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Opostos no amor
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Capítulo

Nataly Osment é uma garota humilde e sempre levou uma vida simples, não porque não tivesse condições, mas porque nunca pode administrar seu próprio dinheiro, órfã de pai e mãe teve sua tutela entregue a uma tia, que nunca se cansou de lhe jogar na cara o quanto ela era um estorvo, mesmo é claro vivendo as custas da garota. Seu sonho sempre foi terminar a faculdade de enfermagem e poder se livrar definitivamente de sua tia e prima, porém, precisou trancar os estudos por falta de dinheiro. Graças a sua madrinha de coração, ela conseguiu uma entrevista na casa de um bilionário recém casado e tudo indica que o salário é maravilhoso, porém o que ela não imaginava é que o tal patrão bilionário voltaria para casa muito antes de encerrar o prazo de lua de mel e o pior solteiro... Mas o que poderia ter acontecido?

Capítulo 1 Prólogo

A distância faz ao amor, aquilo que o vento faz ao fogo...

Apaga os pequenos, e inflama os grandes.

(Roger Bussy-Rabutin)

Um agradecimento especial à

Letícia Monique Grings que revisou esta obra.

1º Capítulo

Levantei agitada da cama, eu precisava chegar às oito da manhã para a entrevista que Mary tinha me conseguido, seria uma entrevista importante, e conseguir emprego não estava nada fácil, não que trabalhar de empregada fosse o melhor serviço do mundo, mas se eu quisesse voltar a fazer faculdade esse era o melhor caminho, eu tinha trancado meus estudos a pelo menos dois semestres e tentava a todo custo retornar mas, passear com cachorros não era bem um emprego rentável, se ao menos minha tia me desse a parte que me cabia por direito, porém, é claro que isso jamais aconteceria porque se ela fizesse isso como ela pagaria o salão todo dia e o carro de luxo da Liah? Minha prima insuportável e cheia de "não me toques".

- Nataly! Natalay!

Escutei os berros de minha tia assim que saí no corredor. - O que é titia?

- Vá passear com o Boris, ele está ansioso...

Boris era o cachorro de Liah, eu olhei para o buldogue francês que não parecia nem um pouco ansioso, na verdade ele parecia bastante sonolento.

- Desculpe tia, mas tenho uma entrevista de emprego agora e...

- E? E é assim que me agradece? Por tudo que fiz por você... Eu cuidei de você depois que seu pai faleceu, nunca cobrei um centavo, fui eu que...

E lá começou a ladainha, eu peguei a coleira de Bóris e coloquei nele saindo para rua sem esperar por todo o resto do drama, aquilo era um absurdo, eu nunca tinha recebido um centavo da minha pensão deixada por meu pai e agora ela vinha dizer que não cobrava? No início ela dizia que quando eu fizesse 18 anos eu receberia minha pensão, mas agora eu já estava com 21 e nada... Suspirei, olhei no relógio, eu iria me atrasar, mas que droga!

Tentei fazer tudo que era preciso o mais rápido possível, mas quando saí de casa eu já estava meia hora atrasada, a mansão dos Belmont ficava do outro lado da cidade, gastei meu último centavo para pagar aquele táxi, eu só esperava que valesse a pena.

Olhei no relógio, muito atrasada para trocar de roupas, entrei no táxi e fui daquele jeito mesmo, suada, suja e com pelos por toda roupa, tomara que a amiga de Mary que era governanta da casa não fosse muito exigente, o táxi parou em frente à belíssima mansão, tremi, que casa era aquela? Minhas pernas literalmente bambearam, aquilo não podia ser real, era belo demais, não havia ninguém na guarita de segurança então entrei, aliás, não havia ninguém em lugar nenhum, sem dar muita atenção para a recepção caminhei até a porta da casa, antes mesmo que eu pudesse bater uma mulher baixa abriu a porta saindo com uma mala.

- Ah, finalmente você chegou, Jesus! Achei que eu perderia meu voo!

