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A perdição da CEO

A perdição da CEO

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Capítulo

Scarlett Lee, vinte e oito anos, é diretora executiva de uma empresa de grande renome no ramo de cosméticos, a Aromas de Seri. Ela é uma mulher requintada e exigente que vive apenas para o trabalho, não tendo tempo para relacionamentos ou qualquer futilidade. Vem de uma família tradicional coreana que preza pelo casamento, mas ela é totalmente contra isso, mesmo tendo como exemplo o amor dos pais. O grupo Seri pertence ao seu pai que pretende se aposentar e passar todo o comando do grupo para sua única filha, Scarlett, a tornando a CEO. Porém, há um pequeno detalhe... Para que isso aconteça, ela terá que se casar e passar pelo menos um ano com seu marido, demonstrando estar feliz e apaixonada. Caso isso não ocorra, o grupo passará ao cuidados de seu tio, Stephan Lee, um homem sem escrúpulos que quer a todo custo o poder. Ela não se conforma com a condição imposta por seu pai já que o grupo por direito deveria ter seu comando e ela já demonstrou ser capaz disso. Ao ver que seu pai está irredutível, ainda mais após a morte de sua amada mãe por conta de uma tragédia, ela decide procurar uma agência de matrimônio, pois não tem tempo pra perder com encontro desastrosos. Sua única exigência é que seu pretendente venha de uma boa família e que tenha uma boa condição financeira José Jones, vinte e seis anos, é tudo o que Scarlett não quer. Ele vem de uma família desestruturada, é pobre e não tem mais do que o ensino fundamental completo. Ele cuida de sua mãe com carinho, já que ela possui uma doença degenerativa que a deixa na cama e totalmente dependente de seus cuidados. Seu pai ao ver que as coisas começaram a ficar difícil se mandou e sumiu pelo mundo. José é um homem de grande coração que infelizmente não teve grandes oportunidades na vida. Certo dia, em uma entrevista de trabalho na empresa Aromas de Seri, ocorre uma confusão e ele se vê na sala da diretora como pretende a ser seu futuro marido. Ela vê a chance de chegar ao comando da empresa ao ver José e propõe um contrato de casamento. Pensando em sua mãe e como poderá ajudá-la ele acaba aceitando e um acordo é firmado... Os opostos estão frente a frente... Há tensão e desejo no ar, afinal ela é linda e ele não fica atrás, ainda mais usando um terno que pegou emprestado com seu melhor amigo. Um choque de realidades diferentes e uma atração irresistível. Será que Scarlett irá resistir a perdição que José ou Joseph, como ela chama por ser mais chique, representa? E José com sua simplicidade irá conquistar o coração da poderosa "Frozen", quer dizer, Scarlett? Venha dar muita risada nesse clichê invertido onde o mocinho é quem precisa de proteção, ou não...

Capítulo 1 Prólogo

Scarlett

Em alguma época da adolescência...

Estou sentada no chão da sala de brinquedos da mansão onde moro. Minha babá e minha prima, Joyce, me acompanham.

No som ambiente, Backstreet Boys cantam suas músicas que simplesmente sou apaixonada, tanto que quando completar quinze anos quero ter um show exclusivo deles como presente, já até avisei meu pai.

Minha prima pega uma das Barbies espalhadas no chão, coloca um vestido branco e véu enquanto observo tudo fazendo careta.

Minha prima ama brincar de casamento.

- Vem, Scar, vem brincar comigo. Seja o Ken, o noivo.

Faço mais uma careta e pego a Barbie que está vestida de terninho e maleta.

- Joy, não quero brincar disso. Quero brincar de ser uma empresária. - Mostro a boneca que está em minhas mãos.

- Ah, Scar, que chato! Brincar de casamento é melhor, olha como os dois ficam lindos juntos. - Mostra a Barbie e o Ken um ao lado do outro enquanto sorri deixando à mostra seu aparelho dentário.

Minha prima é minha melhor amiga desde que me lembro. Ela é da minha idade, poucos dias mais nova, é doce, gentil e muito sonhadora, diferente de mim, que sou direta e digo o que me agrada ou não sem me importar se isso machucará alguém.

Ela tem os olhos puxados como os meus, cabelo preto e liso e é um pouco mais baixa do eu.

Somos descendentes de coreanos que vieram para o Canadá em busca de um sonho.

O pai dela, o tio Stephan, é irmão do meu pai e são completamente diferentes. Enquanto meu pai trata a todos com carinho e respeito independente de sua classe social ou posição, meu tio olha a todos como se fosse superior. Sem contar que sempre alfineta o jeito de ser do meu pai, dizem que meu pai não nasceu para ser rico e dono de uma empresa de renome com o grupo Seri. Meu pai, por outro lado, diz que simplesmente temos que tratar meu tio bem por ser família e família é coisa sagrada.

Depois que a mãe de Joy morreu em um acidente e meu tio se casou novamente, minha prima veio morar com a gente, algo que acho maravilhoso já que adoro a sua companhia.

