Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
APRENDENDO A AMAR ...

APRENDENDO A AMAR ...

RENATA PANTOZO

5.0
Comentário(s)
280.6K
Leituras
75
Capítulo

LIVRO 2 SEQUÊNCIA DE "PAGANDO PARA AMAR" Como amar depois de sofrer uma grande decepção? Como continuar vivendo o amor, quando nada mais faz sentido? Como amar, quando tudo não passou de uma mentira? Traumas, medos, reconquistas e recomeços. Ela precisa amar e ser amada. Ele deseja amá-la e ser amado. Ambos precisam aprender a amar.

Capítulo 1 -1

Meus olhos vão do relógio na parede da recepção, para o corredor onde uma placa indica centro cirúrgico. Já não sei quantas vezes passei minhas mãos em meu cabelo e em meu rosto. A sensação que tenho é que cai do céu direto no fogo do inferno. Fiz diversas perguntas sobre a mulher desconhecida que atenderam, mas a recepcionista não soube me responder nada. A única coisa que sabia era que a mulher foi deixada na emergência e que não se podia ver muito de seu rosto. Olho para as minhas mãos que ainda estão tremulas. Não pode ser a Fernanda. Não pode ser a minha chapeuzinho.

Fecho meus olhos e as lembranças do pior dia da minha vida voltam com tudo. Estou sentado ao lado do meu avô em um banco no hospital. Estava com ele quando ligaram avisando do acidente. Ainda me lembro do rosto do médico ao se aproximar. Me lembro de cada palavra dita por ele sobre meus pais já chegarem sem vida no hospital. Lembro da dor, do choro que engoli e da vontade de fugir dali. A dor em meu peito agora é ainda maior do que quando tinha 12 anos. Agora carrego a culpa de talvez Fernanda estar em perigo. Um movimento no corredor me chama a atenção. Um médico com o rosto coberto por uma máscara. Ele a arranca de forma irritada e solta um palavrão. Me levanto de onde estou e minhas pernas me levam até ele, já que minha mente esta em pânico. Sua irritação não é uma boa coisa. Paro a sua frente e ele me encara.

- Pode me dar licença?

- O doutor estava na cirurgia da mulher sem identificação?

- Não posso te dizer nada se não for policial ou da família.

- Minha noiva sumiu e pode ser essa mulher que acabou de ser operada.

O médico respira fundo.

- Se for mesmo sua noiva, sinto muito...

Suas palavras são como uma faca cravada em meu coração.

- Infelizmente ela não suportou a cirurgia e veio a óbito.

Me sinto sufocado e a dor no peito é insuportável. Me apoio na parede e tento desesperadamente buscar o ar.

- O senhor esta bem?

Quero gritar que não, mas as lágrimas que agora tomam meu rosto lhe confirmam o que não consigo dizer.

- Sinto muito!

- Quero vê-la!

- Estão fechando o corpo e...

- Por favor! Preciso ver com meus olhos se é a minha Fernanda.

Imploro, me agarrando a um fio de fé que ainda me mantém de pé.

- Por favor! Só preciso reconhecer o corpo.

- Me dê alguns minutos. Vou ver se já terminaram e venho te buscar.

- Obrigado!

Continuo escorado na parede, enquanto o médico se afasta. Fecho meus olhos e imploro a Deus que não seja Fernanda.

*****************

Em pouco tempo ele volta e em sua mão tem uma máscara.

- Coloque isso.

Pego a máscara e minhas mãos estão mais tremulas ainda. Coloco e o sigo até a sala de cirurgia. Abre a porta e minhas pernas não se movem. Medo, desespero e todos os sentimentos horríveis me tomam agora.

- Precisa entrar, o corpo não ficará aqui na sala por muito tempo.

Dou pequenos passos para dentro da sala. Vejo o corpo coberto sobre a mesa de cirurgia.

- Ela possui alguma marca de cicatriz ou tatuagem?

Minha mente detalha cada parte do corpo da Fernanda.

- Não!

- Infelizmente terei que te mostrar a parte mais afetada de seu corpo e não será uma boa visão.

Respiro fundo e tento engolir o nó que se forma em minha garganta.

- Tudo bem!!

Minto, pois não esta nada bem. Me aproximo de onde ele esta e o observo segurar a barra do lençol.

- Não foque muito nos machucados, foque em algo marcante.

Seus olhos são a parte mais marcante e que mais amo nela. Sua boca! Focarei em seus lábios atrevidos que sempre me provocaram.

- Pronto?

- Sim...

Ele puxa o lençol e meus olhos encontram a região da boca e não posso evitar de ver o rosto todo machucado.

- Merda!

Me viro rapidamente e me curvo, apoiando as mãos no joelho, segurando a vontade de vomitar.

- Não é ela... Não é a minha Fernanda.

Digo entre as puxadas de ar que dou para não vomitar.

- Então ainda existe esperança pra você lá fora, mas infelizmente alguém perdeu uma esposa, uma namorada ou uma filha.

Me ergo de volta e sinto seu toque em meu braço.

- Vamos sair daqui.

Saio da sala e retiro minha máscara.

- Espero que encontre sua noiva.

- Obrigada por me liberar pra ver o corpo.

- Só não conte que fiz isso, perderia meu emprego.

- Não direi.

****************

Saio do hospital um pouco mais tranquilo, mas ainda me preocupa seu desaparecimento. Talvez ela tenha sido mesmo sequestrada e José é a primeira pessoa que me vem à mente. Entro no carro e encaro o volante. Existe a possibilidade de ter voltado para o apartamento, pedido carona ou algo assim. Ligo o carro e sigo para o apartamento dela.

