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Capítulo

GERALDO JORDÃO PEREIRA (1938-2008) começou sua carreira aos 17 anos, quando foi trabalhar com seu pai, o célebre editor José Olympio, publicando obras marcantes como O menino do dedo verde, de Maurice Druon, e Minha vida, de Charles Chaplin. Em 1976, fundou a Editora Salamandra com o propósito de formar uma nova geração de leitores e acabou criando um dos catálogos infantis mais premiados do Brasil. Em 1992, fugindo de sua linha editorial, lançou Muitas vidas, muitos mestres, de Brian Weiss, livro que deu origem à Editora Sextante. Fã de histórias de suspense, Geraldo descobriu O Código Da Vinci antes mesmo de ele ser lançado nos Estados Unidos. A aposta em ficção, que não era o foco da Sextante, foi certeira: o título se transformou em um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos. Mas não foi só aos livros que se dedicou. Com seu desejo de ajudar o próximo, Geraldo desenvolveu diversos projetos sociais que se tornaram sua grande paixão. Com a missão de publicar histórias empolgantes, tornar os livros cada vez mais acessíveis e despertar o amor pela leitura, a Editora Arqueiro é uma homenagem a esta figura extraordinária, capaz de enxergar mais além, mirar nas coisas verdadeiramente importantes e não perder o idealismo e a esperança diante dos desafios e contratempos da vida.

Capítulo 1 O Arqueiro

onsulta com a Dra. Barbee. Almoço com Lily. Pegar a roupa na lavanderia. Passar no hospital

Cpara dar um beijo em Mickey. Eu estava deitada na mesa de exames, congelando, contando meus

compromissos do dia nos dedos enquanto aguardava. Charlotte Barbee dissera que voltaria logo para

terminar o exame, mas vários minutos tinham se passado. Contei nos dedos de novo. Almoço.

Lavanderia. Mickey. Havia alguma outra coisa, mas não consegui me lembrar o quê. Na verdade, não

conseguia ir além de Mickey. Fazia seis dias que ele estava lá – mas, é claro, muitos dias antes ele já

não era realmente o Mickey. Hoje de manhã, porém, ele me pareceu ótimo, quase o mesmo de

sempre.

Charlotte entrou apressada, pedindo desculpas.

– Droga de plano de saúde! Eles acham que não tenho mais o que fazer... – Ela bufou e depois

suspirou. – Onde estávamos, Lucy?

Num instante voltei à posição anterior, os pés descalços apoiados com firmeza nos estribos de

metal da mesa ginecológica, congelados como o restante do meu corpo.

– Por que todo esse frio aqui dentro, Charlotte? Isso é maldade.

Ela não respondeu, então levantei a cabeça do travesseiro e vi seu rosto entre meus joelhos

dobrados. Ela estava ajustando um par de afastadores para ter uma visão melhor daquilo que, na

minha opinião, jamais deveria ser visto.

– Então, como vai Mickey esta semana? – indagou Charlotte, ignorando meu comentário sobre a

temperatura.

– Melhor do que na semana passada – respondi, retesando-me em reação ao seu toque.

– Ele continua no hospital?

– Continua. Mas vai poder ir para casa na sexta, se estiver bem. E espero que esteja!

Charlotte Barbee abriu seu sorriso compreensivo.

– Há quanto tempo vocês estão casados?

– Quase onze anos.

– Não pode ser. Como o tempo passou tão depressa? Agora respire fundo.

Respirar fundo me fez tossir e então me lembrei: comprar pastilhas para a tosse.

Aquele era o meu checkup anual e Charlotte Barbee não podia ser mais meticulosa. Sabia o que

procurar e, se encontrasse alguma coisa, eu veria em seu rosto – como vira antes. Para um

observador desinformado, talvez parecesse apenas um exame de rotina comum, mas a verdade era

mais complicada. Eu estava sendo virada do avesso em busca de uma recorrência do câncer. Tivera

o primeiro episódio da doença sete anos antes, aos 26. A patologia me situava não na coluna das

mulheres adultas saudáveis, mas na coluna mais delicada das sobreviventes de câncer – quer dizer,

pelo menos até eu ter completado cinco anos sem recidivas. Respiro com mais facilidade agora que

estou na coluna saudável com minhas duas irmãs. O mesmo câncer que levou nossa mãe e nossa avó

ameaça também Lily, Priscilla e a mim. Com esses genes instáveis correndo em nosso sangue, somos

todas muito vigilantes, sobretudo a Dra. Barbee, em quem depositamos nossa confiança.