Minha prima, me olha com expectativa, esperando minha resposta e sorrio.

- Joy, não perca tempo sonhando com um casamento, pensa grande... Pensa em se tornar uma grande empresária de sucesso como nossos pais. Olha o que eles conquistaram com a empresa durante os anos.

- Scar, não precisamos nos preocupar com isso. Papai me disse que tenho que me preocupar apenas em encontrar um bom marido e então construir uma família digna.

Meu tio é muito hipócrita, vive falando em família, mas todos sabem que ele mantém casos amorosos por aí, inclusive já esteve envolvido em um escândalo sobre paternidade. Algo foi abafado e até hoje não sei que fim levou essa história que se tornou proibida de ser comentada ou questionada aqui em casa.

- Joy, não cai nessa. Você não pode depender de um homem para ser feliz. Você precisa se bastar e aí sim, procurar alguém para estar com você, te completando.

A babá ri olhando para nós duas.

- Scar, te escutando falar assim até parece que sabe algo sobre relacionamentos. Não acha que está muito nova para isso? - Cris, a babá, diz colocando a mão na cintura.

Cris, ajuda a cuidar de mim, desde que nasci. Na verdade, eu a vejo como uma tia boa que nos agrada dando tudo que queremos, escondida, quando a mãe proíbe.

- Cris, só estou sendo realista, você não viu no seriado que simplesmente amo assistir, o The Body Type, as mulheres sendo autossuficientes e não dependendo de homem algum? E olha que elas ainda sofrem quando se deixam envolver com alguém, mas superam se bastando e vivendo atrás de alcançar o sucesso em suas carreiras.

- Acho que temos que proibir essa mocinha de ver esse seriado.

Olho para a porta e vejo minha mãe entrar falando, em seu impecável vestido azul-marinho e salto.

Minha mãe sempre está muito arrumada, mesmo ficando encarregada de cuidar apenas da casa e de mim.

Ela nunca passou um dia em que ela não esteja maquiada, com o cabelo impecável e roupa elegante.

- Mãe, não faz isso, é a hora que mais gosto do dia. Amo ver a Sutton, a Jane e a Kat em suas buscas por reconhecimento na profissão. Mas confesso que quando crescer quero ser igual a Jacqueline, a chefe delas que é linda e todos respeitam. A mulher por onde passa é reconhecida - digo me imaginando de terninho passando pelos corredores da empresa e todos me admirando.

- Filha, acho que isso ainda vai demorar um pouco. - Dá risada e afaga meu cabelo. - Mas se você quer ser uma empresária de sucesso...

- Empresária e CEO da empresa do papai - digo a interrompendo.

Ela ri e balança a cabeça em negativa enquanto ainda afaga meu cabelo.

- Filha, nunca deixe de sonhar, mas você além de ser uma grande profissional precisa construir uma família e um lar feliz. Veja como seu pai e eu temos um relacionamento firme e é o que nos ajudar a passar pelas turbulências do dia. - Ela olha para minha prima e estende a mão.

Joy se aproxima e minha mãe acaricia seu longo cabelo preto.

- Você duas tem sonhos maravilhosos, mas precisam saber dosar tudo. Lembrem-se, o equilíbrio é a chave de tudo. Não pode só pensar em se casar e nem só pensar em trabalhar. O equilíbrio torna a pessoa mais sábia e feliz.

Sorrio para minha mãe, mas confesso que não penso em me casar, afinal acho isso uma perda de tempo.

Ter encontros, se apaixonar e, as vezes, ficar anos namorando para lá frente ver que não era o que os dois queriam.

Definitivamente não quero passar por isso.

Eu quero ser autossuficiente, ser respeitada e admirada no meio empresarial.

Eu ainda serei uma grande CEO do grupo Seri e irei orgulhar muito meu pai, o meu exemplo.

- Bom, meninas, vim aqui para dizer que o professor Mathew já chegou e está à espera das duas. Está na hora da aula de idiomas e depois tem a professora de etiqueta.

- Ah, mamãe, mas já? Nem tivemos tempo de brincar direito.

- É, tia, nem fiz o casamento dos dois - minha prima diz mostrando os bonecos, fazendo bico e sorrio.

- Isso vai ficar para depois, vamos - minha mãe diz se levantando.

Seguimos minha mãe pelo corredor até a sala onde o professor nos aguarda.

Ele é um senhor de meia idade, careca e com bigode. Às vezes acho que ele saiu de algum museu afinal sua roupa cheira a naftalina.

Sorrio com meu pensamento.

Começamos mais um dia de conhecimento e dou mais um passo para atingir meu objetivo.

****

José

Em algum momento da sua juventude...

- Mãe, cheguei...

- Chegou tarde hoje, meu filho, como foi o dia? - minha mãe pergunta animada.

Sigo até ela que está em sua cadeira de rodas. Infelizmente, a vida não tem sido muito generosa para ela que tem definhado a cada dia a olhos vistos.

