Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
Reescrever as Estrelas

Reescrever as Estrelas

Tara Clear

5.0
Comentário(s)
5.8K
Leituras
156
Capítulo

Liv sempre teve tudo que quis. Tinha a vida perfeita, era a filha exemplar e sua vida toda estava planejada. Até que um acontecimento inesperado faz o seu castelinho perfeito desmoronar e ela acordar para a vida real, onde nem sempre as coisas saem do jeito que se quer. Javi Alvarez, uma das grandes promessas do futebol espanhol quer curtir da melhor maneira possível tudo que a vida possa lhe proporcionar. O que acontece quando o destino coloca em rota de colisão duas pessoas teimosas, um pouco impulsivas e que se odeiam à primeira vista??

Capítulo 1 LIV

O Uber rodava pelas ruas de Barcelona, essa cidade me encantava de uma forma inexplicável. Depois da minha terra natal Curitiba, no Paraná, a capital catalã com certeza é o meu segundo lugar favorito no mundo desde que tinha vindo aqui pela primeira vez.

Ver as construções históricas conseguiu desviar meus pensamentos da bagunça que acontecia em minha vida. Eu não sabia o que fazer, qual caminho seguir. Meu primeiro pen-samento foi pegar minhas coisas, enfiar o que coubesse nas malas e pegar o primeiro voo rumo à Barcelona onde estava a única pessoa que com certeza ainda me amava e poderia me ajudar, meu irmão.

O carro parou em frente ao condomínio de luxo que ficava em uma área nobre da cidade. A tarde ia caindo e com isso ficava cada vez mais frio e nublado. Talvez até chovesse mais tarde.

O motorista desceu e abriu a porta para mim.

— Muito obrigada. — agradeci em catalão. Eu tinha feito questão de aprender o idioma para quando viesse visitar meu irmão, e também porque gostava de tudo que se relacionava a Barcelona.

Andei até a portaria enquanto esfregava minhas mãos geladas uma na outra, não por estar com frio, mas pelo nervoso que me consumia.

— Oi seu Antônio. — cumprimentei o porteiro.

— Olá senhorita. Você é a irmã do senhor Benjamin, não é?

— Isso mesmo. — assenti sorrindo. — Como o senhor está?

— Estou bem e você como está? — o senhorzinho tinha por volta de cinquenta anos e era super gente boa.

— Bem. — respondi tentando dar um sorriso simpático, na verdade eu estava longe de estar bem, mas ele não precisava saber disso. — Pode liberar minha entrada, por favor?

— Claro. Quer que eu interfone para o seu irmão?

— Não precisa, eu quero fazer uma surpresa pra ele.

— Está certo. Eu vou ajudá-la com essas malas.

— Obrigada.

Os dois homens colocaram minhas malas para dentro e agradeci ao motorista do Uber.

— Pode ficar com as minhas malas um pouco, eu já volto para buscá-las. — pedi ao porteiro que sorriu assentindo.

— Claro, pode ir lá.

Agradeci mais uma vez e fui em direção a área externa do condomínio onde ficavam as casas.

Me lembro de ter ficado encantada quando vim aqui pela primeira vez no ano passado, durante as férias da faculdade. Ben tinha acabado de comprar a casa e queria muito que eu viesse vê-la, já que segundo ele, minha opinião profissional era muito importante.

As casas iguais, na verdade eram verdadeiras mansões. Todas lindas, com fachadas incríveis e na cor branca. Não conseguia esconder meu entusiasmo quando encontrava alguma construção desse tipo e sempre gostava de imaginar o que eu poderia fazer para deixá-las ainda melhor. Fazia isso desde quando eu era criança.

Isso estava em meu sangue, sempre fui apaixonada por desenhar plantas de imóveis, construir maquetes e tirar fotos dos prédios que eu gostava. Eu nasci para isso e não hesitei em entrar na faculdade de Arquitetura. Amava o que estava aprendendo a fazer e tinha o dom para a coisa.

Andei mais um pouco e parei em frente a segunda casa do lado esquerdo, subi os degraus de mármore branco com o coração disparado no peito.

Ergui a mão para tocar a campainha, mas parei ao ouvir uma música tocando dentro da casa. Notei também pessoas rindo e conversando. Aparentemente estavam dando uma festa e nesse momento me recriminei por não ter avisado que eu estava vindo, mas agora era tarde.

Respirei fundo e toquei a campainha. Passei a mão pelos meus cabelos negros longos e lisos em um gesto nervoso enquanto esperava.

Não apareceu ninguém e imaginei que não escutaram devido ao barulho que vinha lá de dentro e toquei de novo.

Tirei os óculos escuros que cobriam meus olhos castanhos e os pendurei na gola da blusa, espero que meu rosto não esteja muito inchado depois de ter chorado o tanto que eu chorei. Tirei também o boné branco e alisei meus cabelos.

Esperei por alguns segundos e novamente ninguém atendeu, então eu decidi entrar. Respirei fundo mais uma vez tentando manter a calma e pressionei a maçaneta preta para baixo devagar.

