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Transdiferenciação

Capítulo 2 Escrúpulos

Palavras: 6219    |    Lançado em: 06/01/2023

já apa

sse acesa perto de seu rosto. Sua pele, entretanto, ainda estava arrepiada, gelada após dormir sem pro

e. Uma camisa grande de quando ela fora mais gordinha, com um cachorro de boca aberta est

chamasse sua atenção. Era um espelho grande, barato, que estava colado na parede. Refletido na superfície, Natália

seu antig

estava acontecendo. Ela tinha dormido na poltrona de Breno, lembrava-se bem. Não tinha acordado

va-se bem dele. Antes de adormecer, por muitos anos no final da infância e em toda a adolescência, ficava de barriga para cima na cama vendo-o girar devagar, o motor lentamente morrendo sem jamais ceder. Ela gostara mu

ível aquele ventilador continuar em seu quarto, funcionando em glória dec

de se lembrar que não tinha mais cabelo comprido desde a época da faculdade. Estremeceu e sentou-se na cama por alg

ão, o que precisava fazer. Recuou da janela e, d

estava acontecendo, mas sabia o que veria: seu eu mais jovem. Era o mesmo cabelo loiro, as m

erta estampado na cam

ingou na própria cabeça que girava enquanto se sentava no chão e tentava examinar o rosto. Ainda não tinha

a da mesinha. 05:15, revelou a tela quando ela clicou no botão para ligar o aparelho. Em cima, a data apareceu nítida: segunda-feira, 30 de junho de 2008. Natália fechou os olhos, f

como fora até agora, ela teria que ir à aula. Mas teria mesmo? E se ela apenas continuasse sentada ali, mal se mexendo, mal

cordou

ue pensou ter ouvido um estalo no pescoço. Era a

enquanto terminava de abrir a porta, contornando a cama para sentar-se ao seu lado e lhe dar

ia era apenas um pouco mais claro. Os olhos, entretanto, de um tom claro de azul, que Natália pelo visto indubitavelmente herdara do pai – quem quer que ele tivesse sido, porque Joana nunca falava dele. Durante muito tem

ando d

a cabeça, aguentaria r

ê est

ia, coçando a cabeça e bocej

na

sse para se arrumar. O café

ente a aparência da mãe com tantos detalhes, mas ali ela estivera, perfeitamente real com seus quase quarenta anos. Isso lh

passo era

r e foi andando rápido, fazendo um rabo de cavalo enquanto se aproximava da mesa. Omelete francês, pensou, comovida, claro que ela tinha feito omelete francês. Era o que Natália mais gostava. H

para o outro enquanto se arrumava para o trabalho, quando a campainha toco

, vá abri

ha tocava de novo. Então ela se recordou. Terminou de destrancar a segunda fechadura, abriu e enc

nsino Médio os beijos eram por si só ritos de passagem, mas ele fora o primeiro que namorara. Apresentara à mãe e tudo, lembrou-se, contendo uma inesperada onda

antemente correspondeu, tentando não pensar que estava agarrada com um rapaz que acabara de atingir a maioridade há

ssurrou ele no seu ouvid

zer algo que evidentemente queria há muito tempo. Escrúpulos jurídicos errôneos, concluiria mais tarde. Ficou o encarando por um tempo, algo espantada de perceber o quanto ele ia mudar pouco, quase nada, conforme os anos pa

ê est

a cabeça, afas

ouco de sono. Nã

a hora n

onvenceu o professor de Matemática a deixar fazerem uma pequena fe

a

Ób

te dissera a mesmo na primeira vez. Olívia fora sua melhor amiga naquele perío

sas – continuou ela, fech

iro? Queria mijar de

ntrando em casa ele não viu seu rosto franzindo-s

ra uma pomposa instituição meio falida que se certamente se venderia como de elite até o fim. Seus preços eram, é claro, de acordo, e tanto Natália quanto Henrique só estudavam lá por meio de bolsas de estudo. Tinham sido unidos pela p

r que uma afta a e

manhã, todos haviam apoiado entusiasticamente a ideia de Olívia. Quem testemunhasse aquilo, como o professor de Matemática que rapi

ou Olívia, poucos antes de dar a primeira gar

Natália sem um v

e escorrera para o queixo dela. Olívia parecia particularmente espevitada naquela manhã com os cabelos escuros pr

ara me perdoar? – pergun

nsou Natália r

deu enquanto pousa

a pergunta de Olívia. Mas que ciclo temporal inútil seria aquele se apenas

ar para sair,

ito leve de Henrique, m quem estava apoiada. Sabia que ele tinha outros planos. Mais tarde, ele lhe confessaria isso quando ambos e

