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Entre folhas e suspiros

Entre folhas e suspiros

Tatiana Bezerra

4.5
Comentário(s)
16.6K
Leituras
40
Capítulo

Em "Entre Folhas e Suspiros", acompanhe a cativante jornada de Jéssica Torres, uma mulher determinada a superar os desafios do trabalho e do amor. Em meio a decepções românticas e dificuldades financeiras, ela guarda o sonho de encontrar um verdadeiro amor. Quando Henry Morales, um homem poderoso e enigmático, cruza seu caminho de forma inesperada, uma proposta intrigante surge, colocando à prova sua confiança e seus desejos mais profundos. Ambos carregam cicatrizes do passado, tornando difícil a tarefa de confiar novamente. À medida que a trama se desenrola, Jéssica se vê dividida entre a responsabilidade e uma atração avassaladora. Entre encontros apaixonados e suspiros incontroláveis, esta história oferece uma emocionante jornada de paixão e a descoberta de sentimentos há muito tempo guardados no coração.

Capítulo 1 Destinos entrelaçados (Parte 1)

JÉSSICA

São Paulo, Brasil, maio de 2017.

Eu acreditava cegamente ter encontrado o amor da minha vida em Lucas. Estávamos juntos há 10 anos, compartilhando sonhos, segredos e planos para o futuro. No entanto, nos últimos meses, algo parecia diferente. Lucas estava mais distante, menos atencioso e sempre inventava desculpas para não passar tempo comigo. Em uma tarde ensolarada, enquanto eu estava no trabalho, minha amiga, Elena, começou a agir de maneira estranha ao meu redor. Finalmente, com hesitação, Elena acabou revelando que tinha visto o homem que eu amava em um restaurante. Ele estava em um encontro romântico com outra mulher na noite anterior. O choque me atingiu como uma avalanche, deixando-me em estado de choque e com o coração partido. Eu nunca poderia ter imaginado que Lucas seria capaz de me trair dessa maneira. O que começou como uma suspeita vaga agora era uma verdade dolorosa, despedaçando nossa história de amor em pedaços. Enquanto absorvia a traição, lembrei-me de momentos felizes compartilhados com Lucas, o brilho em seus olhos quando me olhava e as promessas sussurradas ao vento.

Cada detalhe da nossa vida juntos parecia agora uma farsa cruel, uma peça de teatro onde eu era a única que não sabia o roteiro. Meu coração doía não apenas pela traição, mas pela perda de confiança e pela incerteza sobre o que mais poderia estar escondido por trás da fachada de amor que construímos juntos. O que parecia ser uma jornada de amor eterno agora se transformava em um labirinto de desilusão e dor. Como poderiam todas essas memórias serem manchadas por uma única traição? Como seguir em frente quando a base da minha vida desmoronou tão repentinamente? Essas perguntas ecoavam em minha mente enquanto eu tentava processar a cruel realidade que agora enfrentava. Eu não conseguia acreditar no que havia descoberto, estava tão chocada e com o coração partido que mal conseguia conter as lágrimas.

Naquele momento, decidi que iria confrontar Lucas quando ele chegasse do trabalho, esperando que tudo não passasse de um grande mal-entendido. Mas além da confrontação, eu sabia que precisava de respostas, precisava entender como algo tão sólido como o nosso amor havia se desintegrado tão rapidamente. A incerteza e a dor eram esmagadoras, mas eu estava determinada a descobrir a verdade, mesmo que isso significasse encarar o fim de uma história que eu acreditava ser eterna. Assim que acabou o expediente, sequer fui à minha casa para o merecido descanso. Já que estava ansiosa demais, resolvi ir direto até a casa dele. Haviam passado cerca de três horas desde que o expediente dele tinha encerrado, mas não havia sinal de vida dele. Então, decidi enviar uma mensagem:

"Oi, já saiu do trabalho?"

"Já sim, estou em casa, acabei de tomar banho, mas tenho que voltar na empresa, hoje teremos uma reunião importante!" - ele respondeu.

