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A coroa de gelo
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Capítulo

Thornicy é uma ilha afastada do continente de Axiria assombrada pelo inverno eterno. Outrora fora extremamente pobre e desinteressante, em que até mesmo a nobreza enfrentava grandes dificuldades. Agora que a ilha está sobre nova regência cresce a cada dia despertando interesse e cobiça de outros reinos. A nova rainha terá que se proteger contra a ganância de outros reinos e até mesmo de seus próprios súditos.

Capítulo 1 I. O convite

​O sol pairava no centro do céu, iluminando o ar com a promessa de derreter a fria neve que cercava Thornicy, uma promessa que se mostrara impossível ao longo dos milênios que o inverno eterno cai e assombra a enorme a ilha. Já se passara metade do dia, a ilha inteira parecia se calar sobre o tinir de aço contra aço. ​Os negros cabelos de Nessy dançavam enquanto ela rodopiava com sua espada, jogou toda sua força em um golpe que atingiu abdômen de Colin com força.

— Você está morto — Nessy disse adorando tirar o sorriso sarcástico da face de Colin.

— Não pode me matar com uma espada de treino, Nessy — Colin afirmou fazendo um esforço para substituir a expressão de dor por um sorriso.

— Não ouço objeções de uma pessoa morta. Rhanessy ficou surpresa após Colin desferir uma série de golpes com a lâmina contra ela, mas ainda assim conseguiu se defender de todos de forma não tão graciosa quanto gostaria, em seguida o-atacou ficando irritada quando ele defendeu. Os dois dançaram ao som da música das espadas sob o chão de pedra cinza com o céu aberto do pátio de treino principal, até que Colin deu um golpe violento com a lâmina sobre o chão que Nessy pisava que desequilibrou fazendo suas costas encontrarem rudemente o chão. Nessy olhou para o céu e viu que caia finos flocos de neve que se derretiam molhando seu rosto e se misturando com o suor. Substituiu essa visão por Colin que estava bem a sua frente, apontou a espada e passou-a delicadamente do seu peito ao final de sua barriga fazendo cócegas.

​— Você está morta. — Disse com aquele sorriso sarcástico no seu rosto, que Nessy amava, mas amava mais fingir que odiava. ​

— Você não lutou de forma honrosa. — Nessy disse de forma irritada. ​

— Eu não luto como um cavaleiro. — Colin fez uma pausa e sorriu — E não ouço objeções de uma garota morta. ​Nessy apertou com força a espada que estava em sua mão, sentindo a neve que caíra sobre o cabo, estava prestes a levantar para bater a lâmina sem corte bem forte na cabeça de Colin quando ouviu sons altos de alguém descendo desajeitadamente as escadarias de mármore e gritar: ​“Majestade, Majestade” ​Colin estendeu a mão para ajudar Nessy a se levantar e toda sua ira desaparecera quando sua mão tocou na dele, que fez força para ajudá-la a se erguer. A respiração de Nessy falhou quando percebeu que ele havia entrelaçado seu braço em volta de sua cintura, estava tão próximo dela que Nessy podia ouvir seu coração acelerado da emoção da luta e o suor escorrendo por sua face, o brilho de seus olhos verdes quando ele dava aquele sorriso estupido. “Fria como o gelo” Nessy se recordou do lema de sua casa, e se afastou gentilmente de Colin para ver seu primo Pieter Harris quase tropeçando em seus próprios pés enquanto descia a escada. Ao olhar de relance para Nessy, Colin percebeu que ela não estava mais lá, ou melhor ainda, ao seu lado estava a mesma garota de pele pálida, olhos azuis tão claros quanto um lago congelado, longos cabelos negros ondulados, lábios e bochechas rosadas, possuía o mesmo nariz fino, esnobe e levemente pontiagudo, vestida com uma placa de peito de metal entalhado pequenos flocos de neve na borda, um elmo que acabara de ficar um pouco amassado quando se estatelou no chão, e ainda usavas os mesmas sais rodadas e curta azuis escura, botas curtas de couro sujas de terra e poeira branca das pedras sobre as quais estavam lutando. A mesma aparência bela e arrogante de sempre, mas algo havia mudado, no seu jeito de piscar seus volumosos cílios, na sua postura as emoções e o calor do seu rosto sumiram. Não era mais Nessy ao lado de Colin, ao seu lado tinha a enorme honra de contemplar: Rhanessy Miraclyn, Rainha de Thornicy e do mar Estige, Ceifadora da última Manticora e Protetora da Campina. Pieter Harris era um garoto de quinze anos ou talvez mais, com uma capacidade mental de um garoto de onze ou talvez menos, possuía cabelos castanhos claros e ondulados, como uma donzela – na opinião de Colin – olhos azuis claros semelhantes aos da rainha que herdara de sua mãe, Olivia Miraclyn irmã mais nova de Cynthia Miraclyn mãe de Rhanessy e rainha antes dela. Apesar de ser da família real Pieter não emanava realeza, era tímido esguio e parecia sempre com medo de falar, principalmente com a prima Rhanessy. Possuía um rosto e uma físico particularmente normal, apesar de ser muito magro, não chegava a ser muito atraente, mas rapidamente se tornava muito bonito aos olhos de qualquer donzela que fosse lembrada de que Pieter Harris era primo da rainha.

