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Todo o amor que habita em nós

Todo o amor que habita em nós

Lissy Santos

5.0
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513
Leituras
21
Capítulo

Algumas pessoas nascem com o dom de iluminar, trazendo luz à vida de todos os que encontram pelo caminho. Assim é Marcos, a sensatez e a calmaria para os seus dois melhores amigos, sempre disposto a tudo para ver as pessoas que ama felizes. E é em uma dessas tentativas de proteger sua amiga Elis, que ele irá conhecer Aline, uma mulher forte e decidida, mas que possui culpas e medos escondidos que só ele será capaz de desvendar. Marcos e Aline vivem o drama da infertilidade, e da adoção tardia de três crianças totalmente fora dos padrões de adoção comum no nosso país, eles serão capazes de amar e proteger seus filhos de tudo, inclusive das investidas perigosas dos seus pais biológicos. Eles são fortes. Eles são os melhores amigos que alguém poderia ter. Eles irão nos mostrar que o amor vence, o amor supera, e acima de tudo, eles irão nos mostrar que o amor transborda!

Capítulo 1 Prólogo

Aline.

Algumas ligações simplesmente acontecem.

Não tem explicação, apenas o destino agindo como um maestro nas nossas vidas, e ele me preparou com a mais linda das músicas.

Marcos, meu bem, lembro-me até hoje, onde exatamente a minha admiração por ele começou, quando ainda adolescentes ele defendeu e protegeu a minha melhor amiga Elis, por um acaso também melhor amiga dele, e, sem saber que as palavras proferidas tem poder, o pedi em casamento sem imaginar que uma brincadeira pudesse se tornar algo tão verdadeiro:

Elis chega aqui em casa com os olhos inchados, e soluçando de tanto chorar, e depois de acalmá-la eu ligo pra o Júlio do meu celular, já que o dela está com a megera da dona Ana. Após falar com ele, Elis me entrega o celular que está aberto no grupo da cidade, assim que eu vejo a foto, eu começo a gritar feito uma louca e ela não entende nada:

— Que foi Aline, eu que apanho e tu que perde a cabeça? – Elis fala confusa

— AMIGA, OLHA ISSO AQUI, já que você grudou no Júlio, deixa o Marcos pra mim, pq esses dois são foda. – Mostro a tela do celular pra Elis que fica tão boquiaberta quanto eu — Tô falando sério amiga, fala pra ele que vou casar com ele

— Ele falou que aceita.

Naquele dia, Marcos aceitou meu pedido de casamento e eu só sabia rir da situação já que, obviamente ele no auge dos seus 21 anos não iria querer nada com uma garota de 17, mas ai, o destino começou a agir:

Estou em casa vendo algo aleatório na tv, já que Elis mudou pra casa do avô e não passa mais as tardes comigo, quando o meu celular notifica uma mensagem no whatsapp:

Desconhecido: Só gostaria de saber qual o seu modelo favorito de alianças

Eu: Acho que você errou o número.

Desconhecido: Não errei não, você me pediu em casamento e eu aceitei.

Eu: Marcos?

Desconhecido: Eu mesmo, seu futuro marido e pai dos seus quatro filhos.

Eu: só quatro? (emoji triste)

Eu: sempre quis cinco (emoji de coração partido)

Marcos: Combinado então. Cinco filhos e a Aliança de ouro. Será que minha noiva aceitaria sair pra tomar um sorvete comigo?

Eu: Claro, querido Noivo. (emoji rindo) é só marcar.

E então eu que sempre fui desprendida, que ria das minhas amigas que sofriam por amor e achava que nunca iria ser presa a ninguém, me vi envolvida e entregue a pessoa mais cativante que eu já tive o prazer de conhecer.

O destino jogou a rede, e eu deliberadamente me enrolei nela sem ter a menor noção do quanto a minha vida mudaria desde então.

Marcos.

Eu vim de uma família bem estruturada, minha mãe, a mulher mais incrível que eu já tive o prazer de conhecer, sempre me ensinou a importância de ser honesto com os meus sentimentos principalmente com os sentimentos alheios.

Na minha casa, ninguém gritava, ninguém falava coisas que pudessem magoar e era inadmissível, à exemplo da calma e da educação do meu pai, que nós, como homens, machucássemos deliberadamente qualquer pessoa, principalmente se essa pessoa fosse uma mulher.

Foi por isso que quando eu conheci, ainda no colégio, minha amiga Elis, a vontade de proteger foi instantânea, assim como a vontade de bater muito no irmão dela contrariando os ensinamentos não violentos de mamãe. Falando em mamãe, ela sempre achou que eu tivesse uma queda pela Elis quando ela era, na verdade, a irmã que eu não tive.

E foi justamente enquanto buscava proteger Elis de mais uma confusão familiar, que eu a conheci… Aline…

Ela estava ali, linda com seus cabelos loiros esvoaçantes, tentando controlar o choro da Elis que não cessava após mais uma briga com seus pais. E ela estava lá igual um anjo, eu não sei exatamente em que ponto da nossa vida comecei a amá-la, mas sei em que ponto da vida comecei a investir nela, e foi logo após ela, em uma feliz brincadeira, me pedir em casamento via whatsapp.

Era uma brincadeira, eu aceitei também como uma brincadeira, e resolvi convidá-la para tomar um sorvete. Eu só não imaginava que uma brincadeira boba de uma adolescente e eu não tão adolescente assim iria tão longe.

