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O Milagre do Alfa

O Milagre do Alfa

AlinePoirot

5.0
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Leituras
98
Capítulo

Dérik ascende como alfa de seu clã em meio a uma crise. Devido a guerras e violações dos laços de almas gêmeas, Lunas de nascimento, estão cada vez mais raras. Sem uma Luna, alma gêmea do alfa, o período de Cio das fêmeas não é ativado e sem procriar, o clã desaparece. Ao completar trinta anos, alfa Dérik sentiu a dor da perda de sua alma gêmea antes mesmo de conhecê-la. Em meio a dor e desespero sua alma se tornou cada vez mais obscura e seu coração mais frio e impiedoso. Um dia, seu clã recebe a visita da Luna de um clã aliado, e Dérik toma uma decisão que mudaria seu destino. Ele aproveita a presença dos alfas visitantes para escolher uma guerreira de seu clã e entroná-la como Luna. Na surdina, ele realiza o plano de induzir o Cio da escolhida, para gerarem um herdeiro. Três anos depois, uma jovem loba escapa do cativeiro, evitando assim ser forçada a casar-se com um alfa que não era o seu prometido. Ela entra no território do Alfa Dérik, na esperança de conseguir exílio. Alfa Dérik nunca imaginou que aquela jovem loba poderia ser seu milagre, e que a decisão que tomou no passado poderia destruir suas chances de conhecer o amor. Um Alfa pode ser treinado, mas, uma Luna nasce Luna!

Capítulo 1 Alfa Dérik

Ele segurou a mensagem com as mãos trêmulas, após ler e reler o seu conteúdo quase incrédulo, temeroso de tudo ser apenas um sonho. O coração dele batia acelerado e estava a cada segundo mais difícil controlar a fera de sua essência.

Ele não era mais um adolescente, um alfa Perto de completar trinta anos, líder de um clã cujo membro masculino mais jovem passava dos vinte. Era difícil mensurar a alegria que aquela notícia traria para o clã inteiro e não apenas para a sua fera.

Beta Eli observava o amigo e líder de cabeça baixa, ajoelhado no chão, pois o desequilíbrio da força que emanava do alfa o deixava apreensivo, até mesmo apavorado. Dérik era um dos alfas mais poderosos em existência, um dos únicos a alcançarem a terceira forma.

Beta Eli temia que seu clã estivesse em perigo, o que explicaria a ansiedade do seu líder ao ler a mensagem urgente enviada pelo grupo de busca liderado pelo general Adanir, o gama do clã.

- Alfa, estamos com problemas? Quer que eu acione o exército?

Dérik virou-se na direção do beta atordoado, por alguns instantes havia esquecido da presença dele.

- Eli, reúna o clã na beira da praia. Ordene as fêmeas do harém para prepararem um banquete!

A fala do alfa não o surpreendeu mais do que o tom de voz exuberante usado por ele.

- Um banquete? - Perguntou o beta confuso. - Mas... Me perdoe pela insolência, mas posso perguntar a razão para uma celebração em meio a uma guerra?

Uma guerra entre espécies que estava próxima de levar os lobos de seu clã à extinção, caso um milagre não acontecesse em breve.

- A chegada da minha Luna não é motivo o suficiente para celebrar, meu amigo? - Respondeu o alfa com um raro sorriso no rosto.

Beta Eli arregalou os olhos e levantou sorridente. Era um milagre! Por anos ele e sua esposa imploraram à Hecate que enviasse uma Luna. Seu peito parecia querer explodir de alegria.

Finalmente, seu clã prosperaria, ele e sua esposa realizariam o sonho de ter uma família.

Finalmente o clã estaria completo!

- O quê? Senhor, o filho da mãe do Adanir realmente encontrou a nossa Luna?

- Sim! Ele disse que a encontrou e a está trazendo para nós. - O sorriso do alfa se tornou contagiante. - A fera dele a reconheceu assim que a viu. Ele diz na mensagem que por instinto não aceita sair de perto dela e não permite que ninguém se aproxime. Disse também que eu entenderei quando a vir. Veja o que ele escreveu!

