Meu noivo e minha irmã adotiva me incriminaram por incendiar nossa casa de praia em Angra dos Reis. Eles me declararam louca e usaram uma procuração falsificada para me trancar em uma clínica particular por quatro anos. Enquanto eu era drogada, torturada e sistematicamente destruída, eles roubaram minha empresa, minha reputação e minha vida. Quando finalmente fui liberada, eles estavam diante de mim, esbanjando a riqueza que haviam roubado. Karina, minha irmã, usava até o anel de noivado da minha mãe, um troféu cintilante em seu dedo. Eles viram uma casca vazia e dócil, não a mulher que passou cada momento acordada planejando meticulosamente a ruína deles. Eles pensaram que tinham apagado o fogo. Em uma festa para celebrar a vitória deles, Karina ergueu uma coleira de cachorro cravejada de strass barato. "Use isto", ela sussurrou, "e você pode ter o relógio da sua mãe de volta." Eu caí de joelhos e lati. Eles pensaram que era minha humilhação final e esmagadora; foi o começo do fim deles.
Meu noivo e minha irmã adotiva me incriminaram por incendiar nossa casa de praia em Angra dos Reis. Eles me declararam louca e usaram uma procuração falsificada para me trancar em uma clínica particular por quatro anos.
Enquanto eu era drogada, torturada e sistematicamente destruída, eles roubaram minha empresa, minha reputação e minha vida.
Quando finalmente fui liberada, eles estavam diante de mim, esbanjando a riqueza que haviam roubado. Karina, minha irmã, usava até o anel de noivado da minha mãe, um troféu cintilante em seu dedo.
Eles viram uma casca vazia e dócil, não a mulher que passou cada momento acordada planejando meticulosamente a ruína deles. Eles pensaram que tinham apagado o fogo.
Em uma festa para celebrar a vitória deles, Karina ergueu uma coleira de cachorro cravejada de strass barato.
"Use isto", ela sussurrou, "e você pode ter o relógio da sua mãe de volta."
Eu caí de joelhos e lati. Eles pensaram que era minha humilhação final e esmagadora; foi o começo do fim deles.
Capítulo 1
Os gritos do meu noivo foram o som mais doce que eu já ouvi enquanto a casa de praia em Angra explodia atrás de mim, pintando o céu noturno com um brilho laranja brutal.
O calor lambia minhas costas, mas parecia uma carícia comparado ao gelo em minhas veias. Eduardo Medeiros cambaleou para a areia, seu terno caro chamuscado, seu rosto contorcido em uma máscara de incredulidade e dor. Karina Klein, minha irmã adotiva, estava logo atrás dele, seu vestido de grife rasgado, seu cabelo loiro perfeito soltando fumaça nas pontas. Eles pareciam criaturas de um pesadelo e, pela primeira vez em anos, eu me senti desperta.
Os convidados, que antes riam e brindavam com taças de champanhe, eram uma dispersão frenética de sombras contra o inferno. Seus gritos se misturavam ao rugido do fogo, uma sinfonia de caos que combinava perfeitamente com meu humor. Eduardo olhou para mim, seus olhos arregalados com um terror que era quase cômico.
"Cris! O que você fez?", ele gritou, sua voz rouca.
Eu o observei, minha respiração saindo em golfadas curtas e regulares. O ar salgado encheu meus pulmões, carregando o cheiro de madeira queimada e arrependimento. Eu o amei. Eu dei tudo a ele.
"O que eu tinha que fazer", eu disse, minha voz mal um sussurro, mas que cortou o barulho.
Ele deu um passo em minha direção, depois outro, suas mãos se estendendo como se para me agarrar. Seu rosto era uma confusão distorcida, o medo lutando com a raiva.
"Você está louca! Você queimou tudo!", ele acusou, apontando um dedo trêmulo para o fogo violento. As chamas iluminavam seu pânico, tornando suas feições bonitas em algo feio.
