- Então você quer se casar no lugar da sua irmã... - disse Rafael Morales, agora revelado como Daniel, com um olhar curioso e quase impassível. - Sim, por favor, case-se comigo e deixe ela em paz - respondi, minha voz carregada de desespero e determinação. - É melhor se casar comigo. Eu sou jovem, posso te dar um filho. Rafael ergueu uma sobrancelha, uma expressão de ponderação cruzando seu rosto. - Sua irmã é mais nova. - Nova demais para um homem do seu tamanho - repliquei com firmeza. - Ela ainda é uma criança, e eu sou mais adequada para o que você precisa. Sou saudável, se tudo ocorrer bem posso te dar mais de uma criança.. Cristina Mancini, diante da doença de seu pai e do acordo de casamento que visa unir sua irmã mais nova ao poderoso empresário Rafael Morales, se oferece para se casar no lugar da irmã, com o intuito de protegê-la e preservar sua dignidade Rafael Morales um empresário multibilionário, resolve se casar por conveniencia com uma humana comum já que ainda não encontrou a sua predestinada, e precisa de um herdeiro para tocar os negócios e também sua matilha. Será que ambos vão dar certo? REDES: @luaraprince
- Quem vai se casar com quem? - perguntei, tentando entender a situação.
Minha irmã, com um brilho de excitação nos olhos, se afastou de nossa madrasta e correu em minha direção.
- Cristina, eu vou casar! - anunciou, como se fosse a melhor notícia do mundo.
Fiquei paralisada por um momento, tentando processar suas palavras. Casar? Minha irmã, tão jovem, já se envolvendo em um compromisso tão sério?
- Casar? Como assim casar? - perguntei, a incredulidade evidente em minha voz.
Minha madrasta e o homem se levantaram do sofá, suas expressões sérias enquanto se aproximavam de nós. A atmosfera ficou ainda mais tensa, como se estivéssemos prestes a atravessar um campo minado de emoções.
- A saúde de seu pai piorou e ele precisa de atenção. Então o senhor Morales, que é meu antigo chefe, ofereceu esse acordo de casamento - explicou minha madrasta, sua voz carregada de uma frieza pragmática.
- Não! - exclamei, dando um passo à frente, meu corpo tremendo de indignação. - Minha irmã é muito nova para casar. Eu não vou permitir isso! Case a sua filha mais velha, ela é solteira pelo que sei.
- Cristina, por favor, entenda... - começou minha madrasta, mas eu a interrompi, minha voz firme e determinada.
- Não, não há nada a entender. Não vou permitir que minha irmã seja sacrificada por conveniência. Se alguém tem que se casar, que seja eu.
O homem segurava alguns papéis e, com um olhar calculista, explicou:
- Me chamo Igor Reis, sou assistente do senhor Morales, ele quer um casamento para ter um herdeiro. Assim que isso for feito, o acordo de divórcio será concluído. E sua irmã é jovem, a chance de engravidar é muito maior.
Eu, com meus vinte e dois anos, sentia a raiva borbulhar dentro de mim. Minha irmã tinha acabado de completar dezoito, ainda tão inocente. Aquele homem me irritava profundamente.
- Sou jovem o suficiente para engravidar. Eu caso no lugar dela, se a deixarem em paz.
Eles trocaram olhares, avaliando a situação.
- Com licença, irei dar um telefonema - disse ele, saindo da sala.
- Olga - digo, aproximando-me dela com passos firmes - cadê as reservas?
Ela ergue o olhar, um sorriso cínico nos lábios.
- Mandamos para minha filha. Ela precisava de dinheiro para pagar os estudos, sabe, o futuro dela é muito importante.
A indignação queima dentro de mim.
- Então você decidiu fazer isso com a minha irmã?
Olga franze a testa, a impaciência evidente em sua expressão.
- Não seja ingrata, garota. Você sabe muito bem que seu pai não gosta de vocês. Afinal, sua mãe o traiu, e vocês são filhas bastardas. Não sejam ingratas por tudo que fizemos por vocês. Ainda mais quando ela...
O homem retorna, interrompendo nossa discussão.
- Está tudo resolvido. Ele aceita a senhorita Cristina Mancini
Subi as escadas com passos resolutos, cada degrau um esforço contra o aperto em minha garganta. Ao adentrar meu quarto, fechei a porta cuidadosamente e me apoiei nela por um instante, inspirando profundamente para reprimir as lágrimas que teimavam em escorrer.
