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Um Clichê Perfeito - Especial Mês das mães

Um Clichê Perfeito - Especial Mês das mães

AutoraAngelinna

5.0
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1.8K
Leituras
18
Capítulo

Sinopse: A bela mãe solteira Vanessa Reynolds pode até achar que se tornará rainha, mas o príncipe Marcus Salvatora fará de tudo para impedir que ela se case com seu pai, o rei. Contudo, quando se aproxima da adorável americana e de sua linda filhinha, ele fica confuso. Vanessa não é uma aproveitadora. Na verdade, ela pode ser justamente o que falta em sua vida. O casamento real se aproxima, Marcus, porém, sabe que não será ele quem subirá ao altar. O príncipe Marcus Salvatora está convencido que Vanessa Reynolds, sua futura madrasta, não passa de uma golpista antes mesmo de ser apresentado a ela. Mas quando se conhecem melhor, Marcus entende o motivo do encanto de seu pai, pois ele próprio se apaixona por Vanessa!

Capítulo 1 1

Amores da tia Angelinna

Vamos para o Terceiro romance clichê especial mês das mães?!

Trago para vocês mais um romance incrível e cheio de fofura:)

Deixo a sinopse aqui, e amanhã estarei trazendo o livro completo:

Sinopse:

A bela mãe solteira Vanessa Reynolds pode até achar que se tornará rainha, mas o príncipe Marcus Salvatora fará de tudo para impedir que ela se case com seu pai, o rei. Contudo, quando se aproxima da adorável americana e de sua linda filhinha, ele fica confuso. Vanessa não é uma aproveitadora. Na verdade, ela pode ser justamente o que falta em sua vida. O casamento real se aproxima, Marcus, porém, sabe que não será ele quem subirá ao altar. O príncipe Marcus Salvatora está convencido que Vanessa Reynolds, sua futura madrasta, não passa de uma golpista antes mesmo de ser apresentado a ela. Mas quando se conhecem melhor, Marcus entende o motivo do encanto de seu pai, pois ele próprio se apaixona por Vanessa!

CAPÍTULO UM

A COSTA do Varieo, lá do alto, com seu oceano azul e cristalino e praias de areias imaculadamente brancas parecia o paraíso.

Aos 24 anos, Vanessa Reynolds já vivera em mais continentes e cidades do que a maioria das pessoas muito mais velhas que ela — história típica de uma filha de militar — contudo agora esperava que o minúsculo principado na costa do Mediterrâneo se tornasse seu lar definitivo.

— É isso aí, Mia — murmurou para sua filhinha de 6 meses. Depois de passar a maior parte da viagem de 13 horas entre períodos de sono agitado e berreiros, a criança acabara por sucumbir ao cansaço e no momento dormia placidamente no assento para bebês.

O avião desceu até a faixa de aterrissagem onde mãe e filha seriam recebidas por Gabriel... Parecia ridículo para Vanessa chamá-lo de namorado, levando em conta que tinha 56 anos, e ela não era sua noiva oficial. Ainda não. Quando Gabriel a pedira em casamento ela não dera uma resposta precisa, embora não tivesse recusado também.

E para resolver a questão estava fazendo essa visita. Resolver se queria se casar com um homem não apenas muito sofisticado e 32 anos mais velho que ela, mas que também era rei.

Olhou pela janela e, à medida que os prédios lá embaixo iam se tornando maiores, sentiu um aperto nervoso no estômago.

Vanessa, no que você foi se meter dessa vez?

Provavelmente seria o que seu pai diria se Vanessa tivesse a coragem de lhe contar a verdade sobre essa viagem. Ele lhe diria que estava cometendo mais um erro crasso.

Tudo bem, talvez ela nunca tivesse tido muita sorte com os homens desde... bem, desde a puberdade, todavia dessa vez era diferente.

A grande amiga Jessy também questionara sua decisão.

— Gabriel parece perfeito agora — dissera, sentada na cama de Vanessa, vendo-a fazer a mala —, mas e se ele se revelar um tremendo tirano?

— Então voltarei para casa — replicara Vanessa.

— E se ele a mantiver prisioneira? Se a forçar a casar contra sua vontade? Já ouvi histórias horríveis a esse respeito. Esses tiranos tratam as mulheres como lixo.

— Isso acontece do outro lado do Mediterrâneo — explicara Vanessa. — Varieo fica na parte europeia.

Jessy franzira a testa.

— Pouco importa. Continuo não gostando da situação.

