Seduzindo o mafioso

15 de setembro de 1998

Stowe, condado Lamoille

"Mamãe, o que está acontecendo?" - pergunto assustada.

"Por favor, filha! Fique quietinha e não saia daqui por nada, não importa o que aconteça!" - diz, me escondendo no pequeno armário que tinha no meu quarto rosa. Mamãe parecia desesperada, mas eu não sei o que está acontecendo.

"Estou com medo!!" - começo a chorar.

"Tá tudo bem, filha, promete pra mim que não vai sair daqui!" - me segura pelos ombros.

"Mamãe!"

"Isabella! Promete! Agora!" - mamãe parecia com medo.

"Eu prometo!" - concordo.

"Boa garota! Isabella, escuta bem, a mamãe ama você!" - me abraça, parecia que ela estava se despedindo, então ela se afasta.

"Mamãe, não vá! Não quero ficar sozinha!" - puxo a manga comprida de sua blusa.

"Filha, a mamãe já volta! Espere aqui, e tampe bem seus ouvidos, tá!" - fecha o pequeno armário, e eu fico ali, uma criança de apenas 6 anos, se escondendo em um lugar escuro, totalmente aterrorizada.

Depois de vários minutos em que a mamãe saiu, eu finalmente ouço sua voz do lado de fora. Achei que ela estava aqui para me buscar, mas ouço outra voz que parecia ser de um homem.

"Me fala, onde ele está?" - o homem parece bem nervoso.

"Eu já disse que não sei de nada! Por favor!" - minha mãe suplica.

"Não é isso o que eu saiu, eu não vou perguntar de novo, me fala agora onde ele está?" - ouço um barulho forte, sei que minha mãe falou para eu tapar meus ouvidos, mas preciso saber o que está acontecendo. Então, pela pequena fresta no armário, começo a espiar, mas só consigo ver a silhueta do homem. Vejo minha mãe no chão, esfregando a bochecha.

"Eu já te contei tudo o que sabia, por favor!!" - ela se agacha de frente para minha mãe e agarra sua garganta, e em seguida diz: "Eu já estou ficando sem paciência, fala o que eu quero saber, senão eu vou..."

De repente, percebo passos vindo na minha direção, eu fico assustada e me encolho. Fecho os olhos e tampo os ouvidos como a mamãe mandou.

"Parece que tem um rato escondido!" - percebo que os passos pararam, acho que ele está em frente a onde estou me escondendo.

"Não!!! Deixa ela em paz!! Agora!!" - agarra a barra da calça do cara.

"Não rela em mim com suas mãos imundas!" - dá um soco em minha mãe.

Ela fica inconsciente, mas dura apenas uns segundos. Quando ele estava prestes a abrir o armário, ela se levanta e sobe em suas costas, agarrando seu pescoço.

Então, ouço um forte barulho de tiro, novamente ponho meu olho na abertura e vejo minha mãe caída e ao seu redor tinha um monte de sangue. Sem saber o que fazer, eu paraliso.

"Porra, o que você fez?" - ouço outra voz masculina entrando no quarto.

"Ela que me agarrou, não tive escolha!" - diz indiferente.

"Droga, e agora? A gente não tem outra fonte, o chefe vai nos matar!" - parece preocupado.

"Tudo bem, a gente ainda tem um ratinho escondido aqui, ela deve saber!" - novamente vem em minha direção.

"Espera! Tá louco? Os vizinhos ouviram o barulho, logo isso aqui vai encher de policiais. Quer ir preso de novo?" - o agarra pelo braço.

"Merda!! Então vamos logo, precisamos descobrir aonde aquele desgraçado se enfiou!" - finalmente vão embora.

Depois de vários minutos paralisada de tanto medo, eu finalmente tomo coragem e abro devagar a porta do armário. Vejo minha mãe caída no chão e ao seu redor tem muito sangue. Corro desesperada e paro ao seu lado.