ncertada, antes de cutucar Henrique do outro

na frente deles. Adolescentes aparentemente não faziam pausa enquanto falam. Sentia-se febril enquanto entra

e estavam sempre ausentes de casa, mas o irmão mais novo dele nunca saía fora a escola, no máximo chamando amigos para jogar videogame. Desta forma, eles nunca tinham fica

para nervosismo. Aquela aberração, fosse sonho ou alucinação, certamente deveria

coma. Aquilo tudo poderia ser seu último sonho antes da morte, ou talve

há algum tempo d

o tempo de aula que era dela, sabia perfeitamente do relacionamento dos dois e, enquanto fazia os alunos rearrumarem as carteiras após a festinha, o despachou com prontidão para o outro lado da sala. Isso deveria ter sido bom para ela. Mesmo que estivesse apreensiva com toda a situação, até com repugnância, ainda assim Nat

ndo v

borno com bolo, girara para encará-la. Agora na lateral esquerda da cadeira, suas coxas estavam ainda mais morenas do que já eram naturalmente, assim como seus braços e o colo vis

ser

ra o início do nariz largo,

ê não é feita de gelo, o cara é bonito e tem uns braços

sconfortável, tentando se lembrar do motivo pelo q

inando o esmalte descascado –, acho qu

rregalou

ser

e ele estava esperando por

endo Olívia retirar os antebraços de sua mesa e recuar

ue seria a p

u alguns segundos para voltar a se inclinar. Quando pegou na mão dela, Nat

m seria a dele – e, em resposta à testa franzida de Natália, corou e comp

Natália sombriamente, el

– decretou, endirei

vamo

sem graça. Obviamente

m, m

você não me

ntes de conceder e, sorrin

orte público do que de costume, mas a leveza da companhia da Olívia de 17 anos a desanuviara de tal forma que Natália quase esquecera da situação kafkiana que estava ocorrendo. Ambas ainda se davam bem, e era impossível ter raiva dela naquele momento por algo que ainda não fizera. Natália decidira, de qualquer

cas, futuro, e, óbvio, sexo. Natália tinha se esquecido o quanto Olívia era entendida a respeito desde então. Apesar de ser alguns meses mais jovem, ela tinha perdido sua

Natália, que não tinha bebido nada apesar de ser agora legalmente habilitada para tal, tentou desviar e argumentar com a leveza apropriada, mas diante da incessante e inapropriada curiosidade de Olívia acabou, por fim, admitindo que não se sentia confortável para aquilo. Dissera mais querendo encerrar o assunto; e

Não era de admirar que não se sentisse confortável naquele momento. O que a espantara e quase indignara pelo atraso na percepção foi o fato que não se s

a se tinha tido o

ou-se Natália. Tirou a roupa e entrou no banho. Felizmente lembrara a tempo de girar a torneira que liberava água quente. Lavava o cabelo e tentava entender o motivo de seu desconforto mais cedo, que tinha sido tão

o pensamento antes de p

ostava que ele a desejasse. Tinham ficado juntos por anos, de fato, e por que não? Henrique era i

ar e, sentindo-se tonta, sentou-se no c

sta certamente perceberia o ato de ir para a cama como uma deixa para acabar. Ao fechar os olhos, já na cama quente, Natália pensou novamente que poderia estar em coma. Diferentemente de mais cedo, a impr

a e pegava o celular. 05:15, revelou a tela quando se iluminou. Terça-feira, 01 de julho de 2008. 18 anos e um dia. Fechou os olhos e gemeu, caindo para trás em direç

erceira vez, Natália finalmente reconhece

e, batera

a, você

s momentos frustrantes não estava exatamente em seu planejamento,

cola assistindo aula de Física. Não tinh

odia fazer de diferente em seu presente, não depois que Breno morrera. Tudo pareci

