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Alicia e o Condenado

Alicia e o Condenado

E.J.L Spiekovski

5.0
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2
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5
Capítulo

Até onde você seria capaz de ir por amor? Seria capaz de condenar sua alma? Seria capaz de queimar nas chamas? Agora Alicia sabe a verdade, ela é um anjo e Caled seu grande amor um demônio, isso os impede de ficar juntos, ainda mais depois de tudo que Alicia descobriu sobre ele, mas como negar que ela se sente atraída, como fugir se ele sempre sabe exatamente onde encontrá-la? Os inimigos são muitos e isso não tem como acabar bem, a menos é claro que os dois resolvam jogar juntos, como em um velho jogo de damas, o lado branco contra o lado negro, se um dos dois mover a peça errada isso pode condená-los para sempre.

Capítulo 1 1° capítulo

Abraçada com força a minha boneca de porcelana eu só conseguia pensar em quão rápido eu queria chegar à casa de minha tia, ao meu lado mamãe dirigia atenta ao trânsito, enquanto eu alisava o vestido da boneca e brincava com seus cabelos longos e loiros.

- São iguais aos seus. – Disse minha mãe sorrindo falando dos cabelos da boneca.

Sorri de volta para ela e comecei a cantarolar, minha mãe parou o carro no sinal e ficamos aguardando a ordem para seguir, tudo aconteceu muito rápido depois disso, lembro de ouvir um barulho alto e sentir um impacto forte, meu corpo foi arremessado contra o vidro e eu simplesmente apaguei depois disso, quando percebi eu já estava deitada no chão do asfalto frio e molhado pela chuva. Tentei me mexer, mas não consegui, meu corpo parecia estar despedaçado, eram tantas dores ao mesmo tempo que eu não sabia dizer onde doía mais, desesperada pela inércia comecei a chorar, nesse instante ouvi dois policiais conversando ao meu lado.

- Tirem a menina daqui! Rápido! Talvez ainda haja uma chance para ela...

"Uma chance para mim"? Perguntei-me sem resposta, temendo pela resposta óbvia, minha mãe não tinha conseguido escapar vi o sangue que escorria pela rua fria, misturado às gotas de chuva que ficavam cada vez mais fortes, Deus por que isso estava acontecendo? Berrei, indignada e incompreendida por que Ele permitiria isso acontecer logo com um pessoa tão boa, meu corpo foi colocado em uma maca desajeitado e assim que me ergueram eu vi minha boneca ficar para trás, seu rosto de porcelana totalmente destruído assim como cada pedaço de meu coração.

Eu tinha apenas oito anos de idade, o que eu tinha feito para merecer isso? Quem eu tinha enfurecido? Se eu pudesse ao menos ter uma segunda chance, eu teria comido todo o brócolis do meu prato sem reclamar com ela, eu teria feito meu dever escolar antes de sair para brincar, eu nunca teria a respondido mal e certamente diria a ela que eu a amava todos os dias, se eu tivesse uma segunda chance, eu nunca me esqueceria de rezar as noites e agradecer por ela existir, fechei os olhos deixando as lágrimas escorrerem e molharem meu cabelo, fechei os olhos com força e desejei de toda vontade que aquilo fosse apenas um pesadelo.

Como se minhas preces pudessem ser ouvidas eu vi o ambiente mudar, eu agora já não estava mais na esquina vazia onde o acidente tinha acontecido, e eu também não era mais a menina de oito anos que perdera a mãe, eu era Alicia e estava com dezesseis anos, olhei em volta e me vi em uma floresta sombria, a neblina fugia por entre as árvores e ao longe eu podia ouvir o barulho de água vindo de uma imensa cachoeira, caminhei lentamente ainda sem saber como eu tinha vindo parar ali e pisei sem querer em um galho seco, neste instante ouvi um estralo atrás de mim e percebi a imagem de um lobo negro e feroz que me mostrava os dentes raivosos, corri para uma ponte ali perto, e continuava sendo seguida insistentemente por ele e escorreguei no limo, encarei o animal furioso vendo minha morte eminente, o animal se preparou para saltar e eu berrei fechando os olhos assustada.

- Alicia! Alicia! Acorde menina!

Abri os olhos assustada percebendo que eu não estava mais sozinha e tão pouco dentro das imagens do acidente ou da floresta, eu estava onde sempre estive no orfanato, lugar para onde eu tinha sido encaminhada depois da morte de minha mãe.

- Madre Thereza?

- Querida, você gritava apavorada! Corri para ver o que estava acontecendo, foi aquele pesadelo novamente?

- Sim, foi aquele pesadelo horrível. - Suspirei.