Ao ler a mensagem, um turbilhão de emoções tomou conta de mim. A desconfiança cresceu ainda mais. Por que ele mentiria sobre estar em casa? E por que precisaria voltar à empresa tão tarde para uma reunião de última hora? Cada palavra dele agora parecia uma faca cravada em meu coração já dilacerado. A incerteza e a dor se misturavam, deixando-me ainda mais vulnerável à traição que se desenrolava diante dos meus olhos. Com mãos trêmulas, digitei uma resposta, tentando disfarçar a tempestade de emoções que fervilhava dentro de mim:

"Entendi. Espero que a reunião corra bem. Nos falamos depois..."

Meu coração estava afundado sob o peso da desilusão, e a resposta de Lucas só aumentou minha angústia. Suas desculpas pareciam frágeis, como se ele estivesse tentando esconder algo além de uma simples reunião de trabalho. Cada palavra trocada entre nós era como um cabo de guerra entre a verdade e a mentira, e eu me encontrava no meio do campo de batalha, sem saber em quem confiar. O tempo parecia estagnar enquanto eu lutava para entender o que estava acontecendo. Uma voz dentro de mim sussurrava que algo estava errado, que eu precisava cavar mais fundo para descobrir a verdade. No entanto, uma parte de mim ainda resistia, temendo o que poderia descobrir se investigasse mais. Enquanto esperava por sua chegada, senti-me enredada em um labirinto de incertezas, sem saber qual caminho seguir. Mas uma coisa era certa: eu não podia mais ignorar os sinais que indicavam que algo estava terrivelmente errado em nosso relacionamento.

Na minha intuição, eu sabia que nada mais seria como antes. O que eu pensava ser o amor da minha vida agora se revelava como uma cruel mentira, e o futuro que planejamos juntos desmoronava diante dos meus olhos. Ele estava mentindo descaradamente para mim. Apesar de tudo, resolvi permanecer no local. Eu estava exausta, com fome e sede, mas isso não me impediu de ficar firme à espera dele. Trinta minutos haviam passado desde que ele havia mandado a mensagem. Respirei fundo quando vi Lucas se aproximando, mas ele não estava sozinho; estava de mãos dadas com uma mulher extraordinariamente bonita, um fato que não pude ignorar.

Ao se aproximar da calçada, Lucas pareceu assustado ao me ver e hesitou por um momento, mas já era tarde demais para esconder o que estava tão evidente. Ele pediu que a mulher se retirasse, mas eu a impedi:

- Não precisa ir, moça. Minha conversa com ele será breve! - Limpei discretamente os cantos dos olhos, os vestígios de lágrimas ameaçando cair. A mulher, por sua vez, permaneceu calada e de cabeça baixa.

Havia uma tensão palpável no ar, e eu sabia que precisava enfrentar a situação de frente, por mais doloroso que fosse. No entanto, ainda havia mais por vir. Enquanto tentava reunir coragem para confrontar Lucas, a mulher de mãos dadas com ele finalmente ergueu o olhar. Seus olhos encontraram os meus, e algo no fundo deles acendeu uma chama de reconhecimento. Era como se já nos conhecêssemos, como se houvesse uma história não contada entre nós. Aquilo só adicionou mais confusão ao turbilhão de emoções que eu já estava enfrentando.

- Quem é ela, Lucas? - Minha voz saiu firme, embora por dentro eu estivesse em pedaços. O silêncio se estendeu por um momento, antes que ele finalmente soltasse a mão da mulher e desse um passo em minha direção.

- Precisamos conversar, Jéssica. É complicado... - sua voz vacilou, e eu senti uma pontada de raiva se misturar à tristeza em meu peito.

- Não me venha com desculpas esfarrapadas, Lucas. Eu mereço saber a verdade, não importa o quão difícil seja para você dizê-la.

O momento de confronto estava se aproximando, e me preparei para encarar o que quer que viesse a seguir, mesmo que isso significasse o fim daquilo que eu acreditava ser o amor da minha vida.

- Vamos conversar com calma. Eu realmente estou tendo um caso com a Débora, mas tudo isso é sua culpa. Sejamos honestos aqui, estamos juntos há mais de dez anos e até hoje eu sequer toquei em você. Eu sou homem, Jéssica, eu tenho minhas necessidades de homem.

