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SONHOS PARALELOS

SONHOS PARALELOS

Raquel Amorim

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20
Capítulo

A realização de um sonho, depende principalmente da sua capacidade de escolha, pois assim, poderá usufruir da sua vitória e considerá-la bem-sucedida. Eu aprendi isso da pior forma possível, não que esteja reclamando do que vivi ou vivo, mas com certeza a minha vida foi feita de escolhas, e desde a primeira, observei que a relação entre o pessoal e o social estão literalmente ligadas, e isso pode determinar até onde sua caminhada pode chegar. Por isso estou aqui agora, sentada em uma cadeira atrás da minha mesa de escritório, com uma taça de vinho na mão e pronta para tomar outra decisão crucial em minha vida, e dessa vez será definitiva, sem segundas chances.

Capítulo 1 I

(Narrado por Ana)

A realização de um sonho depende principalmente da sua capacidade de escolha, pois assim poderá usufruir da sua vitória e considerá-la bem-sucedida. Eu aprendi isso da pior forma possível, não que esteja reclamando do que vivi ou vivo, mas com certeza a minha vida foi feita de escolhas, desde a primeira observei que a relação entre o pessoal e o social é importante, isso pode determinar até onde sua caminhada chegará. Por isso estou aqui agora, sentada em uma cadeira atrás da minha mesa de escritório, com uma taça de vinho na mão e pronta para tomar outra decisão crucial em minha vida, mas dessa vez será definitiva, sem segundas chances.

Eu me chamo Ana Maria Colins Braga, tenho 24 anos, natural de São Luís, no Maranhão, Brasil, filha única, fato que piorou ainda mais a situação, sou loira, cor de pele branca, meus pais costumavam me chamar de menina de neve, olhos claros, acho que azuis, com 1,74 m de altura, magra, mas vamos iniciar isso do começo.

Moramos nos EUA faz muitos anos. Meu pai trabalha para uma empresa que resolveu abrir asas, deixaram essa responsabilidade com ele, ou seja, ele é muito importante para a empresa, trabalha com construção civil, Barreto Construções é o nome, viemos para cá quando eu tinha 10 anos, ou seja, 14 anos morando nos States.

Meu pai se chama João Arthur Braga, Jhon, para as pessoas daqui, atualmente tem 56 anos (42 no período da mudança), já de cabelos grisalhos, meio barrigudinho, usa óculos, de 1,79 m de altura, cor de pele morena, olhos castanho, ele se adaptou com tudo rápido, diferente de mim.

Minha mãe se chama Carla Colins Braga, Carly aqui, tem 52 anos atualmente (38 no período da mudança), é médica pediatra, loira, esbelta, de 1,75 de altura, olhos claros, literalmente puxei em tudo para ela. A mesma também se adaptou rápido, para falar a verdade eles se adaptaram muito bem, pois já sabiam o idioma, nessa hora senti falta de todas aquelas aulas chatas que eles me obrigavam a ir e eu não dava a mínima.

Eu sempre tive aptidão para a música, meus pais me deixavam cantar na escola, na igreja, para amigos, mas nunca gostaram da ideia de eu seguir essa carreira, achavam que era algo muito incerto, talvez seja, mas só arriscando para saber, e para eles, que são pessoas, digamos que bem-sucedidas em suas profissões, obviamente que iriam querer que sua filha conseguisse o mesmo sucesso profissional, deduzindo que a música não traria tal feito.

Eles ainda tentaram ter outro filho, mas descobri que no meu nascimento minha mãe teve problemas, o que a impediu de conseguir gerar outro bebê, isso me deixa triste, mamãe pensou em adoção, mas meu pai não quis, disse que não teria o seu sangue, isso significa muito para ele.

Comecemos com o dia 16 de setembro de 2002, uma segunda feira, meu pai chega cansado do trabalho, mas diz querer conversar com nós duas, então sentamos no sofá e ele começa.

- Acho que vocês já devem saber do que se trata, eu já havia falado antes sobre a possibilidade da abertura de uma sede da empresa nos Estados Unidos, acredito que agora não terá mais jeito, já está tudo certo, hoje estávamos assinando o contrato com uma parceira americana. _ Diz ele encarando mamãe o tempo todo. Até que ela o interrompe.

- Mas João, você disse que tal acerto só viria a ser concretizado no ano que vem, que ainda haveria muita burocracia, agora você já vem dizendo que assinaram contrato?

