Adeus, Meu Ricardo

Adeus, Meu Ricardo

Gavin

5.0
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Capítulo

Meu marido, Ricardo, olhou para mim no sofá que escolhemos juntos. Aquele onde ele prometeu um futuro, agora era o palco do adeus. "Sofia, me apaixonei pela Clara", ele disparou, tão casual quanto o tempo. Ele ofereceu a casa, o carro, o dinheiro, "só preciso que me dê o divórcio." Como se bens pudessem apagar uma década de promessas. Engoli o nó na garganta, as lágrimas presas. O homem que amei se tornou um estranho nobre em seu sacrifício. Ele esperava desespero, gritos, escândalo. Mas eu só enxuguei uma lágrima antes que ele visse e sussurrei: "Está bem." Sua surpresa era quase cômica, desarmado pela minha calma. Lembrei dele, meu magricela, punhos cerrados na minha frente, "Ninguém mexe com a minha Sofia." Sua proteção feroz, seu amor avassalador. Agora, ele era a fonte da minha dor, e sua proteção pertencia a Clara. Aceitei o divórcio, ele parecia aliviado, explicando que Clara "não merecia carregar a culpa". "Ela sabe que você é casado?", perguntei, fria. Ele hesitou. "Ela sabe. Mas foi tudo... aconteceu." Aconteceu, como as desculpas para chegar tarde, os elogios crescentes, os chocolates do Dia dos Namoratos. Ele a via "pura," "inocente," merecedora do "melhor do mundo." Um mundo construído com meu suor. Para ele, "não houve traição," apenas um "sentimento incontrolável." Ele deu a ela seu tempo, seu coração. Dei um sorriso amargo, mas por dentro, uma nova dor queimava. Assinei os papéis, ele transferiu tudo e saiu, leve, livre. "Você sempre foi a mais compreensiva," ele disse, antes de partir, feliz. Ele me via como um gatinho manso, previsível. Depois de dez anos, desde a faculdade, eu o ajudei a construir tudo. Lembrei dele com ciúmes, "Você não se importa?". Eu confiava. Ele chorou no meu colo, implorando para que eu nunca o deixasse. Eu era sua rocha, seu porto-seguro. Mas ele estava enganado. Eu não sou uma gata. Eu sou uma pantera. E ele não tinha ideia do que despertou em mim. Aquela noite, na frente do hospital, com o teste em mãos. Positivo. Eu estava grávida de Ricardo. Essa criança seria minha. Apenas minha. Ele escolheu a "pureza" e a nova vida. Eu o daria exatamente isso. Eu desapareceria da vida dele. Mas levaria o último laço que nos unia. Ele não saberia do filho. Ele abriu mão desse direito. A dor ainda queimava, mas uma nova força surgia. Eu não estava sozinha. Eu tinha minha filha.

Introdução

Meu marido, Ricardo, olhou para mim no sofá que escolhemos juntos.

Aquele onde ele prometeu um futuro, agora era o palco do adeus.

"Sofia, me apaixonei pela Clara", ele disparou, tão casual quanto o tempo.

Ele ofereceu a casa, o carro, o dinheiro, "só preciso que me dê o divórcio."

Como se bens pudessem apagar uma década de promessas.

Engoli o nó na garganta, as lágrimas presas.

O homem que amei se tornou um estranho nobre em seu sacrifício.

Ele esperava desespero, gritos, escândalo.

Mas eu só enxuguei uma lágrima antes que ele visse e sussurrei: "Está bem."

Sua surpresa era quase cômica, desarmado pela minha calma.

Lembrei dele, meu magricela, punhos cerrados na minha frente, "Ninguém mexe com a minha Sofia."

Sua proteção feroz, seu amor avassalador.

Agora, ele era a fonte da minha dor, e sua proteção pertencia a Clara.

Aceitei o divórcio, ele parecia aliviado, explicando que Clara "não merecia carregar a culpa".

"Ela sabe que você é casado?", perguntei, fria.

Ele hesitou. "Ela sabe. Mas foi tudo... aconteceu."

Aconteceu, como as desculpas para chegar tarde, os elogios crescentes, os chocolates do Dia dos Namoratos.

Ele a via "pura," "inocente," merecedora do "melhor do mundo."

Um mundo construído com meu suor.

Para ele, "não houve traição," apenas um "sentimento incontrolável."

Ele deu a ela seu tempo, seu coração.

Dei um sorriso amargo, mas por dentro, uma nova dor queimava.

Assinei os papéis, ele transferiu tudo e saiu, leve, livre.

"Você sempre foi a mais compreensiva," ele disse, antes de partir, feliz.

Ele me via como um gatinho manso, previsível.

Depois de dez anos, desde a faculdade, eu o ajudei a construir tudo.

Lembrei dele com ciúmes, "Você não se importa?". Eu confiava.

Ele chorou no meu colo, implorando para que eu nunca o deixasse.

Eu era sua rocha, seu porto-seguro.

Mas ele estava enganado.

Eu não sou uma gata.

Eu sou uma pantera.

E ele não tinha ideia do que despertou em mim.

Aquela noite, na frente do hospital, com o teste em mãos.

Positivo.

Eu estava grávida de Ricardo.

Essa criança seria minha. Apenas minha.

Ele escolheu a "pureza" e a nova vida.

Eu o daria exatamente isso.

Eu desapareceria da vida dele.

Mas levaria o último laço que nos unia.

Ele não saberia do filho.

Ele abriu mão desse direito.

A dor ainda queimava, mas uma nova força surgia.

Eu não estava sozinha.

Eu tinha minha filha.

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