— Ma-majestade — O tímido garoto fez uma desajeitada reverencia — Lorde Colin — Para Colin foi dado uma curta saudação com a cabeça, e esperou que Rhanessy dissesse algo, quando viu que ela o olhava sem dizer nada seu rosto assumiu um tom que o faria ser confundido facilmente com um tomate — Minha rainha, os grandes conselheiros a esperam para uma reunião na sala do conselho. ​

— Estarei lá em uma hora — Rhanessy falava de forma calma e em um tom baixo, mas sempre era ouvida com clareza.

​— M-majestade eles já estão todos lá — Pieter parecia ter medo de que a prima ordenasse que contassem a cabeça dele se fosse muito impertinente — Com exceção de lorde conselheiro real, que foi informado e já está a caminho. ​

— Certo — Rhanessy disfarçava seu tom, mas estava irritada, era a rainha e as reuniões do conselho não deveriam ser feitas sem seu consentimento — Só irei vestir algo mais adequado. ​

— Meu pai... quer dizer... Lorde Harris pediu que fosse assim que a encontrasse estão na sala a mais de uma hora — Pieter viu que teria dito algo errado pois sua prima deixou transparecer que estava com raiva e tentou amenizar — Se puder... Majestade. ​

— Como estão a uma hora me esperando se só fui avisada agora? ​— E-Eu... não a encontrava — Pieter ficou ainda mais assustado, se era possível — Majestade. ​Rhanessy pensou seriamente se poderia colocar a cabeça do primo em uma estaca e contratar um mensageiro melhor, já que qualquer pessoa no palácio saberia que essa hora ela estaria no pátio principal treinando com Colin, a ideia a divertiu até se lembrar que ele tinha o sangue dela, poderia não ser um Miraclyn mais ainda era seu parente e filho de seu contador real, e apesar de não gostar muito de Stevan Harris valorizava seus serviços. ​A rainha dirigiu um olhar para as duas mulheres que estavam sentadas em um gelado banco de metal assistindo a todo o treinamento dos dois, e elas vieram de imediato, se tratavam das irmãs mais novas de Colin: Zara e Zarina. Rhanessy não fazia ideia de qual delas era Zara ou qual era Zarina, na verdade nem Colin sabia diferenciar as gêmeas. As duas tinham cabelos loiros escuros e olhos verdes em um tom bem mais amarelo que de seu irmão mais velho. Usavam vestidos parecidos uma delas um vestido longo roxo com detalhes rosa claro, e a outra um vestido rosa com detalhes roxo. Colin sempre dizia que as gêmeas herdaram a aparência materna, por não se parecerem quase nada com ele. ​Rhanessy deu instrução as suas damas de companhia gêmeas, que foram buscar os itens solicitados, enquanto elas não voltavam Rhanessy entregou seu elmo e espada de treino a Pieter e começou a trançar seu próprio cabelo para disfarçar que o mesmo havia ficado oleoso de suor. ​

— O que acha de substituir sua majestade em seu treino Pieter? — Colin falou em tom sério. ​

— Seria uma honra, Lorde Colin — Pieter ficou nervoso e balançou a cabeça em negativa — Mas não poderia, sou apenas um mensageiro.

