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Inevitável - Máfia Corvi

Inevitável - Máfia Corvi

Rafa Amaral

5.0
Comentário(s)
90
Leituras
12
Capítulo

Donatello Puzzo sabia que as coisas estavam mudando. Boatos circulavam e ele precisava deixar seu legado, para isso ele precisava se casar e ter um herdeiro legítimo, que manteria o nome da família Puzzo. Pensando que eliminaria dois problemas, ele propõe um casamento com a filha de George LeBlanc e coloca uma imposição que ele não poderia cumprir. LeBlanc, porém, manda sua sobrinha Flora Callegari no lugar da filha, pensando que conseguiria enganar o homem mais poderoso da Itália. Donatello então descobre, que Flora é exatamente a mulher que poderia ajudá-lo a desvendar um mistério do passado, mas ela não se lembra de nada além das maldades que sofreu na família LeBlanc. Flora é o caminho para a verdade. Donatello é quem se encarrega de protegê-la. Ambos terão que desvendar as mentiras do passado, enquanto lidam com as ameaças do presente, mas o que poderão fazer, se passado e presente estiverem conectados.

Capítulo 1 1. Um Pedido

As nuvens no céu indicavam a possibilidade de chuva e Flora observava o vento forte da tempestade que se aproximava, sacudir violentamente as árvores que rodeavam a propriedade. Da pequena janela de seu quarto, ela não podia ver muito do mundo exterior.

Desde que se lembrava, vivia parcialmente presa na mansão dos seus tios. Não tinha liberdade para sair sozinha, mas pôde estudar na mesma escola que sua prima Amanda e a acompanhava em alguns passeios, mas sua vida costumava ser solitária.

Mal se lembrava dos seus pais, mas tinha certeza que era feliz na época que eles estavam vivos. Aos 23 anos, tudo que ela tinha era um segredo e a esperança de que um dia conseguiria fugir.

Uma empregada bateu à porta de seu quarto, George LeBlanc, seu tio, a chamava para uma conversa, Flora tinha certeza que levaria a culpa por algum erro que Amanda cometeu, ela não se lembrava de um único dia em que foi bem tratada pela família, era sempre humilhada, agredida e até mesmo violentada em segredo por seu tio, mas aprendeu a esconder sua dor e aguentar calada as atrocidades que passava.

Ela e sua prima se sentaram de frente para o homem e sua esposa, Amanda sabia que nada tinha com que se preocupar, pois seus pais sempre a protegeriam, mas Flora já pensava em todas as possibilidades de punição que receberia no lugar da prima, para evitar mais problemas, ela abaixou a cabeça e ficou quieta, sem mover um único músculo.

- Donatello Puzzo quer que se casar com Amanda. - Flora levantou um pouco a cabeça se perguntando o que fazia ali, visto que se tratava do casamento da prima. - Mas ele deseja fazer um "teste", antes de oficializar a união, acho que ele deseja saber se ela é virgem e por isso, Flora, você irá no lugar de Amanda.

Ela olhou para o homem à sua frente, sabia que sua vida não tinha valor algum para aquela família, mas não esperava ser usada dessa maneira. Todos sabiam que Amanda não era virgem, com 18 anos ela já havia tido mais parceiros que muitas ao 30, mas a verdade é que eles não sabiam que Flora também não era virgem.

- Céus! Precisaremos de muita maquiagem para deixá-la o mínimo parecida com Amanda. - comentou a tia.

- Vocês não vão mesmo perguntar se eu quero me casar? - Amanda questionou.

- Não há escolha, filha. Donatello é um homem rico e poderoso, te dará uma vida de luxos se obedecê-lo e claro, esse casamento quitará a dívida que temos com ele e salvará a minha cabeça. - ele se virou para a sobrinha antes de concluir. - Portanto, Flora, espero que compreenda que é um preço pequeno a se pagar depois de tudo que fizemos por você, lhe demos comida, roupas, uma cama... por quase vinte anos!

- Sim senhor. - murmurou, pensando que provavelmente depois da tal noite, Donatello pediria a cabeça de todos, não só de seu tio.

- Diga mais alto! - pediu a tia, se inclinando em sua direção.

- Sim senhor. - repetiu mais alto.

- Ótimo, agora volte aos seus afazeres. - as duas jovens se levantaram. - Você fica, Amanda.

Flora saiu da sala e foi direto para o seu pequeno quarto, ali fechou a porta e caiu em prantos, estava cansada de ser fraca e se deixar ser pisada e humilhada, mas ela não sabia ser diferente, desde pequena sabia que desobedecer era pior, por isso depois de chorar tudo que pôde, ela lavou o rosto e tomou uma decisão: aquela seria a última coisa que faria pelos LeBlanc, depois que voltasse, ela iria fugir. Não importava se passaria fome ou dormiria na rua, podia até mesmo morrer tentando, qualquer coisa era melhor que viver naquela casa.

Ela então pegou uma sacola e separou tudo que iria levar, seus documentos, as melhores roupas, alguns ítens de higiene e o livro de medicina que pegou na biblioteca da cidade enquanto Amanda transava com alguém em algum lugar. Não tinha dinheiro, a única vez que tocou numa nota, foi quando sua amiga Clarice lhe pediu para comprar balas na escola; também não tinha para onde ir, a amizade com Clarice terminou juntamente com a escola. Depois que pegou tudo, escondeu a sacola num canto para que ninguém visse, mesmo que raramente seus tios fossem até seu quarto. Ela deixaria a sacola ali até que tivesse um plano concreto.