******************

Direciono a frente do carro para a garagem, mas o portão não se abre para mim. Buzino e nada de abrir. Abro a porta do carro e vejo um dos porteiros vir em minha direção.

- Preciso entrar.

- Sinto muito, mas o senhor esta proibido de entrar no prédio.

Fernanda! Estou sorrindo feito um idiota. Se ela me proibiu é porque esta bem. Preciso ter certeza.

- Quem me proibiu?

- O Sr. Hernandes.

Meu sorriso some.

- Ele acabou do nos avisar que a Srta. Hernandes sumiu e nos disse que o senhor é o principal suspeito.

Filho da puta! Ele acha mesmo que eu faria isso? O filho da mãe ainda disse a polícia essa merda. Agora eles vão colar em mim e com a porra da minha ficha, vão achar mesmo que fui eu. Entro no carro e deixo o porteiro falando sozinho. Minha vontade é de ir tirar satisfações com Rubens, mas sei que isso só ferraria ainda mais minha vida com a polícia. Tiro o carro de frente da garagem e saio pela rua sem saber para onde ir. Minha vida esta de cabeça pra baixo e não sei de verdade o que fazer. Só queria ela aqui, na minha frente e bem. Mesmo me odiando, mesmo não ficando comigo. Só quero ela bem.

*****************

Encosto o carro e ligo pra única pessoa que pode me ajudar, agora.

- Bernardo!

- Flávio, preciso da sua ajuda.

- O que houve?

- Fernanda...

O nome dela já é um alerta pra ele.

- O que aconteceu?

- Preciso falar com você pessoalmente.

- Vem pra minha casa, estou te esperando.

Desliga e rapidamente uma mensagem com seu endereço surge em meu celular.

*****************

Estou sentado de frente pro Flávio, que esta calado há mais de dez minutos. Contei a ele tudo sobre abelhinha, Fernanda e eu. E a pior parte de Fernanda estar desaparecida.

- Me diz alguma coisa.

- Caralho!

Diz e respira fundo.

- Fernanda não faria nada contra a própria vida.

- Não sei, Flávio. Se tivesse visto seus olhos como eu vi, não teria tanta certeza.

Me olha assustado.

- Vamos procurar por ela em toda a cidade, em algum lugar deve estar.

- Então me ajude a encontrá-la.

- Vamos percorrer os hospitais!

****************

20 DIAS DEPOIS

Encaro a enorme parede desenhada e escrita a minha frente. Escuto batidas na porta.

- Entra!

Vejo Flávio entrar com uma bandeja. Meu estomago revira só de sentir o cheiro da comida.

- Não faz essa cara, você precisa comer.

- Não estou com fome.

- Faz vinte dias que vive só de água e café. Não te vejo comer nada.

- Comi uma maçã ontem.

Digo voltando a encarar a parede. Marquei os pontos em Santos que já procurei por ela. Círculo agora apenas duas regiões onde ainda não fui e Flávio para ao meu lado.

- Não me conformo do pai dela não ter o mesmo desespero que você.

- Ele é um merda.

Digo irritado.

- Pelo menos a polícia parou de te investigar.

- Parou de investigar tudo. Graças ao poderoso Hernandes, eles acham que Fernanda esta bêbada em algum lugar por ai, curtindo a vida. Ele disse a polícia que Fernanda vive sumindo e que bebe muito.

Meu celular começa a tocar.

- Não vai atender?

- Não! Deve ser Liz e não sei mais o que dizer a ela, que mentira contar.

- Pare de mentir! Talvez o poder dela seja útil nas investigações.

Olho para Flávio.

- Não posso arriscar o coração dela. Não sei se suportaria.

O celular para de tocar e o apito de uma mensagem chega. Ando até meu celular e abro a mensagem. É de um número desconhecido.

De: Desconhecido

Para: Bernardo

Favor me encontrar no endereço a seguir.

Vejo o endereço, é do prédio que Fernanda e eu queríamos comprar do Vinicius, mas não chegamos a fechar o acordo. Talvez seja alguma secretária dele pedindo para ir ao local. Clico em responder, para dizer que não posso no momento, mas então me lembro do andar de vidro, da Fernanda.

- Preciso sair!

Digo a Flávio pegando minhas chaves.

- Onde vai? Você precisa comer.

Grita e corro para fora da casa, entrando no carro. Ter lembranças dela pode me deixar menos surtado, talvez consiga pensar em algo. O andar de vidro é o único lugar que tenho acesso e que tem lembranças nossas.

***************

Paro o carro em frente ao prédio. Tudo parece vazio e nem o segurança esta na porta. Saio do carro e sigo pra entrada. A porta esta aberta, assim como as do elevador que está ligado.

Entro e não vejo ninguém.

- Vinicius...

O grito e nada. Talvez esteja no andar de vidro. Entro no elevador e vou ao painel de acesso ao andar. Lembro da senha, já que Fernanda digitou na minha frente. Digito e as portas se fecham. Meu coração acelera com a subida e me sinto ansioso, como se as portas fossem abrir e eu fosse vê-la me esperando. Fecho meus olhos, tentando afastar esse sonho. O elevador para e as portas se abrem. Abro meus olhos e meu coração para de bater por segundos. Dou um passo pra frente, sentindo meus olhos nublados pelas lágrimas. Ela se vira e me olha.

- Fernanda...

Continuar lendo

Outros livros de RENATA PANTOZO

Ver Mais

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro