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Depois da meia-noite - Um  ano com o CEO

Depois da meia-noite - Um ano com o CEO

K.W. Bestseller

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22
Capítulo

Clarisse está prestes a reencontrar parte de sua família para um banquete de fim de ano luxuoso como ela nunca havia experimentado. Armando corre contra o tempo para cumprirn sua desesperada agenda de trabalho. É nessa tensa realidade de ambs, que um voô atrasado os une, e o que seria uma viagem conturbada se transforma em palco para o inicio de uma grande paixão. Já no Rio de Janeiro, o advogado parte para o campo de ação e a moça se vê enlaçada pelos encantos daquele homem de negócios. O que eles não contavam, era que no meio do caminho para viver uma paixão, surgiriam traições, reviravoltas e muita briga de familia.

Capítulo 1 Clarisse e Armando - I

20 de dezembro

Clarisse olhou-se no espelho pela última vez e limpou o filete de gloss que manchava o canto dos lábios. Depois de uma longa conversa com sua mãe ao telefone, antes de viajar novamente para o Rio de Janeiro, já estava de saco cheio e teria que fingir mais simpatia do que seria possível.

Crispou os lábios, carnudos e peçonhentos, piscando para sua imagem no espelho e saiu do apartamento puxando uma mala extremamente rosa e cintilante.

Fez check-out no hotel e chamou um carro antes mesmo de cruzar o hall. Era famosa por ludibriar os motoristas daquela região, pois por mais que fosse uma mulher de alta classe, tinha que usar de meios impróprios para custear seu estilo de vida caro. O Fiat Argo cantou pneu em frente ao Raru’s Hotel e o motorista, que ajustara o espelho retrovisor a fim de encarar melhor Clarisse, quase pulou do banco com o solavanco dado pelo carro. O mané arrancou com o carro sem pôr o pé da embreagem e quase bateu no ônibus à sua frente. A passageira nem se inquietou. Não tinha tempo de se entreter com uma viagem tão barata.

– Obrigada, meu anjo – agradeceu ela quando o carro chegou ao aeroporto.

Curvou-se tão rapidamente e deixou que os olhos avermelhados do motorista brilhassem ao se encontrarem com a curva branda de seu decote empinado. Dois segundos e um filete de baba. Pronto! Clarisse se voltou para a porta giratória, pensando em nunca mais ver aquele cara nojento e com o canto dos lábios ressecados e esbranquiçados. Era normal o uso de drogas em Belo Horizonte tanto quanto no Rio de Janeiro, o que fazia seu trabalho mais fácil. Enganar um cara já entorpecido é como fingir um orgasmo na primeira vez, o idiota nem nota.

O alto falante cantou informando que o embarque era imediato. O voo sairia dali há poucos minutos e os próximos dias já haviam sido previamente calculados. Ela sabia o que os tios estavam preparando. Tinha até sorte de ter sido convidada. O verão passado ainda trazia remorsos e lembranças das discussões à mesa.

Certamente discutirá com Miles e sua esposa querida. A cara de lambisgoia que a Jane tinha era de fazer qualquer piranha vomitar. Embora os tios não notassem, havia algo naquele casamento que não cheirava bem. Por mais que insistissem, Miles não saia do armário e sua mulher não assumia que tudo aquilo não passava de um golpe do baú. Para Clarisse, existia um motivo podre para o matrimonio, nada que ela não pudesse descobrir naquele natal.

Caleb continuava o mesmo e Brian mais safado que da última vez. Ela teria que bancar a puritana do interior para não levantar suspeitas e nem causar intrigas. Agiria na prudência de uma serpente.

Alcançou seu assento 27b, à janela do lado direito e cruzou as pernas ao sentar. Os passageiros ainda estavam embarcando, possibilitando-a de enviar uma mensagem antes de colocar o celular em modo avião:

“Nos vemos às 22h. Mesa 12 para dois. No restaurante do piso 7. Copacabana Palace... Com os cumprimentos de titia.”

Ajustou o celular e abriu uma revista. Em duas viradas de páginas, um moço alto sentou-se ao seu lado. Tinha o físico atlético que se notava mesmo sob uma cardigan e calça jeans.

Ela cobriu ele com os olhos e reparou na forma que desligava o iPad e abria um livro. Grande e de capa dura. Tinha até fitilho. Um nerd gostoso do século 21. A evolução nerdiana fora consumada com sucesso. Conforme ele lia, ela o observava, nem notando que o avião já havia saído do chão e tomava seu rumo no céu; sempre com os olhos não vidrados nas mãos dele.

Suas unhas eram cortadas bem rentes às pontas dos dedos. Dedos finos e longos. Por um instante, Clarisse se remexeu na poltrona e sentiu uma umidade na calcinha, derrubando a revista nos pés do homem que lia tão concentrado.