- Eu sei, eu sei. _ Meu pai passa as mãos pelo cabelo. – Mas a empresa parceira estava com receio de fecharmos acordo com a concorrente, decidiu antecipar a assinatura dos contratos. Não se preocupe, Carla, isso não quer dizer que amanhã ou na semana que vem já teremos que viajar, acredito que nós iremos nos fixar só no próximo ano, eu estarei indo algumas vezes aos USA para resolver tudo, tanto nosso caso de moradia quanto o da empresa.

Eu permaneço o tempo todo de cabeça baixa, não sei decifrar se essa informação é boa ou ruim, eu não tenho problemas em ir, como também não tenho motivos para querer ficar. Tenho 10 anos, não sou popular na escola e nem tenho amigos que sejam motivos para dúvidas, reflito, logo penso em algo, se eu quiser seguir uma carreira artística, então estamos indo para o lugar certo, portanto é sim uma notícia boa, um sorriso bobo aparece em meu rosto, meu pai percebe.

- Pelo menos alguém está feliz com a notícia. Está animada, Ana?

- Sim, pai, acho que será muito bom.

- Bem, se não tem jeito, temos que começar a nos programar, terei que resolver minha situação no hospital, a de Ana na escola e começar a treinar mais arduamente meu inglês. _ Mamãe fala, sorrindo.

A situação é emocionante para uma criança de 10 anos, saber que irá morar nos Estados Unidos, eu só conseguia pensar na Disney, meu Deus, como ser criança é bom. Hoje eu penso que se fosse tudo tão inocente como o que eu senti naquele dia o mundo seria tão maravilhoso, crescer é uma droga.

No dia seguinte conto para todos os poucos "colegas" que tenho na escola que irei me mudar, todos me dão os parabéns, não sei por que, mas dão. Estou toda convencida.

Os dias, os meses, o ano se passa, agora já são 03 de janeiro de 2003, sexta feira, está tudo pronto para a viagem, partiremos à noite para São Paulo e de lá pegar o avião para EUA, especificamente, Miami na Flórida. Chegaremos à noite de sábado, o fuso horário só tem 1 hora de diferença, ou seja, 1 hora a menos em relação ao horário brasileiro, eu fiz meu dever de casa para me adaptar mais rápido. Papai em suas viagens anteriores já deixou tudo pronto, casa, escola, até entrevistas de emprego para mamãe em três hospitais perto da nossa nova casa.

Enfim chegamos, nossa nova casa é interessante, não muito grande, mas é maior que a nossa do Brasil, de andar, garagem para 2 carros, piscina, com 4 quartos em cima e um embaixo, um escritório, pintada de cor amarelo bebê, os móveis são todos novos, nossas malas são muitas, porém muitas coisas também foram deixadas para trás, meu pai deixou nossa casa na responsabilidade do seu irmão, tio Sérgio, para ser alugada, ele resolveu não vender, acho que foi uma ótima decisão.

Somos recebidos por uma mulher e um senhor, acho que são funcionários que meu pai contratou para nos auxiliar nesse começo de tudo, pois é literalmente uma vida nova. Papai nos apresenta eles, Robert é Americano, será um faz tudo para nós, Andreia é brasileira, acho que tal fato foi proposital, visando a comunicação principalmente para mim, literalmente papai pensou em tudo.

Ele nos mostra toda a casa, quando voltamos à sala, as malas já não se encontram lá. Robert as levou para cima. Andreia está à postos para receber ordens, mas estamos todos cansados, mamãe só diz a ela para preparar algo leve para comer, que vamos fazer uma pequena refeição e subir para descansar, é o que acontece.

Meu quarto é muito lindo, meu pai comprou até uns ursos e colocou em uma prateleira, fofo da parte dele, pintou de rosa, o jogo de cama é de princesa, acho que era branca de neves, tem uma mesinha, onde coloco meu notebook e meus livros, deito, já pensando no amanhã, não demoro e pego no sono.

..........***..........

No dia seguinte por ser um domingo, papai resolve nos apresentar o bairro, não é algo extraordinário, mas é diferente de casa. Os vizinhos são bens receptivos, alguns vieram se apresentar, papai com todo o seu inglês fluente conversa com o casal, eu entendo pouco da conversa, já é um grande começo.

Seguimos e ele nos mostra um pequeno supermercado, um frigorifico, um shopping, tudo que poderemos precisar nos primeiros dias, e o melhor, pertinho de casa, é um bairro tranquilo, ele disse que o índice de violência ali é quase zero, o que me tranquiliza. Voltamos para casa e resolvemos desfazer as malas.