"Mamãe, por favor, abra os olhos! Mamãe!" - a abraço, não percebo quando o meu pequeno corpo fica manchado com o seu sangue.

"Bella, não chore! Tá tudo bem, a mamãe te ama!" - segura meu rosto, mas logo sua mão cai no chão.

Percebendo que minha mãe estava fria e não se mexia mais, desabo em cima de seu corpo. Fico ali chorando em cima de seu corpo gelado e sem vida, quando ouço sirenes ao longe. Eles entram na minha casa e me levam para longe.

"Mamãe!" - grito desesperada.

__Isabella, acorda!" - me chacoalha.

Acordo assustada e suada. Todas as noites são assim, esse pesadelo sem fim. Me atormenta todos os dias. Essa foi a última memória de minha mãe. Não consigo esquecer. Só vou conseguir seguir em frente quando eu achar aquele que a matou.

Sento na beirada da pequena cama de solteiro de uma pequena pensão em que moro atualmente. Não é lá grande coisa, mas tudo bem.

__Você estava chorando muito e estava gritando, então te acordei!" - minha colega de quarto, Caroline, me olha preocupada. Ela é uma boa amiga, uma ex-modelo que acabou aqui depois de ser enganada por seu agente e namorado.

__Tudo bem, obrigada!" - dou um meio sorriso.

__Você parece bem cansada, está tudo bem?" - ela me encara

__Sim, estou bem, não se preocupe!" - Respondo, tentando esconder minha ansiedade. "Amanhã, vou encontrar o cara que será a chave para o fim desse sofrimento. Depois de vários anos seguindo pistas falsas, finalmente o encontrei. O problema é que esse homem é Matteo Lombardi, o mafioso mais poderoso do país. Para me aproximar, não será fácil. Vou ter que usar a única arma que tenho a meu favor... o meu corpo. Pessoas apaixonadas tendem a abaixar a guarda, e é assim que vou descobrir o que quero."

Tenho investigado esse homem, sei que tipo de mulher ele gosta, conheço os lugares que frequenta, e estou ciente de que é sempre cauteloso e rodeado de seguranças.

Não será fácil, mas tenho planejado isso por um ano, então estou preparada. Só preciso mudar meu cabelo de preto para loiro, já que ele sempre sai com loiras. Meus olhos são azuis, iguais aos da minha mãe, então acho que não vou precisar usar lentes. Depois disso, irei para o bar onde ele costuma estar aos sábados, sempre às 20:00 em ponto. Ele pede um uísque e sai por volta das 12:00. Sempre vai para um hotel com uma mulher, às vezes até duas. Portanto, tenho que ser a mais sedutora de todas, porque se não, ele não vai me notar.

__Isabella, está aí?" - Caroline balança a mão na frente do meu rosto. Fiquei tão concentrada no plano que me perdi em meus pensamentos.

__Hã, desculpe, o que você estava falando?" - Encosto-me na parede ao lado da cama.

__Eu estava falando que você deveria ir ao médico, parece doente."

__Eu já disse que estou bem, eu só preciso dormir um pouco!" - Digo, deitando-me. Caroline é uma boa pessoa, não preciso envolvê-la nos meus problemas.

Preciso dormir para poder seguir meu plano à risca. Tudo depende de como vou conseguir chamar a atenção dele. Preciso ser cativante e muito sexy.

Absorta em pensamentos, acabo adormecendo e só acordo quando o despertador toca. Felizmente, Caroline tem um sono pesado. Levanto-me um pouco, pego o telefone e vejo que são 3:00 da madrugada. É o momento perfeito para sair sem que ninguém faça muitas perguntas. Já fiquei aqui por muito tempo, então preciso ir agora.

Visto minha calça jeans surrada, uma regata branca e um moletom preto. Pego minhas coisas e saio sem olhar para trás. Se quero vingança, preciso deixar de lado os sentimentos que me enfraquecem. O que me motiva é o ódio, e é tudo de que preciso agora.

