BRATVA - CORAÇÃO DE UM MAFIOSO

Nikolai Makarov

O dia mais importante da minha vida chegou. Hoje me tornarei o chefe da BRATVA, a máfia mais temida da Rússia.

Esperei exatamente cinco anos para assumir esse posto e poder me vingar do homem que tirou a vida da única mulher que fui capaz de amar.

Sei que errei, ao quebrar a regra principal da máfia, eu não poderia ter sentimentos por ninguém, mas quando eu a vi foi inevitável, ela era tão linda com seu rosto angelical e os seus olhos azuis cintilantes.

Agora Kira não estava mais entre a gente por minha causa. Eu presenciei ela sendo estuprada e morta pelo desgraçado que eu chamo de pai.

Tem cinco anos que aquela cena não sai da minha cabeça. Os seus olhos azuis encarando os meus, pedindo-me socorro em silêncio, enquanto aquele monstro estava em cima da mesma, com aquele sorriso asqueroso nos lábios, como se isso não bastasse, ele obrigou-me a presenciar tudo.

- Isso tudo do está acontecendo por sua causa, meu querido Nikolai, olhe o que você está fazendo com a sua amada __ O meu pai fala em cima da Kira e olhando para mim.

- Nikolai! Por favor, deixe que ele me machuque __ Kira súplica olhando para mim.

Tento me soltar dos homens do meu pai que estão me segurando, mais não consigo, sinto lágrimas nos meus olhos quando vejo o Maldito descer a sua roupa.

- Por favor pai!! Não faça isso, eu prometo que irei fazer tudo o que você quiser, prometo nunca mais vê-la, só não faça isso __ Imploro, mas o meu pai nem se quer olha para mim.

Mais uma vez sinto lágrimas nos meus olhos, mas agora eu as deixo rolarem no meu rosto.

Fecho os meus olhos quando o meu pai começa o ato, ouço os gritos desesperados da Kira.

- Abra a porra dos seus olhos e veja o que você me obrigou a fazer, tudo por causa da sua teimosia e desobediência __ Ele pede assim que a Kira para de gritar.

Irrelutantemente abro os meus olhos e me deparo com uma cena deplorável, a Kira estava com o seu corpo exposto e todo machucado.

Ela está com os seus olhos abertos, mas parece que ela não está ali, ela nem pisca, só dá para perceber que ela está viva por causa da sua respiração ofegante, vejo lágrimas descerem dos seus olhos.

- Kira! Olhe para mim, eu prometo que irei te tirar daqui __ Falo mas ela não se move, nem se quer olha para mim.

- Sinto muito Nikolai, mas isso não irá acontecer __ Meu pai fala e em seguida corta a sua garganta com uma adaga.

- Nãooooo!! __ Grito exasperado __ Começo a me debater até conseguir me soltar dos homens do meu pai.

Vou rapidamente ao encontro da Kira, ela está com a mão no seu pescoço ensanguentado.

- Me perdoa meu amor, por favor! __ Peço ao alcançá-la, sento-me no chão e coloco o seu corpo no meu colo.

Ela tenta falar algo, mas não consegue, sino uma dor horrível no meu peito ao vê-la naquele estado, ao vê-la que ela está sofrendo.

- Tome, acabe com o sofrimento dela __ James fala oferecendo-me a sua arma.

Sem pensar duas vezes, pego a sua arma e em seguida aponto em sua direção.

- Você não podia ter feito isso __ Falo ficando cara a cara com e apontando a arma para em sua direção.

- Você é um fraco Nikolai, dá para ver nessas suas lágrimas, ela te deixou dessa forma, eu tinha que cortar o mal pela raiz, e foi o que eu fiz, um dia você irá me agradecer __ Ele fala olhando para mim sem temor.

Eu o encaro com raiva e aperto o gatilho, mas a merda da arma estava sem munição, claro que esse infeliz não iria me dá uma arma com munição, ele conheçe o filho que tem.

- Você realmente achou que eu iria te dar uma arma com munição __ Ele fala com um sorriso escroto nos lábios e toma a arma da minha mão.

James coloca munição na arma e em seguida dá um tiro na cabeça da kira

Eu não pude fazer nada, não consegui proteger Kira, Depois de usá-la, James a matou.

Tudo isso só aconteceu por minha culpa, eu não devia ter a trazido para o meu mundo, e agora ela está morta, eu a matei.

Após aquele dia, eu nunca mais fui o mesmo. Meu coração fechou-se totalmente, eu ergui um muro ao seu redor, impedindo que alguém o ultrapasse.

