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RECOMEÇO - O que fazer quando a vida nos mostra dois caminhos?

RECOMEÇO - O que fazer quando a vida nos mostra dois caminhos?

Viviane Cândido

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33
Capítulo

Para Susan, recomeçar era algo bastante difícil, principalmente depois de tudo que ela passou... Depois de uma tragédia se a****r sobre sua família, com o coração quebrado, ela não teve escolha senão voltar ao lugar onde tudo começou e construir uma nova vida. Junto às bagagens, Susan leva o desejo de passar o resto dos seus dias se dedicando aos filhos e ao novo emprego. Mas ali, ela descobrirá que existe novas razões para amar, e perceberá que sua vida pode ser muito mais que planos traçados, quando o passado voltar a bater a porta do seu coração de forma diferente. RECOMEÇO fala sobre vidas marcadas, traumas existentes e uma vontade enorme de vencer o medo e prosseguir.

Capítulo 1 Prólogo - Meu amor.

Março de 2014.

Ainda de olhos fechados eu me pego pensando: é sempre assim quando estamos juntos; sensação, calor... entrega.

E eu me pego sorrindo. Sorrio, porque me sinto feliz!

Abro os olhos lentamente e vejo diante de mim, o homem que mais uma vez me fez sentir a mulher mais amada desse mundo. Aproveitando o momento, eu me permito apreciar cada detalhe do seu belo rosto moreno, enquanto ele descansa tranquilamente.

Durante o tempo em que estou aqui tão perto dele, pude sentir sua respiração leve em seu sono sereno e me lembrei de que, na noite passada, aqui mesmo em nossa cama, ele murmurou por diversas vezes o quanto me ama e o quanto eu o faço feliz.

Passo suavemente a mão por seu cabelo negro, todo bagunçado, pois não quero acordá-lo. Prefiro ficar assim, admirando-o por mais um instante antes de sair.

Um sorriso de satisfação surge em meus lábios confirmando o fato de que sim, a cada dia que passa eu amo mais esse homem... O meu coração está completamente cheio por seu amor.

Penso em me levantar e sair, mas, olhar ele enquanto dorme é para mim quase como um ritual. De um tempo pra cá, temos tido tantos desencontros, que quando estamos juntos cada minuto parece ser sagrado.

Depois de sua última e demorada viagem de negócios, enfim, eu pude desfrutar de sua companhia. – Suspiro, lamentando, pois, suas vindas para casa estão se tornando mais curtas que suas viagens. - Ele chegou há apenas uma semana e já estou sentindo saudades.

Nos últimos dois anos essa promoção vem exigindo muito dele, e, consequentemente, tem afetado toda ordem cronológica de nossa família. Téo trabalha com comércio exterior, e por esse motivo está sempre viajando. Benjamim, vive reclamando de sua ausência e me pergunta o tempo todo: "Por que meu pai não pode ser como qualquer outro pai normal? Por que ele sempre tem que estar viajando? Por que ele não pode ser igual aos pais dos meus colegas de escola?" Deus, são muitos porquês! É nessa hora que você tem que saber a resposta certa a dar, para não agravar ainda mais a situação.

Procurei argumentar com Téo algumas vezes sobre esse assunto, falei sobre os questionamentos do filho, perguntei até se ele estava prestando a devida atenção a sua saúde, - porque neste quesito, eu sei muito bem como meu marido é descuidado. - e, como em todas as outras vezes em que o confrontei, ele veio com a resposta programada de sempre, deixando claro para mim que estava correndo atrás do melhor para nossa família. Como esposa eu até procuro entender, no entanto, está ficando cada vez mais difícil manter essa situação; digo isso por vários motivos.

Um deles foi o encontro que tive com a dona Lourdes no elevador, há duas semanas. Acho que se eu contasse, nem ele mesmo acreditaria no que fui capaz de fazer, apenas para fugir das investidas da vizinha bisbilhoteira do 408. Uma mulher amargurada e cheia de rancor, que por ter sido traída e abandonada pelo marido, passou a acreditar que todos os homens eram iguais a ele.

