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Meu Porto Seguro
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Capítulo

O exigente trabalho de Rhy Wolfe não lhe deixava tempo para o romance o qual lhe convinha muito bem. Tinha uma amizade muito estreita com sua belíssima vizinha, Mariah. Mas isso era tudo o que eram: amigos. Sua única noite de paixão tinha sido um engano... Rhys não sabia nem a metade. Já era bastante mau que ela tivesse estado apaixonada por ele por anos. Agora Mariah estava grávida de seu filho! Ela sabia que Rhys tinha sido ferido antes, mas seu bebê necessitava de um pai. Mariah estava empenhada em mostrar a Rhys a amar outra vez, embora tinha menos de nove meses para conseguir-lo.

Capítulo 1 Sinopse

O exigente trabalho de Rhy Wolfe não lhe deixava tempo para o romance o qual lhe convinha muito bem. Tinha uma amizade muito estreita com sua belíssima vizinha, Mariah. Mas isso era tudo o que eram: amigos. Sua única noite de paixão tinha sido um engano...

Rhys não sabia nem a metade. Já era bastante mau que ela tivesse estado apaixonada por ele por anos. Agora Mariah estava grávida de seu filho! Ela sabia que Rhys tinha sido ferido antes, mas seu bebê necessitava de um pai. Mariah estava empenhada em mostrar a Rhys a amar outra vez, embora tinha menos de nove meses para conseguir-lo.

Capítulo Um

Rhys Wolfe daria sua mão direita por uma ducha bem quente, uma cerveja bem fria e vinte e quatro horas de sono ininterrupto; tudo nessa ordem.

Eram seis horas da manhã na cidade de Nova Iorque: os ônibus já iam abarrotados, a cidade inteira despertava e ele estava disposto a deitar-se.

Porque para ele, para sua cabeça, não eram seis horas. E mais, nem sequer teria podido dizer com segurança que hora era. Do único que estava seguro era de que levava horas subindo e descendo de aviões, trens e carros, e estava destroçado. Abriu a cancela de ferro que dava acesso ao jardim de seu edifício e olhou ao segundo andar.

Mariah estaria acordada?

Estaria esperando-o?

Sim, claro. Provavelmente teria passado as últimas nove horas na janela esperando lhe ver aparecer. Como se lhe importasse algo.

Abriu a cancela e depois a porta de sua casa. Esse era o problema: quem se preocupava com ele de verdade.

Mariah era amiga sua, e ele dela. Ou ao menos o tinha sido, porque já não sabia o que pensar.

Fechou a porta, deixou cair a bolsa de lona, fechou os olhos e apoiou as costas, deixando que o cansaço e a preocupação ganhassem a partida.

Levava mais de dois meses fora de casa. Não havia retornado desde que... desde que uma manhã despertou na mesma cama que sua vizinha do segundo andar. Sua encantadora e deliciosa vizinha de cima. Sua amiga. Mariah.

Deus, grande confusão. O normal teria sido que estivesse desejando chegar em casa, tomar uma pausa do estresse e das exigências que representava seu trabalho em uma unidade de bombeiros de elite. Em condições normais, teria estado desejando subir para ver Mariah e conversar com ela um momento. Suspirou, moveu os ombros para desentorpecê-los e desabotoou a camisa. Mas naquele momento, não queria subir para vê-la. Não teria sabido o que lhe dizer.

Esse era o problema que conduzia o deitar-se com uma mulher pela qual se sentia algo. Complicava tudo. Danificava tudo. Dava lugar a que se criassem expectativas inesperadas, como a do matrimônio.

Não. Atirou ao chão a camisa e entrou no banho. Mariah o conhecia bem. Ninguém melhor que ela sabia qual era sua opinião a respeito do matrimônio. Tinham-no falado em incontáveis ocasiões. Ele não era homem para o matrimônio, os compromissos ou a responsabilidade. Já tinha passado por isso, e não estava disposto a repetir. E mais, tinha tomado a decisão de dizer-lhe assim a qualquer mulher que conhecesse e que pudesse sentir-se tentada de pensar o contrário. Desse modo, ninguém poderia dizer depois que não a tinha advertido. De fato, jamais se deitava com alguém para quem pudesse significar algo mais.

Tratava-se de uma regra de sobrevivência que tinha estabelecido oito anos atrás. Uma regra a qual nunca tinha faltado, até aquela noite fazia já nove semanas. Justo depois da morte de Jack.