Lancei um olhar ao redor do modesto cômodo que fora meu santuário. As paredes descoloridas e a cama singela pareciam, naquele momento, oferecer um conforto singular. Abri a mala velha que repousava sob a cama e comecei a guardar minhas escassas vestimentas.
Ao dobrar uma blusa surrada, senti meus olhos marejarem, mas contive o pranto. Não era hora de fraquejar. A cada gesto, repetia para mim mesma que o fazia pelo bem de minha irmã, que era necessário.
Fechei a mala com um suspiro carregado de pesar e resolução. Ergui a alça e lancei um derradeiro olhar ao quarto, gravando cada detalhe em minha memória.
Desci as escadas rumo à sala de estar, mantendo uma expressão impávida, embora por dentro estivesse prestes a ruir. Ao chegar, deixei a mala ao meu lado e ergui o queixo, preparada para o que estivesse por vir.
- Estou pronta - declarei, minha voz revelando firmeza, apesar da tempestade de sentimentos que se agitava em meu interior.
Minha irmã não disse nada. O silêncio dela durante minha partida foi perturbador. Achei estranho; ela nem me abraçou, nem se despediu. Sua indiferença era um peso a mais que eu carregava.
Ao entrar no carro, percebi o luxo do veículo, que contrastava cruelmente com minha realidade. No banco de trás, sentado ao meu lado, estava um homem que não havia notado antes. Seus cabelos lisos e olhos verdes me penetravam a alma, deixando-me inquieta. Cruzei as pernas, tentando encontrar uma postura confortável em meio ao desconforto emocional.
Esse carro luxuoso já tinha me assustado quando cheguei, mas me contive e não disse nada. O homem ao meu lado, com sua presença imponente, era enigmático. Outro assistente? Um advogado, talvez? Suas intenções eram tão insondáveis quanto seu olhar.
- Então, Morales. Morales de quê? - perguntei, tentando quebrar o silêncio.
- O nome dele é Rafael Morales - disse o homem ao meu lado. Ah, ele fala!
- Oh. E o que ele é exatamente? - continuei, buscando mais informações.
Ele me olhou, surpreso com minha ignorância.
- Não conhece mesmo?
Senti uma pontada de irritação misturada com curiosidade. Aqueles olhos verdes, ainda cravados em mim, pareciam querer sondar minha alma, como se minha falta de conhecimento fosse uma falha imperdoável.
- Não, não conheço. - respondi, mantendo meu tom firme. - E pelo visto, tenho muito a aprender.
O homem assentiu, seu olhar suavizando um pouco.
- Rafael Morales é um dos empresários mais poderosos do país. Dono de várias empresas e influente em muitos setores.
- Entendi, entendi. E por que ele escolheu alguém de um fim de mundo como o meu para casar? - perguntei, a incredulidade evidente em minha voz.
Aquele homem sorriu e cruzou os braços, uma expressão de divertimento em seu rosto.
- Talvez ele goste de emoção e experimentar coisas novas - respondeu, seu tom leve, quase brincalhão.
Arqueei a sobrancelha, analisando-o com mais atenção.
- E você é o advogado ou o psiquiatra dele?
Ele soltou um riso, a tensão no carro diminuindo um pouco.
- Sou definitivamente alguém que o conhece muito bem - acrescentou Daniel, seu tom levemente provocativo.
- Eu imagino que sim - suspirei, a exaustão e a ansiedade começando a pesar. - Espero que cheguemos logo e acabemos com isso.
Daniel ficou em silêncio, talvez entendendo que eu precisava de um momento para processar tudo. A estrada passava rapidamente pela janela, e o ritmo do carro era hipnotizante. Por um breve instante, quase desejei que essa viagem não tivesse fim, que eu pudesse adiar a chegada ao desconhecido.
- A senhorita está com fome? - perguntou Daniel de repente, quebrando o silêncio.
Olhei para ele, surpresa com a gentileza inesperada.
- Um pouco, talvez - admiti, percebendo que não tinha comido nada o dia inteiro. - Mas posso esperar até chegarmos.
- Não precisa esperar. Há uma pequena geladeira com alguns lanches e bebidas um pouco abaixo de nosso acento.
r3d3: @luaraprince
Capítulo 1 quem vai casar
22/07/2024
Capítulo 2 Senhor Morales
22/07/2024
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