atá

arar Olívia, que parecia

que

ixo o caderno há uns ci

ça e escreveu a data na

. Nem consegui to

pinou Olívia – Quase parece qu

eira e cutucando os colegas aglomerados para conseguir pass

ue ao seu lado. Sentia uma dor s

e acon

omeçou a rir quando levantou os olhos e

m calo enorme – j

que ac

m a aula de Física. Eu e o professor Sa

r as horas no relógio. O segun

to se erguia da maca, sabendo bem que nunca perd

mãos em suas claví

ou se você estava grávida e eu respondi que não

ca. Era claro que não iria a

stou c

estudo

vestibular que faria estavam de fato a poucas

chou prudent

na mão dela. Natália tinha se es

se forçar assim. Pa

fé da manhã. Só d

imos anos – continuou ele antes que ela terminasse a sentença

ras por noite. Eu lembro. Est

não disse nada. Então, apertou sua mão por

ou o rosto. Henrique recuo

z, deixando a cabeça repousar no pequeno t

naquele momento o sinal tocou acima

purrando de leve com a mão direi

ão ach

ntes que uma das Irmãs ent

ra sair. Antes, porém, se inclinou sobre ela e deu-lhe um leve beijo

que

a sorte que tenho

tinha saído pa

ronco baixo do médico na sala adjacente. Para todos os ef

a casa, e Natália estremecera de frio. Enquanto cobria sua pele nua com um cobertor, Henrique fizera uma piada sobre não entender como ela estava com frio depois de tanta ativid

ivendo era uma espécie de linha temporal paralela, ela já tinha m

terminar c

ta ao seu quarto, jogou a mochila no chão e caiu na cama de costas sem se preocupar em tirar o u

poderiam estar totalmente diferentes após as pequenas mudanças que ela mesmo fizera. Não era possível saber. Antes, ela acharia que um desmaio era inócuo o suficiente, mas ele conseguira sozinho adi

om Henrique, não estariam juntos anos adiante e muito menos morariam juntos, passando a conviver então por to

, ele não

suas economias para adquirir quando ainda era uma estudante de Direito quebrada. Quando ela entrara e vira, não fizera nada, só ficara parada por alguns ins

guém colocara uma mão em seu ombro. Sentira uma

s de hesitar um pouco, e

ndagara ela antes q

táli

de qu

e ficar

almente quando Natália já a

palavras que ficariam crava

se eles estavam juntos todo o tempo do expediente e em casa? Como assim você não estava lá,

estava vazio como se nada tivesse acontecido. Após alguns dias, depois que Henrique

no automático, mais no âmbito do costume do que do sentimento. Moraram juntos por pura questão de praticidade, estendendo à casa a relação que tinham na empresa em que Natália t

Natália ainda n

la nunca tivera a oportunidade de tomar. Mas seria justo trair-se dessa forma e permitir que ele desse o próximo passo da relação entre ambos? Porque ela não queria. Quisera n

a terra lhe parecia uma indecência. Não podia fazer. Mas tinha que fazer, porque senão talvez nunca o teria con

coração para acalmar o sobressalto e, de repente, sentiu pesar. Ele estava vivo, e provavelmente continuaria vivo se Natália nunca aparecesse em sua vida. O acidente poderia ter sido uma fatalidade, mas se ela não estivesse lá não teria ocorrido. Se ela não tivesse aparecido em sua v

amara mais do que ela o amara? Poderi

utras no lugar onde havia estado a cicat

ias desculpas, desculpas esfarrapas que imaginava que começariam a estabelecer a situação na cabeça dele. Quando por fim se reun

mbra de tentativa para beijá-la – Acho qu

sido felizes, sua relação animada pela novidade da experiência sexual. Hoje, porém, não existia felicidade e muito menos novidade, e nem

reno ir em seu coração. N

ra o m

cho que preci

ada, mas ela via sua

er –Só acho que estou em outro lugar agora

stibular

o en

confortável que se estabeleceu, continuou a co

Me

ências Bi

u. Natália começou a se arrepender de ter continu

reito. Não acho que não

nsiderando a decisão de reabrir a b

a com consequências práticas dos fatos do que

eu. Dali a pouco o sinal que sinalizava o fim do recreio tocava.

a soubera que ele também tinha se casado. Talvez, naquela nova cascata de acontecimentos que ela cria

. Não poderia prejudicá-la não perder a melhor amiga daquela forma dolorosa. Podiam ser muito

que você termin

deu de

o me

ncia, então, ela soube o que se seguiria. Tal

me incomo

O q

ntar algo

umiu um ar

nun

ubitamente cansada – Se quiser pod

lhou sem a

baixinho, com a indignação na voz

À distância, s

e entrado em coma, caso em que não podia fazer nada. Queria acreditar que aquilo tinha uma explicação que poderia compreender. Se existia alguma forma de entender a temporalidade torta em que de alguma forma

ia por nunca poder cultiv

existia naquele seu presente atual. Quando confrontada com o impossível, recitou me

para Olívia - Fiz o que pud

ue fosse me

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