Lily se ofereceu para ir à consulta comigo, para me dar apoio moral, mas, honestamente, esses

checkups são mais difíceis para minha irmã do que para mim, por isso dispensei sua generosidade.

Lily é a mais preocupada de nós três, e seu maior medo é me ver adoecer de novo. Hoje em dia,

quando se trata de exames médicos, ela se prepara para o pior, rezando o tempo todo para ouvir as

palavras mágicas da boca de Charlote: está tudo ótimo. Essa declaração equivale a ganhar na loteria

e, até ouvi-la, Lily tem a convicção de que uma preocupação dedicada é a garantia de um bom

resultado.

Quanto a mim, só espero ter mais tempo. Durante cinco anos me dei por feliz de receber a vida em

porções semestrais, pelas quais eu agradecia e comemorava como se tivesse passado a perna no

destino. Agora, se eu for considerada saudável nos checkups anuais, terei direito a nacos maiores de

tempo. Hoje é o meu segundo checkup anual, e devo dizer que doze meses dão de dez em seis. Ainda

assim, minha rotina é a mesma – recebo a boa notícia, agradeço a Deus e sigo em frente com a minha

vida. Mas só até chegar a hora de me preparar para a consulta seguinte e pesar mais uma vez as

estatísticas, que são desoladoras. Ao voltar, o câncer costuma se mostrar vingativo. Se sinto o medo

me dominar, o que acontece de vez em quando, eu o espanto com as palavras que ouvi do meu pai há

muito tempo.

Às vezes me pergunto se ele fazia ideia de que eu levaria sua sabedoria tão a sério. Mas, por causa

dela, a morte, no fim das contas, não me apavora. De estar morrendo, porém, não posso dizer o

mesmo. Já passei por isso antes e não me saí bem. Observar as pessoas que amo, o pavor nos olhos

de Mickey... Agradeço a Deus todos os dias por termos superado isso, pois descobri que sou muito

melhor em deixar partir do que em aceitar que me deixem partir.

– Preciso só de uma amostra de urina e você está liberada – disse Charlotte, trazendo-me de volta

ao presente.

– Então, está tudo bem comigo?

Pousando as duas mãos fortes e habilidosas em meus ombros, ela cravou os olhos nos meus:

– Vamos mandar todas as suas amostras para o laboratório e eles me ligarão dizendo que você está

ótima.

– Eu sabia. Quer dizer que não devo me preocupar com o cansaço?

– Lucy, eu estou cansada. Cansaço não é privilégio seu – queixou-se ela.

– E essa coceira na garganta?

– Abra a boca. – Ela me examinou com o auxílio de um abaixador de língua. – Não vejo nada que

me preocupe aqui. Há quanto tempo você está tossindo?

– Não sei. Alguns dias, acho.

– Vou colher uma amostra para ver se não há estreptococos, só para garantir.

– Você é uma médica maravilhosa – comentei, depois de quase me engasgar enquanto ela colhia a

amostra para o exame.

– Tento ser. – Ela pôs a amostra num pequeno frasco de plástico e sorriu para mim. – Tudo certo.

Agora vista essa camisola e vá fazer a mamografia.

– Maravilha – falei, com sarcasmo.

Ter meus pequenos seios imprensados no mamógrafo e examinados em busca de mudanças

microscópicas era a pior parte dessa provação. O câncer começa numa única célula, que recruta as

células à sua volta para a rebelião e depois sai vandalizando a vizinhança. Uma vez detectados

pontinhos numa mamografia, o dano já teve início. Charlotte ergueu meu queixo com o dedo e me

olhou como se lesse meus pensamentos.

– Lucy, eu ligarei se precisarmos conversar, mas não estou preocupada. Então não se assuste se eu

telefonar só para bater papo.

Assenti.

– Certo. Ótimo. Vamos jantar na semana que vem.