Vanessa também sabia que estava se arriscando. No passado esse tipo de aventura sempre resultara em um tiro pela culatra, Gabriel, porém, era um cavalheiro da cabeça aos pés. Gostava dela de verdade. Lembrou-se de todas as traições pelas quais passara com os namorados.

Entretanto, Gabriel jamais roubaria seu carro e a abandonaria em uma lanchonete no meio do deserto do Arizona.

Não pediria um cartão de crédito no nome dela para depois se apossar do dinheiro e arruinar sua ficha na praça. Não fingiria estimá-la apenas para persuadi-la a escrever seu trabalho sobre a História Americana e depois trocá-la por uma jovem animadora de torcida.

E, sem dúvida, Gabriel jamais a engravidaria para depois desaparecer e deixá-la sozinha criando um bebê.

O jato particular foi sacudido por uma violenta turbulência, acordando Mia. A criança piscou diversas vezes, os lábios cor-de-rosa começaram a tremer, e então deixou escapar um berro de arrebentar tímpanos que aumentou a dor de cabeça de Vanessa.

— Shhh, bebê, está tudo bem — sussurrou apertando a mãozinha gorducha de Mia. — Estamos quase chegando.

O avião aterrissou e Vanessa sentiu o coração na boca. Estava nervosa, animada e aliviada ao mesmo tempo, além de sentir mais uma dúzia de emoções desconhecidas. Embora conversasse com Gabriel pela internet quase todos os dias desde que ele fora para Los Angeles, não se viam pessoalmente havia quase um mês. E se ele notasse seu conjunto amarfanhado, o delineador borrado e o cabelo emaranhado? Será que a mandaria imediatamente de volta para os Estados Unidos?

Ridículo, tratou de se tranquilizar enquanto o avião corria pela pista de aterrissagem até o pequeno terminal particular da família real. Vanessa não se iludia, e sabia que a primeira coisa que chamara a atenção de Gabriel no hotel de luxo em Los Angeles onde ela trabalhava fora sua aparência. A beleza, assim como sua vivência no exterior, lhe permitira conquistar, embora muito jovem, o importante cargo de coordenadora para os hóspedes internacionais.

Ela e Gabriel tornaram-se grandes amigos logo de início.

Confidentes. Gabriel confessara que a amava, e Vanessa tinha certeza de que era um homem de palavra.

Havia apenas um pequeno problema. Embora o respeitasse muito e o estimasse como amigo, não podia afirmar que o amava... e Gabriel estava plenamente ciente disso. Daí o convite para uma visita longa a Varieo. Ele tinha convicção de que nesse período... seis semanas para ser exato, já que fora o máximo de licença concedida pelo hotel... Vanessa aprenderia a amá-lo. Gabriel estava certo de que teriam uma longa vida juntos.

E casamento era uma coisa muito séria para ele.

Seu primeiro matrimônio durara três décadas, e Gabriel sempre dizia que duraria mais três se o câncer não tivesse levado sua esposa oito meses antes.

Mia tornou a berrar, as lágrimas escorrendo pelas bochechas redondas e rosadas. Assim que o avião parou, Vanessa pegou o celular e enviou uma breve mensagem à Jessy, dessa forma quando a amiga acordasse saberia que chegaram sãs e salvas. Depois desafivelou o cinto do luxuoso bebê conforto que Gabriel providenciara para Mia e ergueu a menina nos braços.

Apertou a criança com força, inalando o perfume delicado de sua pele.

— Chegamos, Mia. Nossa nova vida começa agora.

Segundo seu pai, Vanessa se tornara uma especialista em tomar decisões erradas na vida, agora, porém era diferente. Ela estava diferente, e agradecia a Mia por isso. Passar sozinha oito meses de gravidez fora difícil, e a ideia de uma criança indefesa dependendo inteiramente dela a amedrontava. Houvera momentos em que duvidara se seria capaz e se estava preparada para tal responsabilidade, mas, no instante em que pousara os olhos em Mia, quando o médico colocara a menina em seus braços, após um trabalho de parto de 26 horas, Vanessa a adorara. E agora tomar conta e dar felicidade à filha era sua maior prioridade.

O que mais desejava era proporcionar um bom lar para Mia com um pai e uma mãe. Casar-se com Gabriel garantiria à menina privilégios e oportunidades com as quais Vanessa jamais sonhara. Isso não fazia valer a pena um casamento com um homem que... bem, não a deixava exatamente vibrando de emoção? Afinal, respeito e amizade não eram mais importantes?

Tornou a olhar pela janela no momento em que uma limusine surgia e parava a poucos metros do avião.

Era Gabriel, pensou Vanessa com um misto de alívio e animação. Viera recebê-la como prometera.

