fazendo o mesmo comigo. Me senti uma pulga e ao mesmo tempo um elefante. Queria enfiar minha cabeça num buraco, igual um avestruz. Olhei para Noah, que ainda segurava meu cabelo com uma expressão preocupada.
-Você está bem? -Perguntou.
-Estou viva. -Ri fraco. -Mas depois disso não queria estar... -Falei completamente sem jeito, sendo sincera.
Ele deu um leve sorriso. Ouvi minha mãe perguntando o que havia acontecido, entao quando seus olhos me encontraram, sua taça foi para um lado, os canapés para o outro e deus acuda quem estava na sua frente. Ela veio correndo, se sentou ao lado de Noah:
-O quê houve Noah? Lara? -Disse ela, com a respiração acelerada e com as mãos tremendo.
-Está tudo bem, a Lara só teve caimbra e não conseguia sair do mar, mas agora ela está aq...
-Ai Lara Dias!!! Qualquer hora você me mata do coração! Ou se mata! -Disse ela, me dando tapas leves no braço. -Noah, nao sei nem como te agradecer, a Lara...
-Não precisa. -Disse calmo. -Acho que se eu não fizesse nada, minha irmã me mataria, já que ela sabe que estou mais sóbrio que a maior parte do pessoal desta praia... -Ele disse, rindo fraco.
-Sem modéstia, Noah. Lara, agradeça ao Noah, agora. -Ela estava nervosa, eu nao sabia se ria ou ficava com medo.
Olhei pra ele, extremamente sem graça.
-Obrigada, por me salvar e... Segurar meu cabelo... Eu passei dos limites. -Disse baixinho e sincera.
-Acontece, depois de uma briga é normal enchermos a cara. -Ele disse, também baixinho, perto do meu ouvido.
Olhei para ele, ainda mais envergonhada, e concordei com a cabeça. Não imaginava que ele havia ouvido minha discussão. Ele estava me ajudando a levantar, meus braços estavam, um em seu pescoço e outro braço agarrando firmemente seu braço direito (esse no qual eu conseguia ver o restante de sua tatuagem. Era um dragão chines, escuro e bonito), não sonhava eu soltar dele, com medo de cair. Estava muito envergonhada para olhar à minha volta, a vergonha me tomava, mas mesmo assim olhei. Sarah me olhava preocupada, junto a Lucas. Meu pai abraçava minha mãe que chorava nervosa. Ester depositava seu olhar preocupado e culpado sob mim. Apertei ainda mais o braço de Noah, então abaxei a cabeça.
-Não dá bola, amanhã lembrarão e rirão do seu vomito. -Disse ele baixinho, dando um riso no final.
Agora eu estava pronta pra ir.
-ME LEVE, ME LEVE SENHOR!- Se não morri afogada, morrerei de vergonha!
Quando estavamos chegando a uns bancos, Lucas apareceu. Olhou para nossa situação. Meu vestido e eu, assim como Noah que se encontrava apenas de bermuda, ambos estavamos encharcados. Havia uma leve transparência em meu vestido, assim como na bermuda de Noah.
Não situação melhor para seu namorado te encontrar, logo após uma briga.
Olhei rapidamente para Paulo, que estava com um olhar confuso, então voltei meu olhar para Noah, desesperada. Ele apenas me olhou, seu rosto havia escurecido, estava sério. Eu estava perdida.
Capítulo 1 Que noite!
08/03/2021
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