Acabavam de terminar sua primeira missão juntos. O duro, competente e risonho Jack. O único homem que maravilhava a todos. O único a quem a morte não podia tocar. «Jack o Afortunado», como o chamavam seus companheiros de equipe, especializado em sufocar incêndios em poços e plataformas petrolíferas.

Mas dez semanas antes, em um poço do Mar do Norte, a sorte de Jack havia acabado. Ocorreu durante um incêndio igual a outros cem que tinham apagado. Ninguém se tinha comportado com imprudência. Ninguém tinha feito mal seu trabalho. Não podia encontrar explicação ao ocorrido.

Cinco dias depois, Rhys tinha voltado para casa depois do funeral de seu amigo, ainda aturdido, comovido, furioso, destroçado. A dor por Jack era muito dura de suportar, mas pior ainda eram as lembranças que despertava.

Lembranças de outro incêndio, de outro funeral: o de Sarah, oito anos antes.

Sarah, sua esposa, seu amor da infância.

Seu tempo não devia ter-se esgotado! Ela não tinha por que ter morrido.

Se ele tivesse estado em casa naquela noite, em lugar de trabalhar horas sem fim; se tivesse estado com ela como o marido que devia ser, Sarah e seu filho que nem havia nascido ainda estariam vivos ainda. Mas não tinha estado ali.

Então trabalhava no negócio da família, acabava de sair da faculdade e estava disposto a demonstrar a Dominic, seu irmão mais velho, que podia trabalhar tantas horas como ele e alcançar a mesma cota de êxito. Nem sequer tinha ido para casa a jantar. Limitou-se a chamar Sarah e lhe dizer: vou chegar tarde. Não me espere acordada.

E assim o tinha feito. O médico lhe tinha prescrito muito repouso, de modo que Sarah se deitou cedo. Mas antes de fazê-lo, tinha aceso uma vela. Ou, ao menos, isso lhe havia dito o chefe de bombeiros.

—Deixarei-te uma luz acesa —lhe havia dito ela.

Devia estar adormecida quando começou o incêndio. Já não voltou a despertar.

Perdeu-a a ela e a seu filho naquela noite, e nada do que pudesse fazer ia devolver-los. No final, tinha terminado aceitando-o.

Tinha aprendido a viver com a dor. E com a culpa.

Para desespero de seu pai, tinha deixado o trabalho na empresa familiar e tinha decidido ser bombeiro.

— Para que demônios quer ser bombeiro? —tinha-lhe perguntado seu pai—. A Sarah já não vais poder recuperar.

—Sei.

Mas precisava fazê-lo. Precisava lutar uma e outra vez contra os demônios que lhe tinham arrebatado a sua esposa, fazer tudo o que estivesse em suas mãos para ganhar a batalha que tinha perdido.

Era um bom bombeiro. Decidido. Sereno. Frio frente às chamas. E assim tinha conseguido encaixar na profissão. Ou ao menos, tentá-lo.

Durante os últimos oito anos, tinha-o conseguido. Agora tinha uma vida: um apartamento no lado oeste, longe da zona leste onde antes vivia com Sarah. Tinha amigos e, de vez em quando, tinha alguma mulher.

Mas não ia voltar a casar-se. Nunca.

Nunca mais ia aproximar-se tanto de alguém. Isso sim que não tinha superado. Querer a alguém do modo como queria Sarah doía muito, e não podia voltar a fazê-lo, e para isso mantinha todas suas relações controladas. Tinha amigos; tinha amantes ocasionais. Mas nunca uma amiga que também fosse sua amante.

Até que voltou para casa depois da morte de Jack.

Naquela noite a dor e as lembranças lhe tinham engolido por completo.

E Mariah, a inocente Mariah, surpreendida de ver suas luzes acesas, passou por sua casa para ver o que acontecia.

Não recordava muito do que tinha ocorrido depois. E mais, tentava não recordá-lo. Durante mais de dois meses, tinha tentado não recordá-lo.

Não queria recordar como lhe tinha abraçado, nem seus beijos, nem suas tentativas de acalmá-lo, a ele, a um homem que não necessitava de ninguém... e que havia se agarrado a ela como um menino desamparado.

A necessidade de um menino lhe tinha empurrado a beijá-la, a acariciá-la, a procurar a suavidade de seu corpo. Seu corpo necessitava de sua paz. Desesperadamente.

