Desde a terceira série, Carina e Bruno são inseparáveis, apesar de suas personalidades opostas. Carina, dedicada aos estudos e com um amor pela inteligência, sempre foi a âncora tranquila de sua amizade. Bruno, o espírito livre, amante de baladas e avesso aos livros, joga no time Lobos de Prata, o time de futebol da faculdade . No entanto, o que começa como uma amizade sólida começa a se transformar quando Bruno percebe que seus sentimentos por Carina estão mudando. Uma paixão desconhecida até então começa a crescer em seu coração, fazendo-o questionar tudo o que pensava sobre si mesmo. Enquanto Bruno lida com essa reviravolta em seus sentimentos, Carina não passa despercebida por outros garotos, despertando olhares. Mas, quando o melhor amigo de Carina, há muito tempo apaixonado por ela em segredo, revela um lado possessivo, controlador e agressivo, a amizade que ela e Bruno compartilham fica em perigo. Bruno se vê preso em um dilema angustiante: deve falar sobre seus sentimentos por Carina e correr o risco de perder uma amizade que é tão valiosa para ele, ou deve guardar esse segredo e enfrentar as consequências de não seguir seu coração?
Olho para o relógio; são 06 horas da manhã. Falta uma hora para ir à faculdade e não dormi nada. Eu bem poderia faltar hoje na aula. Com essa, seria a quarta falta nessa semana. Quer saber? Não vou pra aula hoje. Pronto, está decidido! Quando me viro para voltar a dormir, meu celular toca. Viro-me novamente para desligar quando vejo a imagem na tela. É a Carina!
- Alô, Carina? Ah... O que foi? - Bocejo.
- Bruno? Ainda está na cama? - Indaga. - Não vai vir pra aula? Já sei, saiu de novo e chegou agora há pouco.
Droga! Ela descobriu pelo bocejo.
- Eu? Sair? Claro que não! Sabe que não faço essas coisas. - Minto, mas minha voz não disfarça a mentira. Sei que vai me dar aquele sermão.
- Está mentindo logo pra mim, sério? Sei que saiu, percebi pela sua voz grogue. - Merda! Ela me conhece muito bem. - Não estou querendo ser chata, mas... Me preocupo com você... Sabe disso, né? - Ela disse com aquela doçura na voz. - Vem pra aula hoje? Por favor? - Como dizer não? Ela me faz mudar de ideia, vou pra aula. Contudo, a outra opção era ótima.
- Está bem. Está bem. Vou levantar e me arrumar para ir. Quero que saiba que ela vai ficar muito triste. - Digo.
- Quem vai ficar triste? - Diz confusa.
- Ora, a cama. Toda vez é assim. Quando começo a me relacionar, vem você e me afasta dela. - Ando até o banheiro.
- Ha ha ha. Fala sério! Só você mesmo. - Ela diz rindo.
- Vou desligar para você ir... - Ela dá uma pausa. - Ah. Tem como me dar uma carona? - Hum? Não estava preocupada comigo, nem de eu ter mais uma falta e sim querendo uma carona. - Que sapeca essa minha amiga.
- Que isso?! Claro que me preocupo com seu ano letivo. Mas não custa saber se meu amigo pode me levar, só isso. - Ri baixinho para eu não perceber.
- Ok. Vou te levar. Mas vou demorar a me arrumar. Vai esperar? - Encosto no umbral da porta do banheiro.
- Claro que vou esperar. Quando estiver pronto, me avisa. Ok? - Ela disse.
- Ok. - Desligo a ligação. Nesse momento, entro no banheiro, ligo o chuveiro, confiro a temperatura da água e está ótima. Tiro a roupa e entro. Sinto a água cair no meu rosto e começo a lembrar da noite passada que saí com o pessoal do time para comemorar mais uma vitória, 3x0. Beto indicou uma boate para comemorar, não era lá essas coisas, mas deu para nos divertir.
Quer dizer, bebi horrores: vodka, uísque... Sem contar as mulheres... Nossa, uma mais linda que a outra; morenas, loiras, ruivas... Foi bom pra caralho. Sorrio ao lembrar da noite que tive. Saio do banho e volto para o quarto. Vou ao meu guarda-roupa e vejo com qual roupa vou. Pego uma camisa preta de manga curta, já que está um pouco frio agora de manhã, coloco uma calça jeans rasgada no joelho e, logo em seguida, calço o meu tênis. Estava quase pronto, só faltava uma coisinha... Meu cabelo, é claro! Ele é meu charme com a mulherada. Sorrio com o resultado e saio.
***
Chegando perto da casa da Carina, parei meu Audi e tirei meu celular do bolso da calça para avisar que estava perto.
"Oi. Já estou aqui na frente. Cadê você?"
"Finalmente! Aleluia senhor! Já estou indo."
Ela estava saindo do portão, vindo ao meu encontro. Usava um vestido um pouco justo na cintura e que ia até o joelho, rosa bem clarinho, que combinava com seu tom de pele. Calçava sapatilhas pretas com um laço na ponta. Estava com os cabelos loiros ondulados soltos e usando uma maquiagem leve. Ela não gosta de maquiagem pesada, diferente das garotas lá da faculdade. De fato, ela não precisava, já é linda assim ao natural. Eu até tentaria alguma coisa...
Bruno Dantas, você está louco?? Somos amigos!! Quer dizer, melhores amigos desde a terceira série. Sem chance!! Sem contar que somos de personalidades completamente diferentes. Sou do time Lobos de Prata, gosto de curtir, sair com a rapaziada, sem relacionamento sério. Já a Carina é inteligente, gosta de ler, tira as melhores notas, focada nos estudos... Nós dois não daríamos certo como casal...
- Vamos ou vai ficar viajando aí? - Ela toca no meu ombro, depois de fechar a porta do carro.
- Hã... Nada não. - Digo tentando esquecer aquilo. - Você está linda hoje.
- Que graça. Sempre zoando. - Revira os olhos, coloca o cinto.
- Não estou zoando. Falo a verdade. - Olho para ela.
- Hoje você está linda! - Ela cora. Sempre fica assim quando faço um elogio.
- Ok. Ok. Podemos ir logo? Demorou pra caramba! - Reclama.
- Eu demorei? Quem demora aqui é você, senhorita Martins! Lembra do baile de formatura do ano passado? Demorou uma hora por causa desse cabelo. Ficou horas no secador. - Cruzo meus braços e ela fica em silêncio. - E outra, esse cabelo não fica lindo e perfeito sozinho, tá? - Jogo ele para trás, olhando-me pelo retrovisor.
- Quer parar de se admirar e ligar logo esse carro?
- Sim, senhorita! - Liguei o carro e saímos dali, mas fiquei pensando. Por que quando estou ao lado dela me sinto tão bem? Dá uma paz...
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