Eu estava me saindo bem nesse jogo de gato e rato com ela, até que certo dia, voltando de um passeio com as crianças, eu fui surpreendida. Infelizmente, naquela tarde não fui bem sucedida, porque, assim que as portas do elevador abriram eu me deparei com ela lá dentro. Pude ver seu corpo mover como se fosse sair, no entanto, ao me ver, ela fez questão de ficar parada no mesmo lugar. Automaticamente ela ergueu uma sobrancelha, como se dissesse: dessa vez você não me escapa. Na hora, tive vontade de dar meia volta e sair dali com meus filhos, mas resolvi encarar. Parecia estranho estar me escondendo de uma senhora de cinquenta e poucos anos, mas eu sou, definitivamente, contra qualquer invasão de privacidade... Principalmente da minha.

Entrei, e imediatamente ela puxou assunto. Em nossa curta conversa até chegarmos ao nosso destino, ela perguntou pelo Téo; e esse, foi o estopim que faltava para gerar um comentário venenoso, seguido de uma pergunta indiscreta:

"- Juro que não entendo como você consegue viver desse jeito menina, com seu marido vivendo de ponte aérea o tempo todo. Como faz para seu casamento não se desgastar?"

Olhei-a bem nos olhos, com uma expressão explícita de indignação em meu rosto e, sutilmente, eu respondi:

"- Amor e respeito dona Lourdes. Esses são os dois elementos básicos para um casamento dar certo. Não temos apenas um acordo pré-nupcial assinado num papel. Temos cumplicidade!"

Vi seus olhos esbugalhados. Ela, definitivamente, ficou espantada com minha resposta atrevida. Olhei para frente e fiquei encarando a porta do elevador, que a qualquer momento abriria. Coisa que não demorou muito, pois em poucos segundos ela abriu e antes de sair, eu voltei a olhar à mulher que me encarava não mais com espanto, e sim, de cara feia. E fiz o que qualquer pessoa com o mínimo de educação faria naquele momento: forcei um sorriso amigável, me despedi dela com um "boa tarde" e saí. Achei até que fui um pouco indelicada eu confesso, mas ela mereceu, pois não demonstrou nenhuma consideração por meus filhos.

Solto um gemido abafado de insatisfação, pois me sinto obrigada a sair daqui. Antes de me levantar eu me inclino lentamente para frente e deposito um delicado beijo no nariz dele e, bem devagar, removo seu braço de minha cintura, que acredito ter ficado aqui a noite toda.

Deslizo pela cama, pego meu robe que está sobre o recamier ao pé dela e visto-o. Antes de ir, dou uma última olhada no lindo corpo moreno que repousa sobre os lençóis disformes, e, só então, saio do quarto sem fazer barulho.

Na cozinha, enquanto preparo o café da manhã, eu me distraio ouvindo uma música que sai do rádio que está sobre o balcão de granito. O som se espalha enchendo o ambiente, e deixa uma sensação gostosa de conforto e calmaria.

Minutos depois tomei um susto, quando senti dois braços fortes envolvendo minha cintura com carinho.

Téo é um verdadeiro pé de lã. – Penso sorridente. - Sempre entra nos cômodos da casa, todo sorrateiro, e me pega de surpresa.

Sinto uma de suas mãos puxar meu robe, deixando meu ombro à mostra. O toque de seus lábios sobre minha pele, esquentou o local onde ele pousou um beijo.

- Bom dia amor. – diz com voz abafada, sapecando beijinhos por meu pescoço até chegar ao lóbulo de minha orelha e mordiscar. Estremeço, em reação à deliciosa dor.

Enquanto isso, sua outra mão atrevida continua procurando espaço dentro do meu robe.

- Por que saiu da cama tão cedo e me deixou sozinho? - reclamou.

- Você dormia tão tranquilo... - gemi, ao sentir sua mão roçar na parte sensível do meu seio, - eu não quis acordá-lo.

Sem olhar eu giro o botão e fecho a boca do fogão, antes que eu acabe queimando os ovos.

- Não faça mais isso, ok? - ele murmurou. - Eu quero estar com você, o máximo de tempo que eu estiver disponível.

