Abusivo: A história que ninguém conta
imenta. Se fossem em outros tempos ficaria extremamente brava por acordar tão cedo, mas tudo o que sinto é alegria. Abro a cortina com um enorme sorriso, deixando que a m
ão que fosse bem uma boa vida para se recordar, pois ficar em Ourinhos, interior de
atizado, muito pelo contrário, foi um grande alívio para mim e ainda mais para minha mãe. Eu cre
parenta ter um pouco mais por conta daquela vida, passou as noites sem dormir, pois o marido saiu de casa na terça e já era domingo a noite e nem ao menos uma notícia lhe dera? Quando voltava era sempre uma desculpa esfarrapada: o c
. Enquanto em casa, minha mãe passava necessidades básicas, mas nunca teve coragem de ligar para sua família e pedir ajuda. Foi quando ela passou a fazer pequenos bicos como doméstica para sustentar a casa. Porém , com dois anos de casament
ndo Pedro que se revoltou e fez de todo o processo uma grande tortura para todos nós. O divórcio foi tão perturbador e assustador que minha mãe decidiu ir embora para Belo Horizonte, morar com uma prima. A única coisa que pode fazer por mim foi me embarcar na rodoviária. Fecho os meus olhos lembrando seu rosto
em muda, e aos poucos, surgem casas, estamos chegando a cidade. Assim que entramos em Campo Gra
*
, recebeu a alcunha de Cidade Morena. A cidade está localizada em uma região de planalto, em que é possível ver os limites da linha do horizonte ao fundo de qualquer paisagem, ao menos era isso que dizia em um dos vários site
um pensionato e a sua distância da universidade é menos de quinze minutos a pé. Seguro firme entre as minhas mãos o papel a
ir para um pensionato, assim aliviar também as finanças da minha mãe que gastou quase todas as suas economias para comprar nossas passagens e conseguir me manter sozinha por um tempo, até que eu arranje um estágio ou emprego. Depois de muito procurar em vár
as cimentado. Depois de pagar o taxista, aperto o interfone e fico aguardando alguém aparecer. Não demora muito e escuto o portãoecebendo apenas um aceno da senhora
tos individuais em tons de salmão, enquanto at
outras garotas os dias em que poderá lavar as roupas. Eu me
– pergunto, notando que alguns
Ester abrindo um dos quartos que agora é o meu. O quarto já vem mobiliado com uma cama de solteiro, guarda roupa, geladeira, microondas, uma mesa e duas cadeiras. No canto, a porta do banheiro que tem
rsa por telefone que minha mãe teve com Ester e da reaçã
ntrada e o objetivo dela é estudar, apenas estudar. – responde minha mãe, or
aos estudos, pois sempre sonhei em ter uma vida diferente da minha mãe e dar orgulho a ela. Essa dedicação acabou não dando espaço para relacionamentos. Claro que eu saía com as minhas amigas e tinha alguns rolos, mas nada sério
a cabeça, como se os seus olhos tirassem raios-X e consegu
Então vocês ingressam na universidade, começam a ir para as baladas e quando vê, já estão escondendo o parceiro debaixo da cama ou no banheiro, mas eu sempre descubro, se
o Horizonte agora – respondo
hos- indaga Ester, desconf
do triste. Sorrio para ela e
almoço para fazer para esse batal
ando escuto alguém bater de leve em minha porta me fazendo virar. Uma garota de cabelos longos de um lado e raspado do outro, com várias tonalidades de azul e grandes olhos castanhos. Veste um macacão jeans curto e uma camiseta amarela de um desenho animado, o tipo de garota de atitude que eu
er então que v
a – apresento –me esten
corresponde a garota - Mas p
mais a respeito da jovem parada em
o terceiro semestre. Pretendo
ia em que irei me especializar– respondo, animada
eu também. Se quiser, mais tarde levo você
ma i
de atrasos. – explica Beti - E as meninas estão famintas, você
ão a porta, sendo seguida por Betina - É melhor
que irá gostar de todas nós – g