Karina finalmente encontrou sua voz, um som agudo e penetrante que me irritou os nervos. "Ela está doente, Duda! Ela precisa de ajuda! Sempre precisou!" Suas palavras estavam carregadas de uma falsa preocupação que reconheci imediatamente. Era o mesmo tom que ela usava quando queria algo para si mesma, envolto em uma camada açucarada de falsa simpatia.
Meus olhos se estreitaram, o calor do fogo fazendo pouco para aquecer a frieza que se instalara profundamente dentro de mim. Meu coração martelava, não de medo, mas de uma sensação feroz e emocionante de libertação. Esta era a abertura que eu precisava. Este era o começo do fim deles.
Eduardo, sempre o manipulador, já estava mudando de marcha, seu medo rapidamente substituído por uma raiva calculada. "Ela está instável! Um perigo para si mesma e para os outros!", ele gritou, virando-se para os convidados horrorizados, alguns dos quais estavam pegando seus celulares, prontos para gravar o espetáculo. "Ela teve um surto! Um episódio psicótico completo!"
As sirenes de emergência começaram a soar à distância, uma trilha sonora adequada para a destruição. Eduardo viu sua oportunidade, seus olhos brilhando com uma luz familiar e predatória. Ele gesticulou descontroladamente para a mansão em chamas, depois de volta para mim, a imagem de um noivo perturbado tentando proteger a sociedade de sua noiva desequilibrada.
"Eu tentei ajudá-la! Tentei conseguir tratamento para ela!", ele gritou, sua voz quebrando com emoção fingida. "Mas ela se recusou! Agora olhe o que ela fez!"
Meu olhar varreu os rostos na multidão. Incredulidade, medo, pena. Nenhum deles, nem um único, viu a verdade. Eles só viram a filha do Grupo Novaes, cercada por chamas, parecendo completamente descontrolada. Eu os deixei. Era tudo parte do plano.
Quando os paramédicos e a polícia chegaram, Eduardo já estava lá, interpretando a vítima enlutada. Ele segurava Karina perto, sussurrando freneticamente em seu ouvido. Ela assentiu, seus olhos arregalados e marejados, uma imagem perfeita de choque inocente.
"Ela tem lutado há muito tempo", disse Eduardo aos policiais, sua voz pingando de tristeza. "Trauma profundo. Meu coração se parte por ela, de verdade. Mas ela precisa de ajuda profissional. Cuidado imediato e intensivo."
Ele tirou uma pilha de papéis do bolso interno, milagrosamente intocados pelo fogo. "Eu tenho a procuração. Ela assinou, logo antes de... antes das coisas piorarem de verdade. Ela confiou em mim para fazer o que era melhor para ela."
Ele passou os documentos para o policial perplexo, que olhou para eles, depois para mim. Meu nome, Cristina Novaes, estava claramente visível nos papéis. O policial olhou de volta para Eduardo, depois para meu rosto inexpressivo. Eu não ofereci resistência, nenhuma explicação. Apenas um olhar vago.
Eles me escoltaram para longe, não com algemas, mas com um aperto gentil e firme em meus braços, como uma criança sendo levada para o castigo. O mundo se turvou ao meu redor, as luzes piscantes dos veículos de emergência, os sussurros abafados dos espectadores, o olhar pesaroso de Eduardo. Era uma performance, e eu estava desempenhando meu papel perfeitamente.
Meu "tratamento" começou quase imediatamente. A clínica de "bem-estar" era uma instituição particular, escondida no meio da mata, longe de olhares curiosos. Eles a chamavam de santuário, um lugar de cura. Era uma prisão. Uma gaiola dourada onde eles sistematicamente arrancaram tudo o que me fazia ser Cristina Novaes.
Os primeiros meses foram uma névoa de sedativos, sessões de terapia forçadas e um ataque implacável à minha mente. Eles me disseram que eu estava quebrada, que minhas memórias eram delírios, que minha raiva era um sintoma da minha doença. Eles tentaram reescrever meu passado, me fazer acreditar que Eduardo e Karina eram meus salvadores, não meus algozes.