Eu concordo com a cabeça. É a única coisa que consigo fazer, pois seus carinhos me deixam amolecida.

- O que temos para o café da manhã?

- Pan-panquecas, - respondo vacilante – ovos...

- Hum! O que mais? – e ele continua me provocando, roçando seus lábios por meu pescoço.

- Café, leite... e...

- Você. – ele completou, sussurrando ao meu ouvido.

Fecho os olhos, quando a sensação de mulher amada percorre toda minha espinha e se aloja na nuca, me fazendo arrepiar.

Téo tem o incrível dom de fazer eu me sentir assim, como se fosse a única mulher na face da terra. Eu me viro - sem que ele solte minha cintura - para ficar de frente para o meu marido. Envolvendo seu pescoço com meus braços, eu olho bem dentro de seus olhos, e pergunto:

- Depois da noite que tivemos ontem... Você não se cansa?

- De você? Nunca! - e sapeca um beijo na ponta do meu nariz.

Um quente rubor varreu meu rosto e eu sorri, desconcertada, por perceber que mesmo depois de tantos anos de casados, meu marido ainda consegue surtir esse efeito - de início de namoro - em mim.

- Eu adoro isso, sabia? - diz ele, com voz rouca.

- Isso o quê?

- Provocar você, a ponto de te deixar ruborizada.

Baixo o olhar rapidamente, sorrindo com timidez, mas levanto logo em seguida e encontro os seus olhos.

- Amo tudo em você Su... – diz naturalmente, enquanto seus olhos acompanham o trajeto que sua mão faz, alisando uma mecha solta do meu coque. – Amo seu cabelo dourado. Amo esses grandes olhos verdes e brilhantes, que tanto me seduz quando estamos em nossos melhores momentos... - ele expressa um sorriso misterioso, imagino que lembrando da noite passada. - Sua pele macia... – contorna o desenho do meu queixo com o dedo, e por fim, acariciando meu lábio inferior com o polegar, ele acrescenta: – E essa sua boca carnuda que me enlouquece... Ela é perfeita!

Ainda abraçada a ele, deslizo minha mão até sua nuca e puxando seu rosto para mais perto do meu, eu o beijo suavemente nos lábios.

Quando o beijo acaba e nós nos olhamos, eu pergunto baixinho:

- As crianças ainda estão dormindo?

- Estão. Há pouco, passei no quarto de Manu e a enchi de beijinhos de bom dia. Quando achei que acordaria, ela simplesmente retribuiu meu beijo – ainda de olhos fechados, vale salientar – acariciando o meu rosto.

Sorrio, só de imaginar a cena.

- E o Ben? – Pergunto de pronto.

- Ele ainda dorme... – ele beija meu pescoço e me olha novamente. - Para falar a verdade, eu não quis tirá-los da cama tão cedo. É final de semana amor, vamos deixá-los descansar mais um pouco. – Com um sorriso maroto no canto da boca, ele me aperta ainda mais contra seu corpo. - Enquanto isso, nós dois ficamos aqui, aproveitando esse tempo a sós. O que você acha?

Eu apenas concordo, com um leve movimento de cabeça. E ficamos assim por alguns minutos, parados na cozinha, olhando um para o outro sem dizer uma só palavra.

Téo continua tão lindo como quando eu o conheci na adolescência. - Penso, enquanto o admiro. - Agora, com traços marcantes no rosto por conta do tempo, revelados nos cabelos grisalhos que se concentram nas costeletas e se espalham suavemente pela barba, e de sua maturidade. Mas o mesmo jovem de antes, por quem me apaixonei e com quem me casei há quinze anos, ainda está aqui dentro dele. Eu posso vê-lo através do brilho em seus olhos e na forma com que, intensamente, ele me ama. Estudamos na mesma escola a vida toda e eu sempre via ele andando pelas dependências da instituição. E falando sério! Era quase impossível não notar todos esses atributos que o cercam: a pele bronzeada, olhos castanhos mel que se destacam muito bem com seus cabelos negros, ombros largos, porte elegante... Téo é realmente o pacote completo. As moças da região babavam por ele, mas a sortuda, felizmente, fui eu. Éramos muito jovens quando algo de verdade começou a surgir entre nós. Isso aconteceu em uma das festas anuais realizadas em Monte Verde, e foi exatamente nesse dia que nos conhecemos pra valer. Nessa época, Téo já havia entrado na faculdade e eu estava quase terminando o colegial. Daí em diante nós continuamos nos vendo, começamos a namorar, depois noivamos; e, quando terminei a faculdade de licenciatura nos casamos. Foi um casamento incrível! Tinha muita gente, todos os nossos parentes estavam presentes... foi maravilhoso! Logo em seguida, por conta do seu trabalho, viemos morar na capital.

