O Eco Que Ela Escolheu Apagar

O Eco Que Ela Escolheu Apagar

Gavin

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Capítulo

Eu era a melhor agente da Águia, traída pelo meu noivo, Heitor, e pela mulher que eu mesma resgatei e treinei, Bianca. Eles conspiraram contra mim, me pintando como instável e ciumenta. Heitor, o homem com quem eu deveria me casar, preferiu acreditar nas mentiras calculadas dela em vez da minha dor crua, mesmo depois de pegá-los juntos. Ele me empurrou, causando um ferimento na cabeça, e depois me condenou publicamente quando tentei expor a manipulação de Bianca. Meu próprio parceiro, meus amigos, todos que eu salvei e ao lado de quem lutei, se viraram contra mim, ficando do lado da vítima "frágil" que ela fingia ser. A traição final de Heitor foi a mais fria. Ele me mandou torturar e depois me deixou quebrada em uma cela, tudo para proteger a inocência fabricada de Bianca. "Você é um risco, Eco," ele disse, seus olhos vazios de amor, "um risco perigoso e instável." Fiquei sem nada, meu espírito estilhaçado, minha vida inteira uma mentira. As acusações, o abandono, a pura injustiça de tudo aquilo - era um veneno com o qual eu não conseguia viver. Então, fiz a única coisa que podia. Entrei em uma clínica clandestina e pedi que apagassem tudo. Agora, sou Evelyn, uma pacata dona de livraria em Petrópolis. Não me lembro de nada. E hoje, três anos depois, um homem com olhos assombrados acabou de entrar na minha loja e me chamou por um nome que não conheço: "Eco?"

Capítulo 1

Eu era a melhor agente da Águia, traída pelo meu noivo, Heitor, e pela mulher que eu mesma resgatei e treinei, Bianca.

Eles conspiraram contra mim, me pintando como instável e ciumenta. Heitor, o homem com quem eu deveria me casar, preferiu acreditar nas mentiras calculadas dela em vez da minha dor crua, mesmo depois de pegá-los juntos.

Ele me empurrou, causando um ferimento na cabeça, e depois me condenou publicamente quando tentei expor a manipulação de Bianca. Meu próprio parceiro, meus amigos, todos que eu salvei e ao lado de quem lutei, se viraram contra mim, ficando do lado da vítima "frágil" que ela fingia ser.

A traição final de Heitor foi a mais fria. Ele me mandou torturar e depois me deixou quebrada em uma cela, tudo para proteger a inocência fabricada de Bianca. "Você é um risco, Eco," ele disse, seus olhos vazios de amor, "um risco perigoso e instável."

Fiquei sem nada, meu espírito estilhaçado, minha vida inteira uma mentira. As acusações, o abandono, a pura injustiça de tudo aquilo - era um veneno com o qual eu não conseguia viver.

Então, fiz a única coisa que podia. Entrei em uma clínica clandestina e pedi que apagassem tudo.

Agora, sou Evelyn, uma pacata dona de livraria em Petrópolis. Não me lembro de nada. E hoje, três anos depois, um homem com olhos assombrados acabou de entrar na minha loja e me chamou por um nome que não conheço: "Eco?"

Capítulo 1

Evelyn Compton POV:

O mundo parecia macio, abafado, como um suéter favorito cobrindo pontas afiadas. Passei a mão pelas lombadas gastas de primeiras edições, seu cheiro fraco e de papel um conforto que eu mal registrava, mas entendia profundamente. Esta era a minha vida agora. Silenciosa. Previsível. Era tudo que eu não sabia que precisava, tudo que eu nunca me lembrei de querer.

Não me lembro de nada antes dos dezoito anos. Foi o que os médicos me disseram quando acordei. Uma lousa em branco, eles chamaram. Um novo começo. Eu não sabia de onde estava começando, mas o vazio não me assustava. Parecia mais com liberdade.

Meu passado era uma página em branco, desprovido de nomes, rostos ou o peso de memórias compartilhadas. Heitor, Bianca, Carina - esses nomes não significavam nada. Eram apenas sons. A agência de segurança clandestina, Águia, era um sussurro de um sonho que eu não conseguia recordar, um fantasma em uma máquina que não me reconhecia mais. Tudo se foi.

Dizem que forjei minha morte. Que me apaguei meticulosamente de uma vida perigosa e de alto risco. Não sei como. Não sei por quê. Mas acordei em um quarto silencioso, com um novo nome, uma pequena quantia em dinheiro e um desejo ardente por anonimato. Petrópolis, com sua tranquilidade serrana e montanhas verdes sem fim, parecia o lugar perfeito para desaparecer.

Minha livraria, "O Recanto Silencioso", tornou-se meu santuário. Horas se dissolviam em páginas, e os anos passavam como partículas de poeira ao sol da tarde. As pessoas aqui me conheciam como Evelyn, a mulher gentil que sempre tinha o livro certo, a xícara de chá perfeita. Elas viam paz e viam felicidade. Viam uma mulher contente em viver no zumbido silencioso de sua própria criação, inconsciente da agente brutal que um dia foi. Alguns provavelmente pensavam que eu estava fugindo de algo, talvez um coração partido ou uma dívida ruim. Estavam meio certos, suponho. Eu estava fugindo de tudo.

Então ele entrou.

O sino acima da porta tocou, um som familiar, mas pareceu uma nota dissonante na minha sinfonia de calma cuidadosamente construída. Um homem estava parado na entrada, sua silhueta bloqueando a luz do fim da tarde. Ele era um estranho, mas meus instintos, entorpecidos por anos de paz, imediatamente se acenderam. Minha mão se apertou no abridor de cartas antigo sobre o balcão.

Ele se moveu, entrando mais na loja, e a luz o atingiu. Ombros largos, um maxilar afiado e inflexível, olhos como pederneira. Bruto. Perigoso. Minha respiração engasgou, um leve tremor percorrendo minhas veias.

"Eco?" Sua voz era um rosnado baixo, áspero com algo que eu não conseguia identificar. Luto? Raiva? Senti um arrepio, um eco de um medo esquecido.

Franzi a testa, segurando o abridor de cartas com mais força. "Desculpe, você deve ter se enganado. Meu nome é Evelyn."

Ele me encarou, seus olhos de pederneira me percorrendo, uma estranha mistura de descrença e desespero em seu rosto. Ele parecia ter visto um fantasma, ou talvez, ele mesmo fosse um fantasma.

"Evelyn?" Ele zombou, um som amargo que arranhou meus tímpanos. "Quem diabos é Evelyn? Você é a Eco. Sempre foi."

Balancei a cabeça, minha confusão genuína. Não havia reconhecimento, nenhuma centelha de memória. Apenas um nó crescente de inquietação, um pavor frio se infiltrando em meus ossos. Este homem, com seu olhar exigente e seus nomes estranhos, era um rasgo no tecido da minha vida tranquila.

Ele deu um passo mais perto, seus olhos se estreitando, procurando por algo que eu não possuía. "Você não se lembra, não é? De nada?" Sua voz estava carregada de uma descrença que lentamente se transformou em algo parecido com horror. Ele parecia completamente arrasado, como se minhas simples palavras tivessem acabado de rasgar seu mundo.

Uma estranha sensação de formigamento subiu pela minha espinha. Minha bolha de paz parecia frágil, ameaçando estourar. Havia uma intensidade crua em seu olhar que contornava minha mente consciente e sussurrava para algo mais profundo, algo adormecido e perigoso dentro de mim. Senti um desejo primitivo de fugir, de me barricar atrás das fileiras de livros silenciosos.

Nesse momento, um movimento na borda da minha visão. Do lado de fora da janela, um carro familiar parou. Um sedã preto, baixo. E no banco do passageiro, uma figura se virou, olhando diretamente para a livraria.

Um flash. Não uma memória, não exatamente. Mais como uma imagem súbita e chocante, espontânea e brutal.

O cheiro de jasmim e traição pairava pesado no ar, um perfume enjoativo. O tilintar de taças de champanhe, os sons abafados de uma festa, tudo se desvanecendo ao fundo enquanto eu olhava, congelada na porta.

