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Meu marido me abandonou na noite mais importante da minha carreira: a inauguração da minha primeira exposição de arte solo.
Eu o encontrei no noticiário, protegendo outra mulher de uma tempestade de flashes, enquanto a galeria inteira assistia ao meu mundo desmoronar.
A mensagem dele foi o tapa final, frio e cruel: "Karina precisa de mim. Você vai ficar bem."
Durante anos, ele chamou minha arte de "hobby", esquecendo que foi ela a base de sua empresa bilionária. Ele me tornou invisível.
Então, liguei para minha advogada com um plano para usar a arrogância dele contra ele mesmo.
"Faça os papéis do divórcio parecerem um formulário chato de liberação de propriedade intelectual", eu disse a ela. "Ele vai assinar qualquer coisa para me tirar do escritório dele."
Capítulo 1
Ponto de Vista: Helena
Esta noite deveria ser a minha noite. A inauguração da minha primeira exposição solo no coração de São Paulo. Não uma pequena mostra num café, mas uma exposição de verdade, daquelas que definem uma carreira.
Por quatro anos, eu me escondi no meu ateliê, derramando minha alma em carvão e nanquim. Por quatro anos, eu fui a esposa quieta e artística do bilionário da tecnologia, Caio Menezes. Esta noite, isso deveria mudar. Esta noite, eu finalmente seria Helena Almeida.
Mas, parada na galeria clara e lotada, senti o vazio gelado da sua ausência. Ele não estava aqui.
Então eu vi. Um alerta de notícias, piscando no celular de um estranho.
O rosto do meu marido.
Ele estava em uma coletiva de imprensa, seu corpo imponente como uma fortaleza ao redor de outra mulher. Karina Chaves. Ela parecia frágil e artisticamente angustiada. Ele parecia seu protetor.
A manchete abaixo da foto foi um soco no estômago. Um repórter o citava ao vivo. Eu não conseguia ouvir as palavras, mas as via nos sussurros abafados e nos olhares de pena da galeria. Todos estavam assistindo à minha humilhação pública em tempo real.
Meu próprio celular vibrou. Uma mensagem dele, enviada há uma hora.
*Aconteceu um imprevisto. Karina precisa de mim. Você vai ficar bem. Parabéns.*
Acho que foi nesse momento que meu coração finalmente desistiu. Não foi um estilhaçar dramático. Foi mais como um clique silencioso, o som de uma fechadura girando pela última vez.
Bruno, o dono da galeria, apareceu ao meu lado. Ele não precisou perguntar. A evidência brilhava em uma dúzia de telas ao nosso redor.
"Eu sinto muito, Helena", disse ele, sua voz um rosnado baixo de raiva em meu nome. "Ele é um idiota."
"Ele está ocupado", ouvi a mim mesma dizer. A mentira era automática, um reflexo aprimorado por anos de prática.
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