O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A esposa em fuga do CEO
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
A ex-mulher muda do bilionário
Acabando com o sofrimento de amor
onsulta com a Dra. Barbee. Almoço com Lily. Pegar a roupa na lavanderia. Passar no hospital
Cpara dar um beijo em Mickey. Eu estava deitada na mesa de exames, congelando, contando meus
compromissos do dia nos dedos enquanto aguardava. Charlotte Barbee dissera que voltaria logo para
terminar o exame, mas vários minutos tinham se passado. Contei nos dedos de novo. Almoço.
Lavanderia. Mickey. Havia alguma outra coisa, mas não consegui me lembrar o quê. Na verdade, não
conseguia ir além de Mickey. Fazia seis dias que ele estava lá – mas, é claro, muitos dias antes ele já
não era realmente o Mickey. Hoje de manhã, porém, ele me pareceu ótimo, quase o mesmo de
sempre.
Charlotte entrou apressada, pedindo desculpas.
– Droga de plano de saúde! Eles acham que não tenho mais o que fazer... – Ela bufou e depois
suspirou. – Onde estávamos, Lucy?
Num instante voltei à posição anterior, os pés descalços apoiados com firmeza nos estribos de
metal da mesa ginecológica, congelados como o restante do meu corpo.
– Por que todo esse frio aqui dentro, Charlotte? Isso é maldade.
Ela não respondeu, então levantei a cabeça do travesseiro e vi seu rosto entre meus joelhos
dobrados. Ela estava ajustando um par de afastadores para ter uma visão melhor daquilo que, na
minha opinião, jamais deveria ser visto.
– Então, como vai Mickey esta semana? – indagou Charlotte, ignorando meu comentário sobre a
temperatura.
– Melhor do que na semana passada – respondi, retesando-me em reação ao seu toque.
– Ele continua no hospital?
– Continua. Mas vai poder ir para casa na sexta, se estiver bem. E espero que esteja!
Charlotte Barbee abriu seu sorriso compreensivo.
– Há quanto tempo vocês estão casados?
– Quase onze anos.
– Não pode ser. Como o tempo passou tão depressa? Agora respire fundo.
Respirar fundo me fez tossir e então me lembrei: comprar pastilhas para a tosse.
Aquele era o meu checkup anual e Charlotte Barbee não podia ser mais meticulosa. Sabia o que
procurar e, se encontrasse alguma coisa, eu veria em seu rosto – como vira antes. Para um
observador desinformado, talvez parecesse apenas um exame de rotina comum, mas a verdade era
mais complicada. Eu estava sendo virada do avesso em busca de uma recorrência do câncer. Tivera
o primeiro episódio da doença sete anos antes, aos 26. A patologia me situava não na coluna das
mulheres adultas saudáveis, mas na coluna mais delicada das sobreviventes de câncer – quer dizer,
pelo menos até eu ter completado cinco anos sem recidivas. Respiro com mais facilidade agora que
estou na coluna saudável com minhas duas irmãs. O mesmo câncer que levou nossa mãe e nossa avó
ameaça também Lily, Priscilla e a mim. Com esses genes instáveis correndo em nosso sangue, somos
todas muito vigilantes, sobretudo a Dra. Barbee, em quem depositamos nossa confiança.
Lily se ofereceu para ir à consulta comigo, para me dar apoio moral, mas, honestamente, esses
checkups são mais difíceis para minha irmã do que para mim, por isso dispensei sua generosidade.
Lily é a mais preocupada de nós três, e seu maior medo é me ver adoecer de novo. Hoje em dia,
quando se trata de exames médicos, ela se prepara para o pior, rezando o tempo todo para ouvir as
palavras mágicas da boca de Charlote: está tudo ótimo. Essa declaração equivale a ganhar na loteria
e, até ouvi-la, Lily tem a convicção de que uma preocupação dedicada é a garantia de um bom
resultado.
Quanto a mim, só espero ter mais tempo. Durante cinco anos me dei por feliz de receber a vida em
porções semestrais, pelas quais eu agradecia e comemorava como se tivesse passado a perna no
destino. Agora, se eu for considerada saudável nos checkups anuais, terei direito a nacos maiores de
tempo. Hoje é o meu segundo checkup anual, e devo dizer que doze meses dão de dez em seis. Ainda
assim, minha rotina é a mesma – recebo a boa notícia, agradeço a Deus e sigo em frente com a minha
vida. Mas só até chegar a hora de me preparar para a consulta seguinte e pesar mais uma vez as
estatísticas, que são desoladoras. Ao voltar, o câncer costuma se mostrar vingativo. Se sinto o medo
me dominar, o que acontece de vez em quando, eu o espanto com as palavras que ouvi do meu pai há
muito tempo.