- Hoje é o seu grande dia meu filho __ James fala, olhando para mim com um sorriso no rosto.

Esse desgraçado irá pagar por tudo o que fez com a Kira, ele não sabe o que lhe espera.

- Sim, hoje será o meu grande dia, e o seu também __ Falo, abrindo a grande porta em minha frente.

Todos ficam de pé e batem palmas quando eu adentro o grande salão da sede da família.

Só membros da família são permitidos em eventos como esses. Ao meu redor vejo algumas jovens com sorrisos manhosos nos rostos, olhando para mim com malícia.

No meio da multidão consigo avistar Audrey e Scott, eles vem em minha direção.

Os dois não apoiam o que eu irei fazer hoje, porém isso não importa, eu serei o chefe da Máfia/família. Quem mandará em tudo e todos será eu. Ninguém tem o direito de questionar as minhas ações.

- Hoje é o grande dia, eu irei nomear o meu filho primogênito, Nikolai Makarov, o novo chefe da família BRATVA __ James fala e todos voltam a bater palmas.

Estamos em cima de um altar, onde foram postos oito cadeiras pertencentes aos membros mais importantes da família.

A minha fica no centro, a do James, a do pai de Scott - que é o consiglieri do meu pai- , e a do meu consiglieri - que é Scott - , e as outras três pertencentes aos membros mais velhos da família.

- Antes de começarmos a cerimônia, você fará um juramento diante do nosso brasão e diante da nossa família, que irá proteger e colocar a mesma acima de tudo e de todos. - Daniilka, o homem mais velho e conselheiro da família, fala diante de mim.

Todos os sete homens presentes no altar, incluindo eu, estão de pé ao redor de um enorme cálice.

- Eu, Nikolai Makarov, prometo que irei proteger acima de tudo minha família. Se eu trair os meus amigos e nossa família, minha alma e eu vamos queimar no inferno, como este brasão __ Falo pondo fogo no brasão da família, que é uma fênix.

Após fazer o juramento, James vem em minha direção com um cálice de ouro em mãos e um espinho de rosa.

- Para concluirmos a cerimônia, você beberá o vinho com o sangue de cada um desses homens presentes nesse altar, e depois escolherá uma dessas pessoas presentes para sacrificá-la __ James fala, entregando-me o cálice.

O sacrifício é o ritual de iniciação. Alguém tem que morrer para que eu me torne o chefe da família, e o sangue significa que eu terei a força, honra, coragem e sabedoria de cada um deles.

James foi o primeiro a espetar seu dedo e deixar seu sangue podre pingar dentro do cálice, em seguida todos os outros fazem o mesmo procedimento.

Bebo o líquido do cálice em um só gole e ouço as pessoas baterem palmas.

Scott vem em minha direção com uma pistola banhada a ouro em mãos.

- Ao usar essa arma, você torna-se oficialmente o chefe da BRATVA, o homem da família __ Scott fala, entregando-me a pistola.

Pego a arma e sinto o peso da mesma em minhas mãos. Hoje eu irei cumprir a promessa que eu fiz para você Kira, hoje eu irei matar o homem que tirou você de mim.

- Hoje, sem dúvida, é o dia mais esperado da minha vida, há cinco anos que eu almejo por esse dia __ Falo, indo em direção ao James.

O mesmo olha para mim sem entender nada, hoje fazem exatamente cinco anos que James tirou a vida da Kira e destruiu tudo de bom que havia em mim, e eu farei o mesmo com ele.

Antes que o mesmo fale qualquer coisa, aponto minha arma para a sua cabeça e aperto o gatilho.

Algumas mulheres gritam horrorizada com medo, enquanto eu sorrio ao ver o corpo desfalecido do meu querido pai no chão.

- Eu sou o novo Chefe da família Bratva __ Falo e todos batem palmas, vejo medo no rosto das pessoas, isso me dá prazer. Isso mesmo, eu quero que temam-me.

Sinto alívio por ter cumprido a promessa que fiz a minha querida Kira.

A partir daquele dia, eu tornei-me ¨Besserdechnyy¨, ¨Sem coração¨, o homem mais temido da Rússia.

Eva Alcântara

Eu fui tão ingênua em pensar que minha mãe poderia mudar. Ela sempre foi uma carrasca comigo.

Não faria sentido algum ela mudar da noite para o dia, mas eu era tão tola que sempre acreditava nela.

- Filha, como você está linda hoje. __ Minha mãe fala na porta do meu quarto, eu nem havia notado a presença dela.