- Já é a terceira vez essa semana, o que está acontecendo com você pequena?

- Acho que ando muito preocupada com a mudança, deve ser isso.

Ela acariciou meu rosto.

- Pobre criança, vamos, levante e vá tomar um banho para se livrar desse suor, molhou toda a cama, enquanto isso vou trocar seus lençóis.

- Obrigada Madre.

Forcei um meio sorriso me levantando da cama.

Após a morte de minha mãe quando eu tinha oito anos, eu tinha sido enviada para um orfanato de freiras, onde recebi toda a educação que poderia receber, porém agora que se aproximava do meu aniversário de dezesseis anos, a notícia de um parente distante tinha mexido demais comigo, minha tia, que nunca quis se responsabilizar pela minha criação, finalmente tinha decidido pegar minha guarda e me levar para morar com ela em Toronto no Canadá, de início eu pensei em negar e seguir com meus planos de entrar para a carreira religiosa, tinha decidido ainda com doze anos que queria ser uma freira, porém, Madre Thereza não tinha gostado muito da ideia, ela disse:

"- Alicia querida, você tomou essa decisão ainda muito jovem, pois não tinha outras perspectivas, mas agora, agora você as têm . Você pode ter uma vida normal de adolescente e essa chance está sendo oferecida a você e eu acredito que deveria aproveitá-la".

"- Mas e você, Madre? Eu nunca mais a verei se eu partir"!

"- Eu estarei sempre aqui minha querida, poderá vir me visitar sempre que quiser, mas pare e pense um pouco antes de se decidir. , Por que não faz um teste? Fique um ano com sua tia em Toronto, se depois desse um ano a sua vontade por seguir a carreira religiosa ainda for real, então explique a ela e volte, se não... Então seja feliz, com o que decidir ser"!

Aquela tinha sido uma conversa estranha, em meu íntimo pensei que a Madre Thereza talvez quisesse ter tido outra perspectiva, como ela chamou, e não teve, porém depois abanei os pensamentos para longe e decidi aceitar o seu conselho, e no mesmo dia informei minha tia de que iria para Toronto.

E foi quando os pesadelos, literalmente, começaram.

Caminhei pensativa pelo corredor do orfanato com minha toalha pendurada no braço, será que esses sonhos ruins eram algum tipo de aviso? Será que alguém estava querendo dizer que eu não deveria ir? Meu voo era para o final de semana e agora eu me sentia tão insegura, porém a essa altura minha tia já devia estar com tudo preparado, o que eu diria a ela? Que eu não estava indo por que tinha tido uns pesadelos que me deixaram "grilada"?

Suspirei, tirei as roupas e entrei embaixo da água do chuveiro quente, deixando o calor amortecer meu corpo, novamente o rosto do lobo se formou involuntariamente em meus pensamentos com seus olhos vermelhos alaranjados queimando de ódio para mim, abri os olhos rapidamente e percebi que eu estava no escuro, as luzes tinham se apagado sozinhas, estremeci desliguei o chuveiro e caminhei até o interruptor acionando a chave, mas nada aconteceu, só então percebi que a lâmpada tinha estourado e que os cacos de vidro estavam no chão, me abaixei e recolhi alguns pensativa, como eu não tinha escutado o estouro? Precisava informar a Madre, isso podia ser um curto circuito, me sequei e voltei para o meu quarto não queria mais coisas estranhas acontecendo, eu estava com a mente muito fantasiosa nos últimos dias.

Não dormi bem o resto da noite e nem nas próximas, ainda assim preparei as malas e caminhei para fora do orfanato decidida a mudar de vida no sábado de manhã, eu iria para a casa de minha tia, estava decidido!

Suspirei pondo as malas no táxi e abracei a Madre.

- Eu posso voltar, não é?

- Sempre que quiser, esse lugar sempre estará de portas abertas para você querida!

Deixei umas lágrimas escorrerem ao olhar para o lugar que tinha sido minha casa por tantos anos e então sequei os olhos, e fui em direção à Madre para abraçá-la com força.

- Nunca me esquecerei de você.

- E nem eu de você, meu anjo.

Entrei no táxi e fiquei observando enquanto o orfanato ficava para trás, me espichei no banco para guardar aquela imagem comigo ainda mais, porém logo ele sumiu entre os prédios, então voltei a chorar baixinho, limpei o rosto em seguida pois não queria que o taxista me visse naquele estado e perguntasse se eu queria voltar, porque certamente se ele o fizesse minha resposta seria positiva.

Assim que o avião decolou eu deixei para trás todo o peso que vinha me acompanhando, eu queria acreditar que seria feliz com minha tia e eu faria o possível para que isso acontecesse.

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