– Sabia que as mulheres são o público mais assíduo dessa revista? – ele falou, erguendo os olhos da revista ao apanhá-la.

Clarisse gemeu dentro de sua mente. O cara deu uma leve apertada em seus dedos ao entregar a revista ou foi apenas a mente dela fantasiando demais?

– Sério? Eu nem imaginava. Leio somente por causa de alguns anúncios. A Prada faz sucesso por aqui também – ela falou, sacudindo a revista entre as mãos. – Você é do Rio?

– Não! Sou da Bahia, estava em Belo Horizonte, como se diz mesmo, à negócios. E agora meus pais querem uma negociação um pouco mais séria e me chutaram pra cá.

Cifrões arderam nos olhos de Clarisse. Nem precisava de fortuna com aquelas mãos, e depois da revelação, ela encarou tudo como um brinde. Sexo e dinheiro eram companhias inseparáveis.

– Ah, que bacana. Eu estou indo para casa dos meus tios. Depois que... hã, bom deixa essa história triste pra lá. – pensou bem, e era melhor não forçar a barra de menina fragilzinha. – Vou passar o natal longe de casa esse ano. E você?

– Pelo visto não serei o único. Estou à caminho do Copacabana Palace. Tenho uma reunião por dia essa semana. Meu pai tem um gosto peculiar por ações e minha mãe não abre mão das terras da família. É, sério, você não tem noção de como essa combinação é irritante.

Era uma coincidência fatal. Clarisse sorriu por dentro e emitiu um risinho de contentamento por fora.

– Sei bem como é – disse Clarisse, caindo os olhos em cima do livro dele. – Nossa, desculpa. Prazer, me chamo Clarisse.

Ela pareceu estabanada estendendo a mão com a claridade dos olhos um pouco ofuscada pela timidez falsa.

– Armando. – Meu Deus, olha essas mãos estendidas pra mim... – Muito prazer.

Sim, muito!

Clarisse apertou levemente a mão de Armando e sentiu suas juntas. Não eram calejadas, entretanto tinham uma rigidez sutil e uma maciez em contraste. Como um Yin Yang sensual.

– Acho que vou ter uma pausa entre as reuniões no fim de semana... Que tal, um café?

– Adoro um bom frappuccino de chocolate, sabia – respondeu Clarisse, aceitando o convite. Perpassou uma perna sobre a outra e correu os dedos pelo joelho, chegando na linha do vestido curto cor de rosa trançado.

Armando não acompanhou seus dedos, estava mais focado no brilho de seus olhos. O livro em seu colo já estava fechado, e Clarisse pode ver o que ele lia tão vorazmente.

– Você estava bem entretido com Macbeth.

– Incrível como uma mulher pode mudar a vida de um homem e fazê-lo se tornar o ser mais vil do universo – comentou ele, apertando a capa do livro.

– Lady Macbeth foi mais que uma simples esposa – rebateu Clarisse.

Aquilo estava à uma rusga de se tornar um conflito de interesses.

– Conhece a trama então?

– Mais do que imagina. Na verdade, levo para a vida alguns de seus... bem digamos, ensinamentos.

Clarisse arqueou as sobrancelhas e seu companheiro, um tanto receoso com o nível da conversa, pigarreou e mudou de assunto. O clima e o mercado de investimentos tornaram-se pautas relevantes. Mesmo a moça não entendendo nada sobre ambos os temas, compreendia muito bem o valor de um homem poderoso e paspalho.

O decorrer daquela conversa foi lento e pouco proveitoso para Clarisse, ao que ela respondia as falas de seu conhecido com respostas automáticas e sussurradas.

– Já tem planos para a tal noite feliz desse ano? – Armando perguntou, parecendo querer dizer mais do que isso.

– Na verdade... – ela hesitou. – Meus planos são imprevisíveis. Jantares em família sempre acabam em brigas, e um plano B é mais do que uma carta na manga.

Rapidamente, Armando retirou um cartão de visita de dentro de sua pasta e o estendeu para Clarisse.

– Voìlá... Seu Plano B – ele sorriu, maliciosamente.

A mulher empregou charme ao receber o cartão e retribuiu com um sorrindo bem aberto para Armando. O restante do voo foi calmo e os dois não se falaram mais.

Clarisse pediu um Martini entre uns intervalos da leitura de sua revista e Armando foi conferir documentos para as próximas reuniões que o esperavam em terra firma quando desembarcasse.

– Nos vemos por aí – Clarisse falou pegando sua bolsa e saindo antes dele.

Armando tinha um quê diferente. Algo parecia ser mais do que Clarisse via diante de si. Ele demonstrava meiguice de um jovem rico e humilde criado no interior. O dinheiro e o poder eram pautas da qual ele dizia se abster. Mas, como saber se eram os reais propósitos dele?