Após vários anos trabalhando em diversos empregos temporários, consegui juntar o dinheiro necessário para o meu plano. Agora só preciso executá-lo.

23 de abril de 2022

Nova York, 14:00 da tarde

Após sair da pensão e pegar dois ônibus, finalmente cheguei ao lugar que me transformará naquela que fisgará o coração de pedra do criminoso mais poderoso deste país.

Entro no shopping e procuro algum salão de beleza para tingir meu cabelo. Escolho o salão mais luxuoso que encontro, mesmo com as funcionárias me olhando como se eu não tivesse dinheiro para pagar. Isso não me interessa agora; estou muito focada para me importar com o que os outros acham de mim.

__Olá, como posso ajudá-la?" - A atendente tenta disfarçar seu desprezo.

__Gostaria de tingir meu cabelo de loiro."

__Tudo bem, por aqui." Ela me mostra uma cadeira em frente ao espelho. Em algum momento, achei que ela me mandaria embora.

__Fique à vontade, a senhorita Mary já vem atendê-la."

Após esperar 20 minutos, sou finalmente atendida.

__Desculpe a demora, querida." Uma senhora de meia-idade, vestida luxuosamente, vem em minha direção.

__Então, como posso te ajudar hoje?" Ela para atrás de mim e mexe nos meus longos cabelos pretos.

__Como disse para sua funcionária, quero ficar loira." A fito através do grande espelho.

__Hmm, isso será o suficiente?" - Ela pergunta, e eu a encaro confusa.

__Você deveria cortar o seu cabelo, olhe essas pontas duplas!" - Ela aponta para as pontas do meu cabelo.

__Se você confiar em mim, vou te transformar na mulher mais linda que você já viu!"

__Você consegue fazer isso?"

__Com essa pele de porcelana e esses olhos azuis, isso vai ser fácil!"

___Meninas, levem-na para lavar o cabelo, é hora de fazer um milagre!" - Ela faz sinal para as empregadas do salão.

Depois de horas sentada, observando-as cortarem e pintarem meu cabelo, ela finalmente termina.

___Pronto! Foi difícil, mas eu consegui. Você está pronta?" - Ela gira a cadeira em direção ao espelho.

Não consigo acreditar no que vejo. Meu cabelo está em um tom de loiro bem claro, e essas ondas... Estou linda. Nem parece que meu cabelo já foi preto.

___O que achou?"

___Está incrível. Não imaginei que pudesse ficar tão bonita assim!" - Eu me fito no espelho sem acreditar que aquela sou eu.

___Que bom que gostou!" - Ela segura meus ombros.

___Obrigada!" - Sorrio para a senhora atrás de mim.

Após pagar e sair do salão, é hora de mudar o visual. Preciso de roupas muito elegantes, pois preciso chamar a atenção. Entro em uma loja de roupas de luxo e começo a olhar as peças.

___Como posso ajudar?" - A vendedora parece mais educada do que a do salão.

__Quero vários vestidos, bolsas e sapatos, os mais bonitos e elegantes que você tiver."

__Tudo bem, me siga!" - Ela me guia em direção às seções de vestidos.

Ela me mostra várias opções, e eu compro todos, porque são simplesmente lindos.

Depois de comprar tudo o que a vendedora me mostrou, saio do shopping e vou em direção ao hotel onde estou hospedada. Preciso adotar uma persona de luxo para poder me aproximar.

**18:00 horas

Hotel Palace**

Após um banho prolongado na banheira, retorno ao quarto chique. Estou acostumada com pensões baratas, então não consigo me acostumar com o tamanho do quarto. Depois de muita indecisão, finalmente escolho minha roupa. É um vestido vermelho sangue longo com uma fenda na lateral. Visto-o e, em seguida, coloco saltos pretos finos. Em meu pescoço, coloco o único bem que sobrou do que minha mãe me deixou: uma gargantilha de diamante que meu pai deu de presente para ela no dia de seu aniversário. Para combinar com o colar, coloco brincos um pouco mais simples. Pego uma pequena bolsa preta de mão e saio do grande hotel.