Os dias se passaram, meu pai me matriculou logo em um curso de inglês, com brasileiros e estrangeiros de outros países, conheço uma cubana, seu nome é Maitê Hernandez, morena, cabelos longos, castanhos e ondulados, olhos cor de esmeralda, magra, sobrancelhas bem grossas, o que a deixa muito bonita.

Conversamos um pouco, ela tentando decifrar meu português e eu tentando decifrar seu espanhol, mas deu para interagir, ficamos amigas, todos os dias no curso conversamos sobre tudo, e o melhor é que Maitê também pretende seguir carreira artística, ela já me deu uma palhinha e canta muito bem, muito bem mesmo, tem uma voz rouca, muito potente, diferente da minha que parece uma criança cantando, comparo com um ramister, a minha voz é bem infantil.

Com as semanas passando chega a data do primeiro dia de aula, para a minha alegria todas as pessoas do cursinho estão na mesma escola, inclusive Maitê. Agora são 3 de fevereiro de 2003, segunda, a escola é bem legal, as pessoas são bem descoladas, eu e Maitê não desgrudamos, mas isso se explica por só conhecermos uma a outra. Conseguimos sobreviver ao primeiro dia, entrada às 7:45 horas, saída às 14:00 horas, com possíveis escolhas de cursos técnicos ou algum esporte para depois das aulas, das 16:00 horas, às 18:00 horas. E claro, eu e Maitê faremos música. Penso em como tudo é diferente aqui.

O tempo vai passando. Já estamos no meio do ano, tudo vai se encaminhando tranquilamente, mamãe conseguiu o emprego em uma clínica que fica a apenas 15 minutos de casa, minha escola fica a 30 minutos, as vezes vamos de ônibus, ou em outras vezes a mãe de Maitê vem buscar-nos.

Seus pais se chamam Gabrielle Hernandez e Afonso Hernandez, eles são muito legais. Meus pais resistiram no início ao contar que faria um curso de música, mas ao mesmo tempo pensaram que era algo passageiro. Graças a Deus permitiram. Eu e Maitê nos dedicamos ao máximo a isso, seus pais a apoiam muito em relação a seu sonho, o que me deixa feliz, ela realmente se transformou em minha melhor amiga.

Os anos se passaram, chegamos ao ensino médio, e claro na mesma escola, não queremos mais nos separar. Primeiro dia de aula tranquilo, assim como os seguintes, por conta de Maitê agora falo fluentemente 3 idiomas, português, espanhol e inglês, assim como ela também, fizemos até uma brincadeira entre nós duas, durante o dia inteiro escolhemos um idioma para nos comunicar, assim não iremos esquecer nunca.

Eu e ela ganhamos mais corpo, estamos realmente lindas, modesta parte, ela sempre fala da minha bunda, diz que todos olham para a minha comissão traseira, afirma ser fora do comum, o que me deixa envergonhada as vezes, mas sempre levo na brincadeira.

Ela ficou com um corpo perfeito, de fato ela é linda. Hoje é meu aniversário de 16 anos, 27 de março de 2009 sexta, não gosto de festas, mas minha mãe insiste em algo no mínimo íntimo, convido Maitê, Priscila, Caroliny e dois amigos, Andrey e Rey, são os amigos mais próximos, fazem parte do coral da escola nova, somos companheiros desde a escola anterior, o que me alegra de ainda estarmos juntos, nos damos muito bem, esse é meu grupo de amizades tanto na escola quanto fora dela.

..........***..........

Após a festa todos vão embora, menos Maitê que irá dormir em minha casa, fazemos muito isso, ela na minha, ou eu na dela, é muito legal, e claro, para garotas de 16 anos o assunto não poderia ser outro, garotos. Meu quarto mudou de tons, de rosa para verde e vermelho, com alguns pôsteres de artistas nas paredes, Britney Spears, Madonna, Celine Dion e Mariah Carey. Trocamos de roupa e deitamos na cama de casal, ficamos lá, viradas uma para a outra, frente a frente.

- Você está bem? Parece preocupada. _ Digo a Maitê em espanhol.

- Sim. Só pensativa. _ Responde ela desviando o olhar de mim.

- Eu te conheço Maitê, o que está acontecendo?

Ela não responde, continua evitando me olhar, isso é irritante, nunca havia acontecido, ela quer me falar algo, mas não tem... Coragem, está com medo, vergonha, está difícil decifrar sua reação.

- Fala Maitê, o que está acontecendo? _ Insisto.

- Posso confiar em você não é, Ana? _ Responde ela, pelo menos me olhou quando falou.

- Claro, Maitê, você sabe disso.

Ela suspira sem continuar, deve ser realmente sério, fico ali só olhando para ela, sem saber como influenciá-la a falar.