Heitor, meu Heitor, sua cabeça escura curvada, sua mão emaranhada nos cabelos dourados de Bianca. A risada suave dela, um som que eu passara a associar à inocência, agora ecoava com uma nota arrepiante e triunfante.

Meu anel de noivado, pesado e frio no meu dedo, parecia zombar de mim. Semanas antes do nosso casamento, anos de perigo compartilhado e promessas sussurradas, tudo se dissolvendo nesta única e doentia cena.

Minha voz era um sussurro rouco, mal audível acima do sangue rugindo em meus ouvidos. "Heitor?"

Ele se afastou de Bianca, seus olhos, geralmente tão afiados e controlados, arregalados com um momento fugaz de surpresa, depois algo mais frio. Bianca, fingindo inocência, agarrou-se ao braço dele, seus olhos grandes e úmidos, uma imagem perfeita de vulnerabilidade.

Eu avancei, um flash de raiva pura e sem adulteração correndo por mim. Eu não pretendia machucar, apenas arrancar aquela máscara angelical de seu rosto, expor a víbora por baixo. Mas Heitor foi mais rápido. Ele agarrou meu pulso, seu aperto como ferro, me afastando da forma delicada dela.

"Eco, pare!" Sua voz era uma ordem, não um apelo. Uma ordem dada a um inimigo, não a uma noiva.

Eu o ignorei, lutando, meus olhos fixos no rosto presunçoso e aterrorizado de Bianca. Aquele sorriso fugaz que ela não conseguia esconder completamente, mesmo enquanto as lágrimas brotavam. Ela sabia.

Então veio o empurrão. Forte, inesperado. Meus pés escorregaram no chão polido. Minha cabeça bateu na fonte de mármore com um baque doentio, e eu mergulhei na água gelada, as bolhas de champanhe dançando zombeteiramente ao meu redor enquanto o mundo girava em um borrão de dor e incredulidade.

Esta não era a primeira vez. O padrão, gravado profundamente em minha alma, era inegável. A vítima inocente, o protetor, a pária. Sempre eu, sempre do lado de fora, sempre descartável.

Bianca. Bianca, a garota frágil que eu tirei das garras de uma rede de tráfico humano anos atrás. Uma criança, trêmula e quebrada, seus olhos arregalados de terror e gratidão.

Lembrei-me das longas noites que passei com ela, ensinando-a a se defender, a navegar pelas sombras do nosso mundo. Eu vi seu talento, sua mente afiada, sua surpreendente resiliência. Eu a nutri, a protegi, a trouxe para a Águia, para nossa família. Heitor foi cauteloso no início, mas eu a defendi, a tratei como a irmã mais nova que nunca tive. Compartilhamos segredos, risadas, sonhos de um futuro mais seguro para ela.

Eu a apresentei aos nossos amigos, nossos colegas. Carina, minha parceira, desconfiou no início, mas o charme calculado de Bianca a conquistou, pedaço por pedaço. Bianca era sempre tão doce, tão ansiosa para agradar, tão grata por cada pequena gentileza. Ela se tornou a favorita de todos, o ponto brilhante em nossa existência sombria.

E agora isso. Heitor, meu noivo, o homem que deveria ser minha âncora, meu parceiro em todos os sentidos da palavra, escolhendo-a. Escolhendo sua vulnerabilidade fingida em vez da minha dor crua, sua inocência calculada em vez da minha verdade inegável.

A água se fechou sobre mim, fria e sufocante. A dor na minha cabeça latejava, mas a dor no meu coração era um peso esmagador. Ele a tinha escolhido. Todos eles a tinham escolhido.

Acordei na ala médica da Águia, o cheiro estéril de antisséptico enchendo minhas narinas. Minha cabeça doía, uma dor surda e persistente. Heitor estava de pé sobre mim, sua expressão dura, seu maxilar cerrado.

"Como você está se sentindo?" ele perguntou, sua voz desprovida de calor, profissional e distante, como se eu fosse apenas mais uma baixa de uma missão que deu errado.