Às vezes me pergunto se ele fazia ideia de que eu levaria sua sabedoria tão a sério. Mas, por causa
dela, a morte, no fim das contas, não me apavora. De estar morrendo, porém, não posso dizer o
mesmo. Já passei por isso antes e não me saí bem. Observar as pessoas que amo, o pavor nos olhos
de Mickey... Agradeço a Deus todos os dias por termos superado isso, pois descobri que sou muito
melhor em deixar partir do que em aceitar que me deixem partir.
– Preciso só de uma amostra de urina e você está liberada – disse Charlotte, trazendo-me de volta
ao presente.
– Então, está tudo bem comigo?
Pousando as duas mãos fortes e habilidosas em meus ombros, ela cravou os olhos nos meus:
– Vamos mandar todas as suas amostras para o laboratório e eles me ligarão dizendo que você está
ótima.
– Eu sabia. Quer dizer que não devo me preocupar com o cansaço?
– Lucy, eu estou cansada. Cansaço não é privilégio seu – queixou-se ela.
– E essa coceira na garganta?
– Abra a boca. – Ela me examinou com o auxílio de um abaixador de língua. – Não vejo nada que
me preocupe aqui. Há quanto tempo você está tossindo?
– Não sei. Alguns dias, acho.
– Vou colher uma amostra para ver se não há estreptococos, só para garantir.
– Você é uma médica maravilhosa – comentei, depois de quase me engasgar enquanto ela colhia a
amostra para o exame.
– Tento ser. – Ela pôs a amostra num pequeno frasco de plástico e sorriu para mim. – Tudo certo.
Agora vista essa camisola e vá fazer a mamografia.
– Maravilha – falei, com sarcasmo.
Ter meus pequenos seios imprensados no mamógrafo e examinados em busca de mudanças
microscópicas era a pior parte dessa provação. O câncer começa numa única célula, que recruta as
células à sua volta para a rebelião e depois sai vandalizando a vizinhança. Uma vez detectados
pontinhos numa mamografia, o dano já teve início. Charlotte ergueu meu queixo com o dedo e me
olhou como se lesse meus pensamentos.
– Lucy, eu ligarei se precisarmos conversar, mas não estou preocupada. Então não se assuste se eu
telefonar só para bater papo.
Assenti.
– Certo. Ótimo. Vamos jantar na semana que vem.
Do outro lado do corredor, forcei-me a conversar com Aretha enquanto ela manipulava meus seios
como se fossem massa de pão. Ela é a única técnica em mamografia de Brinley, por isso deve
conhecer os peitos da nossa pequena comunidade melhor do que suas donas. É uma mulher alta,
atlética e totalmente profissional. Fico imaginando o que ela deve pensar quando nos vê fora da
clínica, tocando nossas vidinhas cotidianas. Será que reconhece nossos peitos antes de registrar
nosso rosto?
Gosto de Aretha. Seu filho, Bennion, foi meu aluno de história e eu sabia que ela monitorava seus
deveres de casa. Pensei em lhe agradecer por isso, mas, como já falei, ela é o profissionalismo em
pessoa. Desde que comecei a fazer esses exames, Aretha nunca me disse nada até terminar seu
trabalho, e hoje não era uma exceção.
– Prontinho, Lucy. É sempre um prazer ver você. Benny adorava suas aulas.
– Ele é um bom aluno. Você deve ficar orgulhosa.
– Fico, sim.
Vesti-me e comecei a escovar meu cabelo comprido. Perdi um pouco a noção do que fazia, olhando
pelo espelho à procura dela. Preciso fazer isso em todos os checkups – é parte do ritual. Procuro
sinais de que a Morte esteja à espreita num canto, no espelho, de pé atrás de mim, ou flutuando em
torno do meu campo de visão. Mas não há nada, o que é muito reconfortante – ainda mais com as
palavras mágicas da Dra. Barbee.
Depois de pronta, fui a pé até o Damian’s, onde combinei de me encontrar com Lily para almoçar.
A caminhada, com o sol e a brisa morna no meu rosto, foi uma delícia. Adoro morar aqui. Brinley,
Connecticut, é uma cidadezinha onde se pode chegar a praticamente qualquer lugar em menos de