A aeromoça surgiu ao seu lado, apontando para a parafernália de artigos de bebê e para a bolsa aos pés de Vanessa.

— Sra. Reynolds, posso ajudá-la?

— Seria ótimo — respondeu Vanessa erguendo a voz acima do berreiro da filha. Passou a bolsa pelo ombro enquanto a aeromoça pegava o resto das coisas, e, quando se levantou do assento pela primeira vez em muitas horas, suas pernas estavam duras como ferro. Não era sedentária, seu trabalho no hotel a fazia circular de um lado para o outro por oito a dez horas por dia, e Mia a ocupava durante o pouco tempo que passavam juntas. Vanessa tinha de trocar fraldas, preparar as mamadeiras, fazer o supermercado e lavar a roupa. Quando podia dormia cinco horas à noite. Quando não, quase não dormia.

Quando conhecera Gabriel não tinha vida social desde o nascimento de Mia. Na verdade, muitos homens no hotel a convidavam... a maioria hóspedes... porém Vanessa não gostava de misturar negócios com prazer ou dar a falsa impressão de que seus deveres de hospitalidade se estendiam até o quarto.

Entretanto, quando um rei convidava uma garota para um drinque, em especial um rei tão bonito e charmoso quanto Gabriel, era difícil dizer não. E ali estava ela, alguns meses mais tarde, recomeçando a vida.

Talvez.

O piloto abriu a porta do avião deixando entrar uma golfada de ar quente de julho que trazia consigo o odor pungente do oceano.

Fez um gesto de simpatia ao ouvir o choro de Mia.

Vanessa se deteve e voltou os olhos para o assento que ocupara.

— Oh, vou precisar do bebê conforto para minha filha.

— Deixe que cuido disso, senhora — garantiu o piloto com um forte sotaque.

Vanessa agradeceu e desceu a escadinha, tão feliz por voltar a pisar em terra firme que tinha vontade de se ajoelhar e beijar o chão.

O sol do fim da manhã a queimava enquanto a aeromoça a conduzia para a limusine. Quando se aproximaram mais, o motorista desceu e deu a volta para abrir a porta de trás. Ele puxou a maçaneta e o coração de Vanessa começou a pular em seu peito. A primeira coisa que viu no interior do veículo foi um par de sapatos caríssimos... italianos, provavelmente... e quando o dono desses sapatos por sua vez também desceu, ela prendeu a respiração... desapontada.

Esse homem possuía o mesmo físico longilíneo e as mesmas feições bem delineadas e olhos expressivos de Gabriel, mas não era Gabriel.

E mesmo que não tivesse pesquisado longas horas na internet sobre a história do país, saberia instintivamente que a figura atraente que se encaminhava em sua direção era o príncipe Marcus Salvatora, o filho de Gabriel. Era idêntico às fotos que Vanessa vira... muito moreno e sério demais para um homem de apenas 28 anos. Trajando calça cinza e camisa de seda branca que acentuava a cor de sua pele e o cabelo negro, ondulado, mais parecia um modelo de capa de revista do que um futuro líder de governo.

Vanessa relanceou um olhar para o interior da limusine na esperança de ver mais alguém lá, no entanto não havia ninguém. Gabriel prometera recebê-la, porém não cumprira a promessa.

Lágrimas de cansaço e frustração ameaçaram rolar pelas suas faces.

Ela precisava de Gabriel. Só ele a fazia se sentir serena e bem. E podia imaginar perfeitamente o que o filho pensava dela.

Jamais demonstre fraqueza. Fora isso que seu pai martelara em sua cabeça desde a tenra idade. Então respirou fundo, ergueu os ombros e cumprimentou o príncipe com um sorriso confiante, inclinando a cabeça como mandava a tradição de seu país.

— Srta. Reynolds — pronunciou ele estendendo a mão. Vanessa ajeitou Mia no outro braço, a menina parara de berrar e agora choramingava baixinho.

— Vossa Alteza, é um prazer conhecê-lo. Ouvi tanto a seu respeito.

Muitos homens costumavam dar um aperto de mão frouxo em uma mulher, porém Marcus apertou com força e confiança, os dedos secos apesar do calor que fazia, os olhos escuros presos em Vanessa. O cumprimento e o olhar duraram tanto tempo que ela começou a pensar se Marcus desejava fazer uma queda de braço ou desafiá-la para um duelo. Resistiu ao impulso de retirar a mão enquanto gotas de suor escorriam pelas suas costas. Quando por fim ele a largou, continuou a sentir nos dedos uma estranha sensação de eletricidade.