​— Mensageiro ou não, aprender a se defender é essencial — Colin sorriu tentando parecer amigável — E não sou um lorde, diferente do senhor. ​Rhanessy havia feito de Colin um lorde no ano passado, uma honraria vazia já que o mesmo não construirá em suas terras e nem escolheu o nome, símbolo e lema de sua família típicos de um lorde, mas ainda era chamado de lorde. Que o incomodava por ser de um nascimento muito pobre, muitos diziam a palavra lorde como uma zombaria. ​Zara e Zarina voltaram com uma toalha branca, com um pouco de água em uma taça de prata e a coroa da rainha. ​

— Se agradar vossa majestade — Pieter disse torcendo para que a prima não permitisse — E- Eu ficaria honrado em treinar com o senhor, Lor... Colin. ​Rhanessy bebeu toda a água da taça, sentiu ela esvaindo todo o calor da luta e assentiu concordando com o treino, tentando não parecer contente com a ideia de seu desajeitado primo treinando com Colin, a lâmina nas sombras. Pegou a toalha limpou todo seu suor do rosto, pescoço e braços. ​

— Tente não machucar meu querido primo — Rhanessy disse demonstrando sua preocupação falsa o melhor que pode enquanto colocava sua coroa, que parecia vários ramos de cristais trançados um no outro, distribuído entre os ramos de cristais havia pequenos flocos de neve de cristais com safiras no centro em toda circunferência da coroa, e bem no centro havia um floco de neve maior que os outros, no centro desse havia uma safira bem polida em forma de raposa das neves, o símbolo da casa Miraclyn. ​Rhanessy dirigiu-se em direção as escadas, as gêmeas foram com ela, mas a rainha as dispensou, e todos se curvaram enquanto sua rainha se retirava. Ela caminhou sozinha por toda a escadaria na entrada havia guardas que a saudaram com uma reverencia seguida por “majestade” e todo criado que ela encontrava em seu caminho fazia o mesmo e ela os saudava com um sorriso e as vezes seu nome, caso ela lembrasse. ​Passou pelos jardins, não era um jardim muito comum, os reinos ao norte tinham um ditado: “O Jardineiro em Thornicy é o ser mais infeliz do mundo”, quem dizia isso certamente nunca tinha ido a Thornicy, apesar da neve cair constante, principalmente à noite. A enorme ilha contava com inúmeros aquíferos termais subterrâneos tornando o solo quente e úmido, o próprio Palácio do inverno havia sido construído sobre uma, o que tornava quente se comparasse com os outros locais da ilha. O jardim principal não possuía uma cobertura, o que permitia que a neve caísse livremente sobre o jardim, fazendo apenas algumas flores sobreviverem, como Prímulas, azaleias, cravos e algumas especes de lírio, havia pinheiros cuidadosamente podados como se fossem esculturas e no centro do jardim havia uma fonte de que jorrava água do mar Estige e uma estátua de mármore chamada “morte da besta”, foi um presente do lorde da campina pelo seu feito de matar a última Manticora, na escultura Rhanessy apontava uma lança para a Manticora que estava aos seus pés rugindo. “Uma estátua gloriosa, completamente oposta de como aconteceu mesmo” Rhanessy pensou e seguiu seu caminho até a entrada principal do palácio, onde se deparou com a sala do trono. O trono de gelo era simples e imponente inspirando na barreira de espinhos da ilha, era completamente formado por cristais que imitavam grossos espinhos de gelo, bandeiras penduradas com a raposa das neves bordada em um fundo azul claro estavam penduradas por todo o salão. Rhanessy seguiu por seu caminho subindo as escadarias de mármore. O castelo de gelo era completamente branco, trabalhado em mármore e granito azul, as cortinas eram lilás, o chão era de mármore polido até refletir quase como um espelho. Seguiu pela torre do conselho até chegar a uma grande porta de madeira de longe viu dois guardas na porta e lorde Stevan Harris que andava impaciente de um lado para o outro, estava murmurando algo que parecia reclamações quando viu que a rainha vinha a frente se calou imediatamente e fez uma reverencia, que ao contrário de seu filho, Stevan sabia como fazer. Seu tio era um homem de meia idade, por volta de uns quarenta anos, tinha cabelos grisalhos bem penteados para trás, seus olhos eram ríspidos de tons castanhos avermelhados. Usava um gibão vermelho e uma calça preta, e seu manto preto estava preso por duas serpentes de ferro verde – a serpente é o símbolo da casa Harris, que para Rhanessy combinava bem com seu tio. – Em seu peito estava preso o broche do seu cargo de contador real o coelho dourado, simbolizando a fortuna.

