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Logan - Irmãos Creed livro 1

Logan - Irmãos Creed livro 1

AutoraAngelinna

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11
Capítulo

Logan, Dylan e Tyler, os três irmãos Creed são audaciosos, rebeldes, lindos... e estão em busca do amor! Após anos de vida errante, Logan Creed, um caubói com um empoeirado diploma de Direito, retorna ao lar. Tudo que ele quer é criar raízes, restaurar o rancho abandonado da família... e, o mais importante, ter filhos que carreguem com orgulho seu nome. Briana Grant, mãe e divorciada, já ouviu muitas histórias a respeito do charmoso vizinho, e o modo carinhoso com que Logan trata seus filhos é uma surpresa bastante bem-vinda. No entanto, quando seu ex-marido reaparece e um inimigo desconhecido vandaliza seu lar, chega a hora de Logan mostrar a Briana e a todos o que significa ser um Creed...

Capítulo 1 Sinopse

Logan, Dylan e Tyler, os três irmãos Creed são audaciosos, rebeldes, lindos... e estão em busca do amor!

Após anos de vida errante, Logan Creed, um caubói com um empoeirado diploma de Direito, retorna ao lar. Tudo que ele quer é criar raízes, restaurar o rancho abandonado da família... e, o mais importante, ter filhos que carreguem com orgulho seu nome.

Briana Grant, mãe e divorciada, já ouviu muitas histórias a respeito do charmoso vizinho, e o modo carinhoso com que Logan trata seus filhos é uma surpresa bastante bem-vinda. No entanto, quando seu ex-marido reaparece e um inimigo desconhecido vandaliza seu lar, chega a hora de Logan mostrar a Briana e a todos o que significa ser um Creed...

CAPÍTULO UM

Rancho Stillwater Springs

A placa de madeira desgastada pelo tempo balançava sobre o portão, presa aos postes por três elos de uma corrente enferrujada. As palavras, entalhadas a mão pelo próprio Josiah Creed, mais de 150 anos antes, e queimadas a fundo com a ponta em brasa de um marcador de gado, estavam meio apagadas, quase ilegíveis.

Logan Creed, com metade do corpo dentro de sua caminhonete de segunda mão, seminova, como o vendedor anunciara, metade fora e sobre o estribo, o pé calçado com uma bota, praguejou baixinho.

Assustado, o vira-lata que ele apanhara naquela manhã numa parada para descanso nas cercanias de Kalispell soltou, do fundo da garganta, um uivo suave e aflito. Não era de se estranhar que a pobre criatura estivesse inquieta; era óbvio que aquele cachorro atravessara de um extremo ao outro o inferno dos animais perdidos.

― Desculpe, meu velho - murmurou Logan, a garganta apertada por um emaranhado de emoções cortantes como arame farpado. Ele já sabia que o rancho da família, herança dividida por igual com seus dois irmãos mais novos, Dylan e Tyler, estava malconservado. A propriedade inteira fora negligenciada durante anos, desde a desavença entre os três, ocorrida depois do enterro do pai. Ele, Dylan e Tyler haviam seguido, com teimosia e separados, seus respectivos caminhos.

O cachorro o perdoou de imediato, como cachorros costumam fazer. E pareceu solidário, sentado do outro lado da marcha, os olhos castanhos quase líquidos, enquanto olhava para quem o resgatara.

Logan sorriu, sentou-se ao volante.

― Se eu fosse metade do homem que você pensa que sou - disse ele ao vira-lata - , eu seria candidato a santo. - A idéia de um Creed ser canonizado o fez rir por entre os dentes.

O cachorro reagiu com um latido alegre, como se oferecendo-se para recomendar qualquer pessoa que tomasse decisões como aquela.

― Você vai precisar de um nome - disse Logan. - Vou arranjar um bem rápido. - Ele se virou no banco da caminhonete, olhando à frente, analisando as cercas caídas e os escombros que se desintegravam e suspirou de novo. - Já determinaram nosso trabalho. Acho melhor começarmos.

A placa se chocou contra o teto da caminhonete quando Logan passou por baixo dela, e as traves do mata-burro do século XIX sob os pneus fizeram tudo bater, menos seus dentes.

O mato cobria a longa e sinuosa estrada. Mas, de qualquer modo, ainda havia sulcos de rodas feitos pelos primeiros veículos que tinham passado por ali; as carroças.

Havia três casas em diferentes setores da propriedade e, por ser ele o mais velho da atual geração dos Creed, a maior delas lhe pertencia. Alguma herança, ele pensava. Teria sorte se o lugar estivesse em condições de ser habitado.