Refletiu que devia ser o calor. Como o príncipe podia aparentar ter saído do banho nesse minuto enquanto ela devia estar com uma aparência horrível?

— Meu pai envia suas desculpas — disse ele em um inglês perfeito com um leve sotaque e a voz parecida com a de Gabriel. — Precisou viajar inesperadamente. Questões de família.

Viajar? Para fora do país? O coração de Vanessa ficou apertado.

— Informou quando voltará? — inquiriu murmurando.

— Não, mas entrará em contato.

Como Gabriel podia deixá-la se arranjar sozinha em um palácio cheio de pessoas estanhas? Vanessa sentiu um nó na garganta e seus olhos arderam.

Não vá chorar, comandou para si mesma, mordendo o interior da bochecha para deter o fluxo de lágrimas que ameaçava cair. Caso tivesse um estoque de fraldas e mamadeiras suficiente para regressar aos Estados Unidos, ficaria tentada a voltar ao avião no mesmo instante.

Mia choramingou e Marcus arqueou as sobrancelhas.

— Minha filha Mia — apresentou Vanessa.

Ouvindo o próprio nome, a menina ergueu a cabeça do ombro da mãe e se voltou para olhar para Marcus, os olhos azuis arregalados de curiosidade, o cabelo louro grudado nas faces molhadas de lágrimas. Em geral, era arisca com estranhos, então Vanessa se preparou para ouvir outro berreiro, porém, para seu espanto, a criança exibiu seu sorriso de dois dentes que podia derreter o mais duro dos corações. Talvez fosse pela semelhança do príncipe com Gabriel, a quem Mia adorava, refletiu Vanessa.

Por sua vez, Marcus não conseguiu resistir e sorriu também... exibindo covinhas no rosto moreno... e Vanessa estremeceu.

Isso a fez se sentir culpada. Que tipo de mulher depravada sentia atração pelo filho de seu possível futuro marido?

Devia estar mais cansada e estressada do que imaginara, pois não estava raciocinando com clareza.

Marcus retornou a atenção para ela e parou de sorrir. Apontou para a limusine onde o motorista ajeitava o bebê conforto de Mia.

— Vamos?

Vanessa concordou com um gesto de cabeça, dizendo a si mesma que tudo ficaria bem. Mas ao deslizar para o interior refrigerado do carro não pôde deixar de pensar se estava cometendo um erro outra vez.

Ela era pior do que Marcus imaginara.

Sentado em frente à Vanessa na limusine, analisou sua nova rival, a mulher que em poucas semanas conseguira enfeitiçar seu pesaroso pai e apenas oito meses após a morte da rainha, sua mãe.

De início, quando seu pai lhe dera a notícia, Marcus pensara que perdera o juízo. Não apenas por ter se apaixonado por uma americana, mas alguém tão jovem que mal conhecia. Entretanto, agora, vendo-a cara a cara, não havia dúvidas a respeito do motivo para o rei se apaixonar. O cabelo sedoso louro cor de mel eram naturais e nenhuma tintura poderia lhe dar tal brilho e tom. Vanessa tinha um corpo escultural e um rosto que inspiraria Da Vinci ou Ticiano.

Quando descera do avião com um ar cansado e zonzo carregando um bebê aos berros, ele esperara que fosse uma dessas louras bonitas e idiotas de algum show de Hollywood, no entanto então seus olhos haviam se encontrado e ele notara o brilho inteligente por trás da íris acinzentada. Um brilho inteligente e um pouco desesperado também.

Embora odiasse a sensação, ao vê-la tão cansada e despenteada Marcus, sentira pena. Entretanto isso não mudava o fato de Vanessa ser sua inimiga.

Mia tornou a choramingar e depois soltou um berro tão agudo que Marcus fez uma careta.

— Tudo bem, querida — sussurrou a Srta. Reynolds, segurando o punho fechado da criança. E depois o fitou. — Desculpe. Em geral ela é muito meiga.

Marcus sempre gostara de crianças, embora preferisse vê-las sorrindo. Um dia teria seus próprios filhos. Como único herdeiro ao trono era sua responsabilidade continuar com a estirpe dos Salvatora.

Contudo isso poderia mudar, lembrou. Com uma linda e jovem esposa seu pai poderia produzir novo herdeiro.

A ideia de Gabriel fazendo filhos com uma mulher como essa o fez sentir cãibras no estômago.

A Srta. Reynolds abriu uma das sacolas que trazia e retirou uma mamadeira com algo que parecia suco, dando para a filha. A criança sugou por alguns instantes e depois, inesperadamente, atirou no chão a mamadeira que atingiu o sapato do príncipe.