— Majestade — Stevan disse levando a mão da rainha a seus lábios, sempre era muito cortes, um bajulador nato — Está adorável como sempre, minha querida sobrinha. Espero que Pieter não tenha tido problemas para te localizar — Stevan abriu a porta para que ela entrasse na sala do conselho.

— Mas teve, Lorde Harris — Rhanessy disse com o sorriso mais amigável que conseguiu enquanto se dirigia a sua cadeira na mesa do conselho, em uma mesa de marfim grande que se situava no centro da clara sala, a direita da mesa havia uma enorme janela de vidro que ia quase do chão ao teto, em sua vista dava para ver parte da cidade e da enorme barreira de espinhos de gelo que davam nome a ilha de Thornicy. Assim que a rainha entrou na sala todos os conselheiros que estavam presentes se levantaram e a saudaram, ela se sentou e todos a acompanharam, mas apenas quatro de seus cinco conselheiros estavam lá, tornando o lugar a sua direita vago.

— Então podemos começar. — Stevan começou, mas rapidamente foi interrompido por Rhanessy.

— Onde está o Conselheiro Real? — O conselheiro real era chefe de todos os conselheiros, o conselheiro governava junto com a rainha e por vezes na história chegara a governar na ausência da Rei ou Rainha, inclusive seu conselheiro que também era seu avô Eason Miraclyn havia sido seu regente quando ela era nova demais para governar, após a morte de sua mãe.

— Eu mesma o chamei, Majestade — Tanásia afirmou, ela usava um vestido simples cinza de mangas longas, seu cabelo vermelho como o fogo estava preso em um coque alto e alguns fios escapavam, sua escolha de batom era sempre um preto assim como suas roupas sempre eram de tons apagados, em seu ombro o broche da coruja de prata indicava que era sua conselheira da sabedoria — Mas ele ainda não chegou.

— Posso ir atrás de Lorde Miraclyn se lhe agradar, Minha Rainha — Sir Arthur era o mais devoto a coroa de todos os conselheiros, ou melhor, a Rhanessy, jurou sua espada a ela e dar a vida pela dela. Sir Arthur era muito alto e forte, possuía cabelos loiros bem cortados uma pele acobreada clara e olhos castanhos, um outrora escravo da rainha Cynthia, liberto e condecorado cavalheiro pela atual. O broche de bronze em forma de escuto indicava que era conselheiro de guerra. Rhanessy estava perto de consentir quando Príncipe Gregory invadiu a sala do conselho, carregando uma serie de pergaminhos, pena e tinta. Deixou cair alguns pergaminhos e pegou de imediato, logo depois, arrastou a cadeira do conselheiro real e sentou-se arrumando seus papeis e caneta sobre a mesa. Todos os outros conselheiros o saudaram com “Alteza”.

— O conselheiro real pediu para que viesse em seu lugar e o informasse sobre a reunião — Gregory era mais velho que sua irmã Rhanessy, seu rosto tinha feições delicadas que lembravam um pouco as das Rainha, também tinha os mesmos cabelos negros, mas seus olhos eram de um azul mais escuros que os dela e seu tom de pele era um pouco mais escuro devido a convivência nas terras ao Norte.

— Então começaremos — Rhanessy estava irritada com a presença do irmão, mas não demonstrou, e manteve o tom baixo e calmo “Fria como o gelo” — Qual o assunto tão importante?

— Hoje pela manhã chegou uma ave mensageira, minha rainha — Tanásia tomou a fala, era a responsável por administrar a envio e recebimento de cartas — De Goldencrown, uma carta do rei das terras ao norte. A Rainha franziu as sobrancelhas e Tanásia entregou a carta a ela. Rhanessy passou o dedo sobre o selo de cera dourada quebrado da família Bryant, um sol brilhante nascendo sobre uma coroa. Significava que todos ali sabiam o conteúdo da carta exceto a rainha. Ela abriu o envelope e tirou um pequeno papel grosso e levemente dourado:

“A Rainha Rhanessy, de Thornicy;

Vejo que nesses tempos tão conturbados um grande império pode se erguer tão rápido quanto outro pode cair, por tanto quanto mais alianças conseguirmos mais seguros estamos desse triste desfecho. Sendo assim gostaria muito que pudéssemos por nossas desavenças de lado e reinarmos juntos pelo bem da paz dos reinos, sejam eles ao norte ou a sul. Portanto lhe convido para que venha até Goldencrown para a celebração do vigésimo primeiro aniversario meu primogênito Príncipe Henry Bryant dentro de trinta dias. Terei um enorme prazer de hospedar vossa graça e companhia no castelo real. Tem a minha palavra que estará tão segura sob minha hospitalidade quanto em seu próprio castelo, juro pela minha honra.