- Que bom que eu tenho um saco de dormir e equipamento para acampar - disse ele ao cachorro, inclinando-se um pouco à frente no banco, enquanto abria caminho através da subida coberta de mato, esforçando-se para enxergar pelo pára-brisa. - Você se incomoda de dormir sob as estrelas se faltar telhado, garoto?

Os olhos do cachorro diziam que ele estava pronto para tudo, enquanto estivessem juntos. Ele já estava cansado de ficar sozinho, procurando comida e abrigo quando o tempo ficava ruim.

Logan disse a si mesmo que se animasse e estendeu a mão para acariciar a cabeça de pelo embaraçado do animal. Nem dava para dizer qual era a cor do vira-lata debaixo de toda aquela sujeira e olhar triste. Quanto à mistura de raças, ele era provavelmente mestiço de labrador, setter e um montão de outras coisas. Suas costelas apareciam e parte da orelha esquerda faltava.

Quando chegou àquela parada de descanso para esticar as pernas, depois da longa viagem desde Las Vegas, não esperava que fosse levar para casa um caroneiro de quatro patas. Mas, quando o cachorro se esgueirou por detrás dos arbustos enquanto ele descia da caminhonete, Logan não teve como ignorá-lo. Não havia ninguém por perto. E, se houve algum dia coleira com medalhinha, ela já deixara de existir fazia muito tempo.

Logan já sabia que ele era a última esperança daquele cachorro e, como ele mesmo já estivera numa situação parecida uma ou duas vezes, não foi capaz de dar-lhe as costas. Colocou o bicho na caminhonete e dividiu com ele um café da manhã na cidade seguinte. O cachorro vomitou o lanche imediatamente, e ficou com tanto remorso depois disso que Logan nem pensou em parar num lava-jato para limpar a caçamba. Agora, muitas horas depois, quando se enchia de coragem para dar uma olhada na casa do rancho pela primeira vez em muitos anos conturbados, Logan estava feliz com a companhia, embora as conversas fossem claramente unilaterais.

Finalmente, venceram a última subida, e Logan viu primeiro o celeiro - ainda de pé, mas claramente inclinado. Ele se forçou a voltar seu olhar na direção da casa, e se animou um pouco. Parte do telhado estava cedendo, mas a estrutura de pedra de um andar - originalmente uma cabana de um quarto menor do que a maioria dos depósitos de jardim - conseguiu resistir. Nenhuma das três chaminés desmoronara, e as janelas da frente ainda tinham vidro, do antigo, com molduras verdes e pequenas bolhas aqui e ali.

Um lar, pensou Logan, com uma mistura de determinação e pura tristeza. Mesmo assim, o rancho Stillwater Springs ainda era um lar.

Ele sabia que ter o encanamento ainda funcionando era querer demais. De qualquer maneira, telefonara com antecedência, e a luz e o serviço telefônico já estavam ligados. Seu parceiro precisava urgentemente de um banho. Além disso, ficar para lá e para cá atrás de água da fonte seria levar longe demais a volta à vida rústica. Seu estilo de vida luxuoso em Las Vegas não o tinha preparado para viver sem conforto.

- Parceiro - falou Logan enquanto descia da caminhonete. - Acha que vai andar nisto durante quanto tempo?

Aparentemente muito feliz, Parceiro pulou por cima da alavanca de câmbio e sobre o console até o banco que Logan acabara de desocupar. Logan riu por entre os dentes e o colocou com delicadeza no chão. Assim que tivesse oportunidade, levaria o cachorro ao veterinário para fazer um checkup e tomar umas vacinas. Poderia haver um microchip implantado em algum lugar debaixo de sua pele, identificando-o como o cachorro perdido de alguém, mas Logan duvidava.

Era mais provável que Parceiro tivesse sido abandonado, se é que algum dia pertencera a alguém.

O cachorro farejou em volta, então levantou a perna junto à roda de uma carroça velha enterrada até a metade no chão.

Quando Logan se aproximou da casa, com sua varanda da frente inclinada, Parceiro trotou ansiosamente atrás dele.

Qualquer pessoa sensata, refletiu Logan com pesar, passaria com um trator por cima da outrora imponente choupana e começaria de novo. Mas ele não era uma pessoa sensata, já passara por dois casamentos fracassados, uma carreira em rodeios e muita dor no coração para pô-lo a prova.

Com os ombros, ele abriu a porta da frente, o que fez as dobradiças rangerem, e depois de respirar fundo outra vez, atravessou o umbral. O lugar estava imundo, é claro, entulhado de jornais, latas de cerveja e Deus sabe o que mais. Mas os pisos de tábua tinham resistido, e a grande lareira de pedra parecia tão firme como se tivesse acabado de ser cimentada.