- Maitê, está me deixando preocupada, fale logo!

- Vou te perguntar algo, não é para sorrir ou achar estranho, ok? _ Ela pergunta e balanço a cabeça num sinal de positivo.

- Você já sentiu atração por meninas? Tipo vontade de beijar, algum calafrio na barriga, algo do tipo?

Ah então é isso? Já sei do que se trata, mas porque isso agora? Eu sempre notei as tendências dela, quando falamos de garotos ela nunca demonstra o mesmo entusiasmo que as outras garotas, sempre observa e elogia outras meninas, acho que sempre soube o que tudo isso significava, mas ela não, agora deve ter reparado em seu modo de agir e sentir.

- Porque está perguntando isso agora, Maitê?

- Só responde, Ana.

- Não Maitê, eu nunca senti algo do tipo, você sabe que gosto de meninos, e sempre gostei, eu já tive curiosidade, mas vontade AINDA não. _ Respondo sorrindo.

- Para Ana, não sorria de mim, eu estou falando sério.

- Desculpe, mas eu achei que nunca iria ter essa conversa comigo, até porque eu sabia que ainda não tinha percebido suas tendências, mas se está perguntando isso é porque aconteceu alguma coisa.

- Como assim ainda não tinha percebido? Do que você está falando?

- Ah Maitê, quem te conhece como eu, sabe que você nunca gostou de garotos, e quando fala deles é só por falar, mas de garotas você sempre fala com entusiasmo, com brilho nos olhos, eu sei o que isso significa, só você ainda não tinha notado isso.

- Porque você nunca me falou essas coisas? _ Pergunta Maitê.

- Ora! Se eu tivesse falado você iria negar, iria dizer que eu estava ficando louca, eu conheço você, e sei que sua reação não seria das melhores, e esperei você perceber, só assim iria entender.

- Você está querendo dizer que sou gay?

- Se é, eu não sei, mas que tem tendência, isso tem. Você só saberá se é ou não quando, e se experimentar.

- Ana você está louca, eu não vou beijar uma garota.

- Ah Maitê, pare de tentar me enrolar, se você me fez essa pergunta é porque já pensou nisso, e arrisco-me a dizer que já até tem alguém em mente.

Ela recolhe novamente o olhar, coloca o lençol cobrindo a cabeça, ela está envergonhada. Eu tenho razão, tem alguém.

- Viu como eu tenho razão, então desembuche, quem é ela?

Ela continua de cabeça coberta, e não diz nada, então eu sento na cama e puxo o lençol, ela senta também.

- Não vou falar Ana.

- Vamos Maitê, fale quem é. A Priscila? _ Arrisco, ela diz que não. – É a Caroliny? _ Arrisco de novo ela novamente nega.

- Pare Ana, eu não vou falar, esquece isso, tá bom? Foi besteira da minha parte. _ Diz ela.

- Porque não quer me contar? O mais difícil você já fez. A não ser que... _ Claro, é isso. A descoberta me deixa em choque. Como não percebi antes, como sou idiota. Meu Deus, e agora o que eu faço, reajo?

- Ana, pare! Não quero e não vou falar disso com você. Já chega. É besteira eu já disse.

- Mas Maitê...

- Eu já disse, pare.

Resolvo não insistir, ela realmente se chateou, mas como pôde acontecer isso? Como deixei acontecer isso? Tenho que resolver, mas não hoje, melhor realmente deixar para lá.

- Tudo bem Maitê, mas ainda vamos conversar sobre isso, e você sabe que temos que conversar.

Ela não diz uma palavra, volta a deitar e se vira, dando as costas para mim, essa será uma noite longa.

No dia seguinte, 28 de março de 2009 sábado, quando acordo ela já está de pé e arrumando sua mochila, preparando-se para ir embora.

- O que você está fazendo? _ Pergunto.

- Estou indo para casa, já liguei para mamãe.

- Mas Maitê, iríamos passar o fim de semana juntas. Fique por favor!

- Não Ana, eu preciso pensar, está tudo bem, não se preocupe. _ Ela diz fechando o zíper da mochila e abrindo a porta do quarto.

- Maitê, não faça isso, não quero perder sua amizade por algo que nem resolvemos, você nem conversou comigo.

- Não temos nada para conversar.

E ela sai, eu fico sem entender, não sei o porquê disso tudo, não sei como agir, mas ela não me disse nada. Deixo-a ir, acho que eu também preciso pensar.

..........***..........