Pego um táxi, mas antes preciso encontrar o homem que vai me conseguir um passe para entrar. No ano em que estive investigando, nunca consegui entrar no bar. Ele é muito vigiado por seguranças, então não dá para invadir. Por isso, preciso entrar pela porta da frente, não há outra escolha.

Chego ao local do encontro com o garçom que trabalha lá dentro. Vou ter que pagar muito dinheiro a ele, mas vai valer a pena. No beco próximo ao lado do bar, já estava começando a ficar preocupada com sua demora, até sentir um toque em meu ombro.

__Aqui, tome e não esqueça. Você nunca me viu na vida!" - Ele entrega o que parece ser uma pulseira.

__Tudo bem!" - Pego e coloco no pulso.

__Você também, se algum dia você falar sobre mim, eu vou atrás de você, entendeu?" - Agarro-o pelo colarinho e o ameaço. Preciso que ele esqueça que me viu.

__Tá, tá, agora dá o meu dinheiro!" - Ele estende a mão.

___Toma!" - Pego o dinheiro e ele vai embora.

Olho ao redor para ter certeza de que não há ninguém observando e saio do beco, indo em direção à entrada do bar. Verifico meu relógio e são 19:30, faltam apenas trinta minutos para ele chegar. O segurança verifica minha pulseira e me deixa passar. Fico aliviada quando entro, mas também estou admirada. Nunca entrei em um lugar assim. O interior é luxuoso, com bancadas, muitas mesas e uma área VIP no canto, onde escolho me sentar nas bancadas.

___O que vai querer?" - Pergunta o barman.

___Um martini, por favor!" - Me ajeito no banquinho, preciso ficar alerta a qualquer momento, ele vai chegar.

Após minha primeira bebida, começa um murmúrio e olho na direção. Finalmente, é ele. Preciso fazer com que ele me note. Fixo o olhar na porta, esperando, mas não o vejo.

Tinha certeza das minhas informações. O que será que aconteceu? Calma! Respiro fundo e me concentro novamente. Ele deve estar aqui em algum lugar, só preciso procurar. Vai dar tudo certo. Com isso em mente, me levanto e começo a andar pelo salão.

Olho em cada canto e não o vejo. O desespero começa a me atingir. Apostei tudo nesse dia, não pode terminar assim. Preciso encontrá-lo agora!

___Quer companhia?" - Ouço uma voz grossa atrás de mim.

Me viro assustada. Por um momento, pensei que fosse ele, mas era apenas mais um estranho. Não posso ficar perdendo meu tempo aqui. Preciso ir. Decidida a ignorá-lo, começo a andar, mas um aperto em meu braço me impede.

___Vai me ignorar, é?" - Ele tem cheiro forte de álcool e parece ser rico pelas roupas caras.

___Desculpe, mas estou esperando alguém!" - Tento me afastar, mas ele aperta mais forte.

___Ah, mas eu não estou vendo ninguém aqui. Até ele chegar, você vai fazer companhia para mim!" - Ele aproxima o rosto do meu.

___Por favor, me solta!" - Meu braço dói.

___Se fazendo de difícil, hein? Eu até gosto disso. Vem cá!" - Ele tenta me beijar, mas começo a me debater. Era para eu estar seguindo o plano, mas está dando tudo errado. Olho ao redor, todos estão olhando, mas ninguém faz nada. Esses ricos acham que são quem para humilhar as pessoas? Eu os odeio. Estava perdendo as forças quando o cara que estava me agarrando é jogado para trás.

__A moça não quer você, não ouviu?" - Desta vez, a voz parece ser elegante, mas ao mesmo tempo forte. Olho na direção da voz e não acredito no que estou vendo... É ele.