De pé no meio do monturo ancestral, e monturo era definitivamente a palavra Logan perguntou a si mesmo, não pela primeira vez, se não havia tantas pedras em sua cabeça como havia naquela lareira. Desde que ele localizou seus primos distantes, os McKettrick, seis meses antes, e visitou o Rancho Triple M lá no norte do Arizona, perguntas sobre o estado do rancho e sobre o que fora deixado de sua família latejavam na parte de trás de seu cérebro como um hematoma gigante.

E aquele hematoma tinha nome. Culpa.

Ele atravessou o quarto grande, sentou-se no batente alto diante da lareira e suspirou, os ombros meio relaxados sob a camiseta branca básica. Ele passou a mão por seus cabelos escuros e sorriu com tristeza quando Parceiro se aproximou e colocou o focinho sobre seu joelho.

- Algumas pessoas - disse Logan a Parceiro - simplesmente não se dão por satisfeitas com a quantidade de problemas e aborrecimentos que têm. E eu, amigo velho, sou uma dessas pessoas.

Os ranchos em Montana, em qualquer grau de abandono, valiam ouro no mercado imobiliário. Principalmente se tivessem uma história turbulenta, como era o caso desse. Estrelas de cinemas gostavam de comprá-los por preços astronômicos, instalar quadras de tênis e salas de exibição e piscinas do tamanho de um quarteirão. Ele, Dylan e Tyler poderiam dividir uma fortuna se vendessem a propriedade. Cortassem as perdas emocionais e fossem embora.

A última coisa de que Logan precisava, no entanto, além de um cachorro e daquela velha caminhonete - que ele comprara porque ela serviria num lugar como o Rancho Stillwater Springs, em Montana era de mais dinheiro. E ele tinha um monte de dinheiro, graças ao site de serviços jurídicos tipo faça-você-mesmo que ele criara assim que saiu da faculdade de direito e que vendera havia pouco por muito dinheiro. E, até aquele momento, toda aquela fortuna não lhe trouxera nada exceto aflição.

Porém havia uma razão mais profunda para não vender o rancho. Mesmo malcuidado como estava, sete ou oito gerações dos Creed tinham vivido e morrido, amado e odiado, blasfemado e rezado dentro de seus limites. A família nascera nas casas, trabalhara de sol a sol com tenacidade ao longo dos anos que restavam e fora posta para descansar no cemitério que ficava para lá do pomar de macieiras.

Logan simplesmente não podia abandoná-los, tal como não fora capaz de entrar em sua caminhonete naquela parada, deixando Parceiro para trás.

Eles lhe pertenciam, aquela horda de fantasmas amaldiçoados e indisciplinados.

Depois de ver o Rancho Triple M, algo mudara em Logan. Ele decidira se fixar num canto, fincar raízes tão fundas que seria capaz de as pontas aparecerem em algum lugar na China.

O legado dos Creed não era como o dos McKettrick, não havia como negar.

Os McKettrick haviam permanecido juntos, em linhagem contínua, desde o velho Angus, o patriarca. Os Creed tinham se estilhaçado.

O nome McKettrick era sinônimo de honra, integridade e determinação.

O nome Creed, por outro lado, significava tragédia, má sorte e sofrimento.

Logan voltara para adotar uma postura, dar uma guinada. Construir algo novo, durável e bom, do começo ao fim. Seus filhos, se ele algum dia fosse afortunado o bastante para tê-los, carregariam o nome Creed com orgulho. E o mesmo fariam suas sobrinhas e sobrinhos. Não que ele os tivesse, tampouco - Dylan e Tyler, pelo que sabia, continuavam nos rodeios, ao menos em parte do tempo, perseguindo os tipos de mulher que um homem não quer engravidar, e brigando em bares caipiras.

Ele não tinha ilusão de que seria fácil mudar o rumo que os Creed haviam tomado. Mas não seria, na prática, uma questão de fazer uma escolha, tomar uma decisão, e não abandoná-la, não importando o que acontecesse?

Dylan não faria nada disso. Tampouco Tyler. E não havia ninguém que se importasse.

O que significava que Logan estava eleito, por vitória esmagadora de um voto.

Ele ficou e se dirigiu à cozinha, cujo estado era pior do que o da sala de estar. Mas quando ele abriu a torneira da pia, a boa água subterrânea de Montana fluiu, turva no começo, depois clara como a luz.

Animado, Logan procurou uma tigela num armário. Encontrou, lavou bem e a encheu de água para Parceiro, colocando-a no chão de linóleo encardido. O cachorro bebeu fazendo barulho. Então arrotou como um caubói depois de virar uma caneca de cerveja.