E lentamente, Mariah se tinha entregue a ele.

Apertou os dentes. Não podia pensar nisso. Não queria permitir-se recordar, porque quando o fazia, inclusive naquele momento, seu corpo lhe traía e queria que voltasse a ocorrer.

Não! Não podia permiti-lo. Queria Mariah como amiga, e não podia permitir que chegasse a nada mais.

Ainda recordava o estupor que tinha sentido ao despertar e encontrá-la adormecida em sua cama.

Ele não dormia com nenhuma mulher... não desde Sarah.

Era muito íntimo. Implicava muito.

Mas naquela noite tinha dormido com Mariah. Quando por fim tinha aberto os olhos à pálida luz do amanhecer, tinha-a encontrado aconchegada a seu lado, a cabeça recostada no ombro, uma perna sobre a sua e um braço por cima de seu ventre.

Não se tinha atrevido a respirar ou a mover-se. Mas precisava fazê-lo. Tinha que sair dali como fosse, mas sem despertá-la.

Que demônios poderia lhe dizer se seguia ali quando ela abrisse os olhos?

Nem soube então, nem sabia agora.

Havia passado nove semanas tentando sabê-lo.

E ainda esperava que lhe ocorresse algo quando a visse. Possivelmente, com um pouco de sorte, e conhecendo-a, fosse ela quem tomasse a iniciativa. O mais provável era que lhe tirasse importância. Possivelmente lhe diria que não importava, que tinha sido uma noite e nada mais.

Respirou fundo. Sim, talvez ocorresse assim. Mariah era esse tipo de mulher: generosa, amável... uma mulher que lhe agradava de muito.

Uma das coisas que mais gostava nela era que não se parecia em nada com a Sarah.

Mariah era alta e magra, mas forte. Não tinha nada a ver de frágil com que era Sarah. Enfrentava-se ao mundo com os braços abertos, enquanto que Sarah sempre tinha sido mais precavida, sempre esperando que fosse ele quem tomasse a iniciativa.

Seu cabelo era distinto também. Sarah era loira e levava o cabelo curto, que ele podia revolver com uma mão. O de Mariah era castanho e comprido, e recordava ter enredado os dedos nele aquela noite.

Sacudiu a cabeça e tentou desfazer-se da lembrança.

Tinha que pensar em Mariah como em uma amiga. Era o que ambos queriam. Ela nunca tinha feito nada que sugerisse que quissesse mais. Precisamente por isso se sentia tão cômodo com ela.

Desde que se conheceram em um churrasco que havia organizado em seu terraço e ao qual convidou a todos os vizinhos, fez-lhe sentir-se como um bom amigo. Mariah, sempre estava alegre e era extrovertida, a vizinha perfeita. Uma mulher divertida, com quem era divertido passar o momento. Gostava de ir correr com ela, ao cinema, a algum restaurante novo ou na inauguração de alguma galeria.

Passou-se uma mão pelo cabelo e bocejou. Quando tivesse tomado banho e tivesse dormido, enfrentaria-se a ela, diria-lhe o muito que valorizava sua amizade, e que queria que as coisas seguissem como antes.

E então ela, com um sorriso, proporia-lhe:

—Quer que subamos ao Empire State Building?

E então saberia que tudo tinha voltado para a normalidade.

A histórioa do Empire State tinha começado a ser uma brincadeira entre eles três anos atrás quando Mariah, nascida no Kansas, tinha subido ao último andar do emblemático edifício e ele, nascido em Nova Iorque, não.

Tinha insistido em que subissem, e ele se negou. Uma vez. Duas. Meia dúzia de vezes.

Até que ao final lhe tinha enganchado por um braço quando voltavam caminhando para casa depois de ter ido ao cinema, tinha parado um táxi e tinha dado ao taxista o endereço da rua trinta e quatro.

—Que idiotice —tinha protestado ele.

—É precioso, já o verá. Mágico —tinha insistido ela.

E tinha razão. Tinha sido mágico. Era tarde, assim não havia muita gente. Era uma noite clara e Nova Iorque se estendia a seus pés brilhando como um punhado de diamantes atirados ao azar por um gigante.

—Vê-o? —tinha-lhe perguntado Mariah, olhando a ele e não à vista.

—Vejo-o —tinha respondido, e tinha sido ele quem insistiu em que ficassem até que os vigilantes lhes pediram que partissem.