Alfa Dérik mostrou a mensagem para o beta, que parabenizou e abraçou o alfa.

- Vou agora mesmo ordenar que preparem a chegada de nossa Luna. Teremos a maior celebração de todos os tempos! Parabéns, Alfa! Que os deuses abençoem vocês com saúde e muitos filhos!

- Assim seja, meu amigo! Assim seja!

***

O clã dos Lobos Negros estava em festa, certos de que os deuses estavam favorecendo aquele território. Quando um alfa encontrava sua alma gêmea, o futuro do clã estava garantido. A fertilidade das fêmeas de um clã depende da existência da Luna.

Machos e fêmeas agitados, corriam de um lado para o outro, preparando a recepção da fêmea tão aguardada. Alfa Dérik estava de pé na beira da praia, olhando ansioso para o horizonte, de onde a pequena imagem de um navio se formava.

Beta Eli estava abraçado à esposa, que sorria, esperançosa, com a mão no ventre vazio, sonhando com a promessa de uma vida se desenvolver no futuro.

Dérik levou a mão ao peito ao sentir uma fraca conexão começando a se formar. Seu último medo, de que o Gama poderia estar enganado, se esvaiu. Ele ergueu a cabeça e liberou um uivo poderoso de confirmação e seu clã o acompanhou.

Ele conseguiu senti-la se aproximando, a conexão entre almas gêmeas cada vez mais forte.

O navio podia ser visto a olho nu, em poucas horas, ele a teria nos braços.

Havia música, som de conversas animadas, planos para o fruto, gargalhadas. O clã estava em frenesi de tanto contentamento. Em um canto afastado, porém, a fêmea líder do harém assistia à cena com amargura.

Ela não estava feliz com a chegada da Luna, e desejou de todo o coração que algo acontecesse, que tudo fosse uma farsa, que nenhuma fêmea se atrevesse a atrapalhar seus planos...

O universo conspirava contra ela, seu prometido, o antigo beta, foi morto na guerra antes mesmo de marcá-la. A perda do seu companheiro fez dela uma das mulheres do harém. De Beta fêmea, Hira foi reduzida a uma serviçal, e o rancor em seu âmago aumentou com a notícia da chegada da Luna.

Hecate era a deusa mãe de todas as Lunas, a mais cultuada no clã, mas Hira tinha tanto rancor da deusa que se tornou devota à Sargat, a deusa da morte e do desespero, única que a acompanhou por toda a vida. De olhos fechados, ela rezou para que Sargat agisse naquele momento e fizesse valer a servidão que havia lhe oferecido.

Como resposta às suas preces, o som de explosão precedeu um silêncio fúnebre. Dérik inclinou a cabeça, seu foco no navio a distância. Logo, uma espessa fumaça se formou sobre o navio.

Outra explosão trouxe consigo o aterrador som dos gritos dos tripulantes. Sem demora, Dérik se atirou na água, lutando contra as ondas, ele apressado na direção do navio, mas a distância ainda era grande demais para que chegasse a tempo.

Os gritos de dor e medo ficavam cada vez mais altos enquanto ele se aproximava. Tudo o que tinha em mente é que precisava salvar a sua fêmea. Os deuses não seriam tão cruéis ao ponto de tirarem a levarem sem que ele ao menos visse o seu rosto.

Ele era Dérik, um dos alfas mais fortes que existiam, se ele não fosse capaz de proteger a sua fêmea, como poderia liderar seu clã?

A conexão mais forte, e apesar da maresia, o perfume de sua fêmea atingiu suas narinas. Ela estava naquela direção, onde o fogo consumia o navio com mais furor. Ele saltou da água para o casco, mas outra explosão o lançou de volta ao mar. Determinado, ele reuniu toda a força que tinha, ignorando seus ferimentos, e tornou a nadar, porém, uma forte dor no peito o paralisou.

Naquele instante, o tempo pareceu parar e uma corrente gélida atravessou sua espinha. A conexão foi rompida, o perfume se extinguiu.

A dor excruciante fez com que a terceira forma assumisse seu corpo, porém, a escuridão tomou seus olhos.

Era tarde demais...

Ele nunca veria o rosto dela...

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