Os dias se passaram, na escola nada mais está igual, minha mãe me perguntou se está acontecendo algo, ela percebeu a distância entre Maitê e eu, e isso está só piorando, eu tento disfarçar, não sei se funciona, mas desconverso. Duas semanas depois do ocorrido resolvo falar com ela, não podemos ficar assim.

Era 6 de abril de 2009, segunda, quando termina a aula me encaminho para o ensaio do coral, mas sou pega por uma ótima notícia que a nossa professora nos dá. Ela diz que um programa de tevê irá realizar um concurso para jovens cantores de escolas do ensino médio, e que será um concurso de bandas, e que se nós aceitarmos e tivermos autorização dos nossos pois ela irá nos inscrever, pois somos muito bons, mas essa informação me desmotiva, talvez esse será um obstáculo para seguir com meu sonho e perder essa oportunidade, pois o prêmio é um contrato com uma gravadora: meus pais.

Avisto Maitê toda sorridente, quando me observa desfaz o sorriso e abaixa a cabeça. Ela realmente não quer me olhar e nem conversar, mas temos que ter uma conversa, não quero mais ficar nessa situação com ela. Vou me aproximando dela, mas antes de chegar Rey me pega e me levanta demonstrando entusiasmo, ele me beija, digamos que nós temos um "rolo", ele é louro, cabelos lisos, pele branca, um americano nato, ele é lindo, e eu gosto dele, eu retribuo seu beijo, mas algo está estranho, eu me sinto incomodada, e quando olho para Maitê, ela está com a feição totalmente triste, percebo o motivo do meu incômodo, pela primeira vez sei o motivo de porque toda vez que eu beijava Rey na frente dela, ela ficava assim, e que muitas vezes inventava algo e saía de perto, peço para Rey parar, ele não entende, mas está tão feliz que não se incomoda com isso, ele me solta e me despeço dele, continuo indo ao encontro de Maitê que ao perceber me dar as costas e sai da sala, corro para alcançá-la.

- Maitê, espere! _ Grito no corredor da escola. Ela continua andando. Mas a alcanço.

- Por favor, não aguento mais isso, eu preciso de você, você é minha melhor amiga. - Ela para, fico atrás dela, e ela começa a falar.

- Esse é o problema Ana, você não entende? Ver você todos os dias com outra pessoa, sentir isso e não poder controlar, você realmente não entende, não é?

- Claro que eu não entendo Maitê, eu não tenho como entender, você não fala comigo, não me explica, me evita, então, por favor, converse comigo.

- Eu não posso Ana, não consigo olhar para você, não posso!

- Mas e então, ficamos assim? Vamos jogar anos de amizade fora por conta disso, eu te amo Maitê, mas não dessa forma, e não sei se posso amar dessa forma, me desculpe.

Ela não diz nada e sai andando, resolvo não a forçar a nada agora, não será bom nem para mim e nem para ela. Volto para a sala que estão todos reunidos, a notícia que era ótima já não me deixa tão feliz quanto antes, só consigo pensar em Maitê nesse momento. Observo Kateriny falando, nossa professora, alta, cerca de 1,80 m, cabelos ruivos e lisos, cerca de uns 45 anos, muito elegante, ela é uma ótima professora, ela não tem a melhor das vozes, mas ela entende muito de música e sabe como passar esses conhecimentos para terceiros.

Ela fala sobre o concurso, diz que se iniciará no final do ano, com data provável para 22 de novembro de 2009, ela diz que será aos domingos e a tevê local irá transmitir tudo, isso me deixa nervosa, mas empolgada. Ela também se demostra empolgada e diz ter uma dúvida para resolvermos, ela fala que temos pessoas para formar até dois grupos, um de cinco e outro de quatro, mas temos 4 meninas e 5 meninos, a dúvida é se fazemos dois grupos mistos, ou só de meninas e meninos. Todos se olham sem saber o que responder. Realmente é algo a se pensar. Então eu falo.

- Se for para fazer dois grupos, então é melhor testarmos e ver como nos saímos, e dependendo do resultado os grupos serão formados. Acredito que dessa forma estaremos observando as melhores opções.

- Perfeito Ana, então faremos assim, amanhã, após a aula iremos começar com os testes, precisamos resolver logo essa situação, estejam coma voz afiada, pois a usarão bastante.

Todos concordam e saímos, procuro Maitê, mas nem sinal dela, decido ir para casa, Rey ainda tenta me convencer a tomar um sorvete, mas dispenso, preciso realmente ir para casa, e o faço, vou de ônibus, quando chego, lembro-me que ainda tenho que ter a conversa mais difícil com meus pais.

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