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Capítulo

Fui feita para ti. Cada pedaço do meu ser foi moldado do seu agrado. Qualquer menina na minha posição te odiaria, detestando ter sua vida toda controlada, sem o direito de tomar suas próprias decisões, mas eu não sinto nada disso. Já compreendi qual será meu destino e o aceito de coração aberto. Mas por que eu ainda sinto que você está sentindo para mim? Não tem mais que eu possa te dar, você já me tem por completo. Eu não quero seu dinheiro, sua casa, seu poder, eu só quero a verdade. Quem é você? Quem é Joseph Fiore? 

Capítulo 1 Prólogo

Todo mudo tem um proposito de vida. Algo para o que viver, para gostar ou até mesmo amar. Algumas pessoas demoram anos para saber qual é o seu real proposito na Terra, outras descobrem desde muito cedo e algumas nunca descobrem. Meu proposito foi designado a mim assim que completei quatro meses de vida. Então desde que me entendo por gente fui ensinada para cumprir meu propósito. Nunca fui para escola, tudo que precisei aprender foi ensinado em casa, fiz aulas de etiqueta, aprendi a tocar piano, bordar e com permissão pude aprender a dançar ballet.

Meu propósito desde que me entendo por gente foi me preparar para casar com um homem 15 anos mais velho que eu... e claro que 10 mil vezes mais rico.

Didi penteia meu cabelo enquanto me olho no espelho da penteadeira. Ele iria me visitar hoje, então tudo precisava estar perfeito. Meu cabelo precisava estar do jeito que ele gosta, meu rosto deveria estar do seu agrado e até a roupa precisava ser a que ele mandou de presente para mim. Didi fazia uma coroa de tranças com uma parte do meu cabelo deixando a outra solta e ondulada.

- Está nervosa? - Didi me pergunta terminando de arrumar meu cabelo.

- Um pouquinho. - Falo sendo sincera com a minha babá. - Eu até gosto dele, mas mesmo assim sua presença me intimida. - Meu futuro marido era muito legal comigo, sempre era carinhoso e respeitoso, toda vez que vinha me visitar trazia um presente para mim, mas ele era assustador. Todos sentem medo dele, comigo não era diferente.

- Bom, você ainda tem tempo para se acostumar com ele. Só se casará aos dezoito anos e ainda falta muito tempo para isso. - Didi diz beijando minha bochecha, me fazendo rir. - Ele só quer ver como você está e nada mais. Não precisa se preocupar, ok?

- Ok... - Digo ainda insegura.

- Vamos colocar a roupa que ele te deu. Aposto que deve ser linda. - Didi vai até minha cama onde está a grande caixa vermelha com meu vestido. Era realmente bonito. Um rosa tão claro que podia ser facilmente confundido com branco. Sem decotes ou costas nuas, mas sem as mangas. Um belo vestido de verão. De caimento curto e com a saia do vestido sendo rodada. Junto ao vestido veio também um belo par de brincos. Perolas. - Olha que lindo, Marvi! Ficará lindo em você! Venha, vamos colocá-lo.

Me levanto da cadeira da cabeceira e vou até Didi. Retiro meu roupão de ceda e coloco o vestido com ajuda da minha babá, Didi também me auxilia a pôr os brincos. Eu realmente estava bonita, mas o principal e que eu estava do agrado do meu noivo. Didi me puxa para frente do espelho do meu quarto para eu poder me olhar.

- Está igual a uma princesinha! Aposto que ele irá amar vê-la assim. - No final de contas, era só isso que importava, não é?

- Didi tem razão, Marvina. Eu também aposto que ele irá amar. - A voz da minha mãe me faz tirar o olhar do espelho para olhá-la. - Você está linda. - Por mais que a boca de minha mãe falava palavras bonitas, sua feição era triste. Ela sempre ficava triste quando ele vinha nos visitar.

- Obrigada, mamãe. - Respondo.

- Ele já chegou. Se apresse. Não demore para descer, ok? - Concordo com a cabeça e minha mãe sai do meu quarto fechando a porta novamente.

Respiro fundo e me olho novamente no espelho. Se ele é sempre tão legal comigo, por que eu sempre fico tão nervosa? Minhas mãos estão suando, minha respiração está descompensada e meu coração acelerado.

- Vai ficar tudo bem, Marvi. É só ser você mesma, ok? Ele te ama do jeitinho que você é. - Didi me confortou e me abraçou por trás. - Ele já te ama, lembre-se disso. Ele já te ama.

Ele já me ama.

Ele já me ama.

Ele já me ama.