Do outro lado do corredor, forcei-me a conversar com Aretha enquanto ela manipulava meus seios

como se fossem massa de pão. Ela é a única técnica em mamografia de Brinley, por isso deve

conhecer os peitos da nossa pequena comunidade melhor do que suas donas. É uma mulher alta,

atlética e totalmente profissional. Fico imaginando o que ela deve pensar quando nos vê fora da

clínica, tocando nossas vidinhas cotidianas. Será que reconhece nossos peitos antes de registrar

nosso rosto?

Gosto de Aretha. Seu filho, Bennion, foi meu aluno de história e eu sabia que ela monitorava seus

deveres de casa. Pensei em lhe agradecer por isso, mas, como já falei, ela é o profissionalismo em

pessoa. Desde que comecei a fazer esses exames, Aretha nunca me disse nada até terminar seu

trabalho, e hoje não era uma exceção.

– Prontinho, Lucy. É sempre um prazer ver você. Benny adorava suas aulas.

– Ele é um bom aluno. Você deve ficar orgulhosa.

– Fico, sim.

Vesti-me e comecei a escovar meu cabelo comprido. Perdi um pouco a noção do que fazia, olhando

pelo espelho à procura dela. Preciso fazer isso em todos os checkups – é parte do ritual. Procuro

sinais de que a Morte esteja à espreita num canto, no espelho, de pé atrás de mim, ou flutuando em

torno do meu campo de visão. Mas não há nada, o que é muito reconfortante – ainda mais com as

palavras mágicas da Dra. Barbee.

Depois de pronta, fui a pé até o Damian's, onde combinei de me encontrar com Lily para almoçar.

A caminhada, com o sol e a brisa morna no meu rosto, foi uma delícia. Adoro morar aqui. Brinley,

Connecticut, é uma cidadezinha onde se pode chegar a praticamente qualquer lugar em menos de

quinze minutos a pé. Do ancoradouro até "o centrinho" – a versão local de uma praça municipal –

são pouco mais de três quilômetros, e as ruas paralelas que formam nossos bairros se estendem

apenas por mais um quilômetro e meio de cada lado. Connecticut é cheio de história e charme, mas,

para mim, Brinley é o melhor de tudo: bairros antigos e respeitáveis, ruas arborizadas, aquela

política que é exclusividade de cidades pequenas, com reuniões de emergência no centrinho para

discutir o problema do cocô dos cachorros ou a necessidade de regulamentar a forma como são

enroladas as mangueiras.

Havia um monte de gente na rua e ninguém parecia muito apressado para chegar a algum lugar. Mas

talvez isso fosse apenas porque eu não tinha que ir a lugar nenhum, depois do início das férias

escolares e de ter corrigido 170 provas finais.

Vi minha vizinha Diana Dunleavy levando a neta, Millicent, para a aula de balé. A garotinha

rechonchuda fazia piruetas ao passar pelo mercadinho Mosely's em seu tutu rosa-shocking. Diana

acenou para mim.

– Millie herdou todo esse talento de mim, sabia? – gritou ela do outro lado da rua.

Caí na gargalhada ao ver a menina dar uma trombada em Deloy Rosenberg, que vinha saindo da

Sandwich Shoppe com uma refeição para viagem. Ele deixou cair a bandeja de papel, virando um

dos sacos, mas aparentemente sem grandes danos. Ainda assim, Millie escondeu o rosto enrubescido

nas dobras da saia de Diana até que o chefe de polícia de Brinley desistiu de acalmá-la e se afastou

com seu almoço. Toda vez que encontro Deloy de uniforme lembro-me do meu pai.

Avistei Lily e Jan do outro lado da rua, então atravessei em zigue-zague para alcançá-las. Jan Bates,

nossa vizinha de porta, acabou virando sogra de Lily, exatamente como eu previra na infância. O que

eu não sabia na época era que Jan se tornaria uma verdadeira mãe para mim também.

Oscar Levine martelava uma placa no portão do nosso pequeno parque quando me viu. O

homenzinho ossudo largou o martelo e gritou:

– Lucy, você vem à Festa da Savelha no sábado, certo?

– Claro que ela vem, Oscar – respondeu Lily por mim.