Haviam retornado muitas vezes depois. Quase cada vez que ele voltava para casa. Exceto naquela noite.

Mas não importava. Tudo já tinha acabado.

Encaminhou-se à ducha, mas a tentação da geladeira lhe deteve, e imaginou a si mesmo com uma cerveja gelada na mão. Embora sabia por experiência que a cerveja seria melhor quando tivesse tomado banho.

Levava sobre seu corpo um mês de areia, pó e graxa do Oriente Médio, além de barro e cinzas.

A ducha ali servia para muito pouco. Sempre havia mais pó, mais areia, mais barro, tanto que chegava a meter-se o sob a pele. E sabia que, por muito que se lavasse, não ia conseguir desprender-se de tudo isso até que voltasse para casa.

Despiu-se, entrou no banho e abriu as torneiras da ducha.

Em segundos, estava sob uma cascata de água quente. Que bênção!

Tomou seu tempo. A água lhe caía com força sobre a cabeça e a sentia clara, pura, fresca.

Sentiu-se melhor. Mais vivo. Assobiando, começou a ensaboar-se. Depois aplicou com as mãos calejadas o xampu e se limpou.

Olhou para baixo e viu que a água saía limpa por fim, assim fechou as torneiras e começou a secar-se.

Em seguida escovou os dentes e passou uma mão pela mandíbula. Não se tinha barbeado em cinco dias. Não tinha tido tempo, e decidiu que podia esperar vinte e quatro horas mais.

Passou uma vez mais a toalha pela cabeça e secando o rosto saiu para o dormitório... e se tropeçou com algo suave, mas indubitavelmente firme.

—Mas que demônios...? —retrocedeu bruscamente, baixou a toalha e olhou boquiaberto—. Mariah?

A última pessoa que esperava ver, a última pessoa a quem queria ver, estava de pé na porta de seu dormitório usando uma camisola curta de algodão e nada mais. Tinha o cabelo revolto de dormir, estava pálida e parecia tão surpreendida como ele. Nos braços levava um montão de roupa.

—Que demônios faz aqui? —perguntou-lhe.

Teria gostado de lhe perguntar o mesmo!

Uns ruídos estranhos a tinham tirado de um profundo sono.

De repente, despertou. Ficou um momento na cama, tentando esclarecer as idéias. Depois, assustada, deu-se conta de quão único podia ser:

Rhys!

Levantou-se da cama e, com a roupa na mão, encaminhou-se para a porta. Vestiria-se em seu próprio apartamento. Assim, mais tranqüila, poderia voltar para falar com ele.

Mas o que na realidade tinha ocorrido era que se topou de frente com ele que saía do banho.

E o único que usava era uma toalha... sobre a cabeça! olharam-se um ao outro atônitos e rapidamente, graças a Deus, ele tinha baixado a toalha.

—Eu.. sinto muito —se desculpou—. Não pretendia te assustar. É que estava... como sempre me diz que posso usar seu apartamento quando você não estiver... se tenho convidados. Minha prima Erica está aqui com sua família, e pensei que seria mais fácil que eles ficassem em minha casa e que eu me descesse para dormir aqui.

—Não se preocupe — lhe disse Rhys —. Claro que não passa nada porque vieste dormir aqui — fez um gesto com a mão—. Não há problema. Volta para a cama, que eu me deitarei no sofá.

—Não —o que queria era falar com ele, limpar o ar entre eles. Mas não naquele momento. Não assim—. Não seja ridículo. Está esgotado e vais dormir em sua cama. De todas formas, já me tinha que levantar. Troco os lençóis e me parto.

Voltou-se sem ter terminado a frase e puxou os lençóis.

Sentia o olhar de Rhys nela enquanto trabalhava. Quisera ter entrado antes para vestir-se no banheiro. Sabia que a camisola apenas lhe cobria o traseiro. E sabia que ele sabia também.

O que não sabia era se lhe importava ou não.

Haviam feito amor na última vez que tinha voltado para casa, mas não era tão tola para acreditar que tinha significado algo especial para ele. Embora ela pudesse desejar que fosse diferente...

Em um minuto tirou os lençóis da cama. Depois, sentiu-o tentando esquivá-la e se deu conta de que pretendia chegar à cômoda.

— Sinto muito — murmurou ela, com as bochechas vermelho vivo—. Em seguida me tiro do meio.