Eles fizeram uma ronda pelos quartos, cachorro e homem. Logan tomava notas mentalmente, enquanto andavam. Desde que comprara a Home Depot local e contratara cerca de cem carpinteiros e um ou dois bombeiros hidráulicos, eles estavam prontos para a situação.

Briana não chegara ao cemitério até o fim da tarde. Ao chegar, perguntou-se por que tinha ido, como sempre fazia. Enquanto seus filhos, Alec, de oito anos, e Josh, de dez, corriam entre lápides que balançavam e cruzes de madeira em decomposição, ela estendeu a toalha de piquenique sobre um pedaço plano do chão e pegou o suco e os sanduíches. Sua velha cadela, Wanda, labrador preto e parrudo, observava placidamente os meninos correrem através da última e flamejante luz de sol daquele dia quente de junho.

- Eu nem conheço nenhuma das pessoas enterradas aqui - disse Briana a Wanda. - Então por que arrebentar minhas costas arrancando mato e plantando flores para um monte de mortos desconhecidos?

Wanda a observava com paciência.

Durante os dois últimos anos, desde a noite em que seu agora ex-marido, Vance, a abandonara após uma discussão interminável em frente à loja do Wal-Mart de Stillwater Springs, junto com os meninos e Wanda, Briana se ocupava com a sobrevivência.

Naquela ocasião, ela pensou que Vance daria a volta no quarteirão algumas vezes em sua velha van asmática, soltando fumaça, e depois voltaria para buscá-los. Em vez disso, deixou a cidade. Quando ele apareceu, três meses depois, magnanimamente pronto a deixar o passado para trás, Briana entrara com o pedido de divórcio, encontrando um lugar para morar e arranjando um emprego no cassino tribal, servindo refrigerantes e cafés gratuitos em troca de gorjeta. No começo, os poucos dólares que ganhava num turno de oito horas mal davam para colocar comida na mesa. Mas ela batalhara para ser promovida a recepcionista no clube dos jogadores. E depois, a carteadora. No fim, se tornara supervisora de andar, trocava dinheiro e pagava os prêmios de vez em quando.

Supervisores de andar ganhavam um salário razoável. Também tinham plano de saúde, licença médica e férias remuneradas. Ela conseguira aquilo sozinha, algo que Vance garantira que não conseguiria.

Pouco tempo depois de terem se mudado para a casa do lado de lá do riacho, Alec e Josh atravessavam o cemitério em seus passeios, e ela verificava o lugar, se certificando de que era seguro para os meninos brincarem. Briana era entusiasmada por lugares seguros, embora esses lugares tivessem, até então, escapulido a ela. Aos 30 anos, ainda procurava por um.

Nada poderia tê-la preparado, como supôs, para o efeito que a primeira visão daquele cemitério rural esquecido teve sobre ela. Abandonado, coberto de mato, impregnado de um extremo a outro de milhares de restos de festas de adolescentes movidas a bebida, o lugar dera, mesmo assim, boas-vindas ela.

Desde então, ocupar-se do cemitério abandonado era sua missão. Ela e os meninos haviam limpado o terreno, aparado e depois arrancado o mato, plantado flores e endireitado as cruzes. Os turnos de trabalho sempre terminavam com os meninos brincando de pique para descarregar o excesso de energia e, depois, com um piquenique como refeição.

Ela não esperava que aquele dia fosse diferente de qualquer outro dos dias anteriores, o que mostrou que ainda podia ser surpreendida.

Um homem esguio e de cabelos desgrenhados, jeans, botas e camiseta surgiu caminhando devagar de dentro do bosque, com um cachorro marrom avermelhado a seu lado. E ele interrompeu as passadas quando viu Briana.

Ela sentiu um estranho arrepio de alarme - e algo mais, menos fácil de definir - quando olhou para ele pela primeira vez.

Os cabelos dele eram escuros. E, embora fosse esbelto, tinha um físico forte.

Wanda soltou um rosnado baixo, mas não se moveu de seu lugar de costume sobre a toalha de piquenique.

- Psss - disse Briana, consciente de que os meninos haviam interrompido a brincadeira e gravitavam em torno dela, curiosos e talvez um pouco preocupados.

O estranho sorriu, falou em voz baixa com seu cachorro e se manteve a distância. Alec foi direto até ele.

- Oi - disse o menino. - Sou o Alec Grant. Aquela é minha mãe, e aquele, meu irmão Josh, também conhecido como Cabeça de Melão. Quem é você?