Jan me deu um rápido abraço e sussurrou em meu ouvido:

– Diga que sim e pronto.

– Eu não perderia a festa por nada – respondi a Oscar. – Mickey já vai estar em casa até lá e

também vem comigo.

– Beleza!

A Festa da Savelha é um ritual de primavera que acontece em todo o vale do rio Connecticut, mas

nós, moradores de Brinley, seguimos a tradição à risca. Prestamos homenagem aos peixes

supostamente ameaçados pregando-os em pranchas de carvalho em volta de uma fogueira e depois

nos empanturrando com eles. Essa é apenas uma das muitas coisas que me fazem adorar morar em

Brinley.

– Bem, preciso ir ensinar garotinhos a plantar pinheiros – disse Jan, rindo. – Não se metam em

encrenca, meninas – recomendou, dando um beijinho em cada uma de nós antes de seguir seu

caminho.

Minha irmã então se virou para mim com um sorriso grande demais que não conseguia esconder sua

ansiedade.

– E aí, como foi? – perguntou, enlaçando meu braço no dela.

– Estou ótima. Charlotte não viu nada de preocupante. E Aretha disse que meus peitos estão

fantásticos.

– É, posso ouvi-la dizendo isso.

– Na verdade, falou que estão mais bonitos que os seus.

Lily riu.

– Bom, agora sei que você está mentindo. – Minha irmã é linda, tem cabelo louro e curto, pele clara

como a de nossa mãe e, ao sol, é quase translúcida. – Então está tudo bem? – perguntou, ficando

séria.

– Tudo bem – garanti, com uma leve tossida.

Ela se inclinou, encostando a cabeça na minha, e senti um tremor de alívio em seu corpo.

– Mentirosa.

– O quê?

– Sei que é cedo demais para ter certeza.

– Talvez, mas Charlotte não me pareceu nem um pouco preocupada. Por isso também não estou.

Lily me fitou nos olhos como se buscasse uma verdade escondida. Sempre fez isso.

– Estou ótima, Lil. Sinto que estou.

Ela assentiu, mas não desviou os olhos de mim.

– Ainda bem, porque... Você sabe, Lucy, que eu me recuso a enterrá-la.

– Sei – falei, apertando sua mão.

Na esquina, George Thompson, o único florista da cidade, carregava o porta-malas de um Cadillac

com mudas de flores primaveris. Ele resmungou um cumprimento indefinido para nós enquanto

arrumava os botões, contorcendo o rosto numa careta.

– Como vai Trilby, George? – perguntou minha irmã ao nos aproximarmos. – Ela melhorou?

– Não. E anda muito ranzinza. Sabe-se lá por quê, a culpa é minha por ela ter quebrado o pé. Não

fui eu que cismei de fazer "jazznástica", caramba. Pare de rir, Lucy! Não tem a menor graça!

Lily me cutucou com o ombro e disse a George:

– Olhe só, diga a Trilby que o espelho antigo que ela encomendou já chegou. Ela pode passar para

pegar quando estiver melhor.

George parou o que estava fazendo e se empertigou. Aparentemente não sabia nada sobre um

espelho antigo. A situação parecia que ia azedar, mas Muriel Piper nos poupou do constrangimento.

– Oi, meus amores! – cacarejou. – Que dia lindo, não? Estou enlouquecendo com essas flores.

Ela deu uma gargalhada gostosa e rouca. Muriel é uma matriarca de Brinley, à beira dos 90 anos,

embora jamais admita a idade. Estava de calça jeans, um moletom com capuz e brincos de brilhantes

tão pesados que puxavam os lóbulos de suas orelhas para baixo – um modelito informal de

jardinagem, com certeza.

Muriel me apertou num abraço cuja força contradizia sua idade.

– Lucy, você está magra demais. Quero que vá lá em casa, que vou cozinhar para você. Nunca se

cuida direito quando Mickey não está bem.

– Ele vai voltar para casa na sexta-feira. E estou me alimentando muito bem.

– Só na sexta? Ele vai perder a cerimônia fúnebre de Celia amanhã.

Concordei.