Ele tirou roupa das gavetas e se vestiu rapidamente enquanto Mariah tentava não olhá-lo, embora pela extremidade do olho... Tinha um corpo precioso: firme, magro e vigoroso.

Respirou fundo e tirou uns lençóis limpos.

—Deixa que eu o farei —disse Rhys—. Não se preocupe, Mariah, de verdade. E pode ficar aqui sempre que quiser. Para isso te deixei a chave. Somos amigos, não?

Sim. Eram amigos. Ou o tinham sido. Já não estava segura do que eram.

—Não teria ficado se tivesse sabido —respondeu enquanto estirava o lençol.

—Por que?

—Já sabe.

—Pelo que ocorreu —adivinhou Rhys.

O único que se moveu durante um par de segundos foi o lençol suspenso no ar. Depois Mariah assentiu.

—Temos que falar sobre isso.

—Sim. Sei o que você pensa de...

—Exato —a cortou ele—. E você também o pensa assim, verdade? Por que estragar uma boa amizade como a nossa? Assim que o melhor é seguir adiante a partir daí.

Ela piscou.

—Foi... um impulso. Uma febre. Simplesmente... ocorreu. Não tem por que trocar algo.

Mariah o olhou com uma sensação de náusea no estômago. Sentiu frio de repente, mas estava suarenta. Certamente tinha ficado pálida. Que raiva. Ao fim e ao cabo, era o que esperava, não?

—Nada tem que ser distinto —insistiu ele—. Fomos amigos. Somos amigos — se corrigiu—. E o que... o que fizemos, não tem por que danificá-lo.

—Não, mas...

—E não voltará a ocorrer. Olhe, Mariah, sei que foi uma forma de me consolar... você acreditava que o necessitava e..

Deteve-se e ela o viu tragar saliva. Também se deu conta de que nunca admitiria que o tinha necessitado de verdade.

—Estava passando por um mau momento. A morte de Jack e o funeral.

Mas não era somente por Jack e ela sabia. Jack tinha sido o detonante de tudo, mas sua necessidade ia mais à frente. Chegava até Sarah, a esposa da qual nunca falava a menos que tomasse umas quantas cervejas a mais e se esquecesse de manter a boca fechada.

Sarah, a única mulher a quem tinha amado.

Mariah estava imóvel e Rhys respirou fundo.

—Você estava sendo amável comigo e... e eu não deveria ter feito... o que fiz. Tinha perdido a cabeça, e me aproveitei. Rompi a regra.

—Que regra?

—A de não ter sexo com as amigas. Já sabe. É algo que não faço nunca.

—então te deita com suas inimigas?

—Não, não, claro que não. Mas tampouco me deito com as mulheres às quais me une uma amizade especial. Não... assim não.

—Assim como?

— Não deveria me ter deitado contigo, nem deveríamos ter dormido juntos — se obrigou a ser claro—. Complica tudo. Se não nos andarmos com cuidado, poderia inclusive mudar as coisas entre nós, e eu não quero que isso ocorra. Seria um erro. Foi um erro.

Já o havia dito. Ela somente o tinha procurado. Em sua opinião, haviam feito amor por engano.

—É óbvio que foi —respondeu sem imprimir nada a sua voz. Não estava disposta a lhe mostrar a dor que causavam nela aquelas palavras. Deveria haver imaginado.

E sabia, que demônios! Mas naquela noite não tinha podido esquecê-lo.

Rhys sorriu e lhe estendeu a mão.

—Bom, sem ressentimentos, não?

Ela não respondeu, e tampouco estreitou sua mão. Olhou-o nos olhos e depois apartou o olhar. Tentou unir forças. Voltar a ser a pessoa que ele queria que fosse.

Seu amiga, sua companheira.

Rhys baixou a mão, mas não podia deixar as coisas assim.

—Mariah... —sorriu uma vez mais—. Somos amigos? Recolheu a roupa e os lençóis e as apertou contra o peito como se fossem um escudo.

—Amigos —respondeu, com o olhar baixo. Ele sorriu e suspirou aliviado.

—Genial.

Mariah passou de longe e chegou ao vestíbulo, sentia-se fria, suarenta, as náuseas cada vez mais fortes. Já junto à porta, deteve-se.

— Mas as coisas não voltarão a ser como antes — lhe disse.

Ele franziu o cenho.

—Por que não? Mas havias dito que...

—Estou grávida, Rhys. Vou ter teu filho.

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