Ela possui uma doença degenerativa e aos poucos seu corpo não está atendendo mais aos comandos de sua mente que continua trabalhando perfeitamente bem até demais.

- Ah, mãe, hoje o menino que fecha o mercadinho faltou e precisei cobri-lo. Então só puder sair quando deu o horário de fechar.

- Você trabalha tanto, meu filho. Deveria estudar, isso sim. Eu me sinto tão culpada por você não ter conseguido concluir seus estudos.

- Mãe, quando der eu faço um supletivo e dá tudo certo. O importante é trabalhar e ter o nosso sustento. - Sorrio para minha mãe.

Nunca fomos ricos, mas não nos faltava nada e eu estudava em um colégio muito bom nas redondezas, isso até minha mãe ser diagnosticada e as coisas ficarem difíceis com sua doença.

Meu pai não suportou o que estávamos passando com mamãe e simplesmente seis meses depois do diagnóstico, no dia do me aniversário foi embora e não voltou mais, nos deixando pela sorte do destino.

Ainda bem que a casa estava quitada, senão iriamos parar na rua.

Foi então que tive que largar os estudos, assumir as despesas da casa e cuidar da minha mãe que precisa de cuidado vinte e quatro horas por dia.

Não foi fácil e ainda não é...

Mas nunca vou deixar de dar o melhor para minha mãe que mesmo estando impossibilitada de se cuidar, vive sorrindo e demonstrando seu amor pela vida e por mim, seu único filho.

Admito que aprendo muito com ela e seu jeito de encarar as adversidades da vida.

- Já comeu alguma coisa? Onde está a Mary? - pergunto dando um beijo em sua testa.

Mary é a cuidadora que contratei para cuidar da minha mãe, só conseguimos isso graças a aposentadoria da minha mãe que sai.

Ela é uma senhora na casa dos seus sessenta anos, baixinha e muito amorosa.

Foi um verdadeiro achado, já que ela cuida muito bem da minha mãe e não cobra caro por isso.

Depois de alguns anos de convivência, eu a considero parte da família.

Ela mora aqui com a gente desde que começou a cuidar da minha mãe, já que não tem família por perto e ela não se casou ou teve filhos.

- A Mary foi na padaria comprar algo para cearmos, daqui a pouco está aqui.

- Ela não podia deixá-la sozinha, terei que conversar muito sério com a dona Mary.

- Filho, fui eu que pedi. Por favor, não briga com ela por minha culpa. E outra é algo rápido e você já está aqui comigo, nem fiquei sozinha por muito tempo.

Não tem como ir contra minha mãe, afinal ela tem os melhores argumentos e não consigo ir contra ela, mesmo sabendo que Mary errou.

E se eu não tivesse chegado agora?

E se minha mãe precisasse de qualquer coisa?

Depois conversarei com Mary longe da mamãe e reforçarei que tudo que quiserem é me pedir que trago.

Logo Mary chega com uma sacola com pão doce, rosquinhas e uma baguete de queijo.

Tudo o que minha mãe não pode comer, devido a sua doença e a diabete que estava alterada dais atrás.

Olho feio para as duas que sorriem e Mary me estende um pão doce, já que sabe que amo o pão doce da padaria da esquina.

Mordo o pão e sinto seu sabor doce preencher meu paladar.

Que delícia!

- José, a menina, Sheryl, perguntou de você. Aquela menina parece gostar muito de você, sem contar que é uma boa menina.

- Mary, não tenho tempo para namorico e Sheryl sabe muito bem disso. Espero que você não tenha alimentado ideias na cabeça desmiolada dela. Apesar que não precisa de muito para ela sonhar e já se imaginar casada comigo. - Faço uma careta

- Ah, José, você é novo e precisa sair, conhecer pessoas e até namorar. Está se tornando um homem muito bonito - minha mãe diz. - Eu vejo pela janela você passando e as meninas suspirando.

- Para, mãe, não tenho tempo para isso e se um dia tiver, vou me envolver só com quem merecer, afinal com o coração não se brinca. Não vê como a senhora ficou quando meu pai foi embora.

Ao ver sua reação, percebo que não deveria ter tocado nesse assunto que ainda mexe com ela, mesmo negando.

- José, é diferente... Ali foram quinze anos juntos e não esperava que seu pai fosse me deixar quando mais precisava dele, afinal juramos na saúde e na doença.

- Ele é um covarde isso sim. Espero que ele não apareça nunca mais na minha frente, pois, não sei o que sou capaz de fazer com ele.

- Meu filho, é seu pai.

- Ele não pensou nisso quando se foi. Mas não quero mais pensar nele. Vou me deitar que estou cansado e as duas não comam muito doce, por favor. Olha a taxa de açúcar das duas, não quero ter que correr para o pronto socorro. - Sorrio para as duas que me olham com cara de culpadas, dou um beijo em cada uma delas e sigo para meu quarto.

Meu Deus, que dia cansativo!

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