- Em que está pensando? - ele pergunta, me chamando a atenção.

Saí daquela espécie de transe, sem conseguir parar de penexigo.o quanto ele ainda está bonito aos quarenta anos.

- Em você. - Respondo, segundos depois.

Téo levantou uma sobrancelha, e um risinho vaidoso formou-se no canto de sua boca.

- Coisas boas?

- Sempre penso em coisas boas quando se trata de você. - Asseguro.

- Hum! Agora fiquei curioso em saber o que se passou por essa cabecinha linda. Tem a ver com nossa noite da saudade? - foi assim que ele passou a chamar as noites que antecedem as suas viagens.

- Em parte sim. - Tento entrar em seu jogo de sedução, porque sei que isso o agrada muito.

- Tem algo que eu posso fazer para ajudar? - diz, piscando o olho.

- Na verdade tem. - E a pequena pausa que faço o deixa apreensivo pela resposta que virá pela frente; mas que, infelizmente, não é bem a que ele gostaria de ouvir. - Vamos comer?

Ele faz que sim, com um lento gesto de cabeça. Mas posso ver em seu rosto travesso e no seu olhar sugestivo, que a interpretação pendeu para o outro lado. Téo não tem jeito. Mesmo depois da noite que tivemos - que mais pareceu um daqueles shows pirotécnicos de final de ano - ele ainda continua sedento. Sempre insaciável! E eu não tenho do que me queixar, porque amo isso nele.

Enquanto tomamos nosso café, aproveito para perguntar sobre a viagem que ele fará no início da semana. Téo é representante de uma empresa multinacional e essas viagens fazem parte de nossas vidas.

- A que horas você sairá na segunda-feira?

- O voo partirá às dez, então, vou sair de casa antes das oito, por causa do trânsito e do check-in.

- E dessa vez quanto tempo você ficará no Canadá? – Pergunto, antes de levar um pedaço de panqueca à boca.

- Duas semanas no máximo. – Ele responde. Em seguida, toma um gole do café olhando bem nos meus olhos e passa a estudar minha reação.

Não demora muito para ele interpretar a expressão de desânimo em meu rosto. Téo coloca a xícara sobre o pires e rapidamente cobre minha mão com a sua, numa tentativa de me tranquilizar.

- Prometo que assim que terminar eu volto voando. – Garantiu. Um pequeno sorriso se formou no canto da minha boca, por achar graça do seu trocadilho, e ele emendou: – Mas enquanto estiver lá, pensarei em você todos os dias.

- E me ligará também. – Eu exigo.

- E ligarei também. – Repetiu ele, sorrindo e balançando a cabeça de um lado para o outro.

A nossa vida é muito corrida, eu admito. Vivemos entre viagens, trabalhos e alguns desencontros, mas sempre que possível, nós nos reunimos, como qualquer família normal. Téo não abre mão disso. E este final de semana, antes de sua viagem para o Canadá, não foi diferente...

Na segunda de manhã, como de costume, sou a primeira a sair da cama. Me apresso em fazer o que tem que ser feito dentro do quarto, e vinte minutos depois eu já estou abrindo a porta e especulando se daqui a meia hora estarei a caminho do trabalho, ou não. Todo começo de semana é sempre um alvoroço e por mais que eu tente fazer as crianças acordarem cedo, isso vem se tornando um desafio cada vez mais difícil. De certa forma, eu até entendo, pois nossos finais de semana são bem mais agitados quando Téo está em casa.