A mulher morena e baixinha me atirou um molho de chaves que eu agarrei com dificuldade. E continuou a falar:

– Quando escurecer tranque todas as portas, ligue as câmeras e acione o alarme.

- Oi? Espere, você não vai nem me entrevistar?

- Entrevistar? Não, você é a amiga de Mary, ela me falou tanto de você que não é necessário, se ela confia em você eu também confio garota, e para ser sincera não temos tempo para isso, eu preciso ir ou vou perder meu voo!

- Mas e a casa? Eu não conheço a casa e os patrões quem são? Como ligo os alarmes? E se aparecer alguma visita?

Eu berrei e corri atrás dela vendo que ela já estava indo em direção ao portão.

- O senhor Jack está de lua de mel só volta em 15 dias e provavelmente você não o conhecerá, quanto aos alarmes você encontrará uma sala na casa. As visitas? Ninguém visita Jack Belmont, aquele homem dá arrepios em qualquer um.

Ela entrou no táxi e partiu, eu fiquei observando o carro partir atônita, meu Deus, o que eu faria agora? Eu não conhecia nada daquela casa, e se eu não conseguisse ligar os alarmes? E se eu não desse conta de tudo?

Suspirei e voltei para a casa, assim que adentrei percebi que aquilo estava muito, mas muito longe do meu patamar: o chão de mármore reluzia de tão limpo, os lustres brilhavam tanto que ardia de olhar para cima, a belíssima mobília deveria ter custado o valor da minha casa inteira, tranquei a porta no mesmo instante, se eu fosse assaltada eu jamais conseguiria pagar por qualquer peça que estava exposta ali.

Uma mansão, uma mansão luxuosa à minha disposição por 15 dias, comecei a rir sozinha, subi e desci as escadas de forma graciosa imitando as mulheres ricas que eu via na televisão, "Oh, senhorita Nataly... Como está bela nesta noite". "Você veste Prada ou Chanel?"... Ri sozinha me imaginando na cena, segundos depois parei de brincar, imagina só se as câmeras estivessem ligadas e alguém acabasse me pegando esnobando a casa?

Mas tinha que admitir que eu não tinha certeza se ter uma mansão a meu dispor por 15 dias era de fato um trabalho ou um sonho.

Migrei para a cozinha e fiquei ainda mais impressionada com o requinte de tudo, cuidar de um lugar como aquele seria uma tarefa bem complicada, liguei para minha tia para dizer que tinha conseguido o emprego e que teria que ficar posando na casa, por isso eu provavelmente só iria amanhã de tarde para casa para pegar minhas roupas, afinal de contas eu tinha que economizar a passagem do ônibus.

Passei o dia inteiro tentando conhecer a casa e limpando o lugar, a casa era gigantesca e não consegui limpar a parte de cima onde ficavam os quartos, teria que deixar isso para o dia seguinte.

Quando me dei por mim percebi que já se passavam das oito horas da noite, o dia tinha passado rápido e a noite tinha chegado sorrateira, liguei para minha madrinha Mary e agradeci por ter me indicado para o emprego, prometi que iria visitar ela e Jhony logo, tranquei toda a casa, porém ainda não tinha descoberto onde ligava as câmeras ou o alarme, o jeito era ficar atenta.

Eram nove horas quando eu terminei de jantar e decidi ir para o quarto, os quartos das empregadas ficavam no andar de baixo e eu logo reconheci os quartos porque eles eram menores, porém fui obrigada a concordar que para um quarto de empregada aquilo estava muito melhor que o sótão que eu usava na casa da minha tia.