Aline tal qual o anjo que sempre foi, me deu a mão e me levou em direção ao paraíso, vivemos juntos os dias mais incríveis da minha vida, e, como prometido por mim ainda no dia em que fomos tomar sorvete, faço o possível e o impossível até a última gota do meu sangue, até a última batida do meu coração, para vê-la feliz.

Chego de moto na casa da Aline – onde sua mãe nos olha atenta — para irmos até a sorveteria, aceno para a senhora que é bem parecida com a filha e ela retribui com um sorriso. Aline me cumprimenta com um beijo no rosto:

— Boa tarde, noiva !

Aline solta uma gargalhada tão linda, que aqui já quero beijá-la

— Boa tarde, pai dos meus futuros cinco filhos ! – Agora é minha vez de gargalhar

— Vamos? – Falo e ela assente subindo na moto em seguida

Chegamos na sorveteria, um self-service onde nós mesmos escolhemos a quantidade e os sabores dos sorvetes e acompanhamentos, e assim que ela acaba o seu pedido, eu percebo por que ela e Elis, minha amiga, se dão tão bem:

— Que foi? – Ela pergunta com um sorriso de canto — Quer um pouco do meu sorvete?

— Não não, só acho que vamos ter que repensar a quantidade de filhos, porque se eles comerem igual você, eu vou à falência! – Ela finge estar brava, depois ri

— Tá achando isso aqui muito? – Assinto e ela gargalha — O próximo passeio vai ser no rodízio de churrasco, aí você vai desistir até das alianças.

— Sua boca está suja aqui – Falo limpando o canto dos seus lábios com o guardanapo e vejo suas bochechas ficarem vermelhas

— Obrigada. – Fala abaixando a cabeça

Apesar de toda a brincadeira acerca do nosso casamento, nossa relação evoluiu aos poucos já que tanto ela quanto eu estávamos focados em resolver a vida da Elis que estava um verdadeiro furacão, e foi justamente em uma das nossas tentativas de salvação, que nós começamos a conectar e salvar as nossas próprias vidas:

Estou na pousada conversando com o avô da Elis, que está me mostrando o procedimento referente a “compra” de parte da pousada por mim, quando meu telefone toca, sorrio ao ver o contato da Aline, salvo como “noiva” no visor, então peço licença ao seu zé e atendo:

— Boa tarde, Aline, aconteceu algo?

— Tô tentando falar com Elis e não consigo, aí liguei pra ver se ela está com você, atrapalhei?

— De maneira alguma, mas ela está com Júlio, por isso não te responde. – Ouço-a suspirar do outro lado da linha — Aconteceu alguma coisa, Aline? Quer conversar?

— Só alguns problemas pessoais que Elis está cansada de ouvir, depois converso com ela, mas obrigada.

— Não sou Elis, mas sou ótimo ouvinte. Que tal um sorvete?

— Não sei, Marcos…

— Não precisa contar nada se não quiser, mas aquele monte de sorvete com certeza vai melhorar seu humor.

— Tá bom então

— Passo na sua casa em meia hora.

Busquei Aline naquele dia recebendo o mesmo olhar curioso da sua mãe e dessa vez resolvi descer da moto e cumprimentá-la com um abraço, e não me passou despercebido o sorriso de canto da Aline pela minha atitude.

Ela estava bem menos tagarela que o normal, mas eu não queria ser invasivo, já que ela aparentemente não queria falar, então fomos até a mesma sorveteria do nosso primeiro encontro, escolhemos nosso sorvete e nos sentamos em uma mesa à frente dela, que tem uma vista linda do lago artificial da cidade.

Eu juro por tudo o que há de mais sagrado que eu tentei não ter nenhuma outra intenção naquele momento, mas Aline já era uma mulher linda, mesmo quando estava com o cabelo preso em um coque bagunçado, e vestida com short jeans, cropped e chinelos. Só que ela, como a bela desastrada que era, não conseguia sequer comer um sorvete sem se sujar inteira, ali eu vi a minha oportunidade e pedi a deus pra ela não me achar maníaco depois do que eu fiz:

Estamos sentados olhando o lago enquanto Aline se delicia com seu sorvete de menta, quando olho seus lábios agora bem mais vermelhos pelo contato com o gelo, estão sujos de sorvete. Respiro fundo tentando tirar o foco dos seus lábios extremamente convidativos, mas eu não consigo mais:

— Sabe que o sorvete de menta também é um dos meus favoritos? – Ela me olha sorrindo

—Quer um pouco?

—Quero, quero muito.

Falo e em seguida a beijo, ela mostra surpresa no primeiro momento, depois retribui abrindo espaço para a minha língua sedenta. seguro sua nuca com as mãos e aprofundo o beijo, ela coloca o sorvete na mesa e entrelaça os braços no meu pescoço ficando mais próxima a mim.

— Viu? Uma delícia – Falo assim que paramos o beijo, deixando ela corada

— Concordo – Ela me olha ainda sorrindo – É mesmo uma delícia.

Depois daquele dia, nós não nos largamos mais, mas também mantinhamos tudo apenas entre nós, não pela minha vontade, já que o que eu mais queria era gritar pra o mundo o quanto aquela deusa de cabelos de anjo era linda, e era minha, mas Aline sempre dizia que não estava preparada pra assumir nada, e eu respeitava.

Nós não tínhamos rótulo, não éramos namorados, também não éramos amigos, a única coisa que eu tinha certeza, antes mesmo do primeiro beijo, é que eu a amava, e por ela eu faria absolutamente qualquer coisa, eu só não conseguia, por mais que eu tentasse, saber porque ela tinha tanto medo de dar um passo à frente na nossa relação.

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