– Bem, apareça com Mickey no fim de semana para eu dar um abraço nele. Adoro aquele menino. –

Então se virou para Lily. – E o seu também! Será que é possível ser mais bonito? Minha nossa!

– Vou contar a ele que você disse isso, Muriel.

– Não se atreva! Eu ficaria com vergonha! É melhor eu ir. Essas flores não vão se plantar sozinhas.

Muriel acenou para nós e arrancou com o carro, o porta-malas abarrotado de petúnias e gérberas.

Meu celular tocou no bolso e o atendi.

– Oi, Priss.

– Está tudo bem? – perguntou minha irmã mais velha, sem rodeios.

– Charlotte falou que pareço estar ótima, mas que vai ligar se os exames mostrarem algum

problema.

– Ok. Vou entrar numa reunião. Me ligue mais tarde. Quero saber de todos os detalhes. – E então

desligou.

Guardei o celular e olhei para Lily.

– Não é de espantar que ela seja uma grande advogada.

– Ela só queria saber se você está bem – disse Lily, fazendo pouco caso. – E aí? – emendou,

enquanto entrávamos no restaurante. – Mickey vai voltar para casa na sexta. Ele sabia da sua consulta

de hoje?

Balancei a cabeça, negando.

– Ele está se recuperando. Não quis falar nada até ter todas as notícias boas para dar junto.

– Você é uma boa esposa, Lu. Mic tem sorte de ter você.

Dei de ombros, dispensando o elogio e pensando que na verdade era o contrário. Depois de tudo o

que passamos, sei que hoje amo Mickey Chandler mais do que no dia em que nos casamos.

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tamborilava o tampo de vidro da mesa do escritório com uma caneta de cem dólares sem importar-me em danif ci á-la. Aquele caso estava me tirando do sério. O cliente insistia em uma ação que não tinha mérito e que não nos levaria a lugar algum - apenas a f alência do escritório. Não estava nada interessada em perder o único emprego decente que tinha conseguido desde o f im do tratamento. Já tinha pesquisado todos os precedentes possí veis e ainda não tinha encontrado uma brecha que pudesse signif icar sucesso na demanda. Meus olhos estavam cansados de tanto olhar para a tela do computador, mesmo estando de óculos o dia inteiro. Respirando f undo, levantei-me e caminhei até a cozinha. Precisava de um caf é bem forte e provavelmente os pensamentos iriam clarear. Enquanto esperava a ruidosa caf eteira preparar-me um expresso, lembrei-me da primeira vez em que pisei no Metcalf e & Matthews Advogados Associados. Tinha acabado de sair de uma clí nica de reabilitação. Nunca tinha usado drogas nem nunca tinha bebido além do admissí velem sociedade. Eu tinha dois problemas que me levaram a f icar internada para tratamento por um ano - era maní aco-depressiva e tinha tentado o suicí dioduas vezes. Na segunda vez a f amí liaachou que deveria importar-se comigo e conseguiu uma ordem judicial para me trancar em uma clí nicae f orçaruma medicação que eu não desejava. Foi um ano excelente. No iní cio, detestei o lugar e as pessoas com quem tinha que conviver. As regras eram insuportáveis. Com o passar do tempo, a compreensão do problema e o vislumbre de que sairia curada f ez com que aceitasse o tratamento. Meus antecedentes, no entanto, não auxiliaram na busca por trabalho. A f amí lianão iria me sustentar; eu já tinha vinte e nove anos, então. O namorado não iria mais me aturar depois de ter tido que lidar com meu comportamento por quase três anos. Meu único bem, um apartamento, f oi vendido para pagar o tratamento. Eu precisava de um emprego que me garantisse uma renda razoável para alugar um novo apartamento e sobreviver. - Terra chamando Layla. - A voz de Melanie me tirou do transe de vários minutos. O caf éjá estava pronto há bastante tempo, mas eu continuava divagando sobre o passado recente. - Está tudo bem com você? Melanie era a melhor amiga desde minha contratação pelo Metcalf e& Matthews. A vida tinha mudado completamente - eu era mais f eliz e tinha relacionamentos mais saudáveis. Melanie era parte f undamental naquele processo. - Sim, é o caso Gandini que está me tirando do sério. Não sei por que aceitaram esse cliente nem por que me passaram esse pepino. - Jura que não sabe? - Melanie baixou o tom de voz e também serviu-se de um caf é. - Olson não gosta de você. Ele vai f azer de tudo para te sacanear e mostrar que você não é capaz de dar conta do cargo que assumiu. - Ele tinha pretensões para a minha vaga, não é? - Recordei- me que Jeremy Olson, um advogado que estava há mais tempo no escritório, ansiava pela vaga de advogado júnior que eu consegui apenas alguns meses depois de contratada.