A primeira coisa que registrei foi a música que tocava, era Chantaje da Shakira. O clima parecia divertido já que a galera estava sorrindo e conversando, e quase todos tinham garrafas de cerveja na mão ou algum copo.

Fechei a porta atrás de mim e dei alguns passos olhando ao redor procurando por um rosto conhecido, mas não encontrei. Percebi que estava chamando atenção e fiquei um pouco envergonhada, principalmente porque eu estava desarrumada, usando calça legging, moletom e tênis.

Antes que eu me movesse novamente, meu irmão apareceu vindo da cozinha trazendo duas garrafinhas long neck, uma em cada mão. Ele estava sorrindo e parecia bem feliz e meu coração se apertou de saudades, e também de vergonha e medo pelo motivo de eu estar aqui.

Ben entregou as garrafinhas para dois rapazes e se virou, foi então que ele me viu e sua expressão, antes sorridente, foi substituída por uma de espanto.

— Liv... — ele balbuciou ainda surpreso.

— Oi Ben.

Não pensei em nada e corri me jogando em seus braços que sempre foram o meu refúgio e o meu porto seguro desde criança. Ele me apertou de volta e segurei a vontade de chorar.

— O que você tá fazendo aqui garota? — ele perguntou ainda abraçado a mim. — Por que não me disse que vinha? Eu ia te buscar no aeroporto.

Me afastou ainda sorrindo, mas não consegui segurar a emoção e meus olhos ficaram marejados. Percebi a preocupação e o temor em seu olhar antes dele me abraçar novamente com seu instinto protetor.

— O que aconteceu Liv?! — perguntou nervoso. — Alguém te fez alguma coisa?

Antes que eu pudesse dizer algo, senti alguém tocar meu ombro e me virei vendo o rosto de uma das minhas melhores amigas, a esposa de Ben.

— Liv o que aconteceu? — ela perguntou também surpresa e não hesitei em abraçá-la tam-bém.

— Oi Mika... — murmurei agarrada a ela. Seu nome era Mikaela, mas sempre a chamamos pelo seu apelido.

— Amiga o que aconteceu? — ela perguntou novamente e percebi que todo mundo olhava pra gente.

Meu olhar cruzou com o de um cara sentado no braço do sofá que ficava ao lado da escada, ele estava de braços cruzados e senti que me encarava com curiosidade.

Desviei meu olhar do dele e me afastei de Mika me sentindo ainda mais envergonhada por estar chamando atenção daquele jeito.

— Desculpa aparecer assim, eu...

— Não Liv, não se desculpa. Vem, vamos conversar lá em cima. Amor você cuida de tudo?

— Claro, vai lá.

Ben abraçou meus ombros e fomos em direção a escada. Não tive coragem de erguer a cabeça e encarar as pessoas, me percebi ele dar um leve aceno para eles.

Sequei os olhos com a manga da blusa enquanto Ben me conduzia pelo corredor no andar de cima, até que ele parou em frente a porta da sua suíte e de Mika.

— Ben me desculpa mesmo, eu não imaginava que você tava dando uma festa. — falei quando ele abriu a porta e nós entramos. Eu com certeza devo ter assustado os seus convi-dados.

— Relaxa maninha, tá de boa, são meus colegas de time.

Ben era jogador de futebol e atualmente defendia o Futbol Club Catalunha depois de ter assinado contrato ano passado.

— Mas se você tivesse me avisado que tava vindo, isso não teria acontecido né dona Olívia. — ele continuou e eu dei um sorrisinho sem graça.

— Foi meio que em cima da hora. — falei tirando minha bolsa e deixando em cima de uma poltrona junto com o boné.

— Percebi. Agora me explica, por que você veio pra Barcelona assim sem me avisar? E por que esse choro Liv? A gente conversou ontem de manhã e tava tudo bem.

Sorri tristonha comigo mesma enquanto secava meu rosto novamente com a manga da blusa.

— Até ontem à tarde eu não sabia que minha vida ia virar do avesso. — comecei a explicar toda aquela bagunça e sentei na enorme cama de casal cruzando as pernas. Ben veio se sentar ao meu lado.

— O que foi maninha? — perguntou carinhosamente abraçando meus ombros e apertando de leve.

Antes que eu abrisse a boca, a porta foi aberta e Mika entrou trazendo uma xícara nas mãos. Antes mesmo que ela se aproximasse, eu reconheci o cheiro e meu estômago virou do avesso novamente.

— Toma, vai te fazer bem. — disse me entregando a xícara com o líquido fumegante, mas eu recusei.

— Não dá... — murmurei tentando controlar a náusea que veio com tudo e respirei fundo fechando os olhos.

— É chá de camomila, você sempre gostou. — Mika disse colocando a xícara em cima da mesinha e eu quase pedi para ela levar aquele chá pra bem longe de mim.

— Liv o que aconteceu? Eu tô ficando preocupado de verdade. — Ben perguntou de novo e olhei para ele respirando fundo mais uma vez.

— Eu estraguei minha vida Ben.

Ele e Mika trocaram olhares preocupados e depois me encararam novamente.

Continuar lendo

Você deve gostar

Outros livros de Tara Clear

Ver Mais
Capítulo
Ler agora
Baixar livro