Eu ainda amo você.

Olivia

Eu estava olhando para o teto enquanto era fodida pelo meu marido, eu só queria que ele acabasse de uma vez. Quando ele gozou, saiu de cima de mim, virou para o seu lado da cama e foi dormir. E eu pensei que nem sempre foi assim, Ben costumava perguntar se estava bom, se eu tinha aproveitado como ele. Das duas uma, ou ele sabe que já não sinto nada, ou ele está tão louco de tesão que só pensa no próprio prazer. A última opção é impossível, eu sei que ele não é tão fascinado por mim quanto antes, o que me resta, ELE SABE. E estamos chegando ao fim desse casamento de 10 anos.

No dia seguinte, eu estava preparando meu café, quando Ben desceu as escadas já pronto para sair e disse:

- Tem café suficiente para mim? - É incrível que mesmo distantes ele é a pessoa que mais me conhece no mundo, eu realmente não tinha feito café extra e só tinha para mim.

- Não, mas se você quiser, posso fazer mais um pouco - Respondi ao meu marido, torcendo para ele negar.

- Não devia oferecer se não quer fazer, Olivia -Ele me disse num tom de voz, que já estava me acostumando, ele só o direcionava para mim ultimamente - Vou tomar qualquer coisa no caminho para o trabalho.

E saiu pela porta, sem me dar um beijo de despedida. E por incrível que pareça, eu agradeci por dentro por ele ter feito dessa forma. Fui tomar meu banho e saí para o trabalho.

- E se vocês saíssem de férias, um lugar exótico perto da praia - Camila, minha melhor amiga, estava há 30 minutos dando soluções para salvar meu casamento- Talvez sair dessa rotina louca de vocês, seja bom para manter o amor vivo- Uma romântica fora de série, não sei como continuava solteira.

- "Manter o amor vivo"? Por favor Camila, tá mais para uma ressuscitação - Falei rindo, mas Camila permaneceu séria.

- Eu sei do amor de vocês dois, não está morto, vocês só precisam se reconectar.

- Eu sei, eu só não sei como amiga.

De repente chega Julie.

- Vocês viram que o novo diretor chegou no escritório? Já adianto, é umm gatoooo.

-Bom dia à todos! Me chamo Alex Gomez eu estou muito animado de me juntar à GV Associados - O novo diretor do escritório se apresentou à todos e ele realmente era lindo. Não fazia muito meu tipo se eu considerar que só me apaixonei pelo Ben, em todo minha vida. Alto, cabelo castanho claro, olhos com um tom de verde, que antes me faziam enlouquecer, porte atlético. Já Alex era alto também, provavelmente 1,90, cabelos e olhos escuros, muito escuros e forte, nossa como ele é gostos... Meu Deus Olivia, que pensamentos são esses, eu tô realmente desesperada por prazer.

- Ele é muito bonito, a Julie não exagerou- Disse Camila, me tirando dos meus pensamentos malucos.

- É...- Isso foi tudo que consegui responder.

-Oi, Olivia Mendes certo? - Alex chegou perto, com todo aquele comprimento e me perguntou.

- S-Sou eu - pigarreei, me concentrei e falei formalmente com meu novo chefe - Sou eu mesma, é um prazer ter o senhor no escritório.

- Ah muito obrigado, o prazer é totalmente meu - Ele disse com uma voz cordial, talvez um pouquinho ansiosa- Eu ouvi muito de você senhora Mendes, sei que ganhou os casos mais importantes do escritório e que faz de tudo para acordos excelentes, é uma boa fama.

- Obrigada.

-Estou ansioso para trabalharmos juntos.

- É, eu também- Respondi. Ele fez um aceno para a Camila e para mim e saiu.

- Que voz sexy.

- Camila, se controla - Mas eu também preciso de controle.

Meu celular apitou e vi que era o Ben:

"Tenho um jantar importante hoje às 20:00 horas com alguns promotores. Você pode me acompanhar?". Seco, sem um "por favor" ou um "beijos querida". O que me faz ser extremamente seca também:

"Tudo bem, estarei pronta à tempo". Eu nem sei porque vou, ele me ignora completamente nesses jantares e eu fico conversando futilidades com as mulheres desses promotores.

Em casa, estava acabando minha maquiagem e escuto Ben me gritando:

- São 19:50, você realmente vai fazer eu me atrasar - Fingi que não estava ouvindo - Porra Olivia, você faz de propósito, só pode - Escutei seus passos na escada e quando ele abriu a porta com força, olhei com a cara mais angelical que conseguia fazer e respondi.

- Estou quase pronta, marido - falei trincando os dentes.

- Você me leva ao limite sabia?- Fiquei com vontade de perguntar qual era o limite, mas me preocupei com a resposta dele, não sei se estava pronta para ouvir - 5 minutos e eu ligo o carro, vou com ou sem você - E fechou a porta bruscamente.