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O que Taylor Magnus está fazendo aqui? Me encostei na parede com a saia subindo pela minha bunda enquanto me ajeitava na áspera parede de estuque. Eu não a ajeitei. O belo anfitrião, vestido incrivelmente bem, definitivamente percebeu. Enquanto lambia os lábios e andava na minha direção, eu sabia que ele se perguntava se eu estava usando calcinha. - É o bar mitzvah do melhor amigo da filha dele. O que você está fazendo aqui? Senhorita... Ele inclinou a cabeça para baixo e leu o nome no meu crachá de imprensa. Fitzpatrick? Aprendi com o tempo a não ficar nervosa; as pessoas farejam aproveitadoras de longe. Respirei fundo para afastar o medo. - Essa é uma festa e tanto. Trabalho na coluna de sociedade, sabe? Noticiando todo mundo que é alguém. Dei meu sorriso característico, uma expressão bem ensaiada de inocência com uma pitada de sedução. - Muito ousada, você não devia estar aqui. Essa é uma festa particular! Estava claro que ele não ia me dedurar. - Não se eu for convidada. Me abaixei um pouco na parede, fazendo minha saia subir ainda mais. - Clara Fitzpatrick, disse ele, lendo meu crachá. - Um nome muito judeu... - Vem da minha mãe. Então, você acha que Taylor vai passar o projeto da educação? Aquele dá àqueles garotos uma chance real de se educar... com faculdade, alimentação e moradia gratuitos? Eu sabia que estava pressionando, mas o cara sabia muito mais do que estava dizendo. Acho que ele esperava algo do tipo. - Ele deve assinar essa noite. Tem algo a dizer? Endireitei a gravata dele, que estava realmente torta. - Quero dizer, você é o anfitrião do pós Bar Mitzvah, recebendo na própria casa uma lista de convidados muito exclusiva".

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Ela não conseguia decidir. Quando ele estava entre suas pernas, gemendo seu nome, ela não se importava. Sua mãe sempre a advertiu sobre homens como ele. O - bad boy. - O cara que vai te foder e te esquecer em um piscar de olhos. Mas quando você se apaixona por alguém, as coisas raramente são simples. Eles estavam fazendo amor ou apenas fodendo intensamente um ao outro? Ela só tinha certeza de uma coisa. Ela aproveitaria cada segundo com ele. ... e aguentaria cada centímetro. Kara: Não acredito que estou fazendo isso Kara: Estou com tanto medo, Meg Megan: Kara Megan: pense bem nisso!!! Megan: e se Max disser não?! Kara: Eu tenho que tentar Kara: Tô cansada de esconder a verdade Megan: ok... Megan: não importa o que aconteça... Megan: eu te amo. Kara: (emoji de coração) Kara: Eu sei, Meg Kara: Vamos torcer para que Max sinta o mesmo KARA Kara entregou sua carteirinha de estudante ao funcionário da universidade. Prendeu a respiração e olhou para o refeitório, onde sabia que encontraria Max. Mesmo tendo pago pela refeição, agora a comida era a última coisa na mente de Kara. Ela estava prestes a dizer a Max, seu melhor amigo desde o primeiro ano, que sentia algo por ele. Talvez fosse só um crush. Talvez fosse algo mais. Mas Kara sabia de uma coisa com certeza - ela estava cansada de esconder isso. Desde que Max voltou para Minnesota, depois de estudar um período fora do estado na Universidade do Texas, ela estava tentando encontrar uma maneira de dizer a ele. Deveria tentar algum grande gesto romântico? Ou deixá-lo dar o primeiro passo? E se ele não sentisse o mesmo por ela? Kara finalmente decidiu que usaria suas palavras. Ela só esperava que finalmente tivesse coragem suficiente para fazer isso. Quando entrou no refeitório, cheio de estudantes universitários desnutridos, ela logo o avistou. Aff. O menino era lindo. Um grande sorriso travesso, olhos castanhos comoventes e um corpo atlético, embora um tanto compacto - ele era tudo que Kara sempre quis. Seu - Cara Certo. - Seu cavaleiro de armadura brilhante. O escolhido. Ela acenou para ele e ele sorriu, acenando de volta. Aqui vai, ela pensou.