Saio do meu quarto e desço as escadas vendo meus pais em pé no hall de entrada conversando com meu noivo. Ele está de costas para escada, mas assim que me ouve descendo com a Didi logo atrás de mim. Quando meu noivo me vê, ele abre um sorriso caloroso. - Olha quem chegou! - Ele diz sorrindo. - Minha linda e perfeita noiva! - Desço as escadas sorrindo e vou para perto do meu noivo. Ele realmente parece feliz em me ver. Assim que chego perto dele, o homem em minha frente se aproxima de mim e levanta meu queixo para eu olhar para ele. - Como você está bonita, Marvina. A cada dia mais linda. - Obrigada, senhor Fiore. - Digo sorrindo para ele. - Quantas vezes vou ter que te dizer para você me chamar de Joseph? Você é minha noiva, não precisa me chamar tão formalmente. - Ele me relembra. - Desculpa... Joseph. Fico feliz que tenha vindo me visitar. - Falo com sinceridade. Não é porque fico nervosa com suas visitas que desgosto delas. - Eu queria poder vim te ver com mais frequência, mas desde que meu pai morreu o trabalho tem sido muito mais difícil. - O pai do Joseph havia morrido a pouco mais de três meses. Eu e minha família fomos ao funeral prestar nossas condolências. - Não precisa se desculpar. O importante é que você veio. - Disse docemente. - Princesa, eu preciso conversar com seus pais um pouquinho, mas depois prometo que seremos só nós dois. - Ele diz e eu confirmo com a cabeça. - Vai ser coisa rápida, ok? Leve-a para sala de estar. - Joseph diz para Didi que concorda com a cabeça e o obedece. - Vamos para sala de estar, Marvi. - Didi disse me guiando para sala de estar. Ouvi meus pais e meu noivo indo até o escritório do meu pai, quando ouvi a porta de carvalho se fechar, fui até a porta tentar escutar sobre o que falarão. Didi veio atrás de mim tentando me impedir, mas eu só ignorei. - Marvina! Ele mandou você esperar na sala de estar! - Didi disse cochichando para mim. - Fique quieta, Didi! Estou tentando ouvir o que estão falando. - Digo no mesmo tom baixo que ela. Encosto minha cabeça na porta e tento escutar sobre o que falarão. Tenho o direito de fazer isso já que é sobre minha vida que eles falarão naquela sala. Tenho esse direito, não é? - Você não pode mudar o acordo que fizemos! - A voz de minha estava alta e chateada. Sobre o que eles estavam falando? - O que te faz pensar que eu não posso mudar o acordo? - Joseph diz com um tom irônico arrogante. - Vocês têm que lembrar que quem financia essa casa, os empregados, os estudos da Marvina e qualquer gasto dentro dessa casa sou eu! - Sei disso, senhor Fiore. Peço desculpa pela minha esposa, senhor Fiore..., mas acho que o senhor entende, a Marvina e nossa pequena menina e... - Meu pai disse antes de ser interrompido pela risada do meu noivo.- Não, não e não. A Marvina não é sua pequena menina. Ela nunca foi, já que você vendeu sua filhinha para mim aos quatro meses de vida. - Joseph disse e eu pude ouvir o choro da minha mãe. - A gente não teve escolha e você sabe disso! - Mamãe gritou. - Controle sua esposa, David. - Joseph disse. - Eu não vim aqui pedir a permissão de vocês. Vim avisar a vocês. Irei me casar com a Marvina assim que ela menstruar, não esperarei até ela completar dezoito anos. E se eu descobrir que vocês estão mentindo para mim, eu pego a Marvina e deixo vocês morando debaixo da ponte. A partir de agora a Marvina irá ao ginecologista todo mês. Bom, foi isso. Agora levarei a minha noiva para almoçar. Estou muito surpresa para me mover, então Didi praticamente me arrasta até a sala enquanto estou em completo choque. A minha vida toda eu ouvi que iria me casar com dezoito anos, mas agora irei me casar assim que menstruar? Minha mãe me disse que menstruou com doze anos, eu acabei de fazer onze! Posso menstruar hoje, ou amanhã, ou semana que vem. - Marvina, o que você escutou que te deixou assim? - Didi perguntou cochichando rapidamente para mim. - Me conte! Didi me colocou sentada na poltrona e ficou na minha frente me sacudindo querendo respostas, mas eu não conseguia dizer nada. Eu estava mortificada. - O que está acontecendo aqui? - A voz do meu noivo me fez entrar em mais desespero ainda. - A Marvina teve uma queda de pressão momentânea, senhor Fiore. Nada grave. - Didi disse nervosamente. Minha babá é uma péssima mentirosa. - Vou pegar alguma coisa com sal para Marvina. - Didi sai rapidamente da sala de estar para cozinha. Meu noivo se aproxima de mim com meus pais. Joseph se ajoelhou na frente da poltrona onde eu estava sentada. O