Estranho de primeira a forma como ela me trata, nunca foi assim, nem mesmo quando eu era pequena.

- Mãe, a senhora está bem? __ Pergunto olhando para ela, a mesma está estranha.

Hoje ela está sóbria, pelo visto não usou nenhuma droga, nem consumiu nenhum tipo de bebida alcoólica.

- Claro que eu estou, bobinha __ Ela fala, sentando-se ao meu lado na cama.

- É que... a senhora nunca me tratou dessa forma __ Falo, estranhando a mudança dela.

Minha mãe é bonita porém está um pouco acabada por causa das drogas. A mesma tem os cabelos castanhos, olhos claros, eu não me pareço em nada com ela.

Meus olhos são azuis, os cabelos pretos, pele clara assim como a dela. Acho que a única coisa que temos em comum é isso.

- Eu queria falar do seu pai, você sempre me perguntou dele... __ Ela fala passando sua mão em meus cabelos.

- Sério mãe? __ Pergunto empolgada, ela não gostava quando eu tocava nesse assunto.

Toda vez que eu perguntava algo relacionado ao meu pai, a mesma ficava chateada. Chegava até a bater em mim.

- Você se parece tanto com ele, os olhos de vocês são idênticos e seus cabelos também __ Minha mãe fala olhando para mim de uma forma que nunca tinha feito antes.

- Que alegria saber disso mamãe. Onde ele está e porque não temos contato? Qual é o nome dele? __ Faço várias perguntas, uma atrás da outra, impedindo-a de falar.

- Calma garota, uma pergunta por vez __ Minha mãe fala com um sorriso no rosto.

Eu nunca tinha visto ela dessa forma, sinto até uma alegria em meu peito.

- Para começar, ele não é brasileiro. O nome dele é Russell, e não temos contatos com o mesmo porque ele tem uma outra família, e também não sabe da sua existência __ Mamãe fala um pouco triste.

- Porque a senhora decidiu falar isso para mim agora? __ Pergunto olhando para ela, que desvia o olhar.

E foi aí que eu percebi que tinha algo errado, era de se estranhar. Primeiro, ela nunca me tratou bem. Segundo, a mesma nunca tocava nesse assunto, e do nada mudou assim, sem mais nem menos.

Ela estava aprontando alguma coisa, só que fui muito tola em não perceber a tempo.

Eu ainda não consigo acreditar na crueldade que minha mãe foi capaz de fazer. Como ela pôde me vender dessa forma, como seu eu fosse um objeto qualquer.

Não existe uma justificativa para isso.

Lembro-me das vezes que ela teve suas crises de abstinência, quando levava cada dia um homem desconhecido para a nossa casa e os mesmos tentavam me agarrar a força. Lembro também de quando eu tinha 12 anos e ela obrigou-me a pedir esmola na rua para comprar suas drogas.

Pensando por esse ângulo, Safira nunca foi um exemplo de mãe. Mais cedo ou mais tarde algo desse tipo iria acontecer.

Safira sempre foi grossa e ignorante comigo. Quando eu era pequena e chorava a noite com medo do escuro, ela nem ligava.

Eu ouvia sempre os gemidos dela transando com um homem diferente a cada dia.

E foi assim que eu perdi o medo do escuro, mesmo ela não estando comigo, eu não me sentia mais sozinha. Sabia que tinha alguém em casa e que nada iria acontecer comigo.

Porém eu estava errada. Quando tinha meus treze para quatorze anos, estava dormindo e do nada senti alguém subir em cima de mim. Entrei em desespero, comecei a gritar porém ninguém apareceu, então tentei livrar-me do corpo pesado que estava sobre mim.

Só que ele era muito forte. Olhei para o criado mudo que fica ao lado da minha cama e avistei o abajur que ganhei de uma única amiga que eu tinha, peguei o objeto e bati com toda minha força na cabeça do homem e o mesmo caiu no chão desmaiado.

Passaram-se alguns minutos e minha mãe veio em busca do seu parceiro. Quando ela avistou ele no chão com a cabeça sangrando, brigou muito comigo. Xingou-me, falando um monte de barbaridades para mim.

Mas eu não estava ouvindo nada do que ela estava falando, eu estava em choque no canto de minha cama, abraçada com meus joelhos.

O homem foi levado para o hospital, porém o mesmo não resistiu. O golpe que eu dei nele foi fatal e ele veio a óbito.

Toda noite aquela cena vem me atormentar, aquele homem, o homem que eu matei, vem assombrar os meus sonhos, junto com a mulher que me deu a luz.