- Logan Creed - respondeu o homem, com um leve sorriso. - Prazer, Alec. - Ele observava, no entanto, Briana, com olhar curioso, mas também lânguido. Apreendeu o l,70m de altura dela, que estava vestida com um jeans gasto e uma camisetinha rosa com fitinhas. Olhos verdes, sardas, cabelos louro-avermelhados presos atrás, como sempre, com uma trança. inspecionou-a como se tivesse de reconhecê-la mais tarde numa sessão de identificação de suspeitos enfileirados, dessas que a polícia faz.

Briana hesitou, pouco à vontade ao notar o último nome, que lhe era familiar. Depois, avançou, forçando um sorriso cordial. E esticou a mão ao apresentar-se.

- Briana Grant.

- Nós conhecemos um Dylan Creed - disse Alec. Seu filho mais novo nunca vira um estranho, fato que tanto agradava como preocupava Briana. A aula sobre não-converse-com-gente-que-você-não-conhece fora um desperdício com Alec.

- Mamãe, Josh e eu cuidamos da casa dele. Ele tem um touro, também. Cimarron.

De perto, Logan Creed era até mais bonito do que parecera a distância. Seus cabelos, um pouco longos demais, tinham a cor do ébano, e os olhos eram de um castanho profundo e penetrante, cheios de inteligência e alguns segredos. Suas maçãs do rosto eram altas, sugerindo que talvez existisse sangue indígena em algum ponto de sua ascendência. Ele não parecia nem um pouco com seu irmão de olhos azuis e louro, Dylan. Mas ainda assim havia uma semelhança - talvez algo em seu temperamento, embora ela, certamente, ainda soubesse pouco sobre isso. Ou no jeito como ele ficava de pé.

- Então Dylan contratou uma caseira, não foi? - perguntou ele com lentidão. - E possui um touro? - Seu olhar passou por Briana e se fixou no cemitério. - Meu irmão mais novo também está pagando para você cuidar do cemitério? Se está, ele devia lhe dar um aumento. O lugar tem uma aparência bem melhor do que da última vez em que estive aqui.

Briana enrubesceu um pouco, insegura quanto ao que responder, e ainda se sentindo estranhamente exposta sob o olhar fixo daquele homem. Dylan não mencionara o cemitério naquela noite fatídica era que a contratara do lado de fora do Wal-Mart. Ele estivera na cidade por pouco tempo, em alguma espécie de negócio pessoal, e acabou vendo Vance jogar algumas notas de 20 dólares através da janela da caminhonete e depois arrancar com o carro, cantando os pneus.

Avaliando a situação, Dylan provavelmente sentiu pena de Briana, dos meninos e do cachorro. E passou a ela um molho de chaves, dando-lhe instruções sobre o lugar, e saiu caminhando devagar, sem olhar para trás. Advertiu-a do perigo de Cimarron, um touro branco que fora afastado da vida dos rodeios havia pouco; disse que um vizinho alimentava o animal e que Briana deveria ficar longe do bicho. Ela tomou um táxi para o rancho, furiosa com Vance e realmente desejando que ele voltasse depois de esfriar a cabeça. E não os encontrasse mais. Ele merecia.

Em vez disso, ele foi mesmo embora.

No dia seguinte, chegou uma carga de mantimentos pelo serviço de entrega, junto com um bilhete de Dylan dizendo que havia uma velha caminhonete estacionada no celeiro e que ela podia usá-la se conseguisse fazê-la funcionar. Desde então, não haviam se comunicado, a não ser pelos e-mails ou telefonemas ocasionais. Quando alguma coisa precisava de conserto, e o serviço estava além das habilidades limitadas de Briana para reparos domésticos, Dylan mandava rapidamente um cheque, e Briana tinha o cuidado de providenciar um recibo, embora Dylan nunca tivesse pedido um.

Josh deu então um passo à frente e ficou ao lado dela, bem perto. Ao contrário de Alec, Josh considerava todo mundo estranho, e portanto um problema em potencial. E agia de acordo com isso até que essas pessoas mostrassem ser de confiança.

- Ninguém nos paga para tomarmos conta do cemitério - disse ele. - Nós cuidamos porque é preciso cuidar.

O sorriso de Logan surgiu de repente e desconcertou Briana um pouco. Ela acrescentou dentes muito brancos ao inventário que fizera dele um pouco antes, enquanto ele tomava as medidas dela.

- Bem, agradeço - disse ele. - E essa é uma boa razão para fazer as coisas.

Cuidadosamente amansado, Josh serenou um pouco. Mas não sorriu. Ele queria que Briana soubesse, por sua postura retesada e punhos fechados, que ele a protegeria. E também a Alec e Wanda, se necessário. Graças a Vance, Josh era másculo demais para um menino de dez anos. E sério e triste demais.

