Suas Esposas, a Traição Delas, Sua Redenção

Suas Esposas, a Traição Delas, Sua Redenção

Rabbit

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Capítulo

Como único herdeiro da dinastia Alcântara, recebi três propostas de casamento. Eram das filhas das famílias mais poderosas de São Paulo: Karina, Daniela e Júlia, minhas amigas de infância, a quem amei por toda a minha vida. Mas minha vida se tornou uma série de tragédias. Casei-me com elas, uma por uma, e uma por uma, elas morreram protegendo o mesmo homem: Léo Guedes, o filho do caseiro da nossa mansão. Em seu leito de morte, minha terceira esposa, Júlia, confessou a verdade devastadora. "Nós só amamos o Léo." Ela me disse que se casaram comigo pelo meu poder, usando o nome Alcântara como um escudo para manter seu amante de status inferior seguro e em suas vidas. Meus casamentos, suas mortes... tudo era uma mentira. Eu não era um marido; era um guarda-costas, um corno idiota no romance trágico delas. Passei a vida inteira como coadjuvante e morri velho, sozinho, tendo apenas a piedade da cidade como companhia. Minha vida inteira tinha sido uma piada cruel, e eu era o desfecho. Até que abri os olhos novamente. Eu tinha vinte e quatro anos, de pé diante dos meus pais, com as mesmas três caixas de veludo sobre a mesa.

Capítulo 1

Herdeiro único da poderosa dinastia Pittman, um dia me vi diante de três propostas de casamento, vindos das filhas das famílias mais influentes de Boston - Kortney, Danielle e Jinnie, amigas da infância que ocuparam meu coração desde sempre.

Mas, o que deveria ser um destino de honra acabou virando uma sucessão de tragédias - me casei com cada uma delas, e uma a uma, as vi morrerem para salvar o mesmo homem: Jeb Clayton, o filho do administrador da nossa propriedade.

Na beira da morte, Jinnie, minha terceira esposa, revelou a verdade cruel: "Nós sempre amamos apenas o Jeb."

Ela confessou que se uniram a mim não por amor, mas porque precisavam do meu poder, e que usaram o nome Pittman como proteção para manter o amante de baixo status seguro e por perto.

Meus casamentos, as mortes delas - tudo não passava de um teatro. Eu nunca fui marido, mas sim guarda-costas, tolo traído, figurante no romance que, na realidade, tinha outro protagonista.

Passei a vida como coadjuvante e morri sozinho, já velho, acompanhado apenas pela piedade da cidade - toda a minha existência não passou de uma piada cruel.

Até que abri os olhos de novo.

Eu tinha vinte e quatro anos e estava diante dos meus pais, com as mesmas três caixas de veludo sobre a mesa.

...

Donavan Pittman voltou à vida dentro da imponente biblioteca da mansão da família em Boston. O ar trazia o cheiro do couro envelhecido misturado à fumaça do charuto do pai, e tudo era exatamente como lembrava.

Diante dele, estavam Hillard e Doris Pittman, patriarcas de uma dinastia financeira que comandava a cidade há gerações, e sobre a mesa de mogno polido, repousavam três caixas de veludo, cada uma guardando uma proposta de casamento.

Esses pedidos não eram simples alianças matrimoniais, mas verdadeiros tratados - um vinha dos Mason, donos do império imobiliário, outro dos Peterson, que controlavam as rotas marítimas, e o último dos Pierce, novos-ricos que conseguiram sua fortuna na tecnologia.

Na vida anterior, ele havia se mostrado ansioso para agradar, disposto a cumprir o dever de herdeiro, e havia amado as três mulheres que vinham junto com essas propostas - Kortney Mason, Danielle Peterson e Jinnie Pierce, amigas de infância em quem confiava de olhos fechados. Ele também acreditara que elas o amavam, mas essa ilusão lhe custara tudo.

"Donavan", disse Hillard, o pai, em tom grave e impositivo. "Chegou a hora. Mason, Peterson, Pierce. Todas as famílias são adequadas. A decisão é sua."

O olhar de Donavan, antes quente e esperançoso, agora brilhava como gelo partido. Sem se deter nos pais, ele foco nas lembranças que pareciam mais reais que o próprio presente.

Ele se lembrou primeiro de Kortney - sempre intensa, sempre em chamas. O casamento deles foi marcado por eventos sociais, sorrisos públicos e festas intermináveis, mas tudo terminou num baile beneficente, quando um falso assalto foi encenado e, diante de uma bala de festim, Kortney caiu depois de entrar na frente de Jeb Clayton para protegê-lo do falso tiro.

Jeb era o filho do administrador dos Pittman, amigo de infância de todos eles. No funeral, o sofrimento de Jeb ofuscou o de Donavan, e os cochichos sobre aquela amizade trágica dominaram a cerimônia.

Passado o luto considerado aceitável, Donavan se casou com Danielle - fria, elegante, herdeira do império naval dos Petersons. Ela morreu durante uma corrida de iates arriscada, da qual participou para conquistar um prêmio que Jeb dizia precisar.

O barco virou em meio a uma tempestade anunciada, e foi Jeb quem a retirou da água, mas tarde demais - nos jornais, ele virou o herói, o amigo que tentou salvá-la.

E por fim veio Jinnie, a discreta intelectual dos Pierce - o casamento foi frio, quase mecânico. Donavan já era um fantasma de si mesmo, vazio, e os dois viveram como estranhos educados até que uma doença lenta e impiedosa a levou.

No leito de morte, a verdade final veio à tona. Com a mão frágil apertando a dele e os olhos turvos de dor, Jinnie confessou: "Donavan... me desculpa. Nunca quisemos te ferir."

