SILÊNCIO COMPRADO
do crachá com a minha foto sorrindo uma mentira, ou do caderno de capa dura. É o peso do qu
cula doente. O silêncio é espesso, sagrado, só quebrado pelo eco baixo de salto alto no chão brilhante e pelo zumbido constante do ar-condicionado. As pessoas que passam têm roupas pdoer a cabeça, me entrega o crachá com um sorriso que não chega perto dos olhos
as, que são fundas e roxas depois de uma noite em claro. A Lara teve uma crise mais longa ontem à noite. Fica parada, olhando para um ponto na parede por quase um minuto inteiro, totalmente fora do alcance. O medo que eu
a de verdade, uma mulher na casa dos cinquenta, com óculos de aro fino e uns
ngo de calor. - A sua sala é aquela. - Ela aponta para uma porta à esquerda daquela entrada enorme de madeira escura que deve ser o escritório do Dante. -
emais, um computador tudo-em-um, uma cadeira ergonômica. Tão estéril quanto a sala da entrevista. Quando ligo o computador, a tela de login apare
do conselho até o tom de voz que você tem que usar no telefone. Passo as páginas, uma sensação de sufoco cresce
Elias. Resultados do EEG confirmam atividade epiléptica focal. Preci
deixa de ser uma possibilidade lá no futuro e vira uma necessidade agora. E a necessidade tem um p
impecável, mas tem algo na postura... uma confiança relaxada, quase descontraída, que bate de frente com a rigidez do Dante. O
tes até sexta, Viktor - diz o Dante, a
mem, o Viktor, põe a mão no ombro do Dante num gesto que poderia ser de amizade, mas que parece possessi
fixam em mim, escaneando, pesando. - Ah. A nova aquisição. A Heloísa me avisa. Clara, não é?
nhor... - deix
é firme, forte demais, e a pele é estranhamente lisa, sem textura. - Espero que estej
fosse uma extensão do computador. - Senhorita Silva. Você tem acesso à minha agenda. Prepare um resumo das minhas reuniões de amanhã
jolo. É a mesma palavra. A última palavra da
sso que você é o CEO. Até logo, Dante. - Ele acena com a cabeça pra
a porta fechada. O perfil dele está tenso,
nha agenda. - Nã
Lobo. Estou ac
s 15h30. A escola da Melissa. Reuniã
s. Mas não é só uma ordem. É o primeiro ato de
inha voz sai est
os olhos escuros parecem furar o vidro fosco que me separa dele. - A orientadora... ela pode fazer pergunta
a versão da verdade que ele vai criar. O gelo do medo
ente claro,
contente. Vira-se e some dentro do escritóri
edade que sobe na minha garganta. Olho pro computador, para uma agenda cheia de compromissos e siglas que eu
a minha mente não consegue sair de dois pontos: o sorriso fácil e os olhos frios do Viktor Salle
rimeiro mergulho de cabeça no silêncio da Meli
nção a "assuntos da família" ou "acompanhamento pessoal". N
é exatamente assim que o Dan