Quando Jennifer Kingsley concorda em ser a namorada de mentira do seu melhor amigo Adrian Lawrence, ela está esperando que duas semanas se passem rápido. Mas quando o irmão de Adrian entra na equação, Jennifer vê todo o seu autocontrole desaparecer. Pierre não é nada parecido com o seu doce irmão, de início. Ele é exigente e severo. Ele consegue o que quer, e quando ele decide que quer Jenny, as coisas não são tão fáceis como parecem. Será se Jennifer cederá às suas técnicas de sedução ou ela vai sair ilesa dessas duas semanas?
- Jenny, ursinha! - Eu ouvi um grito alto e gemi interiormente.
Me virei e olhei para o meu o melhor amigo, Adrian, que sempre pensou que poderia vir quando bem quisesse ao meu café.
- Sim, Adrian? - Eu perguntei sarcasticamente, sabendo que ele estava ali, provavelmente, porque tinha dado uma pausa no trabalho e queria me irritar. Eu não queria ser rude, ele era meu melhor amigo, afinal de contas, mas às vezes ele era um chato de galochas.
- Eu estou fazendo aquela lasanha que você adora hoje. - Ele sorriu, mas eu vi algo em seus olhos. E realmente não pude saber de primeira o que era.
- Qual é a ocasião? - Eu perguntei, guardando alguns arquivos.
Adrian desviou o olhar desconfortavelmente. Ele era, provavelmente, o cara mais fácil de conviver com o qual eu me deparei. Havia alguma coisa sobre o Adrian que me atraiu quase que instantaneamente. Era impossível não gostar dele. Ele era lindo, realmente lindo. Com sua linhagem meio francesa, meio italiana, ele definitivamente atraía os olhares por onde passava.
Seu cabelo era castanho escuro, seu rosto perfeitamente esculpido. Ele era, sem dúvida, um deus grego, e eu tinha certeza que poderia sentir alguma coisa por ele se ele não fosse gay. Mas Adrian, além de gay, era um gay não assumido. Não importava quantas vezes eu dissesse a ele que isso não importava para quem o amava de verdade, que sua sexualidade não era nada demais, ele se recusava a acreditar em mim.
- Ahm... - A voz de Adrian me tirou dos meus devaneios. Dei-lhe um olhar confuso. - Eu tenho que te perguntar uma coisa.
- E por que você não pode fazer isso agora? - Eu perguntei, franzindo a testa. Ele nunca era estanho, a menos que tivesse algum grande favor a me pedir.
- Porque eu estou esperando que você esteja feliz e bêbada o suficiente para me dizer sim. - disse ele timidamente.
Apertei os olhos para ele.
- Adrian Lawrence, o que diabos você está tramando?
Ele levantou-se.
- Tchau, Jenny! Te vejo no jantar! - Sem esperar que eu respondesse, ele saiu. Olhei para a porta, imaginando o que ele tinha em mente neste momento. A última vez que ele tinha feito algo assim, eu acabei em um clube de stripper. E isso era uma história que eu ficaria feliz se conseguisse esquecer.
O telefone tocou e eu atendi, usando o tom mais profissional que eu poderia.
- King's Coffee.
- Jennifer! - Minha mãe me cumprimentou e eu sorri. - Como você está? Você não atendeu o celular, então eu tive que ligar para o seu escritório. Você está ocupada?
- Oi mãe. - Eu respondi. - Eu não estou ocupada, estava apenas conversando com Adrian. O que foi?
- Eu só liguei para informá-la que você vai receber uma visita em breve. - Ela disse e eu fiz uma careta.
Percebendo que não seria ela a vir me ver, eu perguntei. - Uma visita de quem?
- Do Sr. Harrison. - ela disse e eu senti uma pontada de aborrecimento dentro de mim. Eu ouvi alguns baralhos em segundo plano, e depois um maldito som alto. - Oh querida, o seu pai conseguiu pregar o dedo com o martelo de novo, vou acalmá-lo, então até mais tarde. Tome cuidado querida!
-Tchau mãe. - Eu disse enquanto ela desligava. Coloquei o telefone de volta em seu lugar e resisti ao impulso de bater a cabeça na mesa. Eu tinha problemas suficientes na minha vida e o Sr. Harrison passou a ser mais um a somar-se a todos os outros. Ele estava convencido de que poderia resolver todos os meus problemas com o seu mágico toque de Midas e eu o odiava por isso.
- Srta. Kingsley? - A gerente do meu café, Nella, enfiou a cabeça no escritório. - Temos um cliente querendo vê-la.
Eu levantei minhas sobrancelhas. - Por quê?
- Ele disse que preferia discutir isso com você. - Ela disse e eu gemi, sabendo de quem se tratava. Levantei-me e saí do escritório, alisando minha saia lápis. O Sr. Harrison estava em pé no centro do café com um sorriso no rosto.
