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Minha Atrevida

Minha Atrevida

Gil Silva

5.0
Comentário(s)
26
Leituras
36
Capítulo

Nathifa sempre foi intensa, apaixonada pela vida e movida por seus desejos mais profundos. Desde cedo, ela sabia que Armed, o amigo da família vinte anos mais velho, seria o centro de sua história. Apesar de ser vista como apenas uma menina aos olhos dele, Nathifa está determinada a romper todas as barreiras que ele ergueu ao redor de seu coração. Para ela, não existe obstáculo grande o suficiente quando o amor está em jogo. Armed, por sua vez, tenta resistir aos sentimentos avassaladores que Nathifa desperta. O peso da diferença de idade e o temor de enfrentar o pai protetor da jovem tornam-se desafios quase insuperáveis. Mas, entre momentos de tensão, cumplicidade e desejo proibido, surge uma conexão poderosa e impossível de ignorar. Será que Nathifa conseguirá vencer as resistências de Armed e provar que o amor deles vale qualquer risco? E Armed, terá coragem de desafiar seus medos e enfrentar o julgamento do pai de Nathifa para viver essa paixão avassaladora? Um romance intenso e arrebatador que explora os limites do desejo, os dilemas do coração e a força transformadora do verdadeiro amor.

Capítulo 1 Nathifa

Não aguento mais carregar esse amor dentro de mim. Como posso continuar fingindo que está tudo bem quando, no fundo, eu sei que estou à beira de explodir?

Como é possível que ele, com todos os sinais claros, ainda não perceba?

Armed, você é cego ou está se fazendo de idiota?

Ele sabe, sem dúvida, o que sinto por ele. E aquele acidente... Ah, como aquilo ainda martela na minha cabeça.

Sim, eu me declarei. E o pior de tudo?

Foi sem querer. Quem, em sã consciência, se declara por acidente?

"Eu estava em uma boate quando o vi com outra mulher. O ciúme foi tão intenso que fiz algo que detesto: comecei a beber. Não demorou muito para que eu estivesse no palco, dançando de forma completamente indecente. E, como sempre, ele veio me atrapalhar, tirando-me do sério.

Sem cerimônia, ele simplesmente me arrastou do palco. Tomada pela raiva, comecei a xingá-lo, e antes que percebesse, já tinha dito algo que jamais deveria ter dito: que o amava. É claro que o infeliz provavelmente já sabia disso."

Só eu, claro. Tive que ser eu. Todo o constrangimento que poderia ter acontecido, aconteceu naquele maldito momento. Mas, para minha surpresa, a reação dele foi exatamente a que eu temia: nada mudou.

Ele continua como se nada tivesse acontecido. E eu, bem, continuo aqui, perdida nesse mar de emoções que ele só aumenta com cada gesto, cada palavra, cada olhar.

A verdade é que ele não faz absolutamente nada a respeito, e o que é pior: parece que se diverte me torturando. Como se eu fosse uma peça de teatro, um enigma a ser decifrado. Ele vem sempre com aquelas outras mulheres, como se fosse algo natural. Como se fosse a coisa mais simples do mundo aparecer com uma nova companhia a cada festa.

Eu sei, é insano, mas quem consegue suportar ver o homem que ama, aquele homem com quem sonha a cada noite, rindo e flertando com outra?

Como ele pode ser tão cínico?

E eu aqui, me corroendo por dentro, sentindo o veneno do ciúmes e da frustração me consumir.

Ah, se ao menos eu pudesse agir. Se ao menos ele sentisse o mesmo que eu. Mas, ao invés disso, ele parece me ver como uma criança. Como se eu fosse um mero capricho, uma fase passageira, alguém que ele pode ignorar até encontrar algo mais interessante.

Uma criança!

Ele nem se dá ao trabalho de entender. Ele não sabe o que é estar aqui, assistindo de longe, desejando, esperando, sem saber se isso é amor ou apenas uma obsessão passageira.

Rebeca, minha amiga e cunhada, tem sido um porto seguro, mas também a maior provocadora.