Nem mesmo um toque. Nem um lampejo de preocupação em seus olhos. Apenas aquela pergunta fria e desapegada.

"Como você acha que estou me sentindo?" eu respondi com rispidez, minha voz rouca. "Depois de ser jogada em uma fonte pelo meu noivo, por uma garota que estava literalmente o beijando na véspera do nosso casamento?"

Ele suspirou, um som longo e cansado que falava de impaciência, não de arrependimento. "Bianca passou por muita coisa, Eco. Você sabe disso. Ela é frágil. Ela precisa de proteção."

Minha risada foi oca, sem humor. "Frágil? Ela estava praticamente se esfregando em você, Heitor! E sou eu quem está sangrando." Toquei o curativo na minha têmpora.

Ele se encolheu, mas sua determinação não vacilou. "Ela se sobrecarrega facilmente. Sua... reação... foi extrema. Você a assustou."

"Eu a assustei?" Minha voz subiu, rachando de incredulidade. "Ela está manipulando você! Todos vocês!"

Ele balançou a cabeça, um músculo pulsando em seu maxilar. "Você precisa se acalmar, Eco. Esta não é você. Seu julgamento está nublado." Ele fez uma pausa, seu olhar endurecendo. "Alston não está nada satisfeito. Esta exibição pública, o... incidente... reflete mal na Águia. Você conhece as regras."

As regras. Sempre as regras. O código de lealdade não dito, o entendimento tácito que eu havia quebrado ao ousar expor sua fachada cuidadosamente construída.

"Teremos que adiar o casamento," ele afirmou, sua voz plana, sem emoção. "Até as coisas se acalmarem. Até você conseguir colocar a cabeça no lugar."

Minha mão disparou, empurrando seu peito quando ele tentou tocar meu braço. Uma repulsa fria e visceral. "Não," sussurrei, o ódio envenenando minha língua. "Não ouse me tocar."

Nesse momento, seu comunicador zumbiu. Uma voz frenética, a de Bianca, metálica e em pânico. "Heitor? Heitor, onde você está? Eu... acho que alguém está me seguindo! Estou com medo!"

Seus olhos, que não continham um pingo de preocupação por mim, suavizaram-se instantaneamente. Toda a frieza desapareceu, substituída por uma urgência feroz e protetora. "Estou a caminho, Bianca. Fique calma." Ele nem olhou para trás ao sair do quarto, me deixando sozinha no silêncio estéril.

Sozinha. Traída. Quebrada.

Meu olhar caiu sobre um anúncio digital que passava na tela montada na parede. "Cansado do seu passado te assombrando? Apague a dor. Recupere seu futuro. Soluções Clandestinas de Tecnologia, Procedimentos de Limpeza de Memória." As palavras se borraram, depois se tornaram nítidas, coalescendo em um único e irresistível pensamento.

Apagar tudo. Apagar ele. Apagar ela. Apagar a dor, a traição, a memória de ter amado alguém tão profundamente, apenas para ser descartada.

Eu me vesti, meus movimentos rígidos, minha mente já decidida. Eu estava farta. Farta da Águia, farta de Heitor, farta da vida que me devorou inteira e me cuspiu fora. Eu encontraria a Tecnologia Clandestina. Eu me tornaria alguém novo. Alguém que nunca conheceu esse tipo de agonia devastadora.

A primeira fase do procedimento de limpeza de memória foi apenas uma consulta. Uma série de perguntas, exames, a avaliação fria e clínica de uma vida que eu estava desesperada para abandonar. Eles perguntaram se eu entendia a permanência, os riscos. Eu simplesmente assenti, meu olhar distante. O que poderia ser mais arriscado do que viver com esta ferida aberta na minha alma?

Voltei para a nossa base segura compartilhada, um lugar que antes parecia um lar, agora um túmulo de sonhos desfeitos. Risadas e música saíam da sala de estar, um contraste chocante com a dor oca em meu peito. Eles estavam comemorando, sem dúvida. Comemorando minha queda.