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- Está morto? - Ouço uma voz perguntar, mas ela parece vir de muito longe. - Quase, mas ainda respira. O que quer que eu faça com ele? Posso acabar com a agonia do garoto com uma única bala. - Não. Valorizo a lealdade. Ele foi contra o próprio pai para proteger a Organização. Esse aí entendeu que a Irmandade[4] está acima da família. - Dizem que ele é meio maluco. - Quem de nós não é? De qualquer modo, o rapaz é corajoso. Não é qualquer um que enfrentaria um avtoritet[5] para cumprir com seu dever de lealdade ao Pakhan[6]. - Não costuma ser tão generoso, Papa[7]. Alguns diriam que um fruto nunca cai longe da árvore. E se for como o pai? - Nesse caso, por que não permitiu que o maldito seguisse com o plano para me matar? Não, o menino é água de outra pipa. E o que estou fazendo não tem a ver com generosidade, mas com pensar no futuro. Conto nos dedos de uma mão quantas pessoas morreriam realmente por mim e por minha família. É mais novo do que os meus netos. Um dia, Yerik e Grigori[8] vão estar no comando e precisarão de homens de verdade ao lado deles. Eu acho que eles continuam conversando, mas não tenho certeza. Acordo e perco a consciência várias vezes. Entretanto, entendo que o Pakhan acha que eu fiz o que fiz por ele, mas não foi. Minha decisão não teve nada a ver com alguém, mas com algo. Regras. É por elas que eu vivo. Eu nunca as quebro. Elas são o meu verdadeiro deus, muito acima do que as pessoas chamam de sentimentos ou emoções. Não tenho amor e nem raiva dentro de mim. Não consigo entender esses conceitos, já as regras, são simples: siga-as ou quebre-as. Há sempre somente duas escolhas. Preto ou branco. O cinza é uma impossibilidade e também uma desculpa para quem não consegue se manter fiel à sua palavra. Não me ofendo com xingamentos ou me dobro à tortura. Não temo a morte e nem sinto medo de nada, a não ser ter minha vida fora de padrões que estabeleci. Eu preciso dos padrões e os procuro em qualquer lugar. Quando descobriu essa minha habilidade de pensar em cem por cento do tempo de forma lógica, meu pai usou-a por muito tempo em seu trabalho na Organização. O que ele não entendeu, é que essa não era apenas uma característica minha, mas quem sou. Em tudo, todas as áreas da minha vida, busco padrões. É assim que consigo compreender o mundo ao meu redor. Foi assim que descobri a traição dele. Ele não estava somente roubando, planejava entregar o Pakhan nas mãos dos inimigo e isso desordenaria meu plano de continuar servindo à Organização. Atrapalharia as entregas de carregamentos de armas, cujas rotas calculei com precisão matemática. Traria um novo chefe para a Irmandade, que talvez quisesse modificar a planilha de lucro. Iniciar guerras desnecessárias. Eu odeio mudanças. Qualquer alteração me desestabiliza. Até mesmo uma solução alternativa para mim, tem que ser analisada de antemão. Tusso e me sinto sufocar. O ar está impregnado com uma mistura esquisita. Um dos odores é sangue, eu sei. Estou acostumado a esse cheiro desde pequeno. Aos treze anos, matei pela primeira vez. Uma ideia destorcida do meu pai para que eu fosse iniciado dentro da Organização. O outro odor, acredito que seja álcool, então acho que devo estar em um hospital. Eu não me importo, só quero ficar curado. Preciso que me costurem para que eu possa seguir com o meu trabalho. Se demorar muito, vai atrapalhar meu cronograma e eu não tolero imprevistos.

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