- Onde você mora? - ele perguntou a Logan, solene. Logan indicou com o polegar por cima do ombro.

- Na casa principal do rancho - disse ele.

- Ninguém mora lá - contestou Josh.

- Josh - censurou Briana.

- Alguém mora lá agora ― respondeu Logan, afável. - Parceiro e eu nos mudamos para lá hoje.

Josh olhou o cachorro cor de cobre.

- Ele está muito magro. Você não dá comida para ele?

- Ele e eu acabamos de nos conhecer - respondeu Logan. Sua voz era tranqüila. - Ele vai engordar com o passar do tempo.

Wanda levantou seu corpanzil e se aproximou de Parceiro, cujo focinho cheirou. Parceiro também cheirou o nariz de Wanda. Então ambos perderam o interesse um no outro.

- Ainda acho que ele poderia comer um de nossos sanduíches de mortadela - insistiu Josh, sabiamente. Então, fazendo uma concessão, acrescentou: - Ele está bem limpo.

- Ele está bem exausto por ter conseguido isso - disse Logan. - E eu quase esgotei o suprimento de sabão.

Josh se desarmou e sorriu.

Finalmente ocorreu a Briana que Logan devia ter vindo ao cemitério para visitar o túmulo de alguém. E uma peregrinação como aquela, especialmente depois de uma longa ausência, poderia exigir privacidade.

- Talvez devêssemos ir embora - sugeriu ela.

Mas Logan fez que não com a cabeça.

― Não saiam daqui e continuem o piquenique - disse a ela.

Então, dirigindo-se a Josh, acrescentou: - Parceiro pode aceitar aquele sanduíche, se a oferta ainda vale. Mas vou logo avisando: ele pode vomitar. Parece que tem um estômago sensível.

Como vômito era assunto sério para um garoto de 10 anos, Josh assentiu com a cabeça.

- Comida para cachorro seria melhor - avaliou ele. - A gente pode dar um pouco da ração da Wanda se você precisar.

Logan riu por entre os dentes. Pareceu querer despentear os cabelos de Josh, mas não o fez.

- Obrigado - respondeu ele. - Mas fomos mais cedo à cidade para comprar a comida. Estamos abastecidos.

Briana sorriu, trouxe Wanda e os meninos de volta para a toalha do piquenique. Parceiro ficou com Logan, que foi se agachar ao lado de um dos túmulos.

- Posso dar mortadela pro Parceiro? - sussurrou Alec.

- Não - disse Briana, olhando para Logan. - Não agora.

- A conversa agora é particular, seu pateta - disse Josh ao irmão.

- Cachorros não têm conversas particulares, bobão - retrucou Alec.

- Fiquem quietos - ordenou Briana, perguntando-se por que suas mãos tremiam um pouco enquanto servia as bebidas e desembrulhava os sanduíches.

Os olhos de Logan queimaram quando ele correu a ponta dos dedos pela inscrição simples lavrada na lápide de sua mãe. Teresa Courtland Creed. Esposa e mãe.

Ele tinha 3 anos quando sua mãe perdeu a luta contra o câncer de mama. Desde então havia um enorme buraco em sua vida. Seu pai, Jake Creed, que nunca fora, para começo de conversa, um cidadão confiável, iniciou uma bebedeira que durou dez anos, começando pelo dia do funeral. Seu pesar, no entanto, não o impediu de se casar com a mãe de Dylan seis meses depois. A pobre e doce Maggie morreu num acidente de carro quatro dias depois do aniversário de 7 anos de seu filho. De acordo com seu padrão, Jake casou-se de novo antes do fim daquele ano - desta vez com Angela, uma professora jovem e idealista sem outra idéia senão casar-se com um bêbado violento com dois filhos selvagens. Sem dúvida, ela pensava que tudo de que Jake precisava era do amor de uma mulher. Ela foi uma boa madrasta para Logan e Dylan, e logo deu à luz Tyler.

Ela resistiu por cinco anos. Sim, resistiu.

Mas as bebedeiras de Jake simplesmente a exauriram. Um belo dia de verão, ela preparou uma porção de frango frito, disse a Logan, Dylan e Tyler que não deixassem de fazer suas tarefas e rezar. E partiu.

Jake virou a área rural toda pelo avesso procurando por ela. Furioso, estava convencido de que ela o deixara por outro homem. E tinha a intenção de trazê-la de volta pelos cabelos, se fosse preciso.

Em vez disso, Angela arranjou para si mesma uma crise de nervos muito séria. Foi para um hotel de beira de estrada nas redondezas de Missoula, tomou um frasco de tranqüilizantes e morreu.

Tal era, pensou Logan, a gloriosa história dos Creed.