Entro no quarto de Ben e vou direto para janela abrir as cortinas, enquanto peço para ele tomar um banho rápido e vestir o uniforme. Ele me responde com um sonolento "já vou". E antes de sair, eu reforço em um tom mais exigente que ele precisa se apressar.

Contrário à atitude preguiçosa de Ben, Manuela, agitada como sempre, nem parece ter acabado de acordar. Matraqueava tudo o que vinha em sua mente, gesticulando e dançando quase ao mesmo tempo, e me deu um trabalhão terminar de arrumar ela.

Minutos depois, já estamos todos na cozinha. Eu estou acabando de colocar o lanche de Manuela na lancheira, enquanto eles terminam de tomar o café da manhã. Téo sairia mais tarde, por isso, ainda estava vestido em seu pijama de algodão azul marinho, que o deixa extremamente sexy.

Esse é o pedacinho do dia mais esperado por ele quando está em casa. Téo toma seu café tranquilamente, sem desviar os olhos do jornal um só segundo. Não é difícil adivinhar em que artigo ele está tão concentrado agora. Atentamente, Téo corre os olhos sobre as páginas que buscam trazer as mais atualizadas notícias sobre o mercado: cotações e dicas de investimentos. Tudo que esteja relacionado ao comércio exterior. E, neste momento, posso até ouvir as engrenagens dentro de sua cabeça funcionando sem parar: prospectando novos clientes potenciais e qualificados, e transformando dados em soluções inteligentes para seu negócio. Sem sombra de dúvidas, meu marido nasceu para exercer essa profissão. Eu o observo, por mais um tempo, sem que ele note.

Imediatamente, meu instinto de responsabilidade entra em ação. Olho para o relógio em meu pulso e vejo o quanto as horas estão avançadas.

- Vamos! Crianças apressem-se, senão, chegaremos atrasados.

- Estou quase terminando. - Diz Ben com a boca cheia e uma mão espalmada para mim.

- Eu darei aula no primeiro horário, Ben. – Respondo, olhando sério para ele e um pouco impaciente pelo avanço das horas.

- Eu sei... - engoliu - E também irá dar aula em minha sala. – Ben olha para a irmã e fala baixinho: - Anda Manu, toma logo seu mingau.

Téo observa todo aquele alvoroço matinal, a qual ele já está habituado, com uma expressão orgulhosa no rosto.

Parados na entrada do apartamento, nós nos despedimos. Téo coloca Manuela nos braços e roça a barba em seu pescocinho delicado, fazendo-a rir à vontade. Acabamos todos rindo juntos. Ele devolveu Manu ao chão e puxou Benjamim contra o corpo. Havia algo diferente - fora do comum - no abraço que Téo deu em Ben; era como se ele não quisesse mais soltá-lo.

Eu os observo.

É impressionante a semelhança entre os dois: os mesmos traços marcantes, a mesma cor de olhos, cabelos; até na forma de andar eles são muito parecidos. Olhar Benjamim, para mim, é o mesmo que retornar ao passado e ver Téo aos treze anos de idade.

Depois de alguns segundos apertando o filho contra o peito, ele o beijou no topo da cabeça com carinho.

Então, meu marido se aproximou de mim, com aquele jeito de olhar que me diz milhões de palavras, sem nem mesmo abrir a boca, e fez meu coração palpitar dentro do peito.

Sorrio para ele.

Téo me abraça, mas não me beija de imediato. Apenas fica olhando meu rosto, como se quisesse registrar cada detalhe dele em sua memória. E pela intensidade com que me olha, os segundos que passamos assim, mas parece uma eternidade. Por fim, ele me beijou, doce e ternamente.

- Eeeeca! – expressou Manuela fazendo careta, nos fazendo rir.

Essa menina tem um incrível excesso de personalidade; nem parece uma criança com pouco mais de dois anos.

Ainda rindo e sem desviar os olhos de mim, Téo acaricia delicadamente meu rosto, dizendo:

- Lembre-se sempre que eu te amo.

- Também te amo. – Afirmo.

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