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O esfregão deslizou como se tivesse memória própria, arrastando consigo restos de sujeira, cera velha e uma mancha escura que parecia não querer desaparecer. Amélia não sabia se era sangue ou vinho tinto seco, mas esfregou com raiva reprimida, como se pudesse apagar sua história junto com aquela mancha.
O mármore branco refletia um pálido reflexo dela: a camisa de empregada com as mangas arregaçadas, a trança caindo para um lado, os joelhos vermelhos de esfregar. O cheiro do desinfetante queimou minhas narinas e não deixou espaço para pensamentos... mas pensei mesmo assim.
Nele.
Em seu pai.
A última vez que ela o viu, ele estava bêbado na porta do quarto de sua mãe, implorando para que ela lhe emprestasse o pouco dinheiro que guardavam na caixa de remédios.
Sobre como ele desapareceu na manhã seguinte.
No pesado silêncio que ele deixou para trás.
O celular vibrou no bolso do avental dela.
Ele o retirou com as mãos molhadas e pingou um pouco de água com sabão na tela.
"Eles o viram. Seu pai. Ele saiu da cidade. Ele deve dinheiro a pessoas importantes. Dizem que estão procurando por você."
Amélia sentiu sua medula congelar.
Suas pernas tremiam.
O pano escorregou por entre suas mãos.
Por um segundo, o mundo inteiro pareceu se inclinar em sua direção.
-Não, não, não, não...
Ele olhou para os dois lados do corredor de serviço. Eu não conseguia respirar. Eu não conseguia pensar. Só um pensamento lhe passou pela cabeça: Preciso sair daqui. Preciso ver Isabelita.Tenho que avisar Elena.
Ele deixou o balde e o esfregão espalhados por aí. Pegadas molhadas foram deixadas para trás enquanto ela corria. Mas em seu desespero, ele tomou o caminho errado. Ele não foi até a porta dos fundos.
Ele entrou pelo corredor principal.
Pisos de mármore brilhantes. Pinturas enormes. Espelhos dourados. Tapetes que custam mais do que suas vidas inteiras. Tudo era brilhante, tudo cheirava caro. Eu não deveria estar lá.Eu sabia.
E lá estava ele.
Luciano De la Vega.
Camisa branca, impecável, cabelos loiros desgrenhados de forma perfeitamente intencional, encostado em uma das colunas com um copo na mão.
Ele olhou para ela. De cima para baixo.
Como se ele não fosse uma pessoa.
Como se fosse parte do lixo que ela costumava limpar.
-E o que você está fazendo aqui?
Sua voz não era agressiva. Era pior: indiferente.
O tipo de indiferença que dói mais que um grito.
Amélia não disse nada. Senti meu coração martelando no peito, meu rosto corado, minhas bochechas molhadas de vergonha.
Ele deu um passo em direção a ela.
-Você está perdido? Porque você não entra aqui com um pano na mão.
Ela apertou os lábios. Ele engoliu em seco. Raiva e medo misturados com algo mais sombrio e antigo. Humilhação.
Ele queria conversar. Ele não conseguiu.
Claro, aqui está o trecho estendido do Capítulo 1, agora incluindo os pensamentos intensos e conflitantes de Amelia enquanto ela foge, sentindo a roda emocional de medo, vergonha e raiva tomar conta:
Luciano deu mais um passo.
Ela deu um passo para trás.
E quando suas costas tocaram a parede de gelo, por um segundo, ela não sabia se iria chorar... ou gritar na cara dele.
Mas ele não fez nenhuma das duas coisas.
Ele apenas olhou para baixo, virou-se e saiu sem pedir permissão.
Sem explicar nada.
Sem olhar para trás.
Corrido.
Os corredores se arrastavam, as portas eram borradas.
Suas pernas doíam, mas ele não parou. Eu não consegui.
E enquanto ela fugia dele, do mármore brilhante e de seus olhos arrogantes, sua mente se encheu de ruído.
"O que você está fazendo, idiota?"
"Ele viu você. Agora todo mundo vai saber."
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