— Desculpe — balbuciou a Srta. Reynolds enquanto a menina voltava a berrar. Marcus observou que a mãe também parecia prestes a se desmanchar em lágrimas.

Então ele ergueu a mamadeira e lhe entregou.

Dessa vez ela procurou um brinquedo na sacola e tentou distrair Mia, mas após alguns segundos isso também voou pelos ares atingindo a perna de Marcus. Vanessa tentou outro brinquedo com o mesmo resultado.

— Desculpe — repetiu desanimada.

Ele recolheu os dois brinquedos e entregou a ela.

Ficaram vários minutos em um silêncio constrangedor, até que Vanessa mencionou de improviso:

— É sempre assim tão conversador?

Ele nada tinha a lhe dizer. Além disso, teria de berrar para se fazer ouvir acima dos gritos da menina.

Então, quando não respondeu, Vanessa prosseguiu de maneira nervosa:

— Não pode imaginar como desejava vir para cá. E conhecê-lo. Gabriel me falou tanto a seu respeito. E tanto sobre Varieo.

Marcus não compartilhava seu entusiasmo e não pretendia fingir. Também não acreditava nem um só segundo que Vanessa fosse sincera. Não era preciso ser um gênio para adivinhar o motivo de ter vindo, estava atrás da enorme fortuna de seu pai e de seu prestígio social.

Vanessa tentou a mamadeira de novo e dessa vez o bebê se acalmou. Sugou alguns minutos e depois fechou os olhos.

— Ela não dormiu bem durante o vôo — explicou como se isso importasse para o príncipe. — Além do mais, tudo aqui não nos é familiar. Creio que levará algum tempo até minha filha se adaptar em um novo lugar.

— O pai não faz objeções que se mude com a criança para um outro país? — perguntou ele sem poder se conter.

— O pai de Mia nos deixou quando soube que eu estava grávida. Desde então nada sei a seu respeito — respondeu Vanessa prontamente.

— É divorciada?

Vanessa balançou a cabeça em negativa.

— Nunca nos casamos.

Maravilha. Mais um ponto negativo para ela, refletiu Marcus. Um divórcio já seria ruim, mas uma criança bastarda? O que, em nome dos céus, seu pai andara pensando? E será que acreditava de verdade que Marcus aprovaria alguém como essa mulher e a receberia de braços abertos na família?

O desprezo deve ter ficado evidente em seu rosto, porque a Srta. Reynolds o encarou e declarou:

— Não me envergonho de meu passado, Vossa Alteza. Embora as circunstâncias possam não ter sido as ideais, Mia é a melhor coisa que já me aconteceu. Não tenho arrependimentos.

Ela não temia expor suas ideias, certo? Bem, isso não era necessariamente uma qualidade para uma futura rainha. Embora ele não pudesse negar que a própria mãe sempre revelara o que pensava em alto e bom tom, expressando suas opiniões. E fora um exemplo para as mulheres mais jovens. Mas havia uma grande diferença entre ser uma pessoa de princípios e uma irresponsável. E pensar que Vanessa desejava substituir sua mãe no trono o deixava enojado.

Só esperava que seu pai voltasse a raciocinar direito antes que fosse tarde demais e fizesse algo ridículo como casar com ela. E por mais que desejasse lavar as mãos e esquecer o assunto, prometera ao pai que seria um bom anfitrião. Para Marcus a honra era tudo. Embora houvesse limites

— Seu passado — murmurou por fim — é assunto seu e de meu pai.

— Contudo, Vossa Alteza me julga. Talvez devesse me conhecer primeiro para depois me julgar.

Ele a fitou com seriedade.

— Não vou perder meu tempo.

Vanessa nem piscou. Continuou a fitá-lo com determinação e ele sentiu... algo. Uma emoção que ia do ódio ao desejo.

E foi o desejo que o fez se contrair como se tivesse levado uma bofetada.

E a Srta. Reynolds então teve a audácia de sorrir. Isso o enfureceu e o fascinou ao mesmo tempo.

— Muito bem — disse ela pondo um fim à discussão.

Estranhamente constrangido, Marcus pegou o celular querendo dizer que a conversa entre os dois terminara.

Pela primeira vez, desde a morte da esposa, seu pai parecia feliz, e Marcus não desejava privá-lo disso, mas sabia que tal felicidade seria passageira.

Com sorte, seu pai recuperaria o bom senso a tempo e enviaria Vanessa de volta para o lugar de onde viera. Essa era a única esperança.

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