- O que você quer? - Eu perguntei, não me importando se pareci muito rude.
- Isso não é maneira de falar com seu... - ele começou e antes que pudesse continuar a sentença, eu olhei para ele, fazendo-o calar a boca.
- Olha, se você quiser beber alguma coisa, seja bem-vindo, mas estou ocupada agora, então me desculpe. - Com isso eu fui embora, deixando-o franzindo o cenho atrás de mim.
Eu me virei e olhei no espelho, perguntando-me se a minha bunda parecia muito grande no vestido. Eu estava toda arrumada para o jantar no apartamento do Adrian, pois não sabia se seríamos apenas nós dois naquela noite. Pessoalmente, eu preferia ir de roupão e chinelos macios.
Eu usava um vestido azul marinho com um decote largo, parando um pouco acima do joelho. Coloquei minhas sandálias de salto e levei apenas o meu celular. Assim que cheguei ao apartamento de Adrian, fiquei surpresa ao ver a porta já aberta.
- Adrian? - Gritei cautelosamente, procurando por qualquer cena de um possível assassinato ou por um ladrão.
- Eu estou me vestindo, Jenny! - Ele gritou. - Sirva-se de vinho. Ou o que você preferir.
Tirei as sandálias, sabendo agora que seríamos apenas nós. Eu devia ter ido de roupão mesmo e por isso o amaldiçoei, por não me dar mais detalhes sobre a noite. Andei até o seu armário de bebidas e tirei uma garrafa de uísque. Normalmente, eu não bebia nada muito forte, mas o estoque de bebidas que ele tinha em sua casa era limitado. Eu coloquei um pouco de uísque para mim, e logo depois vi Adrian entrar, vestindo apenas um calção. A visão dele daquele jeito faria qualquer mulher babar, mas eu estava muito além dessa fase. Eu levantei uma sobrancelha para ele.
- Você não poderia ter me dito que não estava vestido? - Eu disse e ele riu, colocando um copo de uísque para si mesmo.
- Mas é tão divertido ver a sua cara! Talvez possamos dar umas voltinhas pelas boates da cidade mais tarde. - Ele sugeriu, balançando as sobrancelhas de um lado para o outro.
- Não, obrigada. - Eu recusei. - O que você queria me dizer?
Ele colocou o copo na mesa. - Vamos jantar!
Apertei os olhos pelo seu comportamento suspeito, mas ele seguiu para a sala de jantar sem dizer mais nada. O que ele queria me dizer devia ser algo importante para ele agir dessa forma. E sua atitude estava me enchendo de curiosidade.
No meio do jantar eu já não aguentava mais. Então olhei para ele e exigi.
- Adrian Lawrence, - estalei, - é melhor me dizer neste instante o que está acontecendo, ou eu juro...
- Opa, calma aí, Jenny. - Disse ele, colocando as mãos para cima. - Só prometa não ficar louca.
Eu levantei uma sobrancelha, mas me mantive séria.
- Meus pais querem que eu vá para a casa deles. - Ele disse.
- E? - Eu disse, arrastando as palavras.
- Eu disse à minha mãe que tenho namorada, e ela disse que eu tenho que levá-la junto. Eu não posso dizer que não agora porque é tarde, já que o meu irmão também confirmou, então eu tenho que estar lá. - Ele disse tão rápido que eu tive que forçar meus ouvidos para entender as palavras.
- Namorada? - Engoli em seco. - Quem é sua namorada?
- E é exatamente aí que você entra. - Ele disse com um sorriso esperançoso e eu entendi. Mas recusei de imediato.
- Não.
- Por favor, Jenny. - Meu melhor amigo me implorou. Eu balancei minha cabeça. Eu não poderia fazer aquilo, eu não faria.
Adrian queria que eu fingisse ser sua namorada? Aquilo era ridículo.
- Não! - Eu quase gritei, minha voz um pouco embargada quando ele fez uma cara triste para mim. Oh meu Deus. Era como se estivesse escrito, eu cederia para ele.
- Por favor, Jenny. - Ele suplicou novamente. - Apenas duas semanas, eu prometo. Basta pensar nisso como um período de férias apenas.
- Ficar de férias não tem nada a ver com ser a namorada meu melhor amigo gay. - Eu disse firme, mas abaixei a cabeça quando senti que cederia.
- Jennifer... - Ele demorou a continuar e eu olhei para ele. - Você sabe que eu não posso contar... Eu não posso...
- Duas semanas. Isso é tudo. - Eu finalmente cedi e ele sorriu, me puxando para um abraço de urso. Fiquei parada por algum tempo, antes de finalmente abraçá-lo de volta. Eu faria isso por ele. Afinal de contas, é para o que os melhores amigos servem.
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