Rei Rain Bryant, rei do território de Axiria” Rhanessy pousou a carta sobre a mesa quando acabou de ler, e voltou seu olhar para seus quatro conselheiros e seu irmão.

— Não deve ir, Majestade — Eric Ethan disse de imediato, Eric tinha cabelos cacheados e castanhos claros, olhos pretos, se vestia como um nobre, com um gibão azul escuro e um mando azul claro. A família Ethan sempre foi guarda da cidade antes mesmo do nascimento de todos os conselheiros presentes ali e Eric Ethan não era exceção, seu broche de platina que indicava sua posição no conselheiro era o próprio símbolo de sua família dois espinhos de gelos cruzados, simbolizando a barreira de gelo de Thornicy — Pode ser uma armadilha.

— Seria um desdém enorme recusar, minha rainha — Seu tio rapidamente colocou seu ponto de vista pensando apenas no lucro — Uma aliança com Axiria seria esplendido para o reino, se recusar o rei pode afirmar que vossa majestade não está interessada na paz, e o rei Rain deu sua palavra que estará segura.

— A palavra de um usurpador, Lorde Harris — Tanásia logo deu sua opinião, com seu sotaque das ilhas para lá dos reinos do Norte — Não deve confiar nesse falso rei, sua honra não vale nada.

A cerca de um milênio atrás Axiria possuía vários reinos e vários reis, até que os antepassados de Rei Rain, unificaram as terras, por meio da guerra e de fraudes fizeram os demais reis colocarem suas coroas de lado e proclamarem um único rei. Aos que se uniram a casa Bryant foi lhes concedidos os títulos de protetores, onde podiam governar e tomar conta de suas terras, mas não eram mais reis, apenas lordes protetores. Aos que não se uniram foram conquistados por meio da guerra onde os reis e suas famílias eram destruídos e alguém de confiança era proclamado lorde protetor. Thornicy era uma terra castigada pelo inverno eterno e muito pobre na época, o suficiente para não despertar interesse em ser conquistada. Rhanessy era rainha a seis anos, seis anos que mudaram Thornicy do gelo ao ouro, ela investiu na mineração, descobrindo que a ilha é rica em ouro e pedras preciosas e com ajuda de Tanásia encontraram junto as fontes termais e estufas uma forma de tornar possível a agricultura. A dois anos Axiria foi lembrada da existência de Thornicy, após Rhanessy levar seus exércitos para defender a campina destroçando completamente as forças dos exércitos bárbaros quando o protetor da campina não via mais esperanças, pela ajuda prestada Bruce Walker abandonou a coroa do Rei Rain e se ajoelhou para sua salvadora e nova rainha: Rhanessy.

— Minha rainha, se for de sua vontade ir a Goldencrown — Sir Arthur disse de forma respeitosa — Eu mesmo a acompanho, a manterei segura de qualquer mal com minha vida se necessário.

— Acha que um único cavaleiro pode mantê-la segura contra uma cidade ou melhor contra um país? — Lorde Ethan disse com zombaria — Se acha isso é um tolo ainda maior do que julguei. Rhanessy fez o que sempre fazia nas reuniões do conselho, deixou que todos falassem e escutou atentamente refletindo sobre o ponto de vista de cada um, porem seus conselheiros não entravam em um consenso, e seu avô não estava lá para ter a opinião considerada.

— Não irei tolerar insultos neste conselho. Todos têm considerações validas — Rhanessy sempre falava com um tom baixo de proposito, de forma que para ouvi-la prestavam atenção somente nela — Mas gostaria de ouvir a opinião do conselheiro real, darei minha conclusão sobre o assunto quando for possível. Algo mais? Seus conselheiros não ficaram satisfeitos com a resposta, mas sua função era apenas aconselhar, nada podiam fazer nada contra a vontade da própria rainha. Lorde Ethan colocou em questão algumas melhorias que deveriam ser feitas na capital para o festival das flores daqui a três meses, seu tio Stevan discutiu sobre os custos por um tempo e Rhanessy aprovou as melhorias.

