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Um Pedro Qualquer

Um Pedro Qualquer

Fran Rossetto

5.0
Comentário(s)
40
Leituras
3
Capítulo

Pedro cuida de cães que resgata desde sua infância, quando descobriu que cuidar e amar trazia dor, mas que valia a pena. Ele apenas não é bom com despedidas, e sempre que é necessário enterrar um de seus cães, precisa de ajuda. Laura tem um grande ressentimento do mundo e de tudo que pode acontecer a partir de algumas escolhas. Ao observar o mundo pela janela, ou tudo que é possível ver sob sua perspectiva limitada, ela percebe que é inevitável alguns caminhos se cruzarem. Cristina está desistindo do vazio no qual vive quando uma estranha proposta de emprego lhe é oferecida: enterrar cães está entre elas. Com o tempo, ela descobre que curar pequenas feridas pode ser um bom remédio para consertar seu próprio coração. Mas será que sua vida poderá ser transformada por alguém que já estava fadado a outro destino?

Capítulo 1 Prólogo

Para Você

Como está o dia hoje? Você vê o sol ou chove? É dia ou é noite? Está frio ou calor? Será que as coisas escolhem um dia propício para acontecer ou apenas acontecem, combinando com o humor da natureza e por vezes, rindo da ironia que é um dia de sol precedido por uma tempestade?

Às vezes, penso que os piores dias são assim, inesperados, indomados e inconstantes. É como ouvir a chuva chegando através dos telhados. Onde você está não há nada, talvez um vento que traz o prenúncio de uma chuva próxima. E então vem o barulho. Estalos, batidas e o retinir de algo sendo violentamente atacado. Você percebe que algo grande está chegando, como se um trem descarrilhado deslizasse pelos telhados da cidade fazendo um grande estardalhaço. E quando realmente chega, são apenas gotas. É apenas água.

Algumas tempestades, no entanto, não dão sinal, elas vêm silenciosas. E são capazes de destruir tudo.

De qualquer forma, olhe o tempo para mim, mas não me conte, se o dia estiver claro como os mais belos dias de sol. Foi assim que amanheceu o dia seguinte ao dia em que eu parti, alheio, ou apenas indiferente à falta que fiz no mundo.

É por isso que não sei que dia é hoje, não sei em que mês o ano corre, não sei qual estação assola nossa região, não sei nem mesmo em qual ano estamos.

Devo dizer então, que não há uma forma simples de explicar isso, mas, se você está lendo esta carta, neste exato momento, é porque algo deu errado. Muito errado. Como, quando, onde, por quê? Você vai descobrir com o tempo, assim espero. Por hora, posso apenas dizer que minha vida foi interrompida, nada mais.

Meus planos foram interrompidos.

E a questão é que a maioria das pessoas faz planos. E se os fazemos, sejam eles para amanhã, daqui a um mês ou mesmo anos, é porque acreditamos no amanhã, acreditamos que iremos viver, ao menos até o dia para o qual planejamos algo.

Só que a vida, às vezes, é como um livro inacabado. Ninguém pensa, ao abandonar um capítulo antes do fim, que não poderá finalizá-lo no próximo dia, depois de mais um longo dia de trabalho, por que irá morrer antes disso, num acidente totalmente inesperado, duas esquinas antes de chegar em casa.

Ninguém espera, mas o amanhã é algo sobre o qual ninguém tem controle. Talvez algumas pessoas tenham, se sabem disso ou não, é outra história. Algo sobre destino ou livre arbítrio, uma das perguntas que nós nunca teremos respostas realmente concretas, na minha opinião.

Então, na nossa ignorância, fazemos planos para um futuro que chegará em dias, meses ou anos e nos surpreendemos com algo inesperado no próximo segundo. E isso, porque a vida é como uma estrada longa, sinuosa e cheia de curvas, você pode até saber que ela vai longe, mas não sabe qual será a curva que o fará parar.

E o que podemos esperar das curvas que encontramos em nosso caminho?

Vidas se perdem todos os dias e provavelmente nunca saberemos como ou quando vai acontecer, mas é certo que um belo dia a gente acorda e não volta a dormir. Ou devo dizer que dormimos e não voltamos a acordar?