Ele esperou, sem entender.

"Kortney, Danielle e eu... nós só amamos Jeb."

As palavras pareceram sem sentido.

"Não podíamos ficar com ele", ela continuou, enquanto uma lágrima escorria pela têmpora. "Nossas famílias jamais aceitariam. Sem dinheiro, sem posição... teriam acabado com ele."

Ela suspirou e continuou: "Então nos casamos com você. Usamos o nome Pittman, seu poder, como escudo para manter Jeb por perto, mas protegido."

Tudo o que Donavan viveu - casamentos, mortes, tragédias - se reconfigurou sob uma luz cruel.

Ele passou a vida inteira em papel secundário e morreu só, amargurado, sob a compaixão dos moradores da cidade em que morava - não tinha sido marido, mas ferramenta, um segurança, um idiota ridicularizado no grande romance delas com outro homem.

Agora, porém, tinha voltado no tempo - tinha vinte e quatro anos outra vez, com o peso daquela traição congelado no coração.

"Não", disse Donavan com a voz foi baixa, quebrando o silêncio da biblioteca como vidro estilhaçado.

A mãe piscou, confusa. "Não? O que você quer dizer com isso?"

"Quero dizer não", repetiu Donavan, fixando o olhar no pai. "Não vou me casar com Kortney Mason. Nem com Danielle Peterson. Nem com Jinnie Pierce."

Hillard contraiu a mandíbula. "Não brinque, Donavan. Essas famílias governam Boston. Precisamos dessa aliança."

"Concordo", Donavan respondeu com calma. "Precisamos de uma aliança. Mas não com elas."

A satisfação sombria que sentiu ao ver o choque no rosto dos pais era inédita - pela primeira vez, não era o filho dócil e previsível.

"Então com quem?", perguntou Doris, intrigada. Donavan respirou fundo, pois estava prestes a virar o jogo. Em sua vida anterior, onde estava preso em casamentos sem amor, acompanhara a escalada meteórica de uma mulher de fora do círculo, alguém que construíra um império do zero.

"Vou me casar com Alexa Cain."

O nome pairou no ar, estranho para os pais. "Cain?", Hillard estreitou os olhos. "De Nova York? Da família do magnata dos investimentos, Marcus Cain?"

"A filha que ele nunca reconheceu", explicou Donavan. "Inteligente, ambiciosa. Na minha avaliação, vai se tornar bilionária por mérito próprio. Casar com ela significa aliança com as finanças de Nova York e uma parceira que entende que casamento é contrato de interesse mútuo. Nada além disso."

Sem paixões cegas, sem dor, sem amores não correspondidos, só cálculo e benefício - era isso que ele buscava.

O silêncio tomou conta do ambiente. Uma aliança com a filha ilegítima de um rival nova-iorquino parecia absurdo, mas o olhar firme de Donavan não deixava dúvidas.

Depois de um longo momento, o pai assentiu devagar. Os Pittman sempre valorizaram a força - e o filho finalmente a mostrava agora, já que, pela primeira vez, se mostrava implacável.

A notícia da aproximação dos Pittman com Nova York se espalhou rápido, abalando a elite de Boston.

Dentro de uma hora, o telefone de Donavan tocava sem parar: Kortney primeiro, depois Danielle, por último Jinnie - mas ele ignorou todas.

Elas, porém, não se deram por vencidas.

Mais tarde, enquanto ele revisava a proposta de aliança com os Cain, as três invadiram seu escritório, bonitas mas coradas de pânico. Para os olhos de quem tinha voltado ao passado, eram completamente transparentes.

"Donny, que história é essa?", disparou Kortney, mãos na cintura. "Você está nos rejeitando?"

"Você não pode fazer isso", protestou Danielle com a voz trêmula. "A gente planeja isso desde criança."

Jinnie, em silêncio, apenas o encarou com olhos grandes, fingindo preocupação. "Fizemos algo para te magoar?"

Donavan as observou e o que sentiu foi apenas vazio. Ele enxergava o teatro, sabendo que o pânico não era por ele, mas por outro homem. Sem o casamento, como usariam o poder dos Pittman para proteger Jeb?

Quase como ensaiado, o celular de Kortney vibrou, e ao olhar para a tela, ela empalideceu.

"É o Jeb", ela murmurou. "Caiu da escada de serviço do clube. Está machucado!"

Imediatamente, a preocupação fingida por Donavan se dissipou, e no lugar, surgiu o desespero genuíno por Jeb.

"Ele está bem?", gritou Danielle, correndo até Kortney.

"Precisamos ir agora", disse Jinnie, já pegando as chaves.

Sem hesitar, as três abandonaram a discussão, os próprios futuros e as alianças familiares, e saíram apressadas, com as vozes tomadas pelo pânico.

Donavan acompanhou a saída delas, e um sorriso amargo, sem alegria, surgiu em seus lábios.

Algumas coisas jamais mudavam.

De volta à mesa, ele pegou o celular e disse ao assistente: "Envie os presentes que preparei para os Mason, Peterson e Pierce. Devolva também os assentos nos conselhos que eles ofereceram. Quer urgência."

"Sim", disse ao assistente. "Envie os presentes que preparei para os Mason, Peterson e Pierce. Devolva também os assentos nos conselhos que eles ofereceram. Quer urgência."

A legenda dizia: "Tão desastrado! Mas sortudo por ter as melhores amigas cuidando de mim."

Foi nesse instante que Donavan sentiu a última centelha do coração da vida passada se apagar - pela primeira vez, ele estava verdadeiramente livre.

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