Tomei um bom banho e deitei na cama, estava exausta, não demorou muito para meu corpo se entregar ao sono profundo, acordei assustada por volta da meia noite, havia barulhos na porta, dei um salto assustada, meu Deus seria alguém tentando roubar a casa? Sai da cama sem fazer barulho e busquei por meu telefone, pensei em ligar as luzes, mas fiquei com medo de chamar a atenção do ladrão que poderia estar armado, caminhei silenciosamente no escuro e conclui que não estava enganada, os barulhos vinham realmente a porta, meu coração disparou e minhas mãos começaram a tremer, eu queria escapar dali mas, eu não podia simplesmente deixar a casa ser assaltada que tipo de caseira eu era? Se ao menos eu tivesse conseguido ligar as câmeras poderia ver se era um ou mais ladrões, sem muito no que pensar para fazer peguei o primeiro objeto pesado que vi nas mãos e me escondi.

O Invasor invadiu a casa e atravessou a sala sem dificuldade arrastando algo que eu não identifiquei no escuro, vi ele se aproximar das escadas, pelo vulto podia perceber que era um homem alto e pelo visto bastante forte, eu não teria muitas chances, mas eu morreria tentando, sem pensar e tomada de uma coragem que não sei de onde foi que eu arranquei, saltei sobre o invasor acertando vários golpes em sua cabeça com o bibelô de porcelana que tinha pegado de cima do aparador.

- Tome isso seu ladrão infeliz!

- Ai! – O homem berrou na escuridão e logo me derrubou no chão, eu bati as costas na escada e cai na sala, as luzes se acenderam e localizei dos grandes olhos verdes me encarando raivosos, ele estava de terno e usava sapatos de luxo, ops... Aquilo não parecia nada com um ladrão.

- Quem é você? E o que faz na minha casa?

Eu tentei gaguejar uma resposta, mas não consegui, eu tremia de cima a baixo olhando para aquele desconhecido.

Espera, ele tinha dito que a casa era dele?

- O... O... Senh... Senhor é o Senhor Belmont?

Eu disse ainda sem jeito e gaguejando, ele me olhou de cima a baixo fitando os olhos na minha roupa de dormir.

- É claro que sou eu! E você quem é? Deve ser alguma favelada que invadiu a casa enquanto tudo estava vazio... Vou ligar para a polícia agora mesmo!

Eu me levantei apressada e segurei a mão dele.

- Não, por favor, eu posso explicar!

Ele puxou a mão de volta com raiva.

- Sua governanta me contratou para cuidar da casa, ela disse que o senhor só voltaria em 15 dias da sua lua de mel e que precisava de alguém para cuidar de tudo.

Ele parou por alguns segundos e piscou suavizando um pouco o rosto e parecendo mais calmo, depois levou à mão a testa onde o ferimento que eu tinha causado em sua cabeça sangrava.

- E daí você decidiu me acertar na cabeça com um cachorrinho de porcelana?

- Pensei que o senhor fosse algum ladrão, desculpe.

Ele me olhou novamente de cima a baixo.

- Bem a cara de Hortência mesmo contratar alguém como você, sem experiência e tão descuidada, e se eu fosse um ladrão e estivesse armado? Estaria morta agora! Pensou nisso garota?

Eu olhei para ele e abaixei a cabeça sem jeito.

- Bom, eu teria morrido fazendo o que era certo...

- Morrer pelo que é certo parece um bom jeito de morrer para você?

Eu sorri.

- Acho que sim.

Ele balançou a cabeça parecendo cansado.

- Ok, como queira... Sabe pelo menos como fazer um curativo nisso aqui?

Eu abri e fechei a boca, ele devia estar achando que eu era uma idiota.

- Sei.

- Então faça.

Ele saiu para o lado e caminhou até o sofá se sentando como se esperasse que eu cuidasse dele.

Olhei para minhas roupas inapropriadas e ele me olhou novamente.

- Pode trocar de roupas primeiro, se quiser.

Eu assenti com a cabeça e me retirei, até meu quarto, eu ainda estava com o coração aos saltos, eu tinha acertado o meu patrão na cabeça com uma porcelana, isso com certeza não devia ir para minhas boas experiências no currículo, provavelmente ele não tinha me mandado embora por não ter outra opção no momento, não que ele não resolvesse fazer isso no dia seguinte.

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