Mas no fundo, uma brasa minúscula e inflexível ainda brilhava. Era a memória da traição deles, dos olhos frios de Eduardo quando ele me disse que nunca me amou, do sorriso de Karina quando ela confessou ter roubado tudo o que eu mais prezava. Essa brasa era a minha verdade, e queimava mais forte a cada humilhação, a cada mentira.
Quatro anos. Quatro anos de silêncio, de sorrisos forçados, de aprender a interpretar o papel da paciente obediente. Quatro anos de planejamento. Quatro anos aprimorando o monstro que eles pensavam estar criando.
Quando o dia da minha alta finalmente chegou, eu saí como um fantasma do meu antigo eu. Minhas roupas pendiam frouxas em meu corpo, minha pele estava pálida e meus olhos, antes brilhantes de ambição e alegria, agora estavam opacos, desprovidos de qualquer emoção discernível. Eu parecia dócil, quebrada. Exatamente o que eles queriam ver.
Eduardo e Karina estavam me esperando, seus rostos cuidadosamente compostos em expressões de alívio e ternura. Eles estavam ao lado de um sedã preto elegante, um emblema da vida que haviam roubado de mim. Eduardo, parecendo ainda mais polido e arrogante do que eu me lembrava. Karina, irradiando uma satisfação presunçosa que mal se preocupava em esconder.
"Cris, querida", disse Eduardo, dando um passo à frente, com os braços abertos. Suas palavras eram uma melodia enjoativamente doce de engano. "Estamos tão felizes que você voltou. Sentimos sua falta."
Ofereci a ele um sorriso pequeno e vago, um gesto aperfeiçoado de uma mulher despojada de sua vontade. Não retribuí seu abraço, apenas fiquei ali, deixando-o dar tapinhas desajeitados em meu ombro.
Karina interveio então, seu braço entrelaçado no dele, seu olhar varrendo-me com um ar possessivo. "Faz tanto tempo, mana", ela sussurrou, sua voz sacarina. "Estávamos tão preocupados com você."
Seus olhos piscaram para a minha mão, depois de volta para o meu rosto, um brilho triunfante neles. Em seu dedo anelar esquerdo, brilhando como uma estrela roubada, estava meu anel de noivado. Aquele que Eduardo me dera, aquele que fora passado por gerações de mulheres Novaes. Ela o usava como um troféu.
"Você parece muito melhor, Cris", continuou Karina, um leve sorriso de conhecimento brincando em seus lábios. "A clínica realmente fez maravilhas. Lembra de todos aqueles... surtos que você costumava ter? Toda aquela raiva?" Ela fez uma pausa, deixando a implicação pairar no ar. "Agora você está tão calma. Tão... controlável."
Meu olhar permaneceu fixo no anel, depois lentamente se ergueu para encontrar os olhos de Karina. Eu vi o triunfo, a vanglória, a certeza de sua vitória. Ela pensou que tinha vencido. Ambos pensaram. Eles pensaram que tinham apagado o fogo que haviam iniciado.
Olhei para Eduardo, depois para Karina, uma promessa silenciosa se formando nas profundezas da minha mente. Eles haviam levado tudo. Minha empresa, minha reputação, minha sanidade. Eles me retalharam e me deixaram para morrer. Mas eles se esqueceram de uma coisa. Uma fênix não morre nas chamas. Ela renasce delas.
Meu silêncio se estendeu, um vazio cuidadosamente construído que eles confundiram com submissão. Por dentro, uma tempestade se formava, fria e precisa. Cada insulto, cada hora de medicação forçada, cada lágrima que não pude derramar, havia sido meticulosamente catalogada, cada uma um combustível para o inferno que eu estava prestes a desencadear.
Eles queriam uma mulher quebrada. Eles tinham uma. Uma mulher quebrada com um plano tão intrincado, tão brutal, que faria a traição deles parecer uma brincadeira de criança. Este não era o fim do meu sofrimento; era o começo do deles. E eu, Cristina Novaes, estava pronta para conduzir a sinfonia de sua ruína.
"Eu só quero ir para casa", eu disse, minha voz suave, quase infantil. Era uma mentira. Eu queria ver o mundo deles queimar. E eu veria.
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