— Majestade — Eric começou o que seria a ultima discussão da reunião — Lorde Mett Hughes me pediu permissão para comparecer em sua próxima audição. É sobre o ataque da sua ursa.​— Eric fez uma pausa, aparentemente desconfortável em falar — Ele pretende exigir a cabeça da fera como forma de justiça.

— Diga que não tem permissão — Rhanessy não se importou em disfarçar a irritação em sua voz. — Mas Majestade — Seu tio tentou acalma-la, mas sabia que quando ela fazia essa voz decidida não adiantava discutir — Lorde Hughes tem uma posição importante, se ele dizer que sua graça o negou justiça o povo pode se compadecer pela causa dele, gerando um problema ainda maior, não seria melhor cortar esse problema quan...

— Não me importo — Rhanessy perdeu completamente seu tom calmo — Layka nunca atacou ninguém em seis anos que vive no palácio, tenho certeza que se ela atacou lorde Hughes teve um motivo.

— É um animal selvagem — Seu tio a olhava e via a criança despreparada para o trono que ele achava que era.

— Eric, diga a Lorde Hughes que se ele exigir justiça quem perdera a cabeça será ele — A rainha tentava manter o tom calmo, mas a seus olhos a entregavam — Essa reunião está encerrada, saiam.

Todos se levantaram, fizeram uma reverencia e saíram às pressas para a porta antes que ela se irritasse mais.

— Você fica, príncipe Gregory — Se referiu a seu irmão quando viu que ele se levantava. Esperou até que o ultimo de seus conselheiros fechasse a porta. — Toma-me por sua irmã mais nova, Gregory?

— Tomo-a por uma rainha, Nessy — Gregory não parecia ser capaz de olhar para o rosto da irmã então dirigia seus olhos azuis para suas anotações no pergaminho. — Olhe pra mim quando eu falar com você — Rhanessy não gostava de ser chamada de Nessy, ainda menos quando estava irritada

— Nunca mais entre em uma reunião do conselho sem minha autorização, você pode ser um príncipe, mas não é um membro do conselho, e menos ainda é capaz de substituir nosso avô.

— Não irá se repetir, Majestade — Gregory a olhou nos olhos se levantou — Com sua licença. Rhanessy olhou o irmão sair pela porta a deixando sozinha na sala que rapidamente ficava escura pela falta da luz solar. A rainha não sabia quanto tempo ficara lá sozinha até olhar para a janela com vista para o jardim onde viu Layka brincando de rolar sobre a neve que caíra na grama. Saiu da sala, passou pelo corredor e havia criados acendendo as velas para iluminar todo o castelo durante a noite. Rhanessy caminhou ate chegar ao jardim principal, sentiu-se melhor com o frio da neve que invadiu o fim da tarde trazendo o frio da noite consigo. Layka veio correndo em sua direção assim que a viu. Layka era um urso-das-neves, mesmo nas quatro patas ainda era maior que Rhanessy, seu pelo era branco e grosso o suficiente para esconder a mão da rainha quando ela acariciou Layka, a ursa posicionou seus olhos dourados sobre ela e lambeu a ponta do nariz de Rhanessy fazendo ela sorrir.

— Rainha Nessy — Ela não o viu mais sabia que era Colin atras dela. — Vai acabar pegando um resfriado se ficar aqui.

— Meu lorde — Nessy provocou, sabia que ele não gostava desse tratamento. Colin olhou a ursa abocanhando flocos de neve no ar com a boca e se frustrando quando eles caiam no chão.

— Quando eu tirei a Layka de cima dele, Zarina estava lá, ela saiu correndo quando olhei para ela — Colin contou fazendo uma pausa, esperando que Nessy falasse, quando viu que não aconteceria perguntou:

— Quer que eu faça uma visita a Mett Hughes? Esse era o trabalho de Colin, era um assassino a serviço da rainha, o melhor de todos, bastava um nome e alguém morria, sem testemunhas, sem pistas e sem suspeitos. Nessy não podia dizer que não estava tentada em dizer que sim, mas sabia que não podia fazer desta forma. “Fria como o gelo“ disse para si mesma.

— Fale com sua irmã — Nessy olhou fixamente nos olhos verdes como esmeralda que a penetravam em busca de suas vontades — Terei que dar outro fim a essa história e não pode ser assassinato... Terá que ser justiça.

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