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Anos atrás
Estou com fome, sinto minha meus intestinos se revirando de tanta vontade de comer, meu irmão caçula fala com minha mãe: "Estou com fome, quero comer alguma coisa",
percebo no semblante da minha mãe um misto de dor e tristeza, e ela o responde "oh meu filho vou fazer um negócio ali pra gente comer".
E aí meu coração dói, mesmo sendo tão nova, com apenas 9 anos, eu já consigo me solidarizar a dor de minha mãe. Somos humildes, minha mãe trabalha como empregada doméstica,
meu pai, bem, meu pai, não podemos contar com ele, é alcóolatra, não tem muito senso de responsabilidade com a família. Por isso minha mãe passa um perrengue, ganha tão pouco,
ai é necessário fazer revezamento entre pagar aluguel, água, luz, e comida, sim e comida também, muitas das vezes a única refeição que vamos fazer ao longo do dia será
a merenda que servem na escola, às vezes, ela faz uma marmitinha de comida lá no trabalho dela, ela deixa de comer, para fazer essa marmita escondida, e fala com a gente pra irmos lá buscar, eu sou a do meio, eu e meu irmão mais novo vamos lá na maior alegria, pegamos a marmita, e voltamos pra casa e dividimos entre nós três, eu meu irmão e minha irmã.
Meu estômago dói, mas confesso que meu coração dói ainda mais, e ali eu reflito, um dia vamos sair dessa vida.
Estava 9 para 10 anos, uma mulher estava precisando de alguém para 'ajudar', detalhe ela queria uma empregada doméstica, mas não queria o ônus de pagar, ela disse para minha mãe, que iria me ajudar nos estudos, que eu teria alimentação, e em troca eu ajudaria ela, mas em uma semana me dei conta que não era bem isso. Eu ia à escola cedo, chegava por volta do almoço, almoçava, isso era ótimo, ter comida
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