Amara é uma mulher resiliente, determinada a seguir seu caminho sem amarras, mas a vida parece conspirar para testá-la em cada curva. Após se envolver em uma situação inesperada e salvar a vida de Théo, um garoto doce e silencioso, ela se vê no centro da atenção de Pitter, um homem poderoso, intimidador e, ao mesmo tempo, irresistivelmente enigmático. Pitter carrega segredos e cicatrizes que o tornaram um homem frio, mas o encontro com Amara mexe com suas convicções. Decidido a honrar o que considera ser uma dívida com ela, ele propõe algo impensável: casamento. Para Amara, essa ideia é absurda e incompatível com sua filosofia de vida. No entanto, o destino não se contenta em deixar essa história seguir um caminho previsível. Enquanto tentam navegar por suas diferenças, ambos descobrem que o passado é um fardo difícil de abandonar, mas também um espelho para o futuro. Pitter está determinado a derrubar as barreiras de Amara, enquanto ela luta para proteger sua independência e seus segredos mais profundos. Em meio a diálogos afiados, tensão crescente e momentos de vulnerabilidade, Amara e Pitter enfrentam dilemas que colocam à prova seus valores e desejos. Será que o choque entre dois mundos tão diferentes poderá criar algo genuíno, ou eles estão fadados a seguir caminhos opostos?
O calor parecia incinerar cada célula do corpo de Amara. Era um incêndio interno, ardente como lava, e a única chance de alívio estava no toque do homem à sua frente...
Instintivamente, seus dedos se agarraram à pele fria e marmórea. A sobrevivência falava mais alto, eliminando qualquer resistência. A dor misturava-se ao prazer, crescendo devagar, intensificando-se como fogos de artifício iluminando o céu noturno de sua mente. Era como estar à deriva em um mar escaldante, subindo e descendo sem controle, completamente incapaz de escapar.
"Ei, acorde... Está frio aqui, você pode pegar um resfriado."
Um toque em seu ombro fez Amara abrir os olhos ligeiramente. O olhar preocupado da enfermeira trouxe-a de volta à realidade. Ainda desorientada, ela sentiu o calor ruborizar seu rosto, como se tivesse sido pega em flagrante.
Droga. Mesmo depois de tanto tempo, aquela noite, cheia de calor e descontrole com Asllan, continuava invadindo seus sonhos.
Por estar bêbada a ponto de perder a consciência, as memórias daquela noite eram vagas, quase inexistentes. Contudo, a vergonha permanecia sempre que pensava nisso, especialmente quando lembrava que tinha que encarar Lorenzo Anbrósio, sabendo que ele, ao menos, jamais saberia o que se passava em sua mente.
A enfermeira, ainda à sua frente, entregou-lhe alguns papéis.
"Você se esqueceu de pegar os resultados dos exames de saúde da gravidez. O Dr. Yang pediu para que você volte na próxima semana."
Amara pegou os papéis e sorriu gentilmente antes de guardá-los com cuidado em sua bolsa.
Enquanto caminhava para a saída do hospital, sua mente já estava a quilômetros dali. Após meses sem contato, Asllan estava finalmente voltando ao país. Pensar no reencontro a fazia sentir um misto de nervosismo e expectativa.
O choque de Asllan ao descobrir sua gravidez ainda era uma lembrança recente. Apesar de suas palavras tranquilizadoras, Amara percebia que ele não parecia tão animado quanto ela. Mas talvez fosse normal, como o médico havia dito: homens demoravam mais para se conectar à ideia de serem pais. Ainda assim, por que ela tinha a sensação de que estava conduzindo tudo sozinha?
O sol brilhava forte quando ela saiu para a rua, ajeitando a cintura dolorida antes de acenar para um táxi. De repente, um carro esportivo vermelho surgiu como um relâmpago, freando bruscamente a poucos centímetros de sua roupa.
Amara recuou instintivamente, o coração disparado. O som estridente dos freios ainda ecoava em seus ouvidos quando uma figura feminina emergiu do veículo.
Vestindo um vestido vermelho justo que realçava suas curvas, Melissa desceu do carro com a confiança de uma modelo na passarela. Seu sorriso carregava veneno, e seus saltos altos pareciam martelar o chão com provocação enquanto se aproximava de Amara.
"Amara, com medo de que eu acabe com o bastardo no seu ventre?" A voz cortante fez o corpo de Amara gelar.
Instintivamente, ela protegeu o abdômen, dando um passo para trás.
"Melissa, não se atreva a ir tão longe!"
Melissa riu, cruzando os braços com desdém. "Ir longe demais? Você já foi longe demais! Embebedou-se, dormiu com um estranho, engravidou e agora quer fazer Asllan assumir o papel de pai? Que vergonha, Amara."
As palavras caíram como facas. Amara congelou.
"Não sabe do que está falando!"
"Ah, eu sei, sim." Melissa inclinou-se para frente, olhando-a diretamente nos olhos. "E você? Acha mesmo que o homem daquela noite era Asllan? Não seja tão ingênua."
O rosto de Amara ficou lívido.
"Desde crianças, você não parava de dizer que ele era seu namorado de infância, sua alma gêmea, e nem reconheceu o próprio corpo dele naquela noite?" Melissa riu, um som cheio de crueldade.
A cabeça de Amara girava. As palavras de Melissa traziam à tona lembranças confusas, mas cada vez mais claras. Sim, o homem daquela noite... ele era diferente.
Ela havia se convencido de que Asllan tinha mudado fisicamente, amadurecido. Mas, agora, a ideia de que tudo poderia ter sido um erro esmagava seus sentidos.
A luz do sol não parecia capaz de aquecer o frio que a dominava.
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