A tia Marie não aceitou que sua sobrinha fosse recebida por um estranho quando chegasse ao Rio de Janeiro. Estava na área de desembarque acompanhada por Miles assim que a silhueta magérrima de Clarisse circundou a visão de seu primo.

– Ela cresceu, realmente – sussurrou ele, acreditando falar só para si.

– Pegue somente as malas, querido – falou Marie, crispando os lábios para o filho.

Miles avançou entre a multidão que corria para sair do aeroporto e encontrou Clarisse ao pé da escada rolante. Ela havia trago somente uma mala e uma bolsa.

– Ele fico com isto, priminha – disse pegando a mala e sorrindo para ela.

– Você sempre foi mais atencioso do que os seus irmãos, Miles – rebateu Clarisse. – Onde está titia?

– Ali. Veja.

Os seus braços estavam erguidos na altura de sua cabeça. Só lhe faltava um letreiro para chamar ainda mais atenção. Sem esboçar o desagrado interno pela repleta cafonice da tia, Clarisse correu e a abraçou, baixando seus braços e acabando com aquela cena ridícula.

– Como você está? Cansada por causa do voo, imagino.

– Na verdade, estou ótima, titia. Sabe como eu amo viajar de avião.

– Sei que você ama estar por cima, Clarisse – cochichou Miles.

O rapaz riu e conduziu as duas para o estacionamento. No carro, Clarisse preferiu se sentar ao lado do motorista. Miles dirigia melhor que todos na família, que tomavam multas frequentes todos os meses.

– Tio Claude está bem? – perguntou ela ao primo, baixando o espelho do teto do carro.

– Melhor impossível. Está na empresa, com certeza, a uma hora dessas.

– Seu pai respira trabalho, meu filho – disse Marie, em um tom que parecia que cuspiria no marido se o visse naquele momento.

A mansão não ficava longe do aeroporto, ficava bem localizada no centro da cidade, entre as mais ilustres atrações e eventos que pudessem ser sediados ali.

Poucos minutos depois de deixarem o aeroporto, o carro estacionara em rente a mansão. Marie e Clarisse deixaram Miles com a mala e correram para a porta da frente.

– Alfred vai te ajudar como o carro, querido.

O chofer veio andando rapidamente para junto do garoto e logo saiu com o carro para a garagem. Miles levou a mala de sua prima logo em seguida.

– Onde estão os outros membros dessa família? – bradou Marie correndo pela sala da casa.

Clarisse se sentou enorme sofá e cruzou as pernas, arfando de cansaço. Olhou em volta e viu como estava localizado cada móvel. Algumas coisas eram familiares, outras já haviam sido trocadas e outras redecoradas. Sua tia não passava mais de ano sem mudar a aparência de sua casa, sobretudo de sua sala de estar onde tudo acontecia: Reuniões de família, encontros com amigos e as mais inusitadas discussões documentadas em jornal pela inimiga midiática da família.

– Todos saíram, senhora – respondeu Mathilde, a cozinheira dos Albuquerque.

– Que descaso, meu Deus. Me desculpe por isso, Clarisse, – se apiedou Marie.

– Não se preocupe com formalidades, titia. Com toda a certeza todos tiveram compromissos menos supérfluos do que receber uma caipira como eu.

– Inaceitável – bradou Marie. – Claude poderia ter adiado os compromissos da manhã. Os outros nem mesmo sei porque saíram.

– Ora, vamos, titia, nós duas sabemos que somente você esperava por mim aqui – falou Clarisse. – Caleb e Jane não me suportam e Brian já perdeu tempo demais com namoricos entre primos.

Impressionantemente, ela não era a única prima em que Brian avançara como um leão sobre uma gazela. Há alguns verões, Nathalia viera do Rio Grande do Sul se aquecer nas praias exóticas de Copacabana.

Mesmo que parecesse um complô contra a prima vinda de Belo Horizonte, Claude realmente teve mais compromissos que o normal naquela manhã, Caleb saiu junto com Brian para um encontro com um de seus sócios. Jane, que não morava na mansão, esperava um convite para se reunir com os Albuquerque desde a ultima visita em que Clarisse esteve presente.

– Que tal uma bebida e um pouco de conversa fiada, titia? Isso já me animaria um bocado – sugeriu a moça, levantando do sofá e se encaminhando para a sala de jantar.

– Você é um anjo, meu bem. Vamos logo.

Marie entrou na cozinha e ordenou que uma bandeja de café da tarde para duas em cinco míseros minutos. Mathilde gritou com Rosa e ambas corriam lado a lado para executar a tarefa.

Clarisse buscou sua bolsa e Miles se juntou à ela.

– Deixei tudo no seu quarto – informou ele, quando Clarisse ia lhe perguntar sobre seus pertences.

– Quer me acompanhar até lá?

– Agora não, priminha. Prefiro deixar as loucuras para mais tarde.

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