Abri a porta e o barulho cessou. Todas as cabeças se viraram, rostos que antes sorriam para mim agora tinham expressões cautelosas, culpadas ou abertamente hostis. Heitor estava lá, é claro, Bianca agarrada ao seu lado, parecendo pálida e frágil, a imagem perfeita de uma donzela em perigo.

"Eco," disse Heitor, sua voz plana, seus olhos evitando os meus. "Você voltou."

"Sim," respondi, minha voz firme, não traindo nenhuma da turbulência interior. "Parece que sim." Passei por ele, meu olhar varrendo os rostos familiares, agora estranhos.

Carina, minha parceira por anos, deu um passo à frente, um sorriso forçado no rosto. "Eco, que bom. Estávamos apenas... conversando. Bianca tem sido tão corajosa com tudo isso. Nós realmente achamos que você deveria pedir desculpas a ela."

Meus olhos se voltaram para Bianca, que conseguiu um pequeno e trêmulo fungado. "Ela está tão chateada," continuou Carina, colocando a mão no ombro de Bianca. "Talvez você pudesse... oferecer algo a ela. Uma oferta de paz?"

Uma oferta de paz. Para a mulher que havia sistematicamente desmantelado minha vida. A ironia amarga quase me fez rir.

Enfiei a mão no bolso, tirando o pequeno e intrincadamente esculpido elefante de jade que eu carregava para dar sorte desde minha primeira missão com a Águia. Era um presente da minha avó, um símbolo de força e sabedoria. Estendi-o para Bianca, minha mão firme.

Os olhos de Bianca se arregalaram, um lampejo de surpresa genuína neles antes que ela se recompusesse em uma máscara de aceitação hesitante. Ela estendeu a mão para pegá-lo, seus dedos roçando os meus. Mas assim que ela o segurou, meu aperto pareceu afrouxar, e o elefante escorregou. Ele atingiu o chão polido com um estalo agudo, quebrando-se em uma dúzia de pedaços.

Bianca ofegou, um som agudo e teatral. "Eco! Como você pôde? Era da minha avó!" ela soluçou, enterrando o rosto no ombro de Heitor.

"Foi um acidente," eu disse, minha voz plana. Meu olhar encontrou o de Heitor, desafiando-o a acreditar na performance dela.

Mas ele não acreditou. "Acidente? Pareceu bem deliberado para mim," murmurou Carina, seus olhos se estreitando.

Outros se juntaram, suas vozes um coro de condenação. "Você está apenas com ciúmes, Eco." "Ela não quis dizer nada com isso." "Você está sendo irracional."

Heitor empurrou Bianca gentilmente para trás dele, dando um passo à frente, seu rosto uma máscara de raiva. "Chega," ele latiu, silenciando a sala. Ele se ajoelhou, juntando os pedaços quebrados de jade, seus movimentos cuidadosos, quase ternos. Ele se levantou, segurando os fragmentos quebrados. "Eco, peça desculpas." Sua voz era um rosnado baixo e perigoso.

Eu o encarei, os cacos do meu passado agarrados em sua mão. Este símbolo estilhaçado. Era eu.

"Pedir desculpas pelo quê?" Minha voz era quase um sussurro.

Ele deu outro passo, sua mão disparando, agarrando meu braço com uma força que machucava. "Por machucá-la. Por quebrar isso. Por fazer uma cena." Seus olhos ardiam, não com paixão, mas com uma fúria fria.

Ele estava tentando me intimidar. Me controlar. O peso familiar de seu poder, antes um conforto, agora parecia uma jaula.

Encarei seu olhar, sem vacilar. Então, com uma súbita onda de força, arranquei meu braço de seu aperto. O ar crepitou com tensão não dita.

"Cansei de pedir desculpas," eu disse, minha voz clara e cortante através do silêncio. "Cansei de tudo isso. Não vou trabalhar com Bianca. Não mais."

O queixo de Heitor caiu, um lampejo de choque finalmente cruzando seu rosto. "O que você está dizendo?"

"Estou dizendo que vou deixar esta base segura. Esta noite." Olhei ao redor da sala, encontrando seus olhares atônitos e culpados um por um. "E em breve, estarei deixando a Águia. Para sempre."

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