Depois disso, Jake desistiu de casamentos. Quando Logan era calouro na faculdade, o velho morreu num acidente inusitado no corte de árvore.

Lembrar o enterro embrulhou o estômago de Logan. Por mais absurdo que parecesse em retrospecto, levando-se em conta os estragos que o alcoolismo de Jake causara na vida de todos eles, os três bebiam uísque, metiam-se nas maiores pancadarias e terminavam as noites em celas separadas de delegacias, como convidados do xerife Floyd Book.

Eles não se falavam desde então, embora Logan se informasse sobre os irmãos, principalmente pela internet. Dylan, vaqueiro tetracampeão mundial, era aparentemente uma celebridade na profissão, agora que ele pendurara seu equipamento de rodeio para sempre. Chegara a aparecer em alguns filmes, embora, até onde Logan soubesse, Dylan fosse famoso por não fazer nada em especial.

Só nos Estados Unidos.

Tyler, cuja modalidade era montaria em cavalo xucro, ainda continuava nos rodeios. Ele se envolvera em algumas enrascadas românticas bem conhecidas, investira seus ganhos consideráveis em imóveis e assinara contrato como porta-voz nacional de um fabricante de botas. Embora o mais novo, Tyler era o mais selvagem dos três filhos de Jake. Ele fazia muitos questionamentos, desde o modo como Jake os educara e até sobre a morte de sua mãe.

Mas as histórias de seus irmãos não passavam disso: histórias deles. Logan sabia que estivera ocupado, endireitando sua própria vida. E, embora lamentasse, o fato era que os irmãos Creed eram desunidos. E a desunião podia ser permanente. Dado o orgulho da família, para não falar na teimosia inata.

Logan estava quase pronto para ir embora - tinha muitos outros lugares aonde ir. Briana e as crianças dobravam a toalha do piquenique. O menino mais novo, Alec, se aproximou com uma fatia de mortadela para Parceiro.

- Você é caubói? - perguntou, reparando na bota gasta de Logan enquanto o cachorro se banqueteava com a carne do almoço.

Logan passou uma das mãos pelo cabelo. - Fui, um dia - respondeu ele, consciente de que Briana o observava.

- Meu pai é caubói - disse Alec. - A gente não o vê muito. - Que pena - respondeu Logan.

- Ele participa de rodeios - explicou Alec. - Mamãe se divorciou dele pela internet depois que ele largou a gente na frente do Wal-Mart e não voltou para nos buscar.

Logan sentiu uma fisgada na boca do estômago. Sentiu fúria, certamente - que tipo de homem abandona uma mulher com dois meninos pequenos e um cachorro? Mas também uma dose de alívio perturbadora. Mais uma vez, seu olhar se desviou até Briana, que abria a boca para censurar Alec. Nossa, como ela era sensual! As curvas, o brilho nos cabelos, a pele macia e levemente sardenta.

- Mas mamãe toma conta da gente muito bem - continuou Alec quando Logan parou de... não conseguiu... falar. O velho Jake tampouco fora pai do ano. Mas, apesar da luxúria, do alcoolismo e das brigas, ele trabalhara pesado e sem parar nas florestas, derrubando árvores. Mesmo em seus piores dias, ele não teria largado mulher e filhos, deixando que se virassem sozinhos.

- Aposto que sim - Logan conseguiu responder enquanto Briana se aproximava.

- Ela é supervisora lá no cassino - afirmou Alec, falando mais rápido enquanto sua mãe se aproximava. Briana chegou, pousou a mão levemente sobre o ombro de Alec, que estava de camiseta. Os dois meninos tinham cabelos e olhos escuros, em contraste com o colorido claro de sua mãe. Uma imagem de seu ex-marido formou-se na mente de Logan. Ele era provavelmente um sedutor, um daqueles tipos ciganos, de boa linhagem e história triste.

- Basta, Alec - ordenou Briana com calma. Seus olhos evitavam o rosto de Logan, como se tivesse ficado tímida de repente. - Agora temos de voltar para casa. Vocês têm tarefas para fazer e matéria para estudar.

Alec franziu o nariz.

- Mamãe dá aula pra gente em casa - contou a Logan. - A gente nem tem férias de verão. - Logan arqueou as sobrancelhas, colocou as mãos na cintura. Resistiu ao desejo de coçar o queixo com barba de alguns dias por fazer.

- Isso - disse Briana, apertando gentilmente o ombro do menino - porque você brinca tanto que precisa se dedicar um tempo extra.

- Eu queria que a gente pudesse ir à escola em Stillwater Springs, como as outras crianças - lamentou Alec. - Eles jogam beisebol. Andam de ônibus, fazem excursões no campo e tudo mais.