A questão é que existe um único momento que define o ser e o não ser, o estar e o não estar, a vida e a morte. E esse momento não acaba somente com a nossa existência, tudo que somos, pensamos, sonhamos em fazer, assim como tudo que já fizemos ou conquistamos, sentimos ou planejamos, deixa de existir. Simples assim. Talvez você nem perceba o momento exato em que essa transição acontecerá com você, mas ela é, arrisco a dizer, a prova mais real de que houve uma vida, de que você existiu, sentiu e viveu.

O mais curioso disso tudo, é que esse momento é resultado de inúmeras escolhas que fazemos durante a vida.

Entendi isso de uma forma bem real.

Havia uma bicicleta desfigurada na beira de uma estrada e um lençol que cobria um corpo já sem escolhas, as pernas estavam destapadas, um chinelo num pé e outro mais adiante, como se tentasse dar um último passo antes do fim.

A pele enrugada e marcada pelo tempo pertencia a um idoso, foi o que ouvi por lá, e acabei tentando imaginar quem havia sido aquele homem, se tinha família, filhos, esposa, um cachorro que o esperava todo fim de tarde, ao chegar em casa. Onde ele estaria indo? Imaginei alguém, que nunca cheguei a conhecer em vida e que agora não era mais que um eco do passado, vivo apenas na lembrança de quem o conheceu, levantar-se de manhã, escolher uma roupa, um calçado, tomar uma xícara de café, ou um suco, talvez nem mesmo tivesse bebido algo. Talvez estivesse atrasado para um compromisso, ou apenas iria visitar um amigo. O lugar onde pensava em ir era longe – ou era perto? Era cedo, mas o sol já fazia arder as costas, mesmo as de um velho assoleado pelo tempo. A bicicleta estava meio enferrujada, mas com ela o trajeto ficaria mais rápido. Ele poderia fazer um exercício se caminhasse, mesmo assim, optou pela bicicleta e saiu de casa no exato momento em que seria impossível não encontrar o caminhão que passava, o mesmo que com toda a poeira do asfalto, acabou levando também a sua vida. Destino ou "ironia do acaso", em que você acredita?

Escolhas. Pergunto-me o que teria acontecido se ele não tomasse a decisão de ir àquele lugar, naquele dia, ou naquela hora. Se tivesse dormido mais cinco minutos, se demorasse um pouco em alguma tarefa qualquer. Sonhos não realizados, problemas não resolvidos, tudo fica para trás. No final, será que todas as escolhas a que você responde sim ou não, são deixadas de lado? É possível chegar à conclusão de que por mais planos que possamos fazer, a vida sempre vem e nos apresenta a outros?

O amanhecer que antecedeu o dia da minha morte não foi diferente. Não fiz escolhas, a vida, ou alguém, parece tê-las feito por mim. No entanto, antes que eu pudesse atravessar aquele pequeno e rápido instante que nos transforma de cores vivas e palpáveis, a uma lembrança desbotada e tão dispersa quanto uma réstia de luz nos dias nublados, eu fui feliz, eu vivi, eu senti, eu amei e acima de tudo, eu sonhei.

Quem sou eu? Quem eu fui? É possível que você me conheça mais do que pode imaginar, então, não vou dizer onde moro, pois poderia ser na sua cidade, eu poderia ser seu vizinho, seu amigo, um primo distante ou alguém que você sempre vê passar na rua.

Essa não será uma história fácil, teve seus altos e baixos, como a de qualquer outra pessoa. Por um lado, fico aliviado em não estar presente nesse momento, mas por outro...

Você acharia difícil contar sua própria história? Pode ser que sim, pode ser que não, mas você a contaria, não é? Encontraria sua voz e sua própria forma de contá-la. E é aqui que vem a parte triste de tudo isso, porque, mais difícil do que não poder colocar sua história no papel, ou mesmo contá-la através de palavras, risos, gritos e sussurros, nos momentos mais embaraçosos, é não poder contá-la. De forma alguma. E esse sou eu, no momento em que minha história será contada.

Eu sou alguém que não pôde contar a sua própria história.

E é a partir daqui, exatamente deste ponto, que não posso mais contá-la. Tão cedo assim? Sim! Mas não tão cedo a ponto de não entender que essa história deveria ser contada a alguém.

Nesse momento eu não estou em condições de contá-la pessoalmente a você, mas a deixei muito bem guardada com alguém que me conheceu bem. Espero que entenda.

Pedro.

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