- Há 10 anos atrás, quando a gente começou a namorar, eu te expliquei que só teria uma vida sexual ativa após o casamento e você concordou com isso. Por que concordou se sabia que seria incapaz de esperar? Por que não se casou comigo? Você teve várias oportunidades de me pedir em casamento, mas sempre me enrolou! Deveria simplesmente ter terminado a relação e não se prestar a esse papel ridículo. - Suspirei. - Bom, acho que terminamos aqui, nossa história acaba agora!

Dei um passo à frente e Lucas entrou na frente da mulher que o acompanhava, a protegendo, temendo que eu fizesse algo a ela.

- Estou profundamente arrependido de ter feito isso com você, realmente deveria ter terminado antes. Eu sou culpado por minhas ações, a Débora nem sabia sobre a gente, não tem que brigar com ela! - Ele coçou a cabeça.

- Eu, brigar por você? Está se achando demais, Lucas. Débora, se eu fosse você, não confiaria totalmente nele, dizem que quem trai uma vez sempre será um traidor. Desejo boa sorte pra vocês! - Respirei fundo, com um misto de resignação e desdém.

- Nenhum homem em sã consciência vai aceitar seu conservadorismo. Vê se não dificulta a vida das pessoas daqui por diante. - Lucas gritou, suas palavras ecoando no ambiente, enquanto eu me afastava com determinação, deixando para trás um turbilhão de emoções.

A troca de palavras entre nós era como uma tempestade, cada acusação e justificativa colidindo no ar carregado de tensão. Eu sentia meu coração pesando com a carga da traição e da decepção. Aquelas palavras pareciam punhais cortando ainda mais fundo minha alma ferida. Entre lágrimas e perguntas sem respostas, minha saída foi marcada por um silêncio pesado, rompido apenas pelo som do meu coração partido, mas também sentia uma chama de autoafirmação ardendo dentro de mim. A situação era como um vendaval que arrastava os escombros do nosso relacionamento. Cada palavra lançada era uma gota de chuva, intensificando a tormenta emocional que nos envolvia. O peso da traição e da desilusão era avassalador, quase tangível no ar carregado. Me vi mergulhada em um turbilhão de sentimentos contraditórios, lutando para encontrar o equilíbrio entre a dor e a necessidade de seguir em frente. Enquanto me afastava, percebi que o vento frio da noite soprava minhas lágrimas secas, como se o próprio universo estivesse me encorajando a continuar. Era um momento de despedida, mas também de libertação.

O futuro era incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, sentia-me pronta para enfrentá-lo com coragem e determinação. Apesar da dor, encontrei uma força interior que não sabia que possuía. Era hora de deixar para trás não só o homem que eu amava, mas também a ilusão de quem pensava que ele era. Com uma mistura de dor e determinação, dei os primeiros passos rumo à reconstrução de mim mesma. Cada passo parecia uma batalha, mas eu sabia que era necessário seguir em frente. Eu estava despedaçada, mas minha força interior me ajudou a tomar aquela decisão difícil. Naquele instante, percebi que merecia alguém que me valorizasse e me respeitasse por completo. À medida que me afastava daquela casa, deixava para trás não apenas um relacionamento tóxico, mas também todas as expectativas e ilusões que o envolviam. Enquanto seguia meu caminho, prometi a mim mesma que, apesar das cicatrizes emocionais, emergiria dessa provação mais forte, mais sábia e mais resiliente. Sabia que não seria fácil, mas com o passar dos dias, me reconstruiria. Estaria me fortalecendo pela experiência.

A traição de Lucas foi um capítulo difícil em minha vida, mas aprendi que o amor-próprio tinha que estar em primeiro lugar e que merecia um parceiro que compartilhasse seus valores de confiança e respeito mútuo. Com lágrimas nos olhos, fui embora da casa dele e comecei um processo de cura e auto-descoberta. Enquanto as memórias dolorosas ecoavam em minha mente, também surgia uma determinação renovada. Sabia que estava embarcando em uma jornada árdua, mas também sabia que valeria a pena. Pois, ao atravessar esse período de escuridão, eu emergiria mais forte e mais autêntica do que nunca. E assim, com cada passo firme em direção à minha própria cura, eu me comprometi a honrar a mulher que eu era, e a abraçar o futuro com a esperança renovada de dias mais luminosos e relacionamentos mais genuínos. Era o momento de redescobrir minha identidade, longe das sombras do passado, e de abraçar o futuro com esperança e coragem.

