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SILÊNCIO COMPRADO

Capítulo 2 LINHAS QUEBRADAS

Palavras: 1621    |    Lançado em: 09/12/2025

contra o chão cinza. É uma linha perfeita. Reta, limpa, inquestionável. Prefiro mil vezes focar nela do que olhar para os rostos ao meu redor – a mulher com os olhos inchados e vermelhos, o homem ba

técnico, para um procedimento que vai mapear as tempestades elétricas que acontecem dentro do seu cérebro. "Crises de ausência", é o que o médico diz. Mom

e faz sentir o peso dos ossos dele sob o jaleco branco, a fragilidade de tudo. - Vamos ter um panora

uma só, só uma: o tratamento com o Neurovax, da Cortex Farmacêutica. Experimental. A eficácia ainda não é certa. E o cus

e educado, silencioso, de que o limite do meu empréstimo consignado - aquele que eu consigo quando ainda era assistente ju

o ar condicionado, estéril, reciclado e frio deste hospital. Caminho sem rumo, passando por quartos com portas entreabertas - de onde saem gemidos baixos, suspir

ouvida por acaso, quando eu ainda estou no escritório de advocacia. Um colega, falando baixinho, comenta sobre a "caça" por uma nova secretária executiva. -

bolso. Queima. Paga em ouro. As quatro palavras brilham na minha mente ofuscada, são a única

-me. Meu corpo afunda. Tiro o cartão. O papel é espesso, pesado, de alta gramatura. A fonte do no

meu currículo, atualizado às pressas, está anexado. A carta de apresentação é curta, direta, seca. Não falo das minhas habilidades organizacionais, do meu conhecimento jurídico. Falo de discrição. De lealdade inabalável. De eficiência sob pressão extrema

como uma venda da minha alma, do meu tempo, do que resta de

gem some da tela com um whoosh silencioso, um suspiro digital. Sinto um vazio imediato no estô

ade, de fronte fechada para o mundo, mas... seus movimentos são cuidadosos. Delicados, até. Não é um médico. A postura é de poder, de comando, não de ciência. Ele segura a mão de uma menina pequena, de cabelos esc

a é grande demais, pesada demais, para não ser um sinal. Um sinal perv

ponde. Não olha para ele. Apenas balança a cabeça, negando, negando, negando. Ele insiste. Não consigo ouvir a voz dele através do vidro, mas a postura dele grita: é uma frustração contida, amarga, qu

quela armadura reluzente de poder e dinheiro infinito, está tão desesperado quanto eu. Tão perdido. Só que

a máscara fria do executivo cai, se despedaça, e eu vejo apenas o cansaço. A impotência. A mesma impotência q

á surpresa neles. Nenhuma. Há uma avaliação gelada, instantânea, total. Ele não desvia o olhar. É como ser escaneada por uma máquina, um disp

olhos são poços profundos, de uma lucidez perturbadora, assustadora para uma criança. Ela me observa. Por um, dois, três segundos intermináveis. Então, lentamente, com uma ca

agora é impenetrável de novo, uma fortaleza. Mas naquele breve instante de co

estou disposta a ir. Que linhas eu estou disposta a cruzar. E aquele olhar, aquele silênci

seco. - Clara Silva? - A enfermeira me chama, co

toda a sua atenção para a filha. Melissa entrega-lhe o desenho. De onde

que acabo de cruzar uma linha. A linha perfeita, reta e segura da parede fica para trás, no passado. Agora, estou pisando em um território sem mapa, sem

onde traço a minha. Já nã

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