Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
O retorno chocante da Madisyn
Um casamento arranjado
O caminho para seu coração
Acabando com o sofrimento de amor
Um vínculo inquebrável de amor
Minha assistente, minha esposa misteriosa
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Agosto de 2012...
Pedro passou a mão pelos cabelos e fez uma respiração profunda. Ele sabia que precisava enfrentar aquela situação.
A psicóloga que o acompanhava quebrou o silêncio.
- Me diga, Pedro, como você está? - ela sorriu em seguida.
Pedro respondeu com um toque de sarcasmo.
- Cadeirante, e você?
A psicóloga cruzou as pernas e sugeriu.
- Pedro, que tal tentar ser um pouco mais positivo?
Ele olhou para ela com um sorriso irônico e perguntou.
- Estou sendo realista, ou vocês preferem que eu seja hipócrita? Bem, se preferem que eu seja hipócrita, estou ótimo, e você? - o garoto abriu um sorriso falso.
- Não vamos discutir sobre isso agora, você praticou as palavras que lhe pedi que praticasse? - a mulher perguntou, tentando não prolongar o desconforto.
- Sim- Pedro respondeu rápido.
- E o que achou delas? - A psicóloga concertou seus óculos, ela estava animadíssima, pois acreditava que finalmente conseguiria progredir com seu paciente.
- Uma verdadeira perda de tempo. - Pedro foi direto.
- E por que você acha que elas são perda de tempo? - A mulher perguntou exausta.
- Imagine que você esteja pintando alguma coisa, aí o seu lápis caí no chão e quebra o grafite, por acaso você teria tempo pra pensar numa palavra adequada para aquela situação? - O garoto ergueu uma das sobrancelhas. - Tipo, você diria " Meu santo Deus, meu pobre lápis caiu no chão"? - A mulher manteve-se calada, pois certamente ela também não diria isso se fosse o seu lápis que tivesse caído no chão.
- E o que você diria? - Ela ainda insistia.
- MAS QUE PORRA! - Pedro disse como se estivesse na situação ditada.
- Pedro, existem outras palavras, por que você não tenta usar outra? Como... como Avião. Você pode falar avião quando for xingar um palavrão, o que acha disso?
- Ridículo. - O garoto é curto. - Tipo, " avião! Meu lápis caiu no chão. " Isso não faz sentido, rima, é infantil e eu prefiro usar merda.
A psicóloga descruza as pernas e lê o que havia anotado sobre o comportamento do garoto. Nem mesmo ela sabia o porquê de ter escrito aquela passagem, só se lembrava de estar nervosa e de que Pedro não obedecia às suas ordens.
- Diga-me, Pedro. Teve alguma daquelas sensações hoje? - ele escuta a psicóloga, mas finge não ouvir - Pedro, como andam os seus sentidos?
- Apurados. - Ele responde.
- Somente apurados? - ela franze a testa- Você tem pensado muito nesses últimos dias?
- Até quando não estou pensando, eu penso. - Pedro remexe os dedos em confronte- É algo aleatório...complexo e irritante, mas que não deixa de ser interessante, em certas ocasiões.
- Interessante? Em quais pontos? - A mulher continua- Em que momento, sentiu que suas sensações são interessantes?
- Sempre quando as tenho, são com pessoas que nunca vi na vida. Entretanto, foi diferente nesta manhã.
- Quer me contar? - ela pega seu bloco de anotações-Talvez possamos discutir sobre isso.
- Vi minha vizinha nua hoje de manhã, enquanto eu me lavava. Comecei a pensar e a imaginá-la sem roupas... - O garoto sentiu as bochechas queimarem- Foi uma visão diferente e que despertou certos sentimentos em mim. O nome dela é Teresa, ela cuidava de mim quando eu ainda era um menino. Sempre a considerei muito bela, mas me senti culpado por ter tido uma visão dela em tal ocasião.
- Contou para alguém sobre isso? - A psicóloga pareceu interessada.
- Não, quer dizer...perguntei aos meus pais sobre algo relacionado.
- E o que perguntou? - ela anotou algumas coisas e as reações do rapaz.
- Perguntei se algum deles, já tiveram algum sonho em que alguém que conhecessem, estivessem sem roupas.
- E o que disseram? - Uma quase expressão de riso surgiu no rosto do rapaz, mas ela quis continuar.
- Minha mãe me chamou de pervertido, e meu pai me deu uma revista bastante peculiar- ele fez um esforço para se lembrar do nome da revista. - Ele me disse que é normal termos sonhos assim, principalmente na adolescência. Meu pai sugeriu que eu folheasse a revista e... Bem, prefiro não entrar em detalhes.
- O seu pai te receitou que se masturbasse? - Enfim escuta a temida palavra " masturbação ", Pedro se perguntava ser capaz de fazer isso e se fizesse, teria de ser escondido da mãe - Você se masturbou, Pedro?
O garoto balançou a cabeça em negativo.
Aquilo era tão vergonhoso para ele, quanto para ela.
- E sentiu vergonha?
- Em certas partes, sim. - Ele acabou admitindo - Mas não foi isso o que me impediu de cometer o ato. Eu não o fiz, por não achar ser capaz, eu não sei, também tem a minha mãe, ela não me deixa nem tomar banho sozinho, imagina me masturbar.
- Pedro, você tem dezessete anos. É normal que sinta coisas assim, ou que queira experimentar coisas do tipo.
- Mesmo assim... eu não teria coragem. Assim como não tenho coragem de sair de casa, conversar com novas pessoas ou... ou me interessar por alguma garota. Tenho medo de que algumas delas, possam ter pena de mim, ou só me tratarem bem por eu ser do jeito que sou, ou basicamente, por eu estar na condição física em que estou.
- Seus medos, não passam de limitações suas. - A mulher concerta seus óculos - Viu sua vizinha nua, pois em algum momento, quis que ela estivesse nua.
- Está enganada!!! -Ele retrucou irritado - Eu nunca quis vê-la nua, eu simplesmente a imaginei, eu fui até a janela do banheiro na tentativa de ficar em pé, então me frustrei e a imaginei nua.
- Tentou se manter em pé de novo? Sentiu alguma coisa? - a doutora perguntou feliz.
- Eu não sei!!! - Ele bateu com as mãos sobre a mesa- Todos vocês acham que eu sou louco, mas eu não sou! Vocês acham que eu xingo de mais, que eu sou cético de mais, mas as coisas não são assim! São verdades só minhas...Nunca poderão me entender!
- Então, se é impossível para nós entendermos você, por que você continua vindo aqui todos os dias após a escola? - ela levantou uma das sobrancelhas.
Pedro riu antes de responder.
- Não é óbvio? O fato de minha mãe ficar ali na porta, tentando ouvir cada palavra que dizemos, não diz nada a você?
- Você está vindo aqui porque sua mãe está lhe forçando? - Ela indagou.