homem alto perto de mim coloca sua mão em meu rosto e faz um carinho na minha bochecha. - O que aconteceu, minha princesa? - Ele perguntou preocupado. - Eu só tive um mal-estar, Joseph. Não precisa se preocupar. - Digo com a respiração ainda descontrolada e com o coração acelerado. - Acho melhor almoçarmos aqui na sua casa mesmo, ao invés de sairmos para aquele restaurante que você gosta, meu bem. - Joseph fala e eu só concordo com a cabeça. Didi voltou com um biscoito de sal e um copo de água gelada para curar um problema que não existia, mas eu me sentia doente. Se eu menstruar amanhã? Terei que casar amanhã? Eu não quero isso... eu ainda não me sinto preparada para isso. Joseph me ajuda a beber a água enquanto fazia carinho no meu cabelo. - Se sente melhor, pequena? - Meu noivo perguntou cuidadosamente. - Me sinto muito melhor. Obrigada. - Joseph beija minha testa e continua fazendo carinho em mim. - Pode ter sido por falta de comida. Eu não consegui comer, estava ansiosa demais para ver você. - Disse sorrindo para ele. Meu noivo sorriu e deu um beijo na minha bochecha. - Assim não pode, meu amor! - Joseph disse me dando uma pequena bronca. - Por que você não se certificou de alimentar minha noiva corretamente? - Joseph disse brigando com a Didi. - Desculpe-me, senhor. - Didi abaixou a cabeça e se desculpou. - Já falei com a cozinheira, ela disse que a comida já vai ficar pronta. Didi se retirou da sala, me deixando sozinha com meu noivo e meus pais. Meu desespero era tanto que eu não consegui me conter. Nuna pedi nada para o Joseph, diferente de meus pais que sempre pedem coisam em meu nome, mas na maioria das vezes eu nem sei do que se trata. Mas dessa vez eu pedi. - Quero te pedir uma coisa. - Disse rapidamente antes que o bom senso me atingisse. Meus pais ficaram chocados e para ser sincera, até meu noivo pareceu surpreso. - Marvina! - Minha mãe disse chamando minha atenção. - Claro que você pode, meu amor. Me peça qualquer coisa que você quiser, que farei o possível para realizar. - Joseph respondeu. - Eu ouvi a conversa de vocês atrás da porta... Já sei da proposta que fez aos meus pais sobre antecipar o casamento. - Disse sendo sincera. - E você se opõem? - Ele perguntou. - Não, eu não me oponho... quer dizer, a menos que eu possa frequentar uma escola de verdade. Não sei quanto tempo demorará até que minha menstruação dessa, então quero te pedir para poder frequentar uma escola. - Disse. - Marvina... - Meu pai inicia, mas logo é interrompido pelo Joseph. - Ok. Deixo você frequentar uma escola, mas dentro das minhas condições. - Ele diz me fazendo abrir um sorriso. - A primeira e mais obvia é que assim que sua menstruação descer você irá sair da escola. Não me importa se faltar só um ano para terminar, ou se você estiver no meio do ano letivo. Estamos entendidos? - Como o senhor quiser. - Disse ainda feliz. - Segunda condição. Você irá para um colégio católico só para meninas. Colégio Saint Woods. Ele é comandado por freiras, então sei que não preciso me preocupar com você lá dentro. Minha irmã mais nova estuda lá, será bom você se aproximar dela. - Seria a primeira vez que eu conheceria um membro da família Fiore sem ser o Joseph ou seu pai. Só vi a família dele no funeral do senhor Fiore, mas não nos falamos. - Minha outra condição será sem extracurriculares. Você já faz o ballet, não precisa fazer mais nada. - Sim, senhor. - Terceira condição. Da casa para escola, e da escola para casa. Sem festas, sem fazer trabalhos na casa de amigas e nada de ficar até mais tarde na escola. Lembre-se que tudo que acontecer na sua vida letiva chegara aos meus ouvidos, então não me faça me arrepender de ter te deixado estudar. - Não farei. Prometo a você que não causarei problemas. - Sei disso. Você é uma boa menina. - Ele disse acariciando meu queixo. - Se tudo der certo, você começa a estudar na segunda-feira. Meu motorista irá te levar e trazer com a minha irmã Amelia. Irei me certificar que comprem seu material escolar e entreguem aqui amanhã mesmo. - Sorrio e me levanto para abraçar o meu noivo que sorri e me abraça. Por mais que isso possa durar pouco tempo, será incrível poder sair de casa. Eu não conheço ninguém da minha idade, todas as minhas professoras vêm até a minha casa me dar aula, seja a professora de ballet ou as minhas tutoras educacionais. Será incrível poder ter amigas e estudar em um colégio real. Tomara que minha menstruação não venha tão cedo!

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