"Você precisa tomar coragem", ela diz, com seu jeito direto. "Homens como Armed só saem da zona de conforto se forem sacudidos. E você, minha amiga, precisa sacudir tudo."

Eu sei que ela tem razão, mas o medo me paralisa. E se ele me rejeitar?

E se eu me sentir ainda mais idiota do que já me sinto?

Já basta ele me olhar com pena, aquele olhar de quem acha que estou perdendo tempo.

Eu sei que ele percebe o que sinto. Ele não é cego, mas prefere se fazer de cínico. E o pior?

Ele parece se divertir com isso. Ele se diverte me vendo aqui, a expectativa brilhando em meus olhos, enquanto ele segue sua vida, cercado por outras mulheres, fingindo que nada está acontecendo. Como se não me visse. Como se meu coração, batendo mais forte a cada vez que ele se aproxima, não significasse nada.

O mais doloroso é que ele sabe. Ele sabe o que eu sinto e nunca fez nada além de me olhar com uma pena amarga, como se estivesse lamentando minha juventude perdida. Como se a idade fosse tudo que importasse entre nós. Vinte e três anos contra quarenta e dois , ele diz.

Mas eu não me importo com a idade. Eu não me importo com os números. Eu me importo com o que eu sinto quando ele está perto, quando me olha daquele jeito, me fazendo sentir como se o mundo inteiro desaparecesse. E eu sou simplesmente... eu, perdida nesse amor que me consome, sem saber como lutar contra ele.

E, agora, estou a caminho do Rio de Janeiro. Para o casamento da Letícia.

Eu queria tanto que ele fosse comigo. Imaginei mil vezes nós dois chegando juntos, de mãos dadas, como um casal.

Mas não. Armed recusou o convite sem nem hesitar. Ele disse que não ia, e pronto. Sem explicações, sem uma segunda palavra. O mais frustrante é que ele tem a desculpa perfeita: "É apenas uma festa", ele diria. Mas, para mim, seria muito mais. Seria uma oportunidade, talvez a última, de ele finalmente ver o que está bem diante dos olhos dele. Mas não. Eu sigo sozinha.

Meu irmão, claro, sabe do meu amor por Armed. Não tem como esconder. Já tentei. Fui tola por tentar. Quando contei, ele ficou furioso. "Como você pode se interessar pelo meu amigo?", ele disse, como se eu tivesse escolhido me apaixonar.

Mas o coração não escolhe. Ele se entrega, se perde. E o meu se perdeu em Armed, mas ele não se perdeu em mim. Ele se perdeu em todas aquelas outras mulheres.

E o mais cruel?

Ele sabe. Ele sabe o que eu sinto, e tudo o que ele me dá em troca é um olhar de pena. Como se eu fosse algo a ser esquecido, uma criança com um amor platônico. E o que eu sou para ele? Nada. Nada além de um rosto familiar que ele vê todas as semanas, um vínculo que ele já não quer mais.

Agora, no avião, com a cabeça cheia dele, tentando fugir dos meus próprios sentimentos, eu me pergunto se algum dia ele perceberá. Se algum dia ele olhar para mim e ver o que está ao seu alcance. Mas não. Rebeca, sempre prática, me diz: "Nathifa, você precisa se livrar desse capricho. O mundo está cheio de homens bons, e muitos deles têm o que você procura."

Eu respiro fundo e, apesar de tentar me convencer, sei que não posso. Não é assim tão simples. "Eu sei, Rebeca. Mas ele é ele. Ele é o único que eu vejo. O único que faz o meu coração bater mais forte. O único que, quando está por perto, me faz sentir que estou viva."

Rebeca me olha, e eu sei o que ela está pensando: você está se afundando nesse amor, amiga. E talvez ela tenha razão. Mas como posso deixar de amar o único homem que fez minha alma dançar? Como posso simplesmente apagar tudo o que ele me faz sentir?

Não é simples. Não é fácil. E, mesmo que eu tente esquecer, sei que, no final das contas, ele sempre estará comigo. Porque é ele que eu amo. Só ele. Mesmo que ele nunca saiba.

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