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VERDADE & PRECONCEITO

VERDADE & PRECONCEITO

Nina Van Kirk

5.0
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423
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34
Capítulo

A rotina dos habitantes de uma pacata cidade muda completamente após um crime violento. O que era para ser uma viagem entre amigas, se torna um pesadelo, onde os envolvidos precisam buscar forças e foco no intuito de desconstruir preconceitos e provar a verdade. Com suas liberdades em risco, jovens universitários lutam para se reinventarem e provar suas inocências. Até onde o preconceito pode chegar? Até que ponto o preconceito pode cegar as pessoas? Anna e Leniel precisam correr contra o tempo, mas para isso, precisam saber bem quem são seus amigos. Uma história envolvendo acontecimentos inusitados, relacionamentos duvidosos, mistério, uma união é feita buscando por justiça, mas para isso a verdade precisa ser revelada. O que eles não sabiam era que a busca pela verdade, além de trazer a paz, poderia trazer também amor, mesmo em meio a escuridão.

Capítulo 1 A chegada

¬¬¬¬¬¬¬“10 minutos é o tempo suficiente para saber se um livro vale a pena ser lido até o final!” disse Mabel ao ver Anna acordar devagar na poltrona ao seu lado.

“você passou a viagem toda lendo? Chegamos?” Anna pergunta devagar e preguiçosa. Mabel tenta olhar pela janela do ônibus.

Os primeiros raios de sol começaram a aparecer, anunciando um provável dia bonito. O ônibus entra devagar na rodoviária, até que finalmente estaciona. Mabel acorda Bruna que dormia na poltrona a sua frente e anuncia a chegada. As três universitárias estavam muito animadas para curtir o Carnaval em Águas Claras, cidade no interior do estado do Rio de Janeiro. Se organizaram, juntaram dinheiro fazendo trabalho extra e lá estavam. O que conseguiram com as economias foi um quarto em uma república de estudantes, onde as 3 dividiriam uma cama de casal e um colchão, sem luxo, porem qualquer coisa fora disso estava fora das possibilidades financeiras delas no momento.

O anúncio dizia que a república estava localizada perto da rodoviária, o que era bom pois poderiam ir a pé, economizando táxi ou Uber. Ao andar com suas malas de rodinhas pela calçada, elas observavam a cidade. Parecia bem pequena e pacata, nem parecia que no dia seguinte começaria as festas de Carnaval mais badaladas da região.

Mabel era a mais sorridente, estava se sentindo ótima por estar fora de São Paulo, fora do ambiente acadêmico. Sentia o frescor da manhã, o vento no rosto, estava ansiosa para conhecer o local. Desde que tinha começado o curso de pedagogia e o namoro, tinha se fechado para o mundo, frequentando basicamente o campus universitário e o apartamento do namorado. Assim tinham se passado 3 anos. Até que inesperadamente, Lucas decide terminar a relação, afirmando precisar de mais tempo para si. Subitamente, o vazio. Basicamente, colegas e conhecidos por perto. Família estava longe da capital, inviável visitar todos os fins de semana com o dinheiro limitado de estudante. Ela precisava se reinventar.

Após fazer uma disciplina optativa junto com estudantes do curso de jornalismo, conheceu Anna e Bruna, que compartilharam a ideia de ir para o Carnaval em Águas Claras. Fazia apenas 1 mês do término do namoro. Sua tia iria viajar na época de Carnaval, nem a sua cidade natal tinha para escapar da solidão, então, era o carnaval em Águas Claras ou o vazio. Por essa ótica, a breve viagem não parecia ruim. Então, juntaram dinheiro, decidiram o local onde dormiriam e fizeram as malas. Apesar de conhecer suas companheiras de viagem a tão pouco tempo, se sentia bem perto delas. Elas precisavam de alguém para dividir os custos da viagem e Mabel precisava desesperadamente de distração.

Toc toc toc batia no portão velho de madeira da república Anna, após tentar tocar a campainha e perceber que a mesma não funcionava. Bruna impaciente procurava o número de telefone do anfitrião para telefonar. Até que as garotas escutam passos apressados que aparentavam estar descendo escadas. Logo após, barulho de chaves virando e do trinco da porta.