O rosto de Briana ficou tenso de modo quase imperceptível e aquele rubor sob as maçãs do rosto reapareceu.

- Alec - disse ela com firmeza o sr. Creed não está interessado nos seus assuntos pessoais. Vamos embora para casa antes que os mosquitos apareçam, tudo bem?

Sr. Creed estava, de fato interessado, sim - além de qualquer medida de bom-senso.

- Logan - disse ele.

Briana conferiu no relógio de pulso. Assentiu com a cabeça.

- Logan - repetiu distraidamente.

- O Josh e eu também podemos chamar você de "Logan"? - perguntou Alec com voz otimista.

Uma mulher que ensinava os filhos em casa podia ter algumas noções bem rígidas de etiqueta. Como não queria se intrometer, Logan disse:

- Se sua mãe não se incomodar.

- Vamos ver - disse Briana, ainda confusa. Então, como uma galinha, mas sem o cacarejo, juntou a prole e a conduziu em direção ao riacho. A casa de Dylan ficava logo do outro lado de uma instável pontezinha de madeira, que era invisível por trás de uma sebe de bétulas cobertas de folhagem. O cachorro preto foi atrás deles, andando feito um pato.

Logan sentiu-se estranhamente abandonado, observando-os partir. Parceiro também, porque soltou um pequeno ganido de protesto.

Logan deu meia-volta, tranqüilizou o cachorro com um afago na cabeça.

- Vamos para casa, garoto - disse ele. - A essa altura, a notícia de que voltei já se espalhou e é certo que teremos companhia.

Mas nenhum dos dois se mexeu até que Briana, os meninos e o cachorro sumissem de vista.

Logan estacou, pensando que deveria parar diante do túmulo de Jake antes de ir embora. Mas teve medo de cuspir sobre ele se o fizesse. Assim, dirigiu-se, em vez disso, ao pomar, com Parceiro se apressando para segui-lo. Como era de se esperar, o carro horroroso de Cassie Greencreek estava ao lado da casa. Ele meio que elevava o nível do lugar, o que era um comentário triste segundo os padrões de qualquer pessoa. Cassie estava esperando por ele. Ela se sentara no último degrau da escada da varanda. Estava resplandecente num vestido de poliéster púrpura, grande o bastante para esconder um Fusca. Seus cabelos, que iam até a cintura, tinham agora reflexos grisalhos, e seus olhos castanhos brilhavam numa combinação de boas-vindas e mau humor.

- Logan Creed - declarou ela, acolhendo o cachorro gentilmente quando ele foi lhe fazer festa. - Nunca pensei que você teria coragem de voltar aqui depois de tudo o que aconteceu no enterro de Jake.

Logan sorriu timidamente, parando no caminho coberto de mato. Estendendo as mãos no gesto tradicional de "aqui estou".

- Quando foi que você se barbeou pela última vez? - quis saber Cassie, abrindo espaço para Parceiro no degrau. - Você está parecendo um vagabundo.

Logan riu daquilo, aproximou-se e se curvou para beijar o rosto que a velha senhora lhe oferecia.

- Eu também amo você, vovó - disse ele.

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Romance

5.0

Sinopse Ele é um assassino profissional muito bem remunerado em seu auge. Ela é filha de um chefe da máfia recentemente falecido. Quando o destino os unir, ele será capaz de transformar seu papel de predador em protetor? Jason Corben gosta da natureza lucrativa e do alto risco do que faz. Mas seu amigo e mentor está tentando convencê-lo de que é hora de considerar uma vida que vai além da existência vazia e solitária de um assassino. Uma que possa lhe oferecer a possibilidade de amor e um futuro real. A filha do chefe da máfia, Bianca Manzo, decidiu há muito tempo traçar seu próprio caminho e manter sua vida separada e independente dos 'negócios da família'. Escolhendo, em vez disso, levar uma vida segura e tranquila, dedicada a ajudar os necessitados por meio de sua própria start up sem fins lucrativos. Ela é apaixonada pelo que faz, mas relutantemente admite que quer mais em sua vida do que apenas seu trabalho. Por capricho, os dois acabam se juntando ao mesmo site de namoro. Desde o primeiro encontro, a química deles está fora dos gráficos e as faíscas voam. Mas seu novo e promissor caso de amor é lançado em incerteza e caos quando a próxima missão de Jason chega. É um enorme pagamento e para espanto atordoado de Jason o alvo... é a própria Bianca. Jason cumprirá o contrato como foi treinado para fazer ou irá arriscar tudo por uma mulher que acabou de conhecer e colocar sua própria vida em risco para salvar a dela?

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