Terminei correndo, desci e ele já me esperava no carro. Entrei e ele saiu rápido.

E assim vamos devagar chegando ao limite.

Ben

10 minutos, ela fez eu me atrasar 10 minutos. Eu estou tão puto com ela, ela sempre se atrasa. Antes eu conseguia tolerar e agora, não sei porque estou com tanta raiva, tudo o que a Olivia faz ultimamente me deixa assim.

Quando chegamos na casa do promotor Castro, às 20:10 não às 20:00 como o combinado, estavam todos lá.

- Mendes, não morre tão cedo! Estávamos nos perguntando se você tinha nos dado um bolo - Disse Castro rindo, e fazendo piada. Sorri para ele, mas senti meu pescoço vermelho e coçando.

- Ah minha culpa Senhor Castro, eu que fiz meu marido se atrasar - Disse Olivia, com o seu tom mais cínico, que só eu conheço - Me desculpa mesmo - Espero que não seja a insinuação de um beicinho. Eu achava isso tão sexy antes.

- Vou perdoar dessa vez, porque está absolutamente linda.

- Obrigado por ter reparado Senhor Castro, é sempre bom receber um elogio - Falou olhando no fundo dos meus olhos, eu realmente não a elogiei, não me lembro a última vez que o fiz.

Olivia soprou meu pescoço vermelho, fazendo a coceira passar. Ninguém me conhece como ela, ela sabe o que me deixa nervoso e o que fazer para eu melhorar. Ou pelo menos sabia.

- Não coça, vai ferir- Olhei para ela - Desculpa tá, eu sei que falei ressentida. Mas eu de verdade me arrumei, pois queria te agradar - Sussurrou segurando a minha mão.

- Eu sei, me desculpa também. Você está linda, eu só ando meio estressado, não foi nada - E beijei a mão dela que estava na minha.

Nos sentamos a mesa e jantamos com os promotores e suas esposas. Depois do jantar fomos até a sala tomar whisky, enquanto as esposas foram para a outra sala conversar. Eu sei que a Olivia as odeia, mas não é sempre que peço para ela ser fútil por uma noite.

- Você é sortudo Ben - William disse de repente, me arrancando dos meus pensamentos - Não tem filhos, e tem uma mulher linda e inteligente. É verdade que ela ganhou o caso do governador? É o terror da promotoria- Todos riram e as esposas apareceram.

- Sim, é verdade. Foi difícil fazer um governador ser honesto e cooperar, mas foi um bom caso - Olivia, que tinha ouvido meu amigo, respondeu e se sentou do meu lado.

- E os filhos? Quando vêm? - Tereza Castro, a esposa do promotor Castro perguntou. Senti a Olivia tensa do meu lado, como sempre fica quando alguém toca nesse assunto.

- Estamos trabalhando nisso - Foi minha vez de falar, apertei a mão da Olivia para tranquiliza-la.

A campainha tocou e a Tereza foi abrir a porta.

- Boa noite pessoal - Liz entra e nos cumprimenta. Ela é nova na promotoria. É uma mulher jovem, bonita e atraente, eu estaria louco se dissesse ao contrário.

Liz é alta, tem o cabelo loiro platinado e está com um batom vermelho, numa boca extremamente obscena. Que tipo de pensamento é esse Benjamin?

Liz dá dois beijinhos em todos da sala, quando chega perto de mim fala - Ah Ben, essa é a sua esposa? Ainda não tive o prazer de conhecê-la, mas conheço a fama, sou a Liz D'Avila - Sorri nervoso.

- Espero que tenha sido uma boa fama - Olivia me cortou sorrindo para Liz e depois para mim, antes que pudesse dizer algo e a cumprimentou - Prazer Liz, sou a Olivia.

- Foi, você é o terror da promotoria e eu quero ser você quando crescer - Liz disse sorrindo. Olivia só retribuiu o sorriso, mas conheço minha esposa, ela a detestou.

Mais tarde no carro, voltando para casa num silêncio ensurdecedor, Olivia o quebra dizendo:

- Que linda a tal da Liz né? - Ah Olivia te conheço bem demais para cair nessa.

- Acho ela normal - Respondi me livrando de uma crise de ciúmes. O que fez eu me sentir bem, saber que pelo menos ela ainda sente alguma coisa por mim, nem que seja só ciúmes.

- Sabe, amor - Falou num tom que eu não consegui reconhecer, talvez eu não a conheça tão bem assim. Beirou a desconfiança, mas não tinha certeza - Você é o pior mentiroso que eu conheço, sempre foi assim, desde os 12 anos - Sorriu e passou a mão pelo meu cabelo.

Eu fiquei com medo, é loucura eu sei, mas naquele momento tive certeza de algo que já estava desconfiando, o nosso "para sempre" uma hora ia acabar.