Quando Alina, uma jovem determinada a escapar das dificuldades de sua vida modesta, cruza o caminho de Nikolai Volkov, um poderoso e impiedoso líder da máfia russa, sua vida muda para sempre. Sem saber, ela se vê envolvida em um perigoso jogo de poder, traição e desejo. Nikolai, um "Vor v zakone", governa seu império com mãos de ferro e coração de pedra, mas a inesperada atração por Alina começa a ameaçar seu controle frio e calculista. À medida que os dois se aproximam, Alina é sugada para o sombrio e fascinante mundo da máfia russa, onde luxos perigosos e inimigos implacáveis a cercam. Entre a lealdade à sua própria vida e a paixão por um homem que representa tudo o que ela deveria temer, Alina precisa decidir se está disposta a pagar o preço de ser a amante de um mafioso. No submundo de Moscou, amor e lealdade podem custar mais caro do que a vida.
A vida em Moscou era como um quebra-cabeça onde as peças nunca se encaixavam. Eu nasci e cresci aqui, mas, mesmo depois de tantos anos, ainda me sentia uma estranha, como se a cidade fosse uma força implacável, disposta a esmagar qualquer um que não se conformasse com suas regras. Moscou não perdoava. E, apesar de seu brilho e esplendor, seu coração era feito de aço e concreto, frio e cruel.
Trabalhava como garçonete em um restaurante na Tverskaya, uma das principais ruas da cidade, onde a riqueza e a miséria coexistiam lado a lado. Eu via todos os dias os homens de terno, as mulheres de casacos caros e perfumes intensos, passando por mim sem nem sequer um olhar. Eles riam, brindavam, faziam negócios e me ignoravam como se eu fosse invisível. Era uma rotina exaustiva, mas, de alguma forma, eu me agarrava à esperança de que algum dia conseguiria escapar dessa vida que parecia me prender como uma gaiola de ouro.
O inverno em Moscou era especialmente implacável. Às vezes, o frio parecia um lembrete cruel de que eu não pertencia àquela cidade. E, mesmo trabalhando dentro do restaurante aquecido, o vento congelante que entrava toda vez que a porta se abria parecia invadir cada célula do meu corpo, como se quisesse me alertar de que, aqui, eu sempre seria uma intrusa.
Minha jornada no restaurante começava cedo e terminava tarde. Cada cliente que eu atendia parecia levar consigo um pedaço da minha energia, e a cada sorriso que eu forçava, sentia como se estivesse me distanciando dos meus sonhos, do pouco que restava de quem eu queria ser. Observava as pessoas, cada uma com suas histórias, seus mistérios, e me perguntava o que as trazia até aqui, o que as mantinha tão atreladas àquele estilo de vida. Às vezes, achava que eles, assim como eu, estavam presos em suas próprias prisões invisíveis, apenas com correntes diferentes.
Naquela noite, depois de mais um turno exaustivo, decidi andar um pouco antes de voltar para casa. Moscou à noite era uma mistura de beleza e perigo, como uma armadilha traiçoeira pronta para capturar os desprevenidos. O brilho das luzes contrastava com as sombras, e cada esquina parecia esconder segredos sombrios, histórias que nunca seriam reveladas. Caminhei pelas ruas frias, deixando o vapor de minha respiração se misturar com o ar gelado. Eu sentia o silêncio daquela cidade que nunca dormia, e, de alguma forma, era reconfortante, como se o peso do dia finalmente estivesse se dissipando.
Passando por uma rua pouco movimentada, percebi uma movimentação estranha ao longe. Dois homens estavam encostados em um carro preto, em uma postura tensa. Eu sabia que Moscou tinha suas próprias regras, e havia lugares onde certas coisas simplesmente não deveriam ser questionadas. Mas havia algo nesses homens que me chamou a atenção. Pareciam estar esperando alguém, os rostos cobertos por gorros e cachecóis, os olhos sempre alertas. Eu estava a uma distância segura, mas senti um calafrio percorrer minha espinha.
Continuei andando, tentando parecer o mais indiferente possível, mas não consegui evitar olhar para trás mais uma vez. E foi aí que o vi.
Nikolai Volkov.
Eu só descobriria mais tarde, mas naquele momento, ele era apenas um homem imponente, com uma aura de poder e mistério que parecia envolver tudo ao seu redor. Ele saiu de um carro com um passo firme, sua figura alta e os traços marcantes destacando-se na luz fraca da rua. Usava um casaco escuro que parecia fazer parte da escuridão ao seu redor, e seu olhar era frio e penetrante, como se nada pudesse escapar de sua observação. Ele parou por um momento, avaliando o ambiente ao seu redor, e quando seus olhos passaram por mim, senti um choque, como se tivesse sido exposta, vulnerável.
O tempo pareceu parar. Eu sabia que deveria desviar o olhar, continuar andando e não me envolver em algo que claramente não era para mim. Mas algo nele me prendeu. Havia uma intensidade em seu olhar, uma força silenciosa que me deixava sem reação, como se estivesse diante de algo perigoso e fascinante ao mesmo tempo. Mesmo de longe, eu podia sentir o magnetismo que ele exalava. Ele era alguém que não precisava de palavras para impor respeito. Sua presença era suficiente.
Nikolai trocou algumas palavras com os homens e, depois, desapareceu em um prédio ao lado. A cena durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para gravar sua imagem em minha mente. Havia algo nele que me atraía, um enigma que eu queria decifrar. Eu sabia que aquele tipo de curiosidade podia ser perigoso, especialmente em uma cidade como Moscou, mas, naquele instante, não me importei. O que eu poderia perder, afinal?
Voltei para casa com a imagem de Nikolai gravada na mente. Algo em mim havia mudado, como se o encontro casual tivesse plantado uma semente de inquietação que agora crescia a cada segundo. Passei a noite pensando nele, tentando entender por que aquele homem, que eu nunca havia visto antes, conseguia mexer tanto comigo. Era um misto de fascinação e temor, uma sensação que eu não conseguia explicar.
Nos dias que se seguiram, tentei esquecer o que vi, mas a verdade é que Moscou nunca me pareceu a mesma depois daquela noite. Cada esquina, cada rosto, cada som parecia carregado de segredos. Era como se eu tivesse sido puxada para uma parte da cidade que eu sempre ignorei, uma realidade que existia nas sombras e que agora começava a se revelar. Eu não sabia o que aquilo significava, mas sentia que, de alguma forma, estava destinada a descobrir.
Talvez fosse apenas minha imaginação, ou talvez algo realmente estivesse mudando em minha vida.
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