, penso fech
*
a no meio das meninas que conversavam animadas diversos assuntos ao mesmo tempo, sendo impossível de acompanhar e até mesmo compreender. Ester pega um pra
ações. Nada mais digno que todas nós nos apres
r um turbante. Ela olha para mim e diz sorrindo - Meu nome é
nina de cabelo Chanel - Faço engenharia
que escondem seus olhos verdes e tem os cabelos loiros -
comenta Betina, puland
ra a minha colação, bitches! - grita Tiemi, animada, enquanto
para fazer letras. – digo sendo o
apesar da cidade dela ser apenas duas horas dali, estava economizando mais morar em Campo Grande a ficar indo e vindo de casa. Betina veio da Capital de Mato Grosso, bem como Alissa. Jennifer veio de Presidente Prudente e Tiemi veio
rás apenas da Calourada, daqui alguns dias – informa Tiemi - E é
ndo, sem graça. Estou quebrada e a última coisa que
atitude - Como assim, você não vai? Nem bem entr
iagem – explico muito envergonhada - Estava pen
a de quanto tempo eu esperei por esse convite? Você tem ideia do quanto essa festa é exclusiva e só o fato da Tiemi ter pensad
eu não querer ir? De alguma forma isso me incomoda. Talvez eu não esteja pensando direito e elas estejam certas, por que não ir à festa? Uma boa fo
ão quiser, eu não irei também
não se importa, mas seria muito importante para mim. Além do mais você não quer começar sendo a única anti social da sua turm
nunca entrei em uma boate, mas para comer. Embora cansei de ver as garotas da minha cidade com belos vestidos, cabelos arrumados, maquiagens
tenho certeza que encontraremos um vestido para você. É só dizer s
as, menos Beti que me encara, séria. Sinto que a decepcionei, sendo co
ginei, não encontraram nada. Mas elas não desistiram, cada uma foi até seu quarto e pegou algo que eu pudesse usar para aquele g
*
mo é a casa nova? - pergunta m
egal. Não vejo a hora de a senhora estar aqui. – comento indo
esse, Cat? - p
rrumando
Pa
elas – explico nervosa. Estreito os olhos aguardando o sermão da montanha sobre responsabi
em sua bebida e nada... Nada de rapazes. Não quero A Dona Ester me ligando para fala
versão resumida do sermão. -
lidades. – argumenta Vera - Só quero que saiba que não impo
mim, mãe. Não irei decep
por aqui – explica minha que agora trabalha de faxineira junto com a p
desligando o telefone e
em carregada, ideia da Alissa e os cabelos soltos, bem lisos, ideia da Tiemi. Como tinha de falar com minha mãe antes de ir e Tiemi e as meninas tinham marcado de ir para o
liga que eu saio da boate e te coloco para dentro. Não tem erro, só não
e e como aquilo seria bom pra mim e tudo mais que decidi ignorar o mau pressentimento que percorre meu corpo
*
o em frente ao destino que me deixa
ia, o que me faz entender por que aquele era um evento tão esperado. Caminho em direção à entrada, discando o número de Tiemi que chama até cair na caixa postal... Na primeira..
te. – cumprim
, por favor – pede o
o uma pessoa. Ela está aí
or favor – pe
poderia entrar rapidinho pra ver se
no cadastro, não en
á dentro ver se ela está aí e dizer que a Ca
sso cadastro, peço que a senhora se retire, poi
– tento ma
la e dormindo sem me preocupar com nada disso... Agora estou aqui na frente de uma boat
dos formandos – fala uma voz masculina fi
ral bem definido, calça preta impecável, bem como seus sapatos. Mas o que me surpreende é a tranquilidade com a qual aquele homem se aproxima d
a jovem? – perg
parece um pimentão agora, coisa que eu realmente não queria que estivesse acontecendo. Ele sorri p
ede o segurança com ar de
do – diz o homem - Meu nom
eu indicador direito e rapidamente uma luz verde aparece confirmando sua p
Em menos de um minuto eu deixei de ser uma garota sozinha e desesperada na porta de uma boate para a namorada do home
rar? – pergunta J
Pergunto-me observando a