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Nota do autor:
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Eu estava atrasada.
Muito atrasada.
Já eram quase oito e trinta e eu teria que estar na agência de babás às oito e vinte. Eu era péssima. Nunca conseguia chegar na hora marcada. Ainda mais com o trânsito…
Eu não sabia quanto tempo estive parada no mesmo lugar, mas eu odiava estar ali. Definitivamente odiava estar ali.
Havia algumas centenas de carros à minha frente, e enquanto as buzinas berravam de um lado a outro, eu me encolhia dentro do carro que peguei emprestado com Valerie. Eu não teria tempo o suficiente para pegar o metrô… e estava cansada demais para isso, e procurar um taxista que aceitaria ser meu motorista particular parecia o mesmo que dizer que o céu é rosa.
Oh, Deus…
Eu peguei uma batata frita e mordi.
De repente, notei que os carros avançaram. Eu acelerei e…
Merda!
Aquele não era o acelerador!
Foi rápido demais.
De um segundo para outro, eu atingi algum carro com a traseira do meu.
Bang!
Foi como um tiro. Tão rápido e tão desolador quanto. Eu inclinei-me e coloquei a cabeça para fora da janela. Apoiando as mãos na janela do carro, tentei enxergar o estrago, então, ouvi o barulho da porta abrindo. O motorista saiu do carro, e vinha na minha direção.
Ele bateu no vidro da janela esquerda. Eu cuidadosamente coloquei minha cabeça para dentro do carro e forcei um sorriso culpado. Abri o vidro, e ali estava ele.
— Você bateu no meu carro! — Eu o encarei.
O cara era bem bonito.
— Desculpa, eu não sou exatamente muito boa com isso… quer dizer… eu nunca fui. — Ele passou os olhos por mim, como se não estivesse mesmo acreditando no que eu dizia. Ele segurou a região entre os olhos e bufou.
Ele também parecia ser bem rico. Vestia um terno caríssimo que podia muito bem comprar todo o meu guarda roupa. O homem se inclinou na minha direção e pousou a mão sobre o teto do carro.
— Deveria ver por onde anda. Sabe quanto custou a porra do meu carro? — E ele olhou através de mim. — Talvez dê pra comprar seis do seu. — Ele ergueu uma sobrancelha, arrogante.
Eu franzi a testa.
— Está bem, sr. Malas de Dinheiro. Desculpe por bater em seu precioso carro — eu disse. Ele me encarou e estreitou os olhos. — Se é tão rico, não irá se importar em pagar alguns trocados para consertar seu carro. — Sugeri. Ele cruzou os braços e eu juro que me olhou com um olhar mortal. Foi como se toda a paciência que estava tentando controlar tivesse simplesmente se esvaído de si. — Além do mais, você estava ali… a alguns centímetros do meu carro.
— Você bateu! — Acusou-me.
— Como posso saber se não foi você quem bateu?
A expressão dele se transformou em algo indecifrável.
Eu tive medo de que pudesse me esganar ali mesmo.
O homem se aproximou, praticamente colocando a cabeça dentro do carro, e senti o coração e os músculos entre as minhas pernas pulsarem. O desgraçado era mesmo muito bonito: cabelos castanhos claros, olhos verdes e barba por fazer. O seu terno elegante parecia destacar o tom dourado da pele.
— Acho melhor que tenha seguro para a sua porra de lata velha. — Ele cuspiu em mim as palavras. — Ah, e talvez a polícia saiba dizer quem bateu. — Ameaçou.
Se Valerie soubesse disso tudo, eu estaria morta. O carro é de Shawn, meu ex namorado, e a única coisa que quero é ter outra briga com ele. Sempre dava errado, e ele sempre arranjava algo para colocar contra mim. Talvez fosse por isso que eu aceitaria o emprego.
— Não é preciso — eu disse. — Eu… eu admito que bati, se é isso que quer saber. — Ele sorriu vitorioso.
— Quero, na verdade. Vamos lá, docinho, diga.
Eu apertei os dedos em volta do volante.
— Eu pisei no lugar errado. — Admiti. — Mas isso não quer dizer que não mereça. Talvez mereça… babaca. — Eu desviei os olhos dele.
— E talvez mereça que sua lata velha exploda. — Ele bateu no carro antes de virar as costas para mim.
Qual era o problema dele, afinal?
Eu abri a porta e pulei para fora.
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