A garota saiu dali e foi até a cozinha ajudar Graça a preparar o jantar. Foi informada que seria um jantar especial, para comemorar o acordo que salvaria a família. Flora sabia que não participaria do jantar e por um breve momento pensou em envenenar toda a família, mas afastou o pensamento, não podia se igualar a eles, embora merecessem por todo mal que lhe fizeram.

E para sua surpresa, George a chamou para se sentar à mesa.

- Você é parte essencial para o sucesso desse acordo, Flora, merece um lugar à mesa. - disse ele levantando uma taça com champanhe em sua direção.

- Eu é que ficarei com a parte difícil e se esse Donatello for velho e barrigudo? - perguntou Amanda com voz de desprezo, enrugando a testa. Logo foi repreendida pela mãe a não fazer aquela careta.

- O importante é que ele é muito rico e influente. - George olhou para a filha. - Tenho certeza que pode aguentar um velho barrigudo por vários sapatos Prada.

- Prefiro a Versace. - respondeu a garota com um sorriso ambicioso.

- Com esse homem, terá o que quiser minha filha e nós também.

Flora apenas observava a interação da família, sentia-se enojada e mal conseguia comer. Queria fugir o mais rápido possível, mas teria que esperar até a noite com o tal homem, seria a melhor oportunidade de sair da mansão, planejava deixar suas coisas junto com o restante do lixo e quando estivesse do lado de fora, pegaria a sacola e correria o máximo que conseguisse. Isso, se quando ele percebesse que ela não era virgem, a deixasse ir. Preferia pensar de forma positiva, mesmo que no fundo sabia que seu plano tinha tudo para dar errado.

Ao voltar para o seu quarto, ela percebeu o quanto foi ingênua de acreditar que seus tios nunca se importariam com sua virgindade. Seu tio sempre teve o cuidado de apenas tocá-la e para seu alívio, nunca avançava. Mesmo que tenha trazido um grande problema, ela não conseguia se arrepender da noite que teve com aquele desconhecido.

Era uma festa na mansão de um homem poderoso, Flora não entendeu porque seus tios a levaram, mas achou bom sair um pouco e ver pessoas diferentes, principalmente porque era seu aniversário de 19 anos. Enquanto seus tios e sua prima estavam ocupados, ela decidiu sair do salão de festas em busca de um banheiro. Não encontrando, ela subiu as escadas e se deparou com um homem.

Seus olhos castanhos a fisgaram no exato momento em que se encontraram e ela se viu hipnotizada pelo homem de cabelos pretos, a barba recém feita e vestido num terno elegante, a voz sumiu de sua garganta quando ele lhe lançou um sorriso. O homem se aproximou, trocaram algumas palavras e foram para o quarto, onde ela perdeu sua virgindade.

Há três anos ela acessava de um notebook emprestado por uma das empregadas, as aulas remotas da faculdade de medicina, isso era um segredo que escondia a sete chaves, pois era o que a motivava a acordar todas as manhãs. Antes de dormir, ela estudou um pouco e adormeceu rapidamente pelo cansaço.

Sonhou que corria desesperada de algo que estava próximo de pegá-la, até que caiu num buraco infinito e acordou assustada. Se levantou e foi até o banheiro, se olhou no espelho, viu seus belos olhos verdes a encarando, o cabelo castanho claro caia em seus ombros completamente indefinidos, não se lembrava da última vez que cortou, nem mesmo a última vez que se sentiu bonita, num ímpeto, Flora quebrou o pequeno espelho com o cabo do pente para não se machucar, estava farta daquela imagem, da mulher fraca ali refletida. Apagou a luz e voltou para a cama.

Mais cedo, no mesmo dia, Don Puzzo recebeu em seu escritório, seu conselheiro e amigo Enzo Fuzzari, que veio trazer a notícia de que a mensagem foi entregue a George e o homem aceitou. Enzo se sentou de frente para o Don e o encarou com uma pergunta que o incomodava.

- Por que quer se casar com ela? - perguntou enfim, com um meio sorriso no rosto.

- Sinto que algo está para acontecer, preciso garantir o legado da minha família. - respondeu sem desviar os olhos do documento que assinava.

- Sim, mas... por que ela? Amanda não tem um bom histórico, aliás, tem um longo histórico.

Donatello desviou os olhos da papelada, já estava se irritando com a conversa enquanto fazia algo realmente importante.

- Estou farto das desculpas de George. Amanda não é virgem, mas ele vai garantir que sim e é assim que vou eliminá-lo. - respondeu impaciente e Enzo riu.

- Nunca subestime o Don Puzzo. - Enzo se levantou e deixou a sala.

Desde que assumiu a liderança da máfia Corvi, Donatello sabia que se casaria quando e com quem fosse necessário, mas isso não era um problema, nunca amou alguém e provavelmente nunca amaria. Viu seu pai sofrer com a morte da sua mãe e tinha certeza que o amor era uma fraqueza no mundo em que viviam.

Portanto, não importava quem Amanda foi, mas sim a mulher que se tornaria quando se casassem e com certeza, ele a faria ser a mulher ideal.

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