Quatro meses depois, setembro de 2017.

Era uma noite de terça-feira, e eu estava exausta após um longo dia na empresa. Infelizmente, esse cansaço só aumentou quando percebi que havia perdido três preciosas horas esperando por um rapaz com quem tinha um encontro marcado. No entanto, o encontro revelou-se frustrante; não tínhamos absolutamente nada em comum. Decidi que precisava dar um jeito de me livrar dele. Levantei-me da mesa e dirigi-me ao banheiro do restaurante, andando de um lado para o outro enquanto tentava contato com minha amiga, Elena. Por infelicidade, minhas inúmeras ligações foram todas direcionadas para a caixa de mensagens.

Mesmo frustrada, deixei um recado para ela: "Você tem cinco minutos para me tirar dessa enrascada em que me colocou. Eu nem sei por que insiste em me obrigar a sair com alguém. Estou muito bem sozinha. Ele e eu não temos nada em comum." Ao terminar de falar e olhar para trás, percebi que o rapaz com quem estava acompanhada estava imóvel atrás de mim. Ele não disse nada, apenas deixou o dinheiro para pagar seu consumo e saiu. Um sorriso irônico se formou entre meus lábios. "Pelo amor de Deus, ele ouviu tudo que eu disse!", ponderava, enquanto esfregava as têmporas. Eu me sentia péssima pelo que acabara de acontecer, mas talvez tenha sido melhor assim.

Para distrair a mente, decidi passar em um barzinho próximo e tomei algumas doses de destilados, com o intuito de me livrar da tensão que estava sentindo. Eu não tinha o costume de beber com muita frequência, mas era meu primeiro encontro depois do rompimento com Lucas e, por mais inacreditável que parecesse, aquele rapaz não era compatível comigo. A química entre nós não aconteceu e a conversa não fluiu de forma alguma. "Talvez eu esteja sendo exigente demais", refleti, enquanto a bebida forte descia ardendo pela minha garganta. Eu havia acabado de completar meus 25 anos e concluído a faculdade, uma conquista alcançada com muito esforço e dedicação.

No entanto, antes disso, enfrentei uma grande decisão ao abandonar o curso de medicina, o que resultou em uma tremenda discussão com meu pai. Ele, uma figura proeminente no hospital mais conceituado da cidade, tinha altas expectativas de que eu seguiria seus passos. No entanto, optei por trilhar meu próprio caminho, seguindo minha paixão e buscando realização pessoal. Apesar de ser brasileira de nascimento, eu frequentava bastante a casa de uma tia casada com um homem de um país islâmico. A convivência diária com seus costumes proporcionou-me uma perspectiva diferente entre seu mundo e o meu. Para visitá-los, precisava me vestir de forma semelhante a eles para entrar na casa, uma exigência do meu então tio, à qual jamais ousei questionar.

Por precaução, evitava sempre usar roupas muito ousadas e mantinha um véu na bolsa para cobrir o rosto no caso de decidir visitá-los de forma repentina. Essas pequenas adaptações tornaram-se parte da minha rotina e uma demonstração de respeito pela cultura e tradições da família de minha tia. Essa convivência teve um profundo impacto em minha vida. Minha tia sempre enfatizava que a mulher deveria ser virgem para se casar e que era um grande pecado realizar o ato sexual fora do casamento. Essas palavras se tornaram uma regra rígida que eu seguia rigorosamente, tanto que acabaram sendo o motivo da traição do meu ex-namorado e do término do nosso relacionamento. Essa divergência de valores e expectativas causou um conflito interno que me fez questionar minhas crenças e as influências culturais que moldaram minha visão sobre relacionamentos e sexualidade.

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