Um rapaz que aparentava ter no máximo 20 anos, alto, cabelos cacheados castanhos, olhos amendoados, algumas sardas no rosto, óculos muito grandes para o rosto dele, apareceu ao abrir a porta, percorreu o espaço entre a porta da casa e o portão, abriu o portão com pressa. A aparência dele gritava: Nerd!!! Ele sorri discretamente.

“Oi, eu sou o Leniel. Podem entrar, vou mostrar a casa”

As garotas veem uma casa antiga, pintada de amarelo pálido, em alguns locais a pintura estava saindo da parede, jardim mal cuidado. Na porta uma placa escrito: República Dungeons & Dragons. Dentro aparentava melhor. Piso de madeira marrom claro, assim que entrava na casa podia ver a escada para o andar superior, no lado direito a sala de estar, no lado esquerdo uma porta para a cozinha. Ao subir as escadas, rangia um pouco, denunciando a idade da casa. Os quartos ficavam no andar superior.

O rapaz explicou que a casa tem 3 moradores. Cada morador, tinha o seu quarto. Estavam procurando um estudante para ocupar o último quarto vazio da casa, enquanto não obtinham êxito, alugavam para visitantes esporádicos. As garotas logo perceberam que foi usado photoshop nas fotos da casa na internet, o quarto parecia bem maior e mais novo no anúncio.

O quarto tinha uma cama de casal, um colchão ao chão, um guarda roupas pequeno e uma pequena mesa com uma cadeira. Não era ruim. Para o preço que estavam pagando para ficar uma semana, estavam ok. Por fim, mostrou o banheiro de uso comum de todos da casa. Pia, vaso sanitário, chuveiro. Decente.

As meninas deixaram suas pequenas malas no quarto e acompanharam o rapaz até a cozinha. Lá, ele explicou como usar o microondas, fogão, sanduicheira, cafeteira... Anna e Bruna prestavam atenção, já Mabel parecia distante. Olhava as janelas, as paredes, até que a visão parou em um livro grosso e pesado em cima da mesa. Ao ver Mabel olhando, ele pegou o livro.

“É meu livro de RPG, eu e os meninos jogamos todos os sábados. Vocês gostam?”

Pela expressão das 3 garotas, elas não tinham ideia do que era aquilo. Escutasse barulho de chave girando e de trinco da porta. Passos. Entra na cozinha um rapaz alto, cabelos escuros, contrastando com a pele muito clara, carregava um pacote nas mãos que claramente se tratava de pães pelo cheiro que exalava e se espalhava por todo local.

“Servidas?” sorri timidamente o rapaz.

Silêncio. Após alguns segundos sem resposta, ele se apresenta.

“Eu sou Thomas. Moro aqui com o Leniel e o Vitor. Caso precisem de algo, basta falar”.

As garotas sorriem. Thomas senta na pequena mesa no meio da cozinha, pega um prato e uma faca, começa a comer. As garotas se sentam em seguida, tentando se acostumar com o novo ambiente, com todas as cadeiras ocupadas, Leniel se encosta em uma das paredes.

“Vocês moram aqui há muito tempo?” pergunta Bruna tentando puxar assunto.

“Há 2 anos, desde que comecei o curso de engenharia. O Leniel faz o mesmo curso. E vocês, o que fazem em São Paulo?"

“eu e a Anna fazemos jornalismo e a Mabel de pedagogia. Tem algo interessante para fazer amanhã de manhã antes da festa começar?”

‘beber, visitar a cachoeira, ou beber visitando a cachoeira, basicamente isso” diz Thomas com um sorriso de deboche. "é o que eu faria”.

Leniel entrega algumas chaves a Bruna.

“Aqui está a chave da porta da frente, do portão e do quarto de vocês, caso tenham alguma dúvida, vocês tem meu número, pode ligar” diz ele.

Bruna confirma com um gesto de cabeça e os garotos saem. Mabel que estava sorridente na rodoviária, estava séria e distante.

“O lugar não é tão ruim assim, sorria” brinca Anna. Mabel sorri timidamente.

“e os garotos não são de se jogar fora” completa Bruna rindo.

Anna e Bruna decidem descansar um pouco, 6 horas nos acentos não reclináveis do ônibus não foram fáceis. Mabel as acompanha. Acabam cochilando e por volta do meio dia, Bruna acorda com um leve toque de Anna em seu braço. Ambas percebem que Mabel não está no quarto, nem no banheiro e nem na casa. Enviam mensagens em uma rede social, porem apenas um check aparece, mostrando que a mensagem nem mesmo chegou no celular da colega. As chaves da casa estavam no mesmo local, em cima da mesa, mostrando que seja lá onde Mabel tivesse ido, foi sem as chaves. Ambas trocam de roupa e decidem passear pela cidade, em breve, Mabel deveria estar de volta.

A cidade era realmente pequena. Uma sorveteria, uma igreja, uma praça. A prefeitura, uma agencia bancária, um posto de saúde. Por mais que a cidade fosse minúscula, não encontraram Mabel em nenhum lugar, o que era estranho. Onde ela poderia estar? De fato, a festa só era grande pois atraia pessoas de várias cidades próximas, de toda a região, mas a cidade em si era bem pequena.

As amigas comeram em uma lanchonete, fizeram compras no mercadinho para o jantar, afinal, alugaram o quarto sem direito a consumir os alimentos dos moradores. Saíram da republica no início da tarde e voltaram no início da noite, e Mabel não estava lá, nem mesmo a mensagem tinha chegado em seu celular. Ao chegar foram recepcionadas pelo terceiro morador da casa.

Vitor era alto, cabelos loiros, olhos verdes, aparentava ter por volta dos 20 e poucos anos, era atlético, estava sentando no sofá da sala de estar quando as garotas entraram. Vestia calça jeans azul e blusa branca de mangas curtas, mostrando seus braços, evidenciando alguns músculos adquiridos provavelmente em academia. Ao perceber a presença das garotas, se levanta e se apresenta.

“Oi, sou o Vítor. Bem vindas.” fala ele com um sorriso largo e jovial.

Os olhares de Vítor e Bruna se cruzam. Elas cumprimentam o rapaz e vão para a cozinha, fazem misto quente na sanduicheira. Vítor que até então estava na sala de estar assistindo TV também vai a cozinha.

“Estão gostando da cidade?”

Os 3 conversam amenidades. Faculdade, festival, clima.... as garotas puderam perceber que Vítor era mais descontraído e desenrolado que os demais moradores da casa. De vez em quando, os olhares de Bruna e Vítor se cruzavam. Após algum tempo de conversa que passou muito rápido, as garotas se despedem e sobem para o quarto.

“Estão gostando da cidade? Hmmmm... eu acho que a Bruna agora está gostando mais daqui” brinca Anna ao entrar no quarto. “Ele é bonito e bem desinibido, não tirava os olhos de você”

“não é de se jogar fora” responde Bruna sorrindo “será que ele vai para a festa amanhã?”

Anna dá de ombros. “Espero que sim, você viu os braços dele? Uma perdição” diz ela rindo. “Ele ficou super interessado em você”

“Claro, uma garota que vai ficar aqui apenas uma semana, que ele pode pegar e nunca mais ver...”

“O mesmo vale pra você” interrompe Anna. “Você pode curtir e nunca mais ver ele também... ninguém aqui te conhece, ninguém que te conhece vai saber, ninguém vai julgar se você estiver afim e ele também... as pessoas falam dessas coisas como se só o homem curtisse, como se só o homem sentisse prazer, como se não fosse igualmente bom pra ambos, como se a mulher tivesse obrigação moral de dizer não quando quer na verdade dizer sim, detesto essa diferença de tratamento que a sociedade dá para os gêneros”. As palavras de Anna ficam na cabeça dela, que assimila aquilo e desconversa:

“nada da Mabel, estou começando a ficar preocupada, mandei mensagem, liguei e nada.”

“ela deve estar voltando, talvez ela conheça alguém que more aqui ou que esteja aqui, sei lá” diz Anna já deitada na cama, puxando o cobertor e fechando os olhos. “deixa a porta destrancada, em caso dela voltar na madrugada, não acordar a gente”.

Anna dorme, mas Bruna não tem a mesma sorte, fica olhando para o teto, pensando na conversa com Anna, pensando no jeito que Vítor a encarava na cozinha, ele parecia ser o tipo que sabia bem o que queria e isso a agradava. Lembra também da colega de viagem que até agora não tinha retornado, onde estaria? Conhecia ela alguém naquela cidade?

Bruna não fazia ideia quanto tempo estava tentando dormir. A noite estava extremamente silenciosa, tranquila. Até que escuta sussurros, ela levanta e caminha em direção de onde os sussurros vinham. Vai até a janela do quarto e vê no portão da casa um homem usando jaqueta e boné pretos e calça jeans, ele está do lado de fora e conversa com Vítor que estava dentro da casa. Ela reconheceu Vítor imediatamente por estar usando a mesma roupa que há algumas horas atrás.

Bruna não consegue ver o rosto do homem de fora da casa pois o boné cobria seu rosto e estava escuro, apenas a luz fraca e distante de um poste de luz na esquina, porém consegue ver que eles fazem uma troca. Ela se esforça para ver o que era, mas a troca é rápida. O rapaz de preto olha para trás como se verificasse se tinha alguém vendo e coloca algo no bolso da jaqueta bem rápido, Vítor coloca algo no bolso de trás da calça jeans. O rapaz sai rapidamente. Vítor acende um cigarro e senta em um pequeno degrau na frente da porta da casa.

Bruna estava com zero sono e cansada de tentar dormir em vão. Ela troca o pijama por uma blusa de magas compridas e uma saia, desce as escadas, abre a porta principal da casa e encontra Vítor, ainda fumando, parece surpreso ao vê-la.

“Ainda acordada?” sorri com satisfação.

“Eu não consegui dormir, tirei um cochilo de manhã depois que cheguei, agora o sono não vem” responde ela que pensou em comentar sobre o que tinha visto para iniciar uma conversa, porém sentiu por algum motivo que não deveria. Todas as amenidades ela tinha conversado com ele na cozinha junto com Anna, então a partir desse momento, não sabia o que dizer. Veio um vento forte, ela estremeceu um pouco. Deveria ter colocado um casaco, pensou. Vítor a olhou nos olhos profundamente a deixando um pouco envergonhada. Oferece cigarro, ela recusa.

A casa era a última do quarteirão e não tinha construções do outro lado da rua que passava na lateral da casa. Vítor termina o cigarro e a chama para sentar em um banco de concreto do lado da casa que não tinham vizinhos, segura sua mão e antes que ela responda, ele a conduz delicadamente em direção a lateral da casa. Ela não sabia ao certo porque estava lá ao invés de tentando dormir, mas ele sabia.

Quando estão se aproximando do banco, ele a posiciona contra a parede, se aproxima delicadamente dela, encostando o seu corpo no corpo dela, aproxima seu rosto do rosto dela sem nada falar, a olha nos olhos. Faz isso de forma lenta, permitindo que caso ela não quisesse, tivesse tempo suficiente de dizer ou se manifestar de alguma forma. Mas ela queria.

Ele a beija na boca de forma lenta e profunda, sendo esse, sem dúvidas, um dos melhoras beijos da vida dela. Ela sente uma química deliciosa, sente como o beijo encaixava perfeitamente. O beijo foi longo e ambos aproveitaram cada segundo.

Ele a beija no pescoço e coloca a mão lentamente por baixo de sua blusa, acariciando suas costas. Desce a mesma mão lentamente por debaixo da saia e acaricia as nádegas, Bruna pensa que deveria dizer algo ou pedir para parar, mas ela está gostando demais para fazer isso. O coração dela bate forte, ela coloca a mão no pescoço dele, sinalizando que ele poderia prosseguir. Bruna sente desejo, um arrepio e percebe que está cada vez mais úmida entre as pernas.

Os beijos e carícias íntimas duram algum tempo, ela coloca sua mão por baixo da camisa dele, acariciando suas costas, Vítor percebe o tesão que ela está sentindo, quando coloca a mão dentro da calcinha da moça, coloca os dedos nos lábios vaginais e chega ao clitóris, massageia o local e percebe que está muito molhada, o que o agrada bastante e coloca a mão dela sob a calça jeans dele, para ela sentir seu membro ereto, a olha nos olhos e a convida para ir ao quarto dele. Nesse momento veem a sua memória a voz de Anna falando que ali ninguém a conhecia, ninguém